Antes o mundo não existia: imaginário das línguas e livros de autoria indígena

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v14i34.11084

Palavras-chave:

Autoria indígena. Literatura indígena. Livros indígenas.

Resumo

Ainda que permaneça demasiadamente aberta a pergunta sobre o que seja um livro indígena (seja pela presença indígena como tema, autoria, personagem, etc), tais livros ocupam cada vez mais a cena literária brasileira. É sabido que apenas a partir do final da década de 1970, a figura do autor indígena surge no mercado editorial brasileiro. A literatura de autoria indígena, registrada e transmitida por meio de livros, como ato político, tradutório e (inter)cultural por excelência, permite-nos pensar a escrita literária como índice identitário, isto é, como construção de imagem de si e como abertura ao outro, como relação? Por essa via, propomos a leitura dos livros de autorias indígenas, como ato performático que deseja dialogar de modo emancipatório com uma comunidade de leitores, em meio a diferenças culturais irredutíveis e em meio à invenção de regimes discursivos heteróclitos, verbais e visuais. No momento em que a pergunta sobre a autoria indígena parece se colocar, por fim, como uma questão histórica irredutível a ser enfrentada pela crítica literária e/ou cultural, uma outra pergunta também emerge (parece retornar), ainda mais radical: o que nos traz um livro quando se torna um artefato poético e político, dispositivo epistêmico, produzido pelas mãos de comunidades de tradição oral? O livro, talvez assim, possa ser compreendido como poética insurgente, como dispositivo, para afirmação de identidades culturais contra hegemônicas.

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Biografia do Autor

Cynthia de Cássia Santos Barra, Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)

Curso Bacharelado Interdisciplinar em Artes/UFSB

Programa de Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais - PPGER/UFSB

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Publicado

16.07.2020

Como Citar

Barra, C. de C. S. (2020). Antes o mundo não existia: imaginário das línguas e livros de autoria indígena. Raído, 14(34), 122–137. https://doi.org/10.30612/raido.v14i34.11084

Edição

Seção

Estudos de cultura contemporâneas e i(n)dentidades: interfaces brasileiras e sul-americanas

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