Escrita acadêmica e criticidade

Autores

  • Dina Maria Martins Ferreira Universidade Estadual do Ceará. Université Paris V, Sorbonne.

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v11i27.5599

Palavras-chave:

Quantificação. Qualificação. Escrita acadêmica. Ética. Produtivismo.

Resumo

De uma maneira geral, o gênero acadêmico-científicos surge a partir da necessidade de se divulgar o conhecimento produzido através do método científico, com uma discussão que exija também um arcabouço de discurso científico. No Brasil, a produção científica está intrinsecamente ligada à Universidade, especialmente, a pública, cuja produção e respectiva publicação estão vinculadas, boa parte, ao financiamento dado à pesquisa. Mas este quadro de ‘perfeição’ científica é atravessado pela realidade da quantificação, deixando, muitas vezes, o aspecto qualitativo de lado. A quantificação ganha força, na medida em se a produtividade de um pesquisador também é avaliada pelo número de trabalhos apresentados ou publicados em eventos e revistas de grande relevância no âmbito científico, sem que se considere o impacto do trabalho na área de atuação do seu autor. E a busca pelo cumprimento de metas numéricas, chamada por alguns de produtivismo, acaba se tornando mais importante que a relevância ou a criatividade dos conhecimentos que estão sendo expostos através da escrita acadêmica. Sob a lâmina afiada entre quantificação e qualificação, apresentam-se, nestes estudos, indagações de cunho ético e de sobrevivência enquanto pesquisador, ou seja, de exclusão e de inclusão do pesquisador no campo universitário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Dina Maria Martins Ferreira, Universidade Estadual do Ceará. Université Paris V, Sorbonne.

2º pós-doutorado, em Ciências Sociais, pela Université Paris V, Sorbonne, em co-tutoria em Estudos da Linguagem, pelo Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp (2009-2010); 1º pós-doutorado em Pragmática, pelo Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp (2002-2003); doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995); mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1988). Pesquisadora do Centro de Atualidades e Cotidiano da Université Paris V, Sorbonne. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Universidade Estadual do Ceará. Autora de 4 livros, organização de 4 livros, capítulo de livros, artigos nacionais e internacionais.

Referências

BARTHES, R. Novos Ensaios Críticos: o grau zero da escritura. São Paulo: Cultrix, 1974.

BOURDIEU, P. Homo Academicus. Paris: Minuit, 1984.

DASCAL, M. Pragmatics and Philosophy of Mind. Amsterdam: John Benjamins, 1983.

DERRIDA, J. Gramatologia. São Paulo, Perspectiva, 1999.

GONÇALVES FILHO, A. O editor que não quer publicar pelo bem da ecologia, Lindsay Waters, da Harvard University Press, critica colegas acadêmicos e sugere maior rigor na hora de lançar um livro. Controvérsia Blog, p.1-7, 16 de setembro de 2007. Disponível em: . Acesso em: 21 set. 2011 .

HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

KANT, I. Crítica da razão pura. Os Pensadores. São Paulo: Abril, 1978.

ORTEGA Y GASSET, J. Meditaciones del Quijote. Madrid: Allianza, 1967.

RAJAGOPALAN, K. Por uma Linguística Crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.

RAJAGOPALAN, K. ; AUTORA. Políticas em Linguagem: perspectivas pragmáticas. São Paulo: Ed. Mackenzie, 2006.

SANTOS, .B. de S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS, B. de S.. A gramática do Tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006a. p. 279-316.

SANTOS, B. de S. Um Discurso sobre as Ciências. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006b.

SANTOS, B. de S. Porquê pensar? In: SANTOS, B. de S. A Cor do Tempo quando Foge. V. 2. Coimbra: Almedina, 2012. p. 39-40.

SENNET, R. A Corrosão do Caráter. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SOKAL, A.; BRICMONT, J. Imposturas Intelectuais: o abuso da ciência pelos filósofos pós-modernos. Rio de Janeiro: São Paulo: Record, 1999.

TAGEBLATT, B. Veja o que Einstein pensava sobre a relevância da divulgação científica. Jornal de Ciência e Tecnologia, p.1-4, agosto, 2005.

WATERS, L. Inimigos da Esperança: publicar, perecer e o eclipse da erudição. São Paulo: Ed. UNESP, 2006.

Downloads

Publicado

18.08.2017

Como Citar

Ferreira, D. M. M. (2017). Escrita acadêmica e criticidade. Raído, 11(27), 13–22. https://doi.org/10.30612/raido.v11i27.5599

Edição

Seção

PARTE I - CONFIGURAÇÕES DA ESCRITA ACADÊMICA

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)