Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12in.esp.1.17109 1
CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO PARA OS SABERES DO PROFESSOR DO
SÉCULO XXI: UM PROJETO A SER DISCUTIDO
APORTES DE LA FORMACIÓN AL SABER DEL DOCENTE DEL SIGLO XXI: UN
PROYECTO A DISCUTIR
TRAINING CONTRIBUTIONS TO THE KNOWLEDGE OF THE 21ST CENTURY
TEACHER: A PROJECT TO BE DISCUSSED
Maria Célia da Silva GONÇALVES
e-mail: mceliasg@yahoo.com.br
Edney Gomes RAMINHO
e-mail: edygomesraminho@gmail.com
Alessandra Cristina FURTADO
e-mail: alessandrafurtado@ufgd.edu.br
Como referenciar este artigo:
GONÇALVES, M. C. S.; RAMINHO, E. G.; FURTADO, A. C...
Contribuições da formação para os saberes do professor do século
XXI: Um projeto a ser discutido. Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN: 2237-258X.
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12in.esp.1.17109
| Submetido em: 20/12/2021
| Revisões requeridas em: 15/01/2022
| Aprovado em: 18/02/2022
| Publicado em: 22/04/2022
Editora:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Contribuições da formação para os saberes do professor do século XXI: Um projeto a ser discutido
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN:2237-258X
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo debater a importância do conhecimento sobre o
Projeto Político Pedagógico na formação de professores no século XXI. Utiliza-se a
metodologia qualitativa-etnográfica. Os dados empíricos foram coletados em uma turma do
oitavo período do curso de Pedagogia de uma faculdade particular no Noroeste de Minas Gerais,
durante as aulas da disciplina de Projetos Políticos Pedagógicos, ministradas pela professora
responsável. Participaram deste estudo 33 alunos voluntários, identificados de 01 a 33. Eles
realizaram leituras, participaram de debates e escreveram uma dissertação em resposta à
pergunta: Qual é o meu projeto político pedagógico para ser um professor no século XXI? Foi
explicado que suas respostas seriam utilizadas na elaboração deste trabalho, e eles concordaram
prontamente em ceder seus textos. A análise dos dados foi realizada utilizando a cnica de
análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). Os resultados indicam uma boa assimilação
dos conceitos discutidos em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Projeto Político Pedagógico. Formação de professores. Prática
educativa.
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo establecer un debate sobre la importancia de
discutir los saberes y el Proyecto Político Pedagógico en la formación de profesores en el siglo
XXI. Se utilizó una metodología cualitativa con un enfoque etnográfico, ya que los datos
empíricos se recopilaron en una clase del octavo período del curso de Pedagogía de una
universidad privada en el noroeste de Minas Gerais, impartida por la profesora de Proyectos
Políticos Pedagógicos. Los estudiantes realizaron lecturas y escribieron una disertación en
respuesta a la pregunta: ¿cuál es mi proyecto político pedagógico para ser un profesor en el
siglo XXI? Participaron en este estudio 33 estudiantes voluntarios, numerados del 01 al 33. Se
les informó que sus respuestas se utilizarían en la investigación y aceptaron compartir sus
escritos. El análisis de los datos se realizó utilizando el análisis de contenido propuesto por
Bardin (2011). Los resultados indican una buena internalización de los conceptos trabajados.
PALABRAS CLAVE: Proyecto Político Pedagógico. Formación docente. Práctica educativa.
ABSTRACT: This article aims to discuss the importance of knowledge about the Political-
Pedagogical Project in training teachers in the 21st century. A qualitative-ethnographic
methodology is employed. Empirical data were collected in an eighth-semester class of the
Pedagogy program at a private college in Northwestern Minas Gerais during the classes of the
Political-Pedagogical Projects discipline taught by the responsible professor. Thirty-three
voluntary students, identified from 01 to 33, participated in this study. They engaged in
readings, participated in debates, and wrote an essay in response to the question: What is my
Political-Pedagogical Project to become a teacher in the 21st century? It was explained that
their responses would be used to elaborate on this work, and they readily agreed to provide
their texts. Data analysis was performed using the content analysis technique proposed by
Bardin (2011). The results indicate good assimilation of the concepts discussed in the
classroom.
KEYWORDS: Pedagogical Political Project. Teacher training. Educational practice.
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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Introdução
O presente artigo tem como objetivo promover um debate sobre a importância da
discussão dos saberes e do Projeto Político Pedagógico na formação de professores no século
XXI. Além disso, visa analisar como essa temática foi assimilada por uma turma de acadêmicos
concluintes do curso de Pedagogia em uma instituição de ensino superior (IES) localizada em
João Pinheiro-MG.
A referida instituição é uma instituição particular fundada em 2002 e oferece diversos
cursos, como Direito, Administração, cursos na área de saúde e formação de professores,
incluindo o curso de Pedagogia. O curso em questão foi autorizado em 2006 e formou
inúmeros profissionais para o município e região, desempenhando um papel extremamente
importante na formação de professores no noroeste de Minas Gerais.
João Pinheiro, onde a IES está localizada, é o município de maior extensão geográfica
da unidade federativa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021),
possui uma área de 10.862 km² e uma população estimada de apenas 47.990 habitantes,
resultando em uma baixa densidade demográfica de 4,22 hab/km². Fundado oficialmente em
1911, o município permaneceu isolado do restante de Minas Gerais e do Brasil devido à sua
localização geográfica e à falta de estradas, situação que só foi alterada com a inauguração da
rodovia BR 040 em 1973, como parte do Plano Nacional de Viação. A partir desse momento,
o município estabeleceu um contato maior com a capital mineira e com o Distrito Federal,
adquirindo características mais modernas (SILVA; GONÇALVES; SILVA, 2011). No entanto,
João Pinheiro ainda é considerado parte dos rincões do sertão brasileiro. Portanto, o debate
sobre a formação de professores para atuar nesses espaços geográficos e sociais é de extrema
importância.
Com esta preocupação em mente e visando aprofundar o debate sobre o tema em
questão, este estudo busca responder à seguinte pergunta de pesquisa: Considerando o contexto
apresentado, qual é a importância dos saberes e do Projeto Político Pedagógico na formação de
professores no século XXI? Essa indagação se desdobra no objetivo de discutir a importância
dos saberes e do Projeto Político Pedagógico na formação de professores no século XXI.
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Metodologia
A pesquisa que fundamentou este trabalho foi qualitativa, com abordagem etnográfica,
pois o material empírico foi coletado em uma turma do oitavo período do curso de Pedagogia,
durante a disciplina de Projetos Políticos Pedagógicos. Os alunos realizaram leituras,
participaram de debates e escreveram dissertações em resposta à seguinte pergunta: “Qual é o
meu projeto político pedagógico para ser um professor no século XXI?”. A turma era composta
por 33 alunos que se voluntariaram para participar deste estudo. Eles foram informados de que
suas respostas seriam utilizadas para a elaboração deste trabalho e concordaram prontamente
em ceder seus escritos.
Os textos produzidos pelos participantes voluntários foram numerados de 01 a 33 para
preservar suas identidades. A análise dos dados foi realizada utilizando a investigação de
conteúdo proposta por Bardin (2011), seguindo o princípio de avaliação por categorias
temáticas como tratado pela autora. O tema geral da análise abordou os saberes e o Projeto
Político Pedagógico na formação de professores no século XXI, que foi desdobrado em
subcategorias: I saberes do professor; II Projeto Político Pedagógico; III Formação de
professores no século XXI. Durante a análise dos depoimentos dos participantes, foram
exploradas essas subcategorias temáticas em diálogo com o embasamento teórico adotado para
discuti-las (BOURDIEU; PASSERON, 1992; DEMO, 2020, 2006; FREIRE, 2009, 1997;
GADOTTI, 2003; GONÇALVES; GONÇALVES, 2022; NÓVOA, 2019).
Análise dos resultados
Ser professor na atualidade
Ser professor hoje não é mais fácil nem mais difícil do que no século passado, mas
certamente é muito diferente. Esse profissional não é mais o detentor absoluto do
conhecimento, e a escola não é mais o único espaço de aprendizagem. Portanto, o professor
precisa se dedicar constantemente à sua formação contínua e aos seus próprios saberes. Ser
professor hoje significa viver um processo revolucionário, repleto de grandes transformações,
mudanças de paradigmas e reinvenção constante da arte de ensinar. É ter consciência de que
somos seres inacabados, como defendido por Paulo Freire (2009), e, portanto, devemos estar
abertos a novas aprendizagens. Essas aprendizagens devem ser permeadas tanto pelo aspecto
técnico quanto pela sensibilidade ontológica, guiadas pelo diálogo e pelo desejo de transformar
a si mesmo e a sociedade (FREIRE, 1997). O professor realiza atos políticos por meio de seu
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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modo de ensinar. Ele é o grande agente desse processo, responsável por combinar seus saberes
ontológicos, epistemológicos e metodológicos com consciência crítica e postura política.
Em tempos históricos de mudanças aceleradas devido à rapidez da informação, a
formação do professor é convidada a se envolver ativamente nesse dinamismo. Nesse sentido,
o educador Moacir Gadotti já alertou:
[...]Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre,
diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão
na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a
aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente
necessária (GADOTTI, 2003, p. 07).
Pensando nessas mudanças de paradigmas e nas diferentes formas de aprendizagem,
recortamos as falas dos acadêmicos para uma breve análise de conteúdo, seguindo a perspectiva
proposta por Bardin (2011). Os trechos dos textos foram agrupados conforme os saberes
destacados pelos acadêmicos.
De acordo com Gadotti (2003), as tecnologias têm o potencial de criar “novos espaços
de conhecimento”, ou seja, a escola não é mais o único ambiente formativo. O autor menciona
a família, a sociedade em geral e também os espaços virtuais como exemplos desses novos
espaços de aprendizagem. Nesse sentido, ele aponta para a possibilidade da educação a
distância. Essa realidade foi vivenciada intensamente durante o período da pandemia da Covid-
19, quando o contato humano se tornou impossível e toda a aprendizagem escolar passou a ser
mediada pelo sistema remoto, utilizando inteligência artificial.
De acordo com Gonçalves; Gonçalves (2022, p. 93), “as principais dificuldades
enfrentadas pelo professor brasileiro, para a efetivação do ensino remoto durante a pandemia
da Covid-19, foram basicamente o despreparo técnico para lidar com a Inteligência Artificial e
as Tecnologias da Informação”. Um cenário revelador do quanto a educação precisa
acompanhar as mudanças da vida e suas evoluções, evidenciando-se um hiato entre o avanço
tecnológico fora das instituições educacionais e o que elas efetivamente realizam no que diz
respeito à educação para as tecnologias digitais (NÓVOA, 2019).
A preocupação com a preparação para a utilização das novas tecnologias se fez presente
nos textos de dezenove acadêmicos. A seguir, apresentamos recortes das falas que evidenciam
a importância atribuída por eles a essa temática.
O professor do século XXI tem vários desafios a serem enfrentados para
conquistar uma efetiva aprendizagem de seus alunos. Um desses desafios e a
tecnologia que se demonstra tão interessante e acessível aos alunos. Um outro
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obstáculo não menos importante é a falta de valores que não estão sendo
ensinados em casa. Partindo desses princípios é que fica uma importante
pergunta: “como superar tais desafios e fazer com que os alunos aprendam
significativamente? (ACADÊMICA 01).
A acadêmica demonstra uma grande preocupação com a formação continua dos
professores para a utilização das novas tecnologias e ressalta que essa é uma oportunidade para
se alcançar uma aprendizagem efetiva. Isso implica que ela considera o uso dessas tecnologias
extremamente importante e reconhece que os alunos têm mais familiaridade com as TICs do
que os professores.
Com o passar dos anos apareceu as tecnologias de comunicação que fez com
que todos se adaptassem a nova era que trouxe vários benefícios. Em
decorrente desse avanço o professor do século XXI necessita de utilizar as
tecnologias para inovar os seus métodos de ensino, em busca de aprendizagem
significativa, onde o aluno aprenda a gostar de aprender. É papel do professor
acompanhar as atualidades que surgem ao longo dos anos, em busca de passar
aos alunos um ensino de qualidade (ACADÊMICA 04).
A futura pedagoga reconhece os benefícios das tecnologias e destaca a necessidade de
os professores do século XXI “inovarem” em sua utilização. Ela questiona a formação inicial
recebida e ressalta a importância da formação continua para se manter atualizada. Essa
observação está alinhada com o que foi preconizado por Gadotti (2003, p. 47), “a educação,
para ser transformadora, emancipadora, precisa estar centrada na vida, ao contrário da educação
neoliberal que está centrada na competividade sem solidariedade”. O autor ainda menciona que,
para ser emancipadora, a educação precisa compreender as pessoas, suas culturas e respeitar
seu estilo de vida e identidade. O ser humano é “incompleto e inacabado”, como afirmou Paulo
Freire (2009), e está em constante processo de formação.
A acadêmica número 20 expressa da seguinte forma:
O professor do Século XXI tem que ser um professor dinâmico, lúdico e estar
atualizado com a tecnologia. O mundo corre a todo vapor a cada dia uma
inovação surge no mercado de compra e vendas, a tecnologia é um campo
muito amplo e muitas crianças estão bem conectadas. Não devemos ser
acomodados, pois com certeza as aulas não serão motivadas e os mesmos não
estarão interessados. Uma característica fundamental desse professor é estar
antenado, estudar sempre para trazer muitas inovações que supere as
expectativas dos alunos (ACADÊMICA 20).
A acadêmica menciona as novas tecnologias como uma maneira de tornar as aulas mais
lúdicas e propícias para a inovação. Ela também destaca a transformação constante e rápida do
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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mundo, o que demanda que os professores estejam em um processo contínuo de aprendizagem
e adaptação ao novo.
A tecnologia não deve ser vista como uma inimiga do educador, mas como
um aliado através dela é possível elaborar aulas criativas, prazerosas e
atraentes o computador pode ser útil de diversas formas, transmitindo
informação através da internet que pode ser útil, o educador pode pedir uma
pesquisa de determinado assunto e no outro dia fazer uma mesa redonda.
Assim haverá a troca de informações que poderão se tornar em conhecimento
(ACADÊMICA 30).
Certamente, essa acadêmica possui uma visão diferenciada sobre a utilização das
tecnologias no processo de ensino/aprendizagem. Assim como enfatizou o sociólogo Pedro
Demo:
considero que tecnologias digitais são “suporte” à aprendizagem. Primeiro,
preciso enfatizar que o foco é aprendizagem, como fim (pedagogia), e
tecnologias digitais, como meio. Isto não desmerece em nada as tecnologias,
porque é seu signo próprio: a questão tecnológica demarca meios, modos,
métodos, instrumentação, a serviço de um fim. Tecnologias podem favorecer
ou prejudicar a aprendizagem, como ocorre com todas as instrumentações,
inclusive com aula, didáticas, exames, currículos etc. Segundo, as tecnologias
digitais, embora interfiram de maneira muito pesada na organização da
sociedade e da própria vida, não reinventam a roda no campo da aprendizagem
(DEMO, 2020, p. 12).
O autor enfatiza a importância das tecnologias, porém, sem atribuir a elas o papel de
solução para todos os problemas da educação. Pelo contrário, ele alerta que elas podem ser
utilizadas apenas para repetir a memorização mecânica e o ensino instrucionista.
Para a educação ser significativa, são necessários outros saberes além da tecnologia.
Certamente, o cultivo do afeto na prática pedagógica de um professor é um elemento crucial
para uma aprendizagem efetiva (FREIRE, 1997), como bem relatou a acadêmica:
Para a aprendizagem significativa acontecer é preciso conquistar o afeto dos
discente, pois imposição não levará a lugar algum, esse é um cos caminhos.
Propor a eles situações indagadoras em que eles sejam sujeitos ativos e possam
buscar as respostas, tornando-os assim motivados. Deve-se levar em conta
situações poblematizadoras que busquem a realidade deles, pois assim se
sentirão motivados o suficiente e concretizaram a aprendizagem
(ACADÊMICA 02).
A fala da acadêmica remete ao pensamento sobre afetividade expressado por Paulo
Freire (1997, 2009) em suas obras “Pedagogia da autonomia” e “Professora Sim, tia Não: cartas
a quem ousa ensinar”. Nessas obras, o autor enfatiza a importância das ações do professor para
o desenvolvimento da autonomia do aluno e para a própria dinâmica do educador.
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Embora não aborde diretamente o tema do afeto, a Acadêmica 2 destaca os efeitos
transformadores da práxis pedagógica no aluno. É necessário que o professor esteja consciente
de que algumas “virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto
pela alegria, pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança [...] identificação com a
esperança, abertura à justiça (FREIRE, 2009, p. 120). A ausência desses fatores impossibilita
uma prática pedagógica progressista, uma vez que ela não pode ser baseada exclusivamente na
ciência e na técnica. De acordo com (GIMÉNES et al., 2021, p. 247) “a relação afetuosa na sala
de aula é capaz de extinguir barreiras e construir pontes, pontes que dão amplo acesso à
aprendizagem significativa. A afetividade é a base da conquista de uma aprendizagem para a
vida.”
A afetividade, sem dúvida, desempenha um papel crucial na inclusão, considerando-se
aqui em seu sentido mais abrangente, incluindo aspectos de classe, econômicos e de gênero.
Como enfatizou a acadêmica.
E preciso estar preparado para receber alunos de diversas maneiras, sejam
eles: pobres, negros, deficientes e o professor não deve rotular essa criança,
que tem direito ao ensino como os demais. O professor tem que estimular a
todos na busca do conhecimento. Realizar atividade igualmente com todos
(ACADÊMICA 03).
A inclusão social implica discutir e rejeitar todas as formas de exclusão e preconceito.
É fundamental que o professor esteja preparado para combater o racismo, o sexismo, o
machismo, o ageísmo, a xenofobia e todos os outros sentimentos negativos que possam surgir
no ambiente educacional. Como relata a Acadêmica 05:
É através do conhecimento que mudamos as pessoas, então o meu projeto
político é formar seres sensíveis, que com a sensibilidade de respeitar o
próximo, amar a si mesmo e os que vivem ao seu redor. Precisa se preocupar
com os valores dos alunos. Hoje em dia nem se falar, vemos alunos que
entram na sala de aula e nem cumprimenta seu professor e colegas. É possível
mudar essa realidade, através de projetos educacionais com o intuito de
valorizar o caráter humano, o respeito acima de tudo (ACADÊMICO 05).
A Acadêmica 09 ressalta a importância de os professores demonstrarem afeto em sua
prática pedagógica, tanto para motivar os alunos no processo de aprendizagem quanto para
desenvolver valores. Nas palavras da estudante,
quando o docente planeja sua fala, atitude, gestualidade, tonalidade, enfim,
um dos pilares da educação: o aprender a ser, ele consegue cativar o aluno,
motiva-lo a aprender. Contudo mais que ensinar as disciplinas é preciso
idealizar também os valores que queremos transferir aos discentes. Em um
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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século que cresce o preconceito, a indiferença, o egoísmo, a arrogância, o
modismo, a insensibilidade (ACADÊMICA 09).
A estudante 09 apresenta uma reflexão a respeito do papel da formação do professor na
capacidade de integrar conhecimentos e saberes que contribuam para sua prática docente, a fim
de acolher as diferenças e estabelecer uma proximidade que fortaleça as condições de
aprendizagem dos alunos, considerando suas diversidades e pluralidades (SÍVERES, 2019)
Dessa forma, a escola assume sua função de construir sociabilidades e promover a consolidação
de uma geração mais consciente de si mesma (FEIXA; LECCARDI, 2010), como evidenciado
no depoimento da estudante 06.
A escola é um instrumento de aprendizagem e socialização, ela é vivenciadora
de conhecimento, tendo como peças principais o educador e o educando. A
figura do professor vai muito além da ideia meramente formada pela
sociedade. O professor é a peça fundamental nessa instituição (ACADÊMICA
06).
Avançando um pouco mais, fica evidente no depoimento da Acadêmica 06 o
compromisso da escola, do professor e dos processos formativos na construção de valores para
a vida. Esses valores são direcionados à formação do estudante e se fortalecem ao longo da
vida, cabendo à escola e ao professor amadurecê-los por meio de suas propostas educativas
(REGO, 2003).
A pesquisa entra em cena, professor tem que ser pesquisador?
A pesquisa é, ou deveria ser, um dos pilares fundamentais na formação de um professor.
Os acadêmicos do curso de Pedagogia, demonstram ter conhecimento da importância de um
professor ser um pesquisador, visto que essa perspectiva apareceu em todos os seus escritos.
“A existência da pesquisa nos cursos de graduação serve para suscitar conhecimentos
atualizados e expressivos, para formação humana e profissional, para formar novos
pesquisadores” (GONÇALVES; SÍVERES, 2019, p. 10) pois, de acordo com (FREIRE, 2009,
p. 29) “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.” Conforme mencionado pelo autor
em questão, o professor ensina porque busca, questiona e se indaga. Ele deve realizar pesquisas
para observar, intervir, educar e se educar.
O professor do século XXI deve levar o seu aluno a refletir e atentar-se para
questões de que cada aluno aprende a seu modo. E entre esses modos está a
reflexão, a forma compreensiva de olhar, adquirir o conhecimento. Para que
se construa jovens reflexivos é imprescindível esse trabalho que impulsiona o
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aluno a pesquisar, a questionar e criticar sempre que possível. Da mesma
forma é de suma relevância que o educador trace objetivos e reconheça quais
ele quer alcançar juntamente com seus educandos. Isso deve ficar nítido em
suas ações no cotidiano escolar, principalmente naqueles que aparentemente
são impossíveis de se realizar, por que é por meio dessas dificuldades que se
pode definir o caminho para atingir as suas metas (ACADÊMICA 07).
O depoimento da Acadêmica 7 ressalta, de acordo com as palavras de Pedro Demo
(2001), que o professor deve ser constantemente um pesquisador. Isso não é apenas uma
qualidade, mas uma exigência, uma vez que um professor que não pesquisa nunca foi
verdadeiramente um professor. Isso evidencia, portanto, a necessidade de ensinar por meio da
pesquisa (RIBEIRO, 1969), como uma forma de promover uma educação crítica e
transformadora.
Nesse sentido, é relevante considerar o depoimento da Acadêmica 22:
Pelo amor à educação, como educadora quero ser uma pesquisadora, está
sempre buscando novos conhecimentos e novas habilidades para que meus
alunos possam aprender da melhor maneira. Quero ser uma mediadora de
conhecimento, transformadora de mentes, dívidas e para isso usará educação,
o conhecimento como matéria-prima, ser uma professora lúdica para trair os
meus alunos (ACADÊMICA 22).
A opinião da acadêmica está alinhada com o que Gadotti (2003) teoriza quando afirma
que a atualização dos conhecimentos deve ir além da simples “assimilação” de informações.
Segundo o autor, a sociedade do conhecimento é caracterizada por múltiplas oportunidades de
aprendizagem. Portanto, para ele,
as consequências para a escola, para o professor e para a educação em geral
são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter
raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu
próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo;
saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a
distância (GADOTTI, 2003, p. 08).
Os desafios advindos dessa realidade devem ser incorporados à dinâmica educacional
como imperativos aos quais os professores devem estar preparados para responder. Segundo o
autor, o professor assume a tarefa educativa como um compromisso profissional e de vida.
Nesse contexto, a pesquisa intensiva e comprometida é vista como uma atividade fundamental
na formação do educador.
Nesse ínterim, corroboram os dizeres da Acadêmica 09:
Estar lendo muito, pesquisando, e adaptando o que é bom e possível,
planejando para o aluno. Isto é um aluno tentando ser mais professor do que
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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o transmissor de informações, aprendendo mais do que ensinando, e viver até
quando for possível (ACADÊMICA 09).
A participante da pesquisa compreende que é essencial para o professor investir
constantemente em sua formação continuada a fim de “aprender mais do que ensinar”. Essa
perspectiva é apoiada por Pedro Demo (2001), quando ele ressalta a importância de a
escola/universidade ensinar os alunos a pesquisar e, consequentemente, a criar/produzir
conhecimento, em vez de apenas reproduzi-lo. Nas palavras do autor, o uso das tecnologias
muitas vezes se torna instrucionista e não promove a autonomia do estudante.
O uso dominante, de longe, continua instrucionista, porque a escola não
consegue enxergar um palmo além do nariz, para perceber que o sistema atual
de ensino caducou e o êxito do PISA, sendo instrucionista, é mórbido. Muitas
escolas, sobretudo privadas, imaginando alguma coerência com o desafio de
inovação em educação, adotam parafernálias digitais, que acabam como
enfeite de aula: valem para repassar conteúdos, não para fomentar a autoria
discente. Em parte isto é decorrência da formação muito precária docente na
faculdade, onde se fabrica um profissional do ensino, não da aprendizagem:
docentes não são autores, cientistas, pesquisadores e, agora, cuidadores. São
repassadores de conteúdo, como consta no figurino instrucionista (DEMO,
2020, p. 82).
Na perspectiva do autor, muitas escolas e professores ainda não compreenderam o
verdadeiro significado da pesquisa e a importância desse ato na formação de cidadãos
verdadeiramente críticos e emancipados. O que ocorre, em muitos casos, é apenas um
“embelezamento” da “aula tradicional” com o uso das novas tecnologias. Continua-se a ensinar
a memorização e a repetição, sem abrir espaço para a criação e, consequentemente, a inovação.
Essa visão do autor reforça a necessidade de uma formação docente baseada na interação
entre pesquisa e formação continuada, com seus significados e desdobramentos refletidos na
realidade social, tanto no contexto educacional escolar quanto além dos limites da escola.
No conjunto dos depoimentos das participantes da pesquisa, surge a consciência do
reconhecimento da importância de formar-se e transformar-se por meio da pesquisa. Isso fica
evidente na fala da Acadêmica 10.
Atualmente muitos professores vem tentando se capacitar com a prática
demais cursos, participando de palestras e pesquisando, buscando
conhecimento para que assim ele esteja sempre atualizado, bem informado
para atender as necessidades do mercado (ACADÊMICA 10).
Resumindo o pensamento do grupo de participantes deste estudo e dos autores que
embasam essa discussão, podemos afirmar que, na sociedade em que estamos inseridos, é
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essencial que o professor seja um aprendiz constante, um construtor de significados para a
aprendizagem do aluno. Ele assume, assim, o papel de colaborador e organizador, em vez de
ser o detentor exclusivo desse processo. Como bem escreveu Gadotti (2003, p. 11), importa
compreender e assumir a “docência, como aprendizagem da relação, está ligada a um
profissional especial, um profissional do sentido, numa era em que aprender é conviver com a
incerteza”.
Portanto, é imprescindível refletir sobre o novo papel do professor e as novas demandas
da profissão educadora, especialmente em relação à formação continuada desse profissional.
Planejamento na profissão professor
Todo profissional competente deve dedicar tempo para reflexão, planejamento,
estabelecimento de metas e aquisição de um sólido acervo cultural, a fim de se destacar em sua
respectiva área de atuação. No caso dos professores, esse princípio não é diferente. É necessário
construir seu capital cultural por meio de planejamento, considerando-o como “a educação de
uma pessoa (conhecimento e habilidades intelectuais)”. Esse conhecimento, validado por
diplomas ou não, também pode ser adquirido por meio da formação continuada e do
planejamento de sua carreira docente (Bourdieu; Passeron, 1992).
Partindo dessa premissa, no grupo de participantes desta pesquisa, observa-se na fala da
Acadêmica 08:
Observa-se hoje, que planejar toda nossa ação cotidiana é preciso isso devido
a insegurança do ser humano em não poder sair da rotina. Enquanto professor
é visto que sua prática sem planejamento não tem sentido algum, pois como
formadores de pessoas, pensar em qual aluno estamos moldando, formando é
planejar a longo prazo (ACADÊMICA 08).
A escrita da participante da pesquisa revela uma preocupação significativa com o ato de
planejar. Ela destaca que atualmente isso se tornou uma necessidade constante devido à
velocidade das transformações globais. Consequentemente, aquilo que era considerado
verdadeiro no passado pode não ser mais no presente. Isso remete ao conceito de “modernidade
líquida” desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Esse conceito refere-se a uma
nova era na qual as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, efêmeras e flexíveis,
assim como os líquidos.
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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Ensinar exige criticidade já dizia Paulo Freire
Paulo Freire (2009), em sua renomada obra “Pedagogia da Autonomia”, dedica um
capítulo para enfatizar que “ensinar exige criticidade”. Segundo o autor, é responsabilidade do
professor ensinar aos alunos a superar a ingenuidade e desenvolver habilidades críticas para
analisar as situações. Essa questão foi mencionada de forma enfática pela participante
Acadêmica 08, no âmbito da pesquisa, destacando o importante papel político da escola nesse
contexto.
A Escola também tendo seu papel político na sociedade, deve fazer ainda mais
projetos com seus Educandos assim de promover a cidadania entre todos.
Assim não me arriscaria dizer que talvez a educação vem enfrentando essa
crise de qualidade cação profissional, qualidade de ensino aluno
interessados, falta de recursos e materiais pelo descaso de um bom projeto
político que suporta todas essas dificuldades, ou ainda que existe algo do tipo
projetado, mas que negligência a sua prática, sem execução. Portanto é
relevante A reflexão crítica acerca desse processo de criação de projetos, pois
o professor que projeta é capaz de dirigir e decide as melhores condições para
o ensino de sua sala de aula, em delimitar os objetivos que queira alcançar e
quais habilidades e competências ele deseja trabalhar para com os alunos na
busca de uma educação de qualidade para todos (ACADÊMICA 08).
É necessário ser crítico e refletir sobre o papel como professor nessa sociedade em
constante transformação, uma vez que “uma nova cultura profissional implica uma redefinição
dos sistemas de ensino e das instituições escolares” (GADOTTI, 2003, p. 15). No entanto, essa
redefinição não ocorrerá de cima, a partir do próprio sistema, pois este é essencialmente
conservador. A transformação do sistema requer que o professor desenvolva uma nova
compreensão de sua função, sendo ele o agente responsável por iniciar essa mudança. “Daí a
importância estratégica de discutir hoje o novo papel do professor. Daí a importância de uma
redefinição da profissão docente, de uma nova concepção do papel do professor” (GADOTTI,
2003, p. 15).
Os sujeitos da pesquisa percebem que o professor deve,
Propor atividades que vão além da sala de aula e ter ões inovadoras, faz
dessa forma, com que o projeto do professor seja assumir um papel
significativo na formação do educando, sendo aquele que dedica o ensino por
meio de estratégias, pelas quais desenvolve um processo de aprendizagem. o
professor do Século XXI deve ter como projeto político pedagógico crescer
como profissional, refletir, analisar e criar novas práticas para em conjunto
com o aluno transformar a realidade (ACADÊMICA 11).
Gadotti (2003, p. 18) também enfatiza que “a nova formação do professor deve estar
centrada na escola sem ser unicamente escolar, sobre as práticas escolares dos professores,
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desenvolver na prática um paradigma colaborativo e cooperativo entre os profissionais da
educação”. A formação atual do professor deve ser fundamentada no diálogo e visar à
redefinição de suas funções e papéis, à redefinição do sistema educacional e à construção
contínua do projeto político-pedagógico da escola. O próprio professor também precisa elaborar
o seu próprio projeto político-pedagógico. Conforme destacou a Acadêmica 12,
Os projetos políticos pedagógicos devem estar presentes em todos os
momentos na área da educação, pois uma grande carência nessa área, nas
escolas. Intuições de ensino necessitam de inovação para que haja uma
melhoria nos resultados de aprendizagem. Os professores juntamente com
toda a equipe pedagógica devem se organizar para elaboração de um projeto,
o que falta muitas vezes nas instituições é força de vontade de toda equipe
principalmente do governo que não disponibiliza o necessário para a educação
(ACADÊMICA 12).
Quando a participante faz referência ao Projeto Político Pedagógico da escola, ela está
aludindo a algo que transcende a mera natureza de um documento arquivado na gaveta da
diretora. Ela está fazendo referência aos objetivos, à filosofia e, em suma, a uma forma de
pensar e agir que permeia toda a escola. Essa forma de agir orientará a formação integral do
aluno, conforme destacado por outra acadêmica.
O Século XXI exige professores mais bem preparados para lidar com o novo
aluno e, portanto, quero ser um educador que tenha a capacidade de Inovar,
de buscar novas alternativas para o processo de ensino-aprendizagem que visa
a formação de alunos em sua totalidade e em todos aspectos para que ele mais
tarde seja preparado para a vida. É preciso usar mais o aluno desde cedo para
que ele cresça sabendo respeitar o outro. Trabalhar com a criança é muito
gratificante, saber que estou contribuindo para o crescimento delas, sobretudo
preparando-as para a vida através de valores que são importantíssimos
aprender desde cedo no meio familiar e no ambiente escolar (ACADÊMICA
15).
Na fala da estudante, surge a esperança, no sentido preconizado por Paulo Freire, do
verbo “esperançar”. Isso significa o desejo de ser um professor que busca constantemente a
capacidade de inovar, de se reinventar, a fim de oferecer um ensino que promova a formação
integral dos alunos. Essa fala remete à teoria do cuidado, que envolve cuidado com a vida, com
o próximo e com a arte de ensinar. De acordo com Boff (2012), o cuidado é alimentado por
uma vigilante preocupação com o futuro. Isso frequentemente é alcançado por meio da reserva
de momentos dedicados à reflexão sobre si mesmo.
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
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Considerações finais
A pesquisa de campo permitiu observar que o grupo de participantes do curso de
Pedagogia analisado construiu uma sólida base teórica e assimilou diversos saberes necessários
para uma práxis educativa emancipadora. Eles demonstraram ter familiaridade com os autores
clássicos e fundamentais, além de reconhecerem a importância da formação continua.
As produções dos participantes revelaram uma preocupação relevante com a
necessidade de uma formação contínua para os professores, a fim de estarem preparados para
lidar com as novas tecnologias e o mundo digital que emergiu após a pandemia da Covid-19.
De fato, essas tecnologias devem ser aprimoradas e integradas aos processos de formação e
práticas educativas, considerando a urgência das novas realidades sociais que se avizinham.
Embora a tecnologia tenha ocupado um lugar central nas reflexões dos alunos, também
surgiram preocupações com uma formação humanista baseada no afeto e no cuidado. É evidente
a intenção dos acadêmicos em serem professores motivadores, profissionais do sentido, capazes
de apontar caminhos e promover uma formação crítica em seus alunos.
Por fim, vários acadêmicos mencionaram a preocupação com o Projeto Político
Pedagógico, não se referindo apenas ao documento da escola, mas também ao projeto no sentido
teorizado por Gadotti (2003). Trata-se de um projeto de vida, um ideal a ser alcançado, uma
filosofia sobre o que significa ser professor no século XXI.
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Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO e Alessandra Cristina FURTADO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN:2237-258X
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Sobre os autores
Maria Célia da Silva GONÇALVES
Universidade de Évora (UE), Évora Portugal. Pesquisadora Integrante (CIDEHUS-UE). Pós-
doutorado em Educação (PUC-GO).
Edney Gomes RAMINHO
Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília DF Brasil. Doutoranda em Educação.
Alessandra Cristina FURTADO
Universidade Federal da Grande Dourados (FAED/UFGD), Dourados MS Brasil.
Professora Associada II. Pós-Doutorado em Educação (FE/USP).
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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TRAINING CONTRIBUTIONS TO THE KNOWLEDGE OF THE 21ST CENTURY
TEACHER: A PROJECT TO BE DISCUSSED
CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO PARA OS SABERES DO PROFESSOR DO
SÉCULO XXI: UM PROJETO A SER DISCUTIDO
APORTES DE LA FORMACIÓN AL SABER DEL DOCENTE DEL SIGLO XXI: UN
PROYECTO A DISCUTIR
Maria Célia da Silva GONÇALVES
e-mail: mceliasg@yahoo.com.br
Edney Gomes RAMINHO
e-mail: edygomesraminho@gmail.com
Alessandra Cristina FURTADO
e-mail: alessandrafurtado@ufgd.edu.br
How to refer to this article:
GONÇALVES, M. C. S.; RAMINHO, E. G.; FURTADO, A. C.
Training contributions to the knowledge of the 21st century teacher:
A project to be discussed. Rev. Educação e Fronteiras, Dourados,
v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v12in.esp.1.17109
| Submitted: 20/12/2021
| Revision required: 15/01/2022
| Approved: 18/02/2022
| Published: 22/04/2022
Editor:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Training contributions to the knowledge of the 21st century teacher: A project to be discussed
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12in.esp.1.17109 2
ABSTRACT: This article aims to discuss the importance of knowledge about the Political-
Pedagogical Project in training teachers in the 21st century. A qualitative-ethnographic
methodology is employed. Empirical data were collected in an eighth-semester class of the
Pedagogy program at a private college in Northwestern Minas Gerais during the classes of the
Political-Pedagogical Projects discipline taught by the responsible professor. Thirty-three
voluntary students, identified from 01 to 33, participated in this study. They engaged in
readings, participated in debates, and wrote an essay in response to the question: What is my
Political-Pedagogical Project to become a teacher in the 21st century? It was explained that
their responses would be used to elaborate on this work, and they readily agreed to provide their
texts. Data analysis was performed using the content analysis technique proposed by Bardin
(2011). The results indicate good assimilation of the concepts discussed in the classroom.
KEYWORDS: Pedagogical Political Project. Teacher training. Educational practice.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo debater a importância do conhecimento sobre o
Projeto Político Pedagógico na formação de professores no século XXI. Utiliza-se a
metodologia qualitativa-etnográfica. Os dados empíricos foram coletados em uma turma do
oitavo período do curso de Pedagogia de uma faculdade particular no Noroeste de Minas
Gerais, durante as aulas da disciplina de Projetos Políticos Pedagógicos, ministradas pela
professora responsável. Participaram deste estudo 33 alunos voluntários, identificados de 01
a 33. Eles realizaram leituras, participaram de debates e escreveram uma dissertação em
resposta à pergunta: Qual é o meu projeto político pedagógico para ser um professor no século
XXI? Foi explicado que suas respostas seriam utilizadas na elaboração deste trabalho, e eles
concordaram prontamente em ceder seus textos. A análise dos dados foi realizada utilizando a
técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). Os resultados indicam uma boa
assimilação dos conceitos discutidos em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Projeto Político Pedagógico. Formação de professores. Prática
educativa.
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo establecer un debate sobre la importancia de
discutir los saberes y el Proyecto Político Pedagógico en la formación de profesores en el siglo
XXI. Se utilizó una metodología cualitativa con un enfoque etnográfico, ya que los datos
empíricos se recopilaron en una clase del octavo período del curso de Pedagogía de una
universidad privada en el noroeste de Minas Gerais, impartida por la profesora de Proyectos
Políticos Pedagógicos. Los estudiantes realizaron lecturas y escribieron una disertación en
respuesta a la pregunta: ¿cuál es mi proyecto político pedagógico para ser un profesor en el
siglo XXI? Participaron en este estudio 33 estudiantes voluntarios, numerados del 01 al 33. Se
les informó que sus respuestas se utilizarían en la investigación y aceptaron compartir sus
escritos. El análisis de los datos se realizó utilizando el análisis de contenido propuesto por
Bardin (2011). Los resultados indican una buena internalización de los conceptos trabajados.
PALABRAS CLAVE: Proyecto Político Pedagógico. Formación docente. Práctica educativa.
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO and Alessandra Cristina FURTADO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. esp. 1, e023014, 2022. e-ISSN:2237-258X
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Introduction
This article aims to promote a debate on the importance of discussing knowledge and
the Pedagogical Political Project in teacher education in the 21st century. Additionally, it seeks
to analyze how this theme was assimilated by a group of graduating students in the Pedagogy
course at a higher education institution (HEI) in João Pinheiro, MG.
The institution above is a private institution founded in 2002 and offers various courses,
including Law, Administration, healthcare, and teacher education, including the Pedagogy
course. The course in question was authorized in 2006 and has already graduated numerous
professionals for the municipality and the region, playing an extremely important role in teacher
education in northwest Minas Gerais.
João Pinheiro, where the HEI is located, is the municipality with the largest geographical
area in the state. According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2021),
it has an area of 6,749 mi² and an estimated population of only 47,990 inhabitants, resulting in
a low population density of 2,62 inhabitants/mi². Officially founded in 1911, the municipality
remained isolated from the rest of Minas Gerais and Brazil due to its geographical location and
lack of roads, which only changed with the inauguration of the BR 040 highway in 1973 as part
of the National Road Plan. From that moment on, the municipality established greater contact
with the state capital and the Federal District, acquiring more modern characteristics (SILVA;
GONÇALVES; SILVA, 2011). However, João Pinheiro is still considered part of the
hinterlands of the Brazilian backlands. Therefore, the debate on teacher education to work in
these geographical and social spaces is of utmost importance.
With this concern in mind and aiming to deepen the debate on the subject at hand, this
study seeks to answer the following research question: Considering the presented context, what
are the importance of knowledge and the Pedagogical Political Project in teacher education in
the 21st century? This inquiry unfolds into discussing the importance of knowledge and the
Pedagogical Political Project in teacher education in the 21st century.
Training contributions to the knowledge of the 21st century teacher: A project to be discussed
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Methodology
The research underpinning this work was qualitative, with an ethnographic approach, as
the empirical material was collected in a class in the eighth semester of the Pedagogy course
during the Pedagogical Political Projects discipline. The students engaged in readings,
participated in debates, and wrote dissertations in response to the question: "What is my
pedagogical, political project to be a teacher in the 21st century?". The class consisted of 33
students who volunteered to participate in this study. They were informed that their responses
would be used to develop this work and willingly agreed to provide their writings.
The texts produced by the voluntary participants were numbered from 01 to 33 to
preserve their identities. Data analysis was conducted using content analysis as proposed by
Bardin (2011), following the principle of evaluating thematic categories as treated by the
author. The general theme of the analysis addressed the knowledge and the Pedagogical
Political Project in teacher education in the 21st century, which was further divided into
subcategories: I - teacher knowledge; II - Pedagogical Political Project; III - Teacher education
in the 21st century. While analyzing participants' testimonies, these thematic subcategories
were explored in dialogue with the adopted theoretical framework to discuss them
(BOURDIEU; PASSERON, 1992; DEMO, 2020, 2006; FREIRE, 2009, 1997; GADOTTI,
2003; GONÇALVES; GONÇALVES, 2022; NÓVOA, 2019).
Analysis of the results
Being a teacher in today's world
Being a teacher today is neither easier nor harder than in the past century, but it is very
different. This professional is no longer the sole holder of knowledge, and the school is no
longer the only space for learning. Therefore, teachers must constantly dedicate themselves to
their ongoing professional development and knowledge. Being a teacher today means living in
a revolutionary process full of significant transformations, paradigm shifts, and constant
reinvention of the art of teaching. It is to be aware that we are unfinished beings, as Paulo Freire
(2009) advocated, and therefore, we must be open to new learnings. These learnings should be
permeated by both the technical aspect and ontological sensitivity, guided by dialogue and the
desire to transform oneself and society (FREIRE, 1997). The teacher performs political acts
through their way of teaching. They are the main agents of this process, responsible for
Maria Célia da Silva GONÇALVES; Edney Gomes RAMINHO and Alessandra Cristina FURTADO
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combining their ontological, epistemological, and methodological knowledge with critical
consciousness and political stance.
In historical times of accelerated changes due to the speed of information, teacher
education is invited to engage in this dynamism actively. In this sense, the educator Moacir
Gadotti has already warned:
[...] Given the speed at which information moves, ages, and dies, in the face
of a constantly changing world, their role is changing, if not in the essential
task of educating, at least in the task of teaching, guiding learning, and in their
ongoing development, which has become permanently necessary (GADOTTI,
2003, p. 07, our translation).
Considering these paradigm shifts and different forms of learning, we selected excerpts
from the students' statements for a brief content analysis, following the perspective proposed
by Bardin (2011). The excerpts from the texts were grouped according to the knowledge
highlighted by the students.
According to Gadotti (2003), technologies have the potential to create "new spaces of
knowledge," meaning that the school is no longer the sole formative environment. The author
mentions the family, society, and virtual spaces as examples of these new learning spaces. In
this sense, he points to the possibility of distance education. This reality was experienced
intensely during the Covid-19 pandemic when human contact became impossible, and all
school learning became mediated by remote systems using artificial intelligence.
According to Gonçalves; Gonçalves (2022, p. 93, our translation), "the main difficulties
faced by Brazilian teachers in implementing remote teaching during the Covid-19 pandemic
were essentially the technical unpreparedness to deal with Artificial Intelligence and
Information Technologies." This scenario reveals how much education needs to keep up with
the changes in life and its developments, highlighting a gap between technological advancement
outside educational institutions and what they effectively accomplish in education for digital
technologies (NÓVOA, 2019).
The concern for preparation in the use of new technologies was present in the texts of
nineteen students. Below are excerpts from their statements that demonstrate the importance
they attribute to this theme.
Teacher of the 21st century has several challenges to overcome to achieve
effective student learning. One of these challenges is technology, which is so
interesting and accessible to students. Another equally important obstacle is
the lack of values not being taught at home. Based on these principles, an
Training contributions to the knowledge of the 21st century teacher: A project to be discussed
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important question arises: "How can we overcome these challenges and ensure
that students learn meaningfully?" (STUDENT 01, our translation).
The student demonstrates great concern for the continuous professional development of
teachers in using new technologies and emphasizes that this is an opportunity to achieve
effective learning. This implies that she considers these technologies extremely important and
recognizes that students are more familiar with ICT than teachers.
Over the years, communication technologies have emerged, causing everyone
to adapt to the new era that brought several benefits. As a result of this
advancement, the teacher of the 21st century needs to use technology to
innovate their teaching methods in search of meaningful learning where
students learn to enjoy learning. It is the teacher's role to keep up with the
current trends that have arisen over the years to provide quality education to
students (STUDENT 04, our translation).
The future pedagogue recognizes the benefits of technology and highlights the need for
21st-century teachers to "innovate" in its use. She questions the initial training received and
emphasizes the importance of continuous professional development to stay updated. This
observation aligns with what Gadotti (2003, p. 47, our translation) advocated: "Education, to
be transformative and emancipatory, needs to be centered on life, unlike neoliberal education
centered on competitiveness without solidarity." The author also mentions that for education to
be emancipatory, it needs to understand people and their cultures and respect their lifestyles
and identity. Human beings are "incomplete and unfinished," as Paulo Freire (2009) stated, and
they are constantly in the process of formation.
Student number 20 expresses it as follows:
The 21st-century teacher must be dynamic, playful, and up-to-date with
technology. The world is rushing, with innovations emerging in the market
every day. Technology is a vast field, and many children are already well-
connected. We must not be complacent, as it is certain that classes will lack
motivation and students will not be interested. A fundamental characteristic
of such a teacher is to constantly be tuned in to study to bring many
innovations that exceed students' expectations (STUDENT 20, our
translation).
The student mentions new technologies as a way to make classes more playful and
conducive to innovation. She also highlights the constant and rapid transformation of the world,
which demands that teachers be continuously learning and adapting to the new.
Technology should not be seen as an enemy of educators but as an ally.
Through technology, it is possible to develop creative, enjoyable, and
engaging lessons. The computer can be helpful in various ways, transmitting
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information through the internet, which can be beneficial. Educators can
assign research on a particular subject and, the next day, have a roundtable
discussion. This allows for exchanging information that can become
knowledge (STUDENT 30, our translation).
Certainly, this student has a different perspective on using technology in the teaching
and learning process. As emphasized by sociologist Pedro Demo:
I consider digital technologies as a "support" for learning. First, the focus is
on learning as the ultimate goal (pedagogy) and digital technologies as the
means. This does not diminish the importance of technologies because it is
their inherent characteristic: the technological issue delineates means, modes,
methods, and instrumentation in service of an end. Technologies can either
enhance or hinder learning, as is the case with all forms of instrumentation,
including lectures, teaching methods, exams, curricula, etc. Second, although
digital technologies heavily influence the organization of society and life
itself, they do not reinvent the wheel in the field of learning (DEMO, 2020, p.
12, our translation).
The author emphasizes the importance of technology but does not attribute to them the
role of a solution to all educational problems. On the contrary, he warns that they can be used
merely for repetitive mechanical memorization and instructional teaching.
For education to be meaningful, other forms of knowledge are necessary besides
technology. Certainly, cultivating affection in the pedagogical practice of a teacher is a crucial
element for effective learning (FREIRE, 1997), as aptly described by the student:
For meaningful learning to occur, winning over the students' affection is
necessary because imposition will lead nowhere; this is a dead-end path.
Proposing questioning situations where they become active participants and
can seek answers motivates them. Problem-posing situations that seek their
reality must be considered because they will only feel motivated enough to
realize the learning (STUDENT 02, our translation).
The academic's statement refers to the notion of affectivity expressed by Paulo Freire
(1997, 2009) in his works "Pedagogy of Autonomy" and "Teacher, but aunt not: letters to those
who dare teach." In these works, the author emphasizes the importance of the teacher's actions
in fostering student autonomy and shaping the dynamics of the educator.
Although not directly addressing the theme of affection, Academic 2 highlights the
transformative effects of pedagogical praxis on the student. The teacher must be aware that
certain "virtues such as love, respect for others, tolerance, humility, enjoyment of joy, of life,
openness to the new, readiness for change [...] identification with hope, openness to justice" are
crucial (FREIRE, 2009, p. 120, our translations). The absence of these factors hinders a
progressive pedagogical practice, as it cannot be solely based on science and technique.
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According to (GIMÉNES et al., 2021, p. 247, our translations), "an affectionate relationship in
the classroom is capable of breaking down barriers and building bridges, bridges that provide
wide access to meaningful learning. Affectivity is the foundation for achieving lifelong
learning."
Undoubtedly, affectivity plays a crucial role in inclusion, considering it in its broadest
sense, including aspects of class, economics, and gender. As emphasized by the academics.
It is necessary to be prepared to receive students in various ways, be they poor,
black, or disabled, and the teacher should not label these children, who have
the right to education like others. The teacher must encourage everyone to
pursue knowledge and conduct activities equally (ACADEMIC 03, our
translation).
Social inclusion implies discussing and rejecting all forms of exclusion and prejudice.
The teacher must be prepared to combat racism, sexism, misogyny, ageism, xenophobia, and
other negative sentiments that may arise in the educational environment. As reported by
Academic 05:
Through knowledge, we change people, so my political project is to shape
sensitive beings who have the sensitivity to respect others and love themselves
and those around them. It is necessary to be concerned about the values of the
students. Nowadays, we don't even hear about it; we see students entering the
classroom without greeting their teachers and peers. It is possible to change
this reality through educational projects aimed at valuing human character and
respect above all else (ACADEMIC 05, our translation).
Academic 09 emphasizes the importance of teachers showing affection in their
pedagogical practice to motivate students in the learning process and develop values. In the
student's words,
When the teacher plans their speech, attitude, gestures, and intonation, one of
the pillars of education: learning to be, can captivate the student and motivate
them to learn. However, more than teaching the subjects, it is also necessary
to envision the values that we want to impart to the students. In a century,
prejudice, indifference, selfishness, arrogance, fads, and insensitivity are
growing (ACADEMIC 09, our translation).
Student 09 presents a reflection on the role of teacher training in integrating knowledge
and wisdom that contribute to their teaching practice to embrace differences and establish
closeness that strengthens students' learning conditions, considering their diversities and
pluralities (SÍVERES, 2019). In this way, the school assumes its function of building
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sociabilities and promoting the consolidation of a generation more aware of itself (FEIXA;
LECCARDI, 2010), as evidenced in the testimony of Student 06.
The school is an instrument of learning and socialization, experiencing
knowledge, with the main actors being the educator and the learner. The
teacher's figure goes far beyond the idea merely formed by society. The
teacher is the key piece in this institution (ACADEMIC 06, our translation).
Furthermore, advancing further, the commitment of the school, the teacher, and the
formative processes in building values for life becomes evident in the testimony of Academic
06. These values are directed towards the formation of the student and strengthen throughout
life, with the school and the teacher being responsible for nurturing them through their
educational proposals (REGO, 2003).
Does research come into play, should a teacher be a researcher?
Research is, or should be, one of the fundamental pillars in the education of a teacher.
The students of the Pedagogy course demonstrate an understanding of the importance of a
teacher being a researcher, as this perspective appeared in all of their writings. "The presence
of research in undergraduate courses generates updated and meaningful knowledge for human
and professional development and trains new researchers" (GONÇALVES; SÍVERES, 2019,
p. 10, our translation). According to (FREIRE, 2009, p. 29, our translation), "There is no
teaching without research and no research without teaching." As mentioned by the author, the
teacher teaches because they seek, question, and inquire. They must conduct research to
observe, intervene, and educate themselves.
The 21st-century teacher should guide their students to reflect and pay
attention to the fact that each student learns in their way. And among these
ways is reflection, the comprehensive way of looking at and acquiring
knowledge. To build reflective young individuals, engaging them in work that
encourages research, questioning, and criticism whenever possible is
essential. Similarly, it is of utmost importance for educators to set objectives
and recognize what they want to achieve together with their students. This
should be evident in their daily actions in the school environment, especially
in those tasks that may seem impossible to accomplish, as it is through these
challenges that one can define the path to achieving their goals (ACADEMIC
07, our translation).
The testimony of Academic 7 emphasizes, according to Pedro Demo (2001), that the
teacher must constantly be a researcher. This is not just a quality but a requirement, as a teacher
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who does not engage in research has never truly been a teacher. This highlights the need to
teach through research (RIBEIRO, 1969) to promote critical and transformative education.
In this regard, it is relevant to consider the testimony of Academic 22:
Out of love for education, as an educator, I want to be a researcher, constantly
seeking new knowledge and skills so that my students can learn in the best
possible way. I aim to be a mediator of knowledge, transforming minds and
lives, and for that, I will use education and knowledge as raw material and be
a playful teacher to engage my students (ACADEMIC 22, our translation).
The opinion of the academic aligns with what Gadotti (2003) theorizes when he states
that updating knowledge should go beyond mere "assimilation" of information. According to
the author, the knowledge society is characterized by multiple opportunities for learning.
Therefore, for him,
The consequences for the school, the teacher, and education, in general, are
enormous: teaching how to think; knowing how to communicate; learning how
to research; having logical reasoning; making syntheses and theoretical
elaborations; knowing how to organize one's work; having discipline for work;
being independent and autonomous; knowing how to articulate knowledge with
practice; being a self-directed and distance learner (GADOTTI, 2003, p. 08, our
translation).
The challenges arising from this reality must be incorporated into the educational
dynamics as imperatives to which teachers must be prepared to respond. According to the
author, the teacher takes on the educational task as a professional and life commitment.
Intensive and committed research is seen as a fundamental activity in the educator's formation.
In the meantime, the statements of Academic 09 corroborate:
To be reading, researching, and adapting what is good and possible, planning
for the student. This is a student trying to be more of a teacher than a
transmitter of information, learning more than teaching, and living as long as
possible (ACADEMIC 09, our translation).
The research participant understands that it is essential for the teacher to constantly
invest in their continuing education to "learn more than teach." This perspective is supported
by Pedro Demo (2001), when he emphasizes the importance of schools/universities teaching
students to research and, consequently, to create/produce knowledge instead of merely
reproducing it. In the author's words, using technology often becomes instructional teaching
and does not promote student autonomy.
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The dominant use, by far, remains instructional teaching because the school
fails to see beyond its nose to realize that the current education system is
outdated and the success of PISA, being instructional teaching, is morbid.
Many schools, especially private ones, thinking there is some coherence with
the challenge of educational innovation, adopt digital gadgets that end up as
classroom ornaments: they serve to convey content, not to promote student
authorship. This results in poor teacher training in college, where a teaching
professional is produced, not a learning professional: teachers are not authors,
scientists, researchers, and caregivers. They are content deliverers, as stated
in the instructional teaching mold (DEMO, 2020, p. 82, our translation).
From the author's perspective, many schools and teachers have yet to grasp the true
meaning of research and the importance of this act in the formation of truly critical and
emancipated citizens. In many cases, what often occurs is merely a "beautification" of the
"traditional class" with the use of new technologies. Memorization and repetition continue to
be taught without leaving room for creation and innovation.
This author's view reinforces the need for teacher training based on the interaction
between research and continuing education, with their meanings and implications reflected in
social reality, both within the educational school context and beyond its boundaries.
Within the testimonials of the research participants, there arises an awareness of the
recognition of the importance of being formed and transformed through research. This is
evident in the statement of Academic 10.
Currently, many teachers are trying to enhance their skills through practice,
attending courses, participating in lectures, and conducting research, seeking
knowledge always to be updated and well-informed to meet the market's needs
(ACADEMIC 10, our translation).
Summarizing the thinking of this study's participants and the authors supporting this
discussion, we can affirm that in the society we are part of, the teacher needs to be a constant
learner, a meaning-maker for the student's learning. Thus, they take on the role of collaborator
and organizer rather than being the sole holder of this process. As Gadotti (2003, p. 11, our
translation) aptly wrote, it is important to understand and assume that "teaching, as learning in
relation, is linked to a special professional, a professional of meaning, in an era where learning
is living with uncertainty."
Therefore, it is essential to reflect on the new role of the teacher and the new demands
of the teaching profession, especially regarding the ongoing professional development of
educators.
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Planning in the teaching profession
Every competent professional should dedicate time to reflection, planning, setting goals,
and acquiring a solid cultural repertoire to excel in their respective field. For teachers, this
principle is no different. It is necessary to build their cultural capital through planning,
considering it "the education of a person (knowledge and intellectual skills)." This knowledge,
validated by diplomas or not, can also be acquired through continuing education and the
planning of their teaching career (Bourdieu; Passeron, 1992).
Based on this premise, in the group of participants in this research, we can observe the
statement of Academic 08:
Today, it is observed that planning our daily actions is necessary due to the
insecurity of human beings in not being able to break away from routine. As
teachers, it is seen that our practice without planning makes no sense because
as shapers of individuals, thinking about which student we are molding and
forming is long-term planning" (ACADEMIC 08, our translation)
The participant's writing reveals a significant concern with the act of planning. She
highlights that it has become a constant necessity due to the speed of global transformations.
Consequently, what was considered true in the past may no longer be so in the present. This
refers to the "Liquid Modernity" concept developed by Polish sociologist Zygmunt Bauman.
This concept refers to a new era in which social, economic, and production relations are fragile,
ephemeral, and flexible, just like liquids.
Teaching requires criticality, as Paulo Freire once said
Paulo Freire (2009), in his well-known work "Pedagogy of Autonomy," devotes a
chapter to emphasizing that "teaching requires criticality." According to the author, the teacher's
responsible for teaching students to overcome naivety and develop critical skills to analyze
situations. This issue was mentioned emphatically by participant Academic 08 within the scope
of the research, highlighting the important political role of the school in this context.
Having its political role in society, the school should engage in even more
projects with its students to promote citizenship among all. Therefore, I would
not dare to say that perhaps education is facing a crisis of poor quality in
professional education, student engagement, and lack of resources and
materials due to the neglect of an excellent political project that supports all
these difficulties, or even if there is something of the sort already planned but
neglected in its implementation. Therefore, critical reflection on this process
of project creation is relevant because the teacher who plans is capable of
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guiding and deciding the best conditions for teaching in their classroom,
defining the objectives they want to achieve, and the skills and competencies
they wish to work on with the students in the pursuit of quality education for
all (ACADEMIC 08, our translation).
It is necessary to be critical and reflect on the role of a teacher in this constantly changing
society, as "a new professional culture implies a redefinition of the education systems and
school institutions" (GADOTTI, 2003, p. 15, our translation). However, this redefinition will
not occur within the system, as it is inherently conservative. The system's transformation
requires the teacher to develop a new understanding of their function, as they are the agents
responsible for initiating this change. "Hence the strategic importance of discussing the new
role of the teacher today. Hence the importance of redefining the teaching profession, of a new
conception of the teacher's role" (GADOTTI, 2003, p. 15, our translation).
The research participants recognize that the teacher should,
Propose activities that go beyond the classroom and have innovative actions,
in this way, making the teacher's project assume a significant role in the
student's formation, dedicating teaching through strategies that foster a
learning process. The 21st-century teacher should have as their pedagogical
and political project to grow as a professional, reflect, analyze, and create new
practices to transform reality with the student (ACADEMIC 11, our
translation).
Gadotti (2003, p. 18, our translation) also emphasizes that "the new teacher training
must be centered on the school without being solely school-focused, on the school practices of
teachers, developing a collaborative and cooperative paradigm among education professionals
in practice." The current teacher training should be based on dialogue and aim to redefine their
roles and functions, redefine the educational system, and continuously build the school's
political-pedagogical project. The teacher also needs to develop their political-pedagogical
project. As highlighted by Academic 12,
Political-pedagogical projects should always be present in education, as there
is a great need in this area, in schools. Educational institutions need innovation
to improve learning outcomes. Teachers and the entire pedagogical team must
organize themselves to develop a project. Institutions often lack the
willingness of the entire team, especially the government, which does not
provide what is necessary for education (ACADEMIC 12, our translation).
When the participant refers to the Political-Pedagogical Project of the school, she is
alluding to something that transcends the very nature of a document archived in the principal's
drawer. She is referring to the objectives, the philosophy, and, in short, a way of thinking and
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acting that permeates the entire school. This way of acting will guide the student's holistic
education, as highlighted by another academic.
The 21st century demands better-prepared teachers to deal with the new
student, and therefore, I want to be an educator who can innovate, to seek new
alternatives for the teaching-learning process that aims at the comprehensive
formation of students in all aspects so that they can be prepared for life later
on. It is important to involve the student from an early age so that they grow
up knowing how to respect others. Working with children is very rewarding,
knowing that I am contributing to their growth, especially preparing them for
life through values crucial to learning from an early age in the family and
school environment (ACADEMIC 15, our translation).
In the student's speech, hope arises, in the sense advocated by Paulo Freire, of the verb
"to hope." This signifies the desire to be a teacher who constantly seeks to innovate and reinvent
oneself to offer teaching that promotes students' holistic education. This speech refers to the
theory of care, which involves care for life, for others, and the art of teaching. According to
Boff (2012), care is fueled by a vigilant concern for the future. This is often achieved through
setting aside moments dedicated to self-reflection.
Final considerations
The field research allowed us to observe that the participants in the Pedagogy course
analyzed have built a solid theoretical foundation and assimilated various knowledge necessary
for an emancipatory educational praxis. They demonstrated familiarity with classic and
fundamental authors and recognized the importance of continuous education.
The participants' productions revealed a relevant concern for the need for ongoing
training for teachers to be prepared to deal with the new technologies and the digital world that
emerged after the Covid-19 pandemic. Indeed, these technologies need to be improved and
integrated into training processes and educational practices, considering the urgency of the new
social realities that lie ahead.
While technology was central in the students' reflections, concerns about a humanistic
education based on affection and care also emerged. Evidently, the students intend to be
motivating teachers, professionals of meaning, capable of guiding paths and promoting critical
education in their students.
Finally, several students mentioned their concern with the Political-Pedagogical Project,
referring not only to the school document but also to the project as theorized by Gadotti (2003).
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About the Authors
Maria Célia da Silva GONÇALVES
University of Évora (UE), Évora - Portugal. Researcher Member (CIDEHUS-UE). Postdoctoral
in Education (PUC-GO).
Edney Gomes RAMINHO
Catholic University of Brasília (UCB), Brasília - DF - Brazil. Doctoral Degree student in
Education.
Alessandra Cristina FURTADO
Federal University of Grande Dourados (FAED/UFGD), Dourados - MS - Brazil. Associate
Professor II. Postdoctoral in Education (FE/USP).
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.