Casa, maternidade e trabalho no distanciamento social: A “pandemia” da sobrecarga de trabalho para as mulheres

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5418/ra2021.v17i32.12467

Palavras-chave:

Lugar, casa, docência, maternidade, relações de gênero, distanciamento social/Covid-19

Resumo

Este artigo visa discutir as relações de gênero e poder que incidem sobre a identidade profissional e o trabalho de docentes mães no contexto da pandemia da COVID-19 nos últimos meses. Pela perspectiva da geografia feminista, investigaremos o lugar social das pesquisadoras docentes na condição de mães em seus lares, considerando a relação delas com o espaço doméstico e com o trabalho de ensino e pesquisa que realizam. Como procedimento metodológico adotamos o levantamento bibliográfico, bem como a elaboração e aplicação de questionários a mulheres docentes de ensino superior e tecnológico de IES brasileiras contactadas por meio de redes sociais e de redes de colaboração em pesquisa. Evidenciamos a condição do trabalho de mulheres mães em isolamento social, sobretudo na docência e na pesquisa e frisamos que a maneira como vivenciam o espaço da casa, cuidam dos/as filhos/as e da manutenção do espaço doméstico incide na produção acadêmica, intelectual e emocional das mesmas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lorena Francisco de Souza, Universidade Estadual de Goiás (UFG)

Docente do Curso de Geografia - Universidade Estadual de Goiás/Unidade Universitária de Itapuranga

Luiza Helena Barreira Machado, Instituto Federal de Goiás/Campus Luziânia

Docente Geografia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Luziânia

Referências

BARBOSA, Priscila Bezerra. O filho é da mãe? Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares, 2016.

BARBOSA, Camila P.; MAIA, Tatiana Vargas. O pessoal é político: a crítica feminista de Nancy Fraser e Catherine Mackinnon a Jürgen Habermas. Revista eletrônica de ciência política, vol. 7, n. 1, 2016.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 1977.

CAMPOS, Mayã Pólo de; SILVA, Joseli Maria; SILVA, Edson Armando. Emoção corporificada e potência para constituição de espaços de luta para superar a violência sexual sofrida por mulheres. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n. 41, v. 3, Dossiê “Geografias interseccionais: gênero, raça, corpos e sexualidades” p. 37-50, jul-dez, 2019.

CASTRO-GÓMEZ, S. e GROSFOGUEL, R. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: ______ (orgs.) El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.

CRISOSTOMO, maria aparecida dos; REIGOTA, Marcos Antonio dos s. Professoras universitárias negras: trajetórias e narrativas, Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 15, n. 2, p. 93-106, jul. 2010

DIAS, Luciana de O. Quase da família: corpos e campos marcados pelo racismo e pelo machismo, Revista Humanidades e Inovação, v.6, n.16 – 2019.

FEDERICI, Silvia. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. Trad. Coletivo Sycorax. São Paulo: Editora Elefante, 2019.

FERREIRA, Lola. Menos de 3% entre docentes da pós-graduação, doutoras negras desafiam racismo na academia. Revista Gênero-número. Disponivel em: http://www.generonumero.media/ acesso em: junho de 2020

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, p. 223-244.

HARRIS INTERACTIVE FR. L’impact du confinement sur les inégalités femmes-hommes. 15 de abril de 2020. Disponível em: https://harris-interactive.fr/opinion_polls/limpact-du-confinement-sur-les-inegalites-femmes-hommes/. Acesso em: maio de 2020.

HIRATA, Helena. A Precarização e a Divisão Internacional e Sexual do Trabalho. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, nº 21, jan./jun. 2009, p. 24-41.

______. Cuidado e cuidadoras: o trabalho de care no Brasil, França e Japão. Sociologia&Antropologia | v.01.01: 151–180, 2011

hooks, bell. O feminismo é para todo mundo [recurso eletrônico]: políticas arrebatadoras. Trad. Ana Luiza Libânio. – 1. ed. - Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

LOPES, Renata Batista. De casa para outras casas: trajetórias socioespaciais de trabalhadoras domésticas residentes em Aparecida de Goiânia e trabalhadoras em Goiânia. Dissertação mestrado (Instituto de estudos Sócio-Ambientais). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008

LUGONES, María. Colonialidad y Género. Colombia: Tabula Rasa, nº 09, Julio-diciembre, 2008. p. 73-101

______. Rumo a um feminismo descolonial. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, 2014.

MASOTTA, O. O comprovante da falta: lições de introdução à psicanálise. Campinas: Papirus, 1987.

MINELLO, Alessandra. The pandemic and the female academic. 17 de abril de 2020. Disponivel em: https://www.nature.com/articles/d41586-020-01135-9. Acesso em: maio de 2020.

OLIVEIRA, Anita Loureiro de. A espacialidade aberta e relacional do lar: a arte de conciliar maternidade, trabalho doméstico e remoto na pandemia de Covid-19. Rev. Tamoios, São Gonçalo (RJ), ano 16, n. 1, Especial COVID-19. pág. 154-166, maio 2020

PINHEIRO, Luana et al. Os desafios do passado no trabalho doméstico do século XXI: reflexões para o caso brasileiro a partir dos dados da PNAD contínua. Texto para discussão / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília: Rio de Janeiro: Ipea, 2019.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: B.S. Santos e M. Meneses (eds.) Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010

______. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Coleção Sul Sul, CLACSO, Cidade Autônoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro de 2005. Disponivel em http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ Acesso em: maio de 2020.

REIS, Maira Lopes. Estudos de gênero na geografia: uma análise feminista da produção do espaço, Espaço e Cultura, UERJ, RJ, n. 38, 2015. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/ Acesso em: maio de 2020.

ROSE, Gillian. Situating knowledges: positionality, reflexivities and other tactics. Progress in Human Geography, v. 21, n. 3, p. 305-320, 1997.

RUBINO, S. B. (2016). Editorial Dossiê Gênero e Espaço I. URBANA: Revista Eletrônica Do Centro Interdisciplinar De Estudos Sobre a Cidade, 7(2), 2016. Disponivel em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/urbana. Acesso em junho de 2020

SANTOS, Milton. Ser negro no Brasil hoje. In: SANTOS, Milton. O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002, pp.157-161.

SCAVONE, Lucila. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface - Comunic, Saúde, Educação, n.08, fevereiro de 2001.

SILVA, Joseli Maria. Um ensaio sobre as potencialidades do uso do conceito de gênero na análise geográfica. Revista de História Regional, n. 8, v. 1, p. 31-45, 2003.

______. Geografias feministas, sexualidades e corporalidades: desafios às práticas investigativas da ciência geográfica, Espaço e cultura, UERJ, RJ, n. 27, p. 39-55, jan./jun. de 2010

SILVA, Joselina da. Doutoras professoras negras: o que nos dizem os indicadores oficiais Perspectiva, Florianópolis, v. 28, n. 1, 19-36, jan./jun. 2010.

SOUZA, Lorena F. de. Corpos negros femininos em movimento: trajetórias socioespaciais de professoras negras em escolas públicas. Dissertação mestrado (Instituto de Estudos Sócio-Ambientais). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007

SPIVAK, Gayatri Chakravony. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010

STANISCUASKI, Fernanda et al. Gender, race and parenthood impact academic productivity during the COVID-19 pandemic: from survey to action. 04/07/2020. Disponível em: https://www.biorxiv.org/Acesso em: 04 de julho de 2020

TOLIA-KELLY, Divya P. Affect – an ethnocentric encounter? Exploring the ‘universalist’ imperative of emotional/affectual geographies. Area, v. 38, n. 2, p. 213-217, 2006.

VALENTINE, Gill. Theorizing and Researching Intersectionality: A Challenge for Feminist Geography. The Professional Geographer, v. 59, n. 1, p. 10-21, 2007.

Downloads

Publicado

2021-07-01

Como Citar

Souza, L. F. de, & Machado, L. H. B. (2021). Casa, maternidade e trabalho no distanciamento social: A “pandemia” da sobrecarga de trabalho para as mulheres. Revista Da ANPEGE, 17(32), 282–308. https://doi.org/10.5418/ra2021.v17i32.12467

Edição

Seção

Seção Temática - Geografias Feministas