Mulheres espetaculares: gênero, cor e classe nas revistas "O Cruzeiro" e "Manchete" (1950-1959)
gender, color and class in the magazines O Cruzeiro and Manchete (1950-1959)
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v17i33.16740Palavras-chave:
História das Mulheres, interseccionalidade, Manchete, O Cruzeiro, GêneroResumo
O artigo analisa as representações e discursos sobre artistas negras e brancas nas revistas O Cruzeiro e Manchete (1950-1959), por meio do conceito de Interseccionalidade, imbricado às categorias de cor, classe e gênero na análise histórica. As narrativas sobre as mulheres artistas nessas revistas apresentavam temas envolvendo a discriminação e as relações raciais e de gênero, evidenciadas em suas páginas a partir da construção de discursos de caráter ambíguo sobre as mulheres negras artistas, apresentadas sob princípios de hiper sexualização e/ou sob a manifestação pura do racismo estrutural e cultural, a partir da estereotipagem dos corpos negros femininos. As mulheres brancas artistas foram representadas de acordo com os padrões usualmente impostos às mulheres, como a vocação ao matrimônio e à maternidade, corroborando para consolidar o estereótipo de esposa/mulher ideal.
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