Escolhas reprodutivas no contexto africano e urbano pós-colonial: o caso de Maputo, a capital de Moçambique

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/el.v12i23.14802

Palavras-chave:

Fecundidade. Espaços urbanos. África, pós-colonial. Moçambique. Maputo.

Resumo

O artigo analisa como as experiências de urbanismo no contexto pós-colonial africano molda as escolhas reprodutivas. Empregando uma abordagem metodológica qualitativa, muitas vezes negligenciadas em estudos de fecundidade em África, a análise efectuada sugere que o desejo ou a crença no benefício socioeconômico de ter uma família pequena são motivações convincentes para reduzir voluntariamente o número de filhos. No entanto, a autonomia das pessoas (agência) e factores institucionais (condicionados pela estrutura social) determinam as oportunidades de escolhas alternativas para alcançar o tamanho de família desejado. Ou seja, o número de oportunidades para agir (sociologicamente) é um determinante das escolhas reprodutivas. A conclusão é que as disparidades na fecundidade intraurbana, um problema que tem merecido pouca atenção em África e em Moçambique em particular, são resultado das diferenças no acesso a oportunidades para efectuar escolhas reprodutivas.

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Publicado

2021-07-22

Como Citar

Hansine, R. (2021). Escolhas reprodutivas no contexto africano e urbano pós-colonial: o caso de Maputo, a capital de Moçambique. ENTRE-LUGAR, 12(23), 124–151. https://doi.org/10.30612/el.v12i23.14802

Edição

Seção

Seção Temática