Dos senhores aos inquisidores: escravos africanos sob o poder do Santo Ofício no mundo Luso-brasileiro (séculos XVII e XVIII)
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v13i25.9632Palavras-chave:
Escravos. Gentios. Inquisição. Relação senhor-escravo. Batismo e instrução na Fé.Resumo
O objetivo deste artigo é o de analisar o poder do Santo Ofício, como instituição religiosa, sobre os escravos que, compulsoriamente, foram levados da África ao reino ou à colônia lusa da América. Com o olhar voltado, especialmente, à compreensão de algumas premissas importantes, como o batismo e a instrução na Fé, o intuito foi o de apresentar as polêmicas teológicas-jurídicas da época sobre a conversão para, assim, entender o lugar da Inquisição e sua atuação sobre aqueles que eram considerados, muitas vezes, gentios e ignorantes. A partir da perspectiva de análise que frisa a relação senhor-escravo, três pontos centrais foram analisados: a conversão dos africanos e, portanto, a importância do batismo e da instrução na Fé; o olhar do Santo Ofício acerca dos gentios, evidenciado a partir do Conselho Geral ou de sua prática; por fim, o arbítrio e poder dos senhores e inquisidores sobre a vida dos escravos.Downloads
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