Ciência, política e a produção histórica do clima

considerações sobre controvérsias científicas e políticas para mudanças climáticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5418/ra2022.v18i36.13567

Palavras-chave:

clima, história da ciência, política, mudanças climáticas, climate, history of science, politics, climate change, historia de la ciencia, cambio climático

Resumo

A partir de uma abordagem crítica, este artigo analisa aspectos históricos das ciências, especificamente as que se ocupam em compreender o clima e suas transformações. Discute-se as controvérsias de diferentes perspectivas científicas sobre as mudanças climáticas, particularmente o embate entre o conhecimento científico situado no centro das discussões (e que tem como teoria central o “aquecimento global”) e perspectivas que partem de outros pressupostos e diferentes formas de pensar o fenômeno - por exemplo, aquelas que entendem o clima enquanto fenômeno histórico-geográfico. O artigo também faz uma reflexão sobre as influências da meteorologia física na formulação de políticas voltadas ao tema, cujos objetivos recaem em ações mitigadoras em detrimento de iniciativas de adaptação territorial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andrei Cornetta, Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES)

Possui graduação (2006) em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestrado (2010) e doutorado (2017) em Geografia Humana pela mesma universidade. Recentemente realizou estágio de pós-doutorado (2019) pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG/Unicamp), desenvolvendo pesquisa sobre as dinâmicas da fronteira agrícola na Amazônia mato-grossense. Atuou como pesquisador no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) (2013-15) e no Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (Clacso) (2008-09/2012-13). Atualmente é professor adjunto do curso de Geografia da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES). Possui experiência na área de Ciências Humanas, com ênfase em Geografia Humana, Teoria e Método da Geografia, Estudos Territoriais, Mudanças Climáticas e Educação.

Referências

BUEDELER, W. El Año Geofísico Internacional. La UNESCO y su Programa. UNESCO: Paris, 1957. Disponível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000128396>. Acesso em 04 mai. 2020.

CASTREE, N. Marxism, capitalism, and the production of nature. In: Castree, Noel; Bruce Braun (orgs.) Social nature. Theory, practice, and politics. Oxford: Blackwell Publishing, 2001.

____. The Anthropocene and the environmental humanities: extending the conversation. Environmental Humanities. 5, 2014a.

____. The Anthropocene and Geography I: The Back Story. Geography Compass 8, no. 7, 2014b.

CARVALHO. D. de. Météorologie du Brésil. Oxford: John Bale, Sons & Danielsson, 1917.

CLAVAL, P. Epistemologia da geografia. Florianópolis: Ed. UFSC, 2014.

COLE, S. Making Science. Between nature and Society. Cambridge: Harvard University Press, 1992.

CORNETTA, A. A financeirização do clima: Uma abordagem geográfica do mercado de carbono e suas escalas de operação. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2012.

____. O atual regime político das mudanças climáticas globais e a agroindústria de papel e celulose no Brasil. In: RAMOS, G. C. D.; CORNETTA, A.; DIAZ, B. F. Cambio climático global, transformación agraria y soberanía alimentaria en América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2014.

____. Entre o clima e a terra: uma análise geográfica da “economia de baixo carbono” na Amazônia Legal. 2017. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. 429 f.

CRUTZEN, P. J. Geology mankind. Nature. vol. 415, 23. 3 January, 2002.

CRUTZEN, P.J.; STOMER, E. F. ‘The Antropocene’. Global change newsletter. N. 4, 2000.

DE MARTONNE, E. Traité de Géographie physique. — Climat. — Hydrographie. — Relief du sol. — Biogéographie. Annales de Géographie. 18e Année, N. 102, 15 nov. 1909.

FAGAN. B. O aquecimento global. A influência do clima no apogeu e declínio das civilizações. São Paulo: Larousse, 2009.

HAMMES, D. F. Análise e interpretação ambiental da química iônica de um testemunho do manto de gelo da Antártica ocidental. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em Geociências. Porto Alegre, 2011.

HUNT, J.C.R. Lewis Fry Richardson and his contribution to mathematics, meteorology, and models of conflicts. Annual Reviews. Fluid Mech. n. 30: xiii-xxxvi. London: University College London, 1998.

HUNTINGTON, E. The Adaptability of the White Man to Tropical America. The Journal of Race Development. Vol. 5, No. 2, oct. 1914. pp. 185-211.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Introducción a los modelos climáticos simples utilizados en el segundo informe de evaluación del IPCC. Documento técnico IPCC. fev, 1997. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/pdf/technical-papers/paper-II-sp.pdf>.

____. Climate Change 2007 – The Physical Science Basis Summary for Policymakers. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Paris: 10th Session of Working Group I of the IPCC, February, 2007. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar4/wg1/ar4-wg1-spm.pdf>.

____. Working Group I contribution to the IPCC 5th Assessment. Report “Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA: Cambridge University Press, 2013. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/report/ar5/wg1/#.umlE63vFovk>.

____. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA: Cambridge University Press, 2014. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg2/WGIIAR5-PartA_FINAL.pdf>.

____. Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA: Cambridge University Press, 2014a. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg3/ipcc_wg3_ar5_full.pdf>.

____. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part B: Regional Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA: Cambridge University Press, 2014b. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/wg2/WGIIAR5-PartB_FINAL.pdf>.

KNORR-CETINA, K. La fabricación del conocimiento. Un ensayo sobre el carácter constructivista y contextual de la ciencia. Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes Editorial, 2005.

LATOUR, B.; WOOLGAR, S. Laboratory life: the construction of scientific facts. Princeton: Princeton University Press, 1979.

LATOUR, B. Políticas da natureza: como fazer ciência na democracia. Bauru, SP: EDUSC, 2004.

LOIOLA, S. A. Variabilidade paleoclimática e a evolução de sistemas complexos adaptativos nos humanos modernos. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. MANN, M. E.; BRADLEY, R. S.; HUGUES, M. K. Global-scale temperature patterns and climate forcing over the past six centuries. Nature. vol. 392. 1998. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/33859 >.

MONTEIRO, C. A. F. de. Análise rítmica em climatologia. Problemas da atualidade climática em São Paulo e achegas para um programa de trabalho. Climatologia n° 1, São Paulo: Instituto de Geografia da USP, 1971.

____. Clima e excepcionalismo. Florianópolis: Editora da UFSC, 1991.

MORAES, A. C. R. Geografia. Pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1988.

____. Ideologias geográficas. São Paulo: Hucitec, 1999.

MOREIRA, R. O pensamento geográfico brasileiro. As matrizes brasileiras. Vol. 3. São Paulo: Contexto, 2010.

NUNES, A. M. B. Inicialização física em modelos de previsão de tempo e estudo de seus efeitos na participação de energia em modos verticais e horizontais nos trópicos e na América do Sul. Tese (Doutorado em Meteorologia). Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos, 2002.

PEET, R.; ROBBINS, P.; WATTS, M. Global Nature. In: PEET, R.; ROBBINS, P.; WATTS, M. (orgs.) Global Political Ecology. Routledge: New York, 2011.

PEIXOTO, A. Clima e saúde. Introdução bio-geografica à civilização brasileira. Coleção Brasiliana. São Paulo, Editora Nacional, [1938], 1975.

POPPER, K. R. Lógica da pesquisa científica. São Paulo: Edusp, 1985.

RICHARDSON, L. F. Weather prediction by numerical process. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 1922.

ROCKSTRÖM, J. et al. Planetary boundaries: exploring the safe operating space for humanity. Ecology and Society, v. 14, n. 2, p. 32. 2009. Disponível em: <http://www.ecologyandsociety.org/vol14/iss2/art32/>.

SANT’ANNA NETO, J. L. História da Climatologia no Brasil: gênese, paradigmas e a construção de uma Geografia do Clima. (Tese de Livre-Docência). Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2001.

____. História da Climatologia no Brasil: Gênese e paradigmas do clima como fenômeno geográfico. Cadernos Geográficos da Universidade Federal de Santa Catarina. n.7. Florianópolis: Imprensa Universitária. 2004.

SORRE, M. Les fondements de la géographie humaine. Paris: Librairie Armand Colin, 1951.

____. Traité de climatologie biologique et médicale. In: MASSON, M. P. Paris: Cie Éditeurs. Vol. I, pp. 1 – 9, 1934. Traduzido por José Bueno Conti. Departamento de Geografia/ FFLCH/USP. Revista do Departamento de Geografia, 18, 2006. pp. 89-94.

TADDEI, R. Meteorologistas e profetas da chuva. Conhecimentos, práticas e políticas da atmosfera. São Paulo: Terceiro nome, 2017.

ULLOA, A. Perspectivas culturales del clima. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. Facultad de Ciencias Humanas. Departamento de Geografía, 2011.

UNITED NATIONS. ENVIRONMENT PROGRAMME ENVIRONMENT FOR DEVELOPMENT (UNEP). Climate Change Mitigation. s/d. Disponível em: <https://www.unenvironment.org/explore-topics/climate-change/what-we-do/mitigation >.

VEYRET, Y. Os Riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007.

ZAVATTINI, J. A. A produção brasileira em climatologia: o tempo e o espaço nos estudos do ritmo climático. Terra Livre. n. 20., 2003.

____. Dinâmica atmosférica e análise rítmica: a contribuição do brasileiro Carlos Augusto Figueiredo Monteiro à França de Pédelaborde e à Itália de Pinna. In: MONTEIRO, C. A. F.; et al. (orgs.) A construção da climatologia geográfica no Brasil. Campinas: Alínea, 2015.

Downloads

Publicado

2022-10-23

Como Citar

Cornetta, A. (2022). Ciência, política e a produção histórica do clima: considerações sobre controvérsias científicas e políticas para mudanças climáticas. Revista Da ANPEGE. https://doi.org/10.5418/ra2022.v18i36.13567