Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00, e023005, 2022. e-ISSN:2237-258X
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RADIODIFUSÃO E PROJETOS EDUCATIVOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL (1922-1951)
RADIODIFUSIÓN Y PROYECTOS EDUCATIVOS: CONTRIBUCIONES AL
DESARROLLO SOCIAL EN BRASIL (1922-1951)
RADIODIFFUSION AND EDUCATIONAL PROJECTS: CONTRIBUTIONS TO
SOCIAL DEVELOPMENT IN BRAZIL (1922-1951)
Vitor Hugo de OLIVEIRA
e-mail: vitorhugo@ufu.br
Marco Antônio de SANTANA
e-mail: bh.santana@yahoo.com.br
Como referenciar este artigo:
OLIVEIRA, V. H.; SANTANA, M. H. Radiodifusão e projetos
educativos: Contribuições para o desenvolvimento social no Brasil
(1922-1951). Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00,
e023005, 2022. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v12i00.16650
| Submetido em: 13/12/2022
| Revisões requeridas em: 19/01/2022
| Aprovado em: 25/02/2022
| Publicado em: 10/03/2022
Editor:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00, e023005, 2022. e-ISSN:2237-258X
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RESUMO: Este artigo revela nosso olhar sobre o período histórico que se seguiu após a
chegada da radiodifusão no Brasil e sua utilização em vários projetos educacionais (1922-
1951), inaugurando um novo modelo de Educação à Distância (EAD). Nosso trabalho está
ancorado em análise bibliográfica tendo em vista a escassez de arquivos sonoros sobre esta
temática, especialmente, nos anos estudados. Analisaremos alguns importantes programas
radiofônicos dedicados ao ensino/aprendizado e sua representação social num país em busca de
desenvolvimento. Interessa-nos, ainda, a utilização inicial do rádio para o fomento da cultura
de elite e as metodologias aplicadas para torná-lo um meio de comunicação oportuno a vários
projetos voltados para a educação popular.
PALAVRAS-CHAVE: Educação à distância. História da educação. Processo educativo não
escolar. Radiodifusão.
RESUMEN: Este artículo revela nuestra visión sobre el período histórico que siguió a la
llegada de la radiodifusión a Brasil y su utilización en diversos proyectos educativos (1922-
1951), inaugurando un nuevo modelo de Educación a Distancia (EAD). Nuestro trabajo se
ancla en el análisis bibliográfico ante la escasez de archivos sonoros sobre este tema,
especialmente en los años estudiados. Analizaremos algunos importantes programas de radio
dedicados a la enseñanza/aprendizaje y su representación social en un país en busca de
desarrollo. También nos interesa el uso inicial de la radio para la promoción de la cultura de
élite y las metodologías aplicadas para convertirla en un medio oportuno para diversos
proyectos destinados a la educación popular.
PALABRAS CLAVE: Educación a distancia. Historia de la educación. Proceso educativo no
escolarizado. Radiodifusión.
ABSTRACT: This article reveals our view of the historical period that followed the arrival of
radio broadcasting in Brazil and its use in several educational projects (1922-1951),
inaugurating a new model of Distance Education (EAD). Our work is anchored in a systematic
bibliographical analysis in view of the scarcity of sound files on this subject, especially in the
years studied. We will analyze some important radio programs dedicated to teaching/learning
and their social representation in a country in search of development. We are interested too in
the initial use of radio for the promotion of elite culture and the methodologies applied to make
it an opportune means of communication for various projects aimed at popular education.
KEYWORDS: Distance education. History of education. Non-school educational process.
Radiodiffusion.
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Introdução
[...] todo discurso se configura em texto, segundo uma certa organização
semio-discursiva feita de combinação de formas, umas pertencentes ao
sistema verbal, outras a diferentes sistemas semiológicos: icônico, gráfico,
gestual. O sentido depende, pois, da estruturação particular dessas formas,
cujo reconhecimento pelo receptor é necessário para que se realize
efetivamente a troca comunicativa: o sentido é o resultado de uma co-
intencionalidade (CHARAUDEAU, 2005, p. 27).
Este artigo tem o objetivo de discorrer sobre as iniciativas educacionais estruturadas
através do rádio que, desde sua entrada no mercado brasileiro, a partir de 1922, foi instrumento
de políticas de aproximação e sociabilidades entre a população e as esferas administrativas. O
rádio, a partir de suas primeiras experiências enquanto veículo de comunicação, chamava a
atenção pelo grau de curiosidade e ineditismo que trazia. A invenção, que primeiro foi atribuída
a Marconi e depois, em sentença da Suprema Corte norte-americana, reconhecida ao croata
Nikola Tesla, teve suas primeiras transmissões, como polo de entretenimento em 1920, na
Argentina e nos Estados Unidos (ZIGIOTTO, 2012).
No Brasil, o rádio atraiu a atenção de intelectuais da Academia Brasileira de Ciências
que viam no meio de comunicação uma possibilidade de educação popular através de
programações voltadas para a cultura e formação do conhecimento. Roquette-Pinto era membro
da ABC e foi um dos mais entusiasmados incentivadores da radiodifusão no país. A primeira
fase do rádio, em seu processo de instalação definitiva, ocorreu de 1923 a 1928, período em
que Pinto apresentou um plano de desenvolvimento da educação através do rádio no Brasil e o
projeto para a criação de duas emissoras: a Rádio Sociedade e a Rádio Escola Municipal, ambas
no Rio de Janeiro (ZUCULOTO, 2010). Com esse entusiasmo, qual foi o papel do rádio na
implementação de projetos educativos no Brasil?
Em Faria (2010) observamos que, apesar dos avanços e retrocessos sobre a Educação à
Distância (EAD), algumas pesquisas nos dão conta que, em periódicos como o Jornal do Brasil
(RJ), desde o ano de 1900, publicavam anúncios de cursos profissionalizantes por
correspondência, caracterizadas, porém, por iniciativas individuais (neste caso de professores
de datilografia), e não institucionais. Tal fato é repetido a partir de 1904 com a instalação das
Escolas Internacionais, filiais de institutos norte-americanos, que ministravam aulas àqueles
que buscavam uma ocupação, principalmente nos segmentos de prestação de serviços e
comércio. Esta modalidade de ensino, bem como o material didático, chegavam via Correios e
este dependia grandemente das ferrovias para transporte.
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As emissoras precursoras, educação elitista e a profissionalização do rádio
rumo à comercialização e escolarização
O Instituto Universal Brasileiro (IUB), fundado em 1941, é considerado uma eficiente
experiência em Educação à Distância (EAD), utilizando-se basicamente de materiais impressos.
Com a entrada do rádio no mercado brasileiro, tal modalidade de ensino foi se tornando mais
comum e, nos anos 1920, há notícias de aulas transmitidas, que podiam ser acompanhadas com
os respectivos materiais impressos, notadamente as de francês, língua portuguesa e temas
ligados à radiofonia
O investimento político em educação, segundo Hout (2012) pode ser produtivo
socialmente, uma vez que os retornos coletivos dela advindos mostram-se, muitas vezes,
superiores àqueles adquiridos individualmente. Embora não se possa afirmar, taxativamente,
que a escolarização seja um elemento redutor da pobreza, devemos reconhecer que o grau mais
elevado de educação ou mais tempo (anos) de estudos, estão associados a um maior rendimento
financeiro. Assim é que a radiofonia, detentora de dialética própria e de uma certa popularidade
entre as camadas mais pobres da sociedade, especialmente nos países em desenvolvimento,
alcançou, mediante seguidas políticas públicas, em diferentes estágios de nosso
desenvolvimento social, status de sala de aula, com potencial para alcançar um grande número
de educandos, em menor período de tempo. Na década de 1920, diante das primeiras
transmissões do rádio no Brasil, percebeu-se a força advinda deste veículo para superar
obstáculos ao progresso da nação. O Rádio, assim, com sua abrangência, se apresentava com
características suscetíveis de atenuar os índices de analfabetismo, estendendo suas mensagens
educativas àqueles que não eram contemplados pelo regime escolar formal, pela oferta de
escolarização complementar, superando grandes distâncias e colaborando na comunicação em
regiões isoladas (DEL BIANCO, 2009; FARIA, 2011).
A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira emissora do país, iniciou suas
transmissões em 1923, com o objetivo de propiciar a educação popular, a exemplo do que estava
sendo praticado pelo moderno sistema de radiodifusão em outras nações pelo mundo. A
educação de pessoas jovens e adultas, fora da idade escolar, passava a fazer parte das
preocupações sociais e era enfrentada com a tecnologia mais avançada através dos meios
comunicacionais.
Na sua instalação, o veículo carioca funcionou junto à Escola Superior (militar) mantida
pela administração pública federal, que com o tempo, passou a dificultar o desempenho
institucional proposto pelos gestores da emissora (civis), com exigências extraordinárias e
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desmedidas, às quais a rádio não conseguia cumprir devido à falta de receita comercial. Junte-
se a isto o fato que os deres da Escola Superior receavam a possibilidade de serem transmitidos
programas radiofônicos de teor subversivo ou de conteúdo contrário aos preconizados pelas
forças governistas, fato que praticamente obrigou os instituidores da Rádio Sociedade a doarem
a emissora ao Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, em 1936 (ALVES,
2009; SOUZA, 2003).
As primeiras transmissões foram marcadas pela curiosidade e ineditismo da novidade
radiofônica, com os aparelhos receptores ganhando o mercado e se tornando paulatinamente
mais acessíveis ao consumidor. Do outro lado, os acadêmicos enxergavam e lidavam com a
Rádio Sociedade (RJ) como se esta fosse um campo de pesquisas, utilizando seu espaço para
debates científicos, problemáticas do ensino superior e disseminação de suas ideias políticas. A
emissora, a exemplo do que ocorre nos espaços destinados à educação, contava com um
laboratório, biblioteca e teatro para conferências, ou seja, ostentava uma estrutura física
semelhante àquelas existentes nas escolas. Os radialistas estudantes, entretanto, em relação às
transmissões, tentavam suprir sua pouca experiência técnica, com o recurso das bibliografias
importadas ou mesmo, com pesquisas sobre a física e a eletricidade. Assim, viviam uma eterna
pesquisa científica acerca da nova invenção, buscando soluções para as questões que se
apresentavam tanto para profissionais, quanto para ouvintes envolvendo a fabricação do
aparelho, estudos sobre materiais e sua geração de interferências, melhoria e aproveitamento
acústico pontos estratégicos de instalação, acessibilidade financeira de baterias etc.
Paralelamente, nos principais jornais do Rio de Janeiro, surgiam colunas especializadas em
comentar e noticiar as novidades apresentadas pela radiofonia, não sendo também raras as
revistas dedicadas aos assuntos exclusivos do rádio: publicavam sobre montagem e formas de
melhorar a recepção radiofônica, acompanhadas de mapas de instrução etc. (COSTA, 2012;
MENDONÇA, 2007).
Neste momento, no plano político e social, o Brasil vivia uma complexa adaptação às
novas concepções e modos de vida, devido aos reflexos do espectro globalizante que também
se apresentava aos países em desenvolvimento, revelando, especialmente por aqui, a partir de
revoltas promovidas por parte da população pobre, vários focos de oposição ao governo da
chamada Primeira República:
A efervescência dos acontecimentos políticos e culturais da década de 1920
anunciava as mudanças na conjuntura social brasileira que acabariam pondo
um fim à Primeira República. É conveniente lembrar que havia, nesse período,
um descontentamento generalizado no país com o governo e as velhas
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fórmulas políticas monarquistas de manutenção do poder das oligarquias
regionais, característicos da Primeira República, alimentando uma certa
“fermentação oposicionista”. Depois dos operários, foram os militares que
começaram a agitar-se. Em 1922, houve uma revolta de jovens oficiais no Rio
de Janeiro (CARVALHO, 2002, p. 119).
Com o desenvolvimento das primeiras emissoras de rádio, a música clássica iniciou um
domínio nas programações por meados dos anos 1920. Com isso, a educação, pensada
inicialmente pelos introdutores da radiodifusão no país, ganhava ares de elitismo, tornando a
audiência fatigante, ainda mais quando prolongada por várias horas. Apesar do entusiasmo pela
invenção, as camadas mais populares não aprovavam a música executada e a comunicação
executiva do Speaker, possivelmente pela falta de identificação e distanciamento entre as
realidades apresentadas. O que os atraía mesmo era a possibilidade de sintonizar emissoras de
outras localidades, estimulando os detentores do aparelho a buscarem uma melhoria na
performance de seu equipamento. A imprensa chegava a publicar tabelas com os horários e a
sintonia adequada para a melhor recepção de emissoras internacionais como: Nova Zelândia,
Buenos Aires, Londres e Torre Eiffel (COSTA, 2012).
Fato marcante é que as rádios, desde o início, estabeleceram sua comunicação com o
público através de uma seção de cartas. Nos primeiros anos, os ouvintes enviavam suas missivas
ao próprio endereço onde estava localizado o prédio da emissora. Normalmente uma secretaria
selecionava as mensagens, separando-as conforme seus destinatários fossem um comunicador
ou um programa em específico. Posteriormente, as cartas passaram a ser remetidas às caixas
postais, identificadas por números, que a partir dos correios eram encaminhadas à emissora de
destino. Assim, através destas correspondências, os ouvintes pediam música, declamavam
poemas, solicitavam conselhos amorosos, receitavam chás para as mais diversas moléstias,
conclamavam orações poderosas e, de várias outras formas, solidificavam sua participação nos
respectivos programas, dando ênfase à interação comunicador/ouvinte, onde o rádio se
destacava como uma caixa de ressonância dos acontecimentos sociais. A título de curiosidade,
uma situação exposta repetidas vezes em Cartas ao Rádio”, na década de 1920, chamava a
atenção, em forma de reclamação ao Speaker: como o aparelho radiofônico vinha “dos
estrangeiro” e não trazia manual de orientação para o eficiente uso dos compradores (ou o fazia
em língua estrangeira), em algumas ocasiões, os rádios eram comprados, sem que antes os
adquirentes conhecessem a modulação adequada à sua região, o que em certas oportunidades
impossibilitava a captação da onda radiofônica pelo aparelho receptor. Com isso, não era
incomum a cena de um magnífico rádio importado, empoeirado em um canto de estábulo ou,
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numa escura prateleira de garagem sem nenhuma prestabilidade apesar de seu alto custo
financeiro.
Sobre a dinâmica de ensino/aprendizado, motivo primeiro do movimento de alguns
pioneiros, ao convencimento do governo para a implantação de uma estrutura adequada para a
introdução do rádio no Brasil, Costa (2012) afirma que, analisando as primeiras programações,
consegue identificar uma fração do ideário que vislumbrava a promoção da cultura sem a
necessária elaboração para tal fim e, uma outra que não se encaixava com a manifestação oral,
praticada, cotidianamente. Segundo a autora, na Rádio Sociedade (PRA-2)
1
, além da execução
de discos e dos espaços destinados aos informativos, o que se sobressaía era o entusiasmo pela
potencialidade técnica do veículo, ausente, entretanto, qualquer estratégia metodológica de
informação que levasse ao ensino.
Devemos nos lembrar que, paralelamente à entrada do rádio em nosso país (1922),
vivíamos a Semana de Arte Moderna que, estimulada por um movimento mundial, reivindicava
reformas culturais e intelectuais buscando o alcance de novos processos comunicacionais e
educativos, como pressupostos desenvolvimentistas. Assim, de grande importância foram as
propostas do filósofo norte-americano, fundador do pragmatismo, John Dewey que inspirou os
adeptos da Escola Nova no Brasil, entre os quais, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Fernando
Azevedo. Esses educadores brasileiros, no seu desejo de reforma, decorrente de tal movimento,
lutavam pela educação elementar como direito de todos e como importante eixo de uma
sociedade industrial e equilibrada. Sob estes aspectos e seguindo a tendência mundial de adesão
a tudo o que representava a modernidade, o rádio poderia se destacar como o veículo adequado
para atingir um indeterminado número de pessoas simultaneamente e auxiliar na extinção do
analfabetismo que apresentava significativos índices em nosso país.
Para Castro (2013), a Rádio Sociedade parecia uma extensão da Academia Brasileira de
Ciências, onde os acadêmicos eram os responsáveis pela produção e apresentação dos
programas. Ali, Roquette-Pinto era visto rotineiramente, logo pela manhã, com seu lápis duas
cores, andando de um lado para outro, circulando as partes que julgava importantes dos jornais
matutinos. Algum tempo depois, se postava diante dos microfones da emissora carioca para
1
Tal sigla e as demais que aparecem ao longo do texto –, significam a identificação das emissoras de rádio. As
“PR” originam-se do inglês Pioneer Radio (rádio pioneira). As letras A, B, C, D e E representavam a classe da
emissora sob o aspecto da amplitude da onda eletromagnética vinculada à área de abrangência de sua modulação
e os meros distinguiam o pioneirismo da emissora, segundo normas do Governo Federal. Assim, a primeira
transmissão de radiodifusão, com o discurso do presidente da república Epitácio Pessoa, em 07.09.1922, no Morro
do Corcovado, foi nomeada de PRA-1 Rádio Independência do Brasil; a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi
inaugurada quase 1 ano depois, e se tornou PRA-2; Logo após veio a fundação da Rádio Clube do Brasil, criada
em 12.08.1923, PRA-3; a Rádio Sociedade da Bahia surgiu em 18.12.1923 PRA-4, e assim por diante.
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apresentação do Jornal da Manhã, onde destacava, principalmente, o noticiário internacional,
lendo e comentando as notícias para o público. Castro conta que, dentro de um regime de
interação colaborativa, alguns ouvintes, entusiasmados, levavam seus discos de coleções
clássicas, executando-os e comentando sobre seus compositores, músicos e cantores.
Na linha das produções educativas para o rádio, em 1924, a PRA-2 apresentava um
programa infantil que contava com quinze minutos de duração, o que demonstrava o
entendimento dos produtores sobre a maior capacidade de assimilação com menor tempo de
performance, manifestando também preocupação com a exaustão dos pequenos ouvintes, no
caso de uma maior duração do entretenimento. De acordo com Costa (2012), a análise do
conteúdo do referido programa infantil deixa claro que, na produção, liderada por João Kopke,
também conhecido por Vovô Kopke, apesar de todo o enredo se dar através da contação de
histórias, ficavam claros os objetivos de formarem admiradores de óperas e músicas clássicas,
dada a recorrente exploração destes gêneros musicais. A autora ainda destaca que diante dos
enredos de tal atração, sistematicamente avaliados, sobressaiu-se a preocupação dos produtores
com a inserção de um conhecimento mais profundo sobre as coisas do país e do mundo.
Nem todas as produções, entretanto, tinham o cuidado de pensar na exaustão do público
ouvinte. Sob este aspecto, salientamos o tempo que ocupavam as palestras na programação
radiofônica, independente da duração da narrativa, abordando os mais diversos assuntos, de
política à ciência, fugindo ao dinamismo e clareza exigidos pela radiodifusão. Historicamente,
sob o ponto de vista prático, os programas de rádio evitam os discursos extensos sob pena de
incidir na monotonia fatigante da audiência que acaba por incomodar o ouvinte, ao ponto deste
desligar o aparelho receptor ou buscar outra sintonia. Horta (1972) afirma que a Rádio
Sociedade apresentava, por esta época, um grande número de atrações voltadas para a educação
que, nem sempre, contavam com a simpatia do público ouvinte. Assim, sobressaiam-se entre
os cursos apresentados pela referida emissora: literaturas francesa e inglesa, esperanto,
radiotelegrafia e telefonia, silvicultura prática, português, francês, italiano, geografia, história
natural, física e química, tudo sob a supervisão de Roquette-Pinto, um dos precursores do rádio
no Brasil e membro da Academia de Ciências.
Um fato interessante, entretanto, é que no final da cada de 1920, os acadêmicos que
se dedicavam ao novo veículo de comunicação, começaram a dividir seus espaços com
profissionais devotos da radiodifusão, o que pouco a pouco tornava a programação diária mais
revestida de entretenimento, embora, ainda não apartada dos ideais educativos e culturais. O
fato é que, a partir da Rádio Sociedade e com o passar dos anos, o rádio muito se desenvolveu,
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sob o ponto de vista técnico e profissional, com um significativo aumento de emissoras, pelas
grandes cidades e interior do país, com franco incentivo à comercialização das programações
nas décadas posteriores e produções munidas de mais entretenimento agregado a renovados
modelos de educação.
Na década de 1930, algumas emissoras com objetivos exclusivamente comerciais
investiram na contratação de profissionais do entretenimento, apostando no potencial da
radiodifusão como atividade mercadológica, o que de certa forma se contrapunha ao modelo
educacional antes adotado por algumas empresas pioneiras do rádio no Brasil. Assim, foram
inauguradas as rádios: Cajuti, Nacional, Guanabara, Tupi, Phillips, Jornal do Brasil, Ipanema,
Mayrink Veiga, entre outras. Os diretores artísticos destas rádios tinham papel fundamental na
escolha de programas, seleção dos speakers, contratação de cantores e elenco de novelas
(COSTA, 2012, p. 120). Aliás, é também por este tempo que, alguns produtores, em certos
momentos, imbuídos da obrigatoriedade da inserção de conteúdo exclusivamente educativo, em
horários específicos, ensaiavam um engodo com a fiscalização, ao sugerirem para determinado
programa (de mero entretenimento) algum nome relacionado ao ensino/aprendizado, o que
ocultava os verdadeiros objetivos da atração radiofônica sob o manto da atuação conforme
prescrevia a lei:
Uma das artimanhas consistia em adotar títulos sugestivos. O dicionário
Toddy é um exemplo deste tipo de farsa. Irradiado na década de 1940 pela
Rádio Nacional, embora o título estivesse relacionado ao estudo do
vocabulário, o conteúdo se resumia à divulgação de músicas populares, por
meio da execução de discos. Desta forma o speaker anunciava uma palavra-
chave, lia seu sinônimo e todo o restante do tempo eram executadas letras de
músicas que continham o vocabulário inicialmente apresentado (COSTA,
2012, p. 135).
Em 1932, instituiu-se o Programa Nacional por meio do Decreto 21.111/32, o que
determinou um marco na exploração política do rádio em nosso país (BRASIL, 1932). O
referido decreto-lei regulamentava a transmissão de uma atração em rede nacional que
abordasse temas políticos, educativos, esportivos, religiosos, científicos, artísticos, agrários etc.
A transmissão em rede, de acordo com Souza (2003), sempre foi um objetivo almejado pelas
estações pioneiras da radiodifusão no país. Entretanto, a orientação do Programa Nacional
firmava-se na divulgação política do governo federal através de noticiários e não na
disseminação de educação e cultura como em outras atrações. Em 1935, tal programa de rádio
passou a se chamar A Hora do Brasil e, ainda hoje é transmitido em rede, diariamente, das 19h
às 20h, com o nome de A Voz do Brasil.
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E por falar em Semana de Arte Moderna em [e não de] São Paulo
2
, convém lembrar que
a educação foi um dos grandes temas do modernismo e muitos intelectuais também
funcionaram como portadores da ideia de que a educação seria decisiva para promover a
autonomia dos indivíduos, bem como o progresso coletivo. Isso porque, conforme sintetizou
Michel Foucault ([1979]/2006, p. 71) em sua obra Microfísica do Poder, os intelectuais faziam
parte de um sutil sistema de poder e passaram a ser considerados como “agentes da consciência”
e também do discurso posto em circulação. Isso parece ter maior relevo no cenário de população
fortemente analfabeta durante a República Velha.
Aqui, convém destacar o pensamento de Mário de Andrade que, em 1927
3
, publicou o
romance Amar, verbo intransitivo e planejou o conto “Atrás da Catedral de Ruão”
4
. Essas obras
tematizaram respectivos processos educativos não escolares, nas quais o escritor
propositalmente estava a criticar as escolhas de muitas famílias da elite paulistana que punham
em evidência a concepção de educação da polidez e ornamental ou de uma pedagogia anódina,
não bastasse o desdém pela educação direcionada à população em geral.
Mário de Andrade, enquanto multifacetado intelectual debruçou-se sobre o assunto
educação, já que, além de professor, tinha um peculiar projeto de brasilidade que passava pela
valorização de elementos nacionais, não obstante a dificuldade de intervenção pragmática ou
política. Entretanto, por convite do então governador de São Paulo, Fábio da Silva Prado, o
modernista assumiu com grande entusiasmo a direção do Departamento de Cultura em 1935,
chegando inclusive a dizer haver esquecido de si mesmo e se tornou o próprio órgão público
que gerira. Nesse esforço, em matéria educacional, Mário de Andrade implementou o projeto
de bibliotecas físicas e itinerantes na Capital Paulista.
Além disso, o intelectual envidou esforços para implementar a Rádio Escola, que
conforme estrutura organizacional abaixo ilustrada, mostra que vários elementos culturais
passariam pelo rádio e dele seria possível grande alcance na divulgação de concertos e
conferências educativas.
2
Por considerar que ocorreram práticas ou manifestações de modernismo em outras localidades doo Brasil
(SILVA, 2022).
3
Nova edição, com alterações, foi publicada em 1944.
4
Conto integrante da coletânea Contos Novos, publicada postumamente em 1947.
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Figura 1 Organização da Rádio Escola
Fonte: Calil e Penteado (2015, p. 55)
Ocorre que a Rádio Escola nunca foi ao ar. Não faltou projeto, tampouco estrutura
técnica ou de conteúdo educacional, mas a contingência orçamentária desfavorável
superveniente retirou as condições de sua implementação. Assim, em 1938, Mário sucumbiu à
densa goma burocrática da Administração Pública e da mudança de Governo e, com muito
pesar, é desligado daquele cargo. Essa dinâmica aliada ao contexto revelam a importância
atribuída ao rádio como ferramenta para fins educativos.
Voltando aos demais programas relacionados à educação, devemos nos lembrar que tais
produções eram geralmente realizadas por radialistas ou professores dedicados que se
propunham a executar uma inédita tarefa de ensinar, agora através das ondas sonoras. Era uma
outra forma de Educação à Distância (EAD), se comparada com o método anteriormente
utilizado, através de cartas que, como vimos, na virada do século XX dava seus primeiros
sinais. O rádio trazia elementos de celeridade e imediatismo, dispensando com este fazer
educacional a interferência do Serviço de Correios e Telégrafos. Tal iniciativa, entretanto,
muito possivelmente, devido à incipiência das experiências educativas envolvendo a
comunicação e a audiência do rádio, carecia de uma metodologia específica, o que geralmente
levava a processos de produção artístico-culturais intuitivos, muitas vezes ancorados em
estratégias de repetição das leituras realizadas e lições aplicadas nas aulas presenciais que, por
sua vez, apresentavam dinâmicas diferentes das aplicadas nos dias de hoje. O conhecimento,
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bem sabemos, é uma construção mútua entre os sujeitos educacionais, marcado pela
interatividade e respeito, com estímulo ao desenvolvimento da autoestima, autonomia e
confiança para o domínio de habilidades. Este entendimento enfrentava um inédito viés com
um moderno veículo de comunicação intermediando uma nova forma de ensino/aprendizado,
sem o necessário domínio por parte dos mentores do conteúdo educacional. Assim, entendemos
que o rádio representou desde o início uma importante prática de saber educativo, desafiando
alunos e professores que se aventuraram pelas suas produções. A educação à distância (EAD)
e incluem-se parte das iniciativas radiofônicas, é assim definida por Nunes, na Revista
Brasileira de Educação:
Esta pressupõe um processo educativo sistemático e organizado que exige não
somente a dupla-via de comunicação, como também a instauração de um
processo continuado, onde os meios ou os multimeios devem estar presentes
na estratégia de comunicação. A escolha de determinado meio ou multimeio
vem em razão do tipo de público, custos operacionais e, principalmente,
eficácia para a transmissão, recepção, transformação e criação do processo
educativo (NUNES, 1994, p. 4).
Assim, a radiodifusão foi se consagrando, especialmente entre algumas elites, como
forma de superar o subdesenvolvimento, o que não ocorria somente no Brasil, mas em países
que igualmente ressentiam-se de economias precárias, como foram os casos, a partir da década
de 1950, de Colômbia, México, Bolívia e Venezuela. O entendimento era que o caminho para
a extinção da pobreza passava pela modernização, que se traduzia, sob o ponto de vista prático,
na adoção das mesmas estratégias e métodos de produção adotados pelos países desenvolvidos.
Sabendo que o analfabetismo era um empecilho ao desenvolvimento e, necessitando celeridade
em suas expectativas de progresso, o rádio passou a integrar o cotidiano dessas sociedades como
meio que possibilitaria o aumento do nível educacional e a consequente introdução de novas
tecnologias (CHARAUDEAU, 2005; DEL BIANCO, 2009).
Algumas produções educativas de destaque na história da radiodifusão
brasileira
No Brasil, algumas produções, do início da experiência com o rádio foram importantes,
como o programa A Enciclopédia Popular, apresentado por Alziro Zarur na década de 1940,
diariamente, pela Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro. A atração dividia-se em duas partes
sendo que uma era chamada de Curiosidades e Utilidades e a outra Gatinhos e Sinucas. Tratava-
se de uma comunicação educativa imbricada com entretenimento onde o speaker realizava
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perguntas e os ouvintes encaminhavam suas respostas por escrito, através dos Correios e
Telégrafos ou mesmo, levando sua carta à portaria da emissora, endereçada ao referido
programa. Algumas perguntas são lembradas: qual o nome do Cavalo de Alexandre Magno?;
quantos metros tem o intestino de um boi? Para Costa (2012), o argumento do programa se
limitava à resposta do ouvinte e, posteriormente, ao anúncio da opção correta pelo locutor,
porém em data futura (uma vez que, entre a pergunta e a resposta, havia o tempo de remessa e
o de recebimento da correspondência). A autora afirma também que, tal modelo caracterizava
a transmissão do conhecimento de forma isolada sem definir um aspecto educativo,
propriamente dito, por carecer de uma maior organização do conteúdo didático. E complementa
asseverando que eram muitas informações fornecidas num limitado espaço de tempo sem a
devida preocupação com uma metodologia de ensino/aprendizado.
A Biblioteca do ar era um programa que tinha como objetivo apresentar o melhor da
literatura nacional e internacional através da leitura de pequenos trechos das obras adotadas,
com os recursos de sonoplastia comuns ao rádio, constituídos por aplausos, gritos, trovões e
outras formas de ativar a imaginação do ouvinte para seu envolvimento com a narrativa. Não
tinha a intenção de revelar o desenlace das histórias ou enredos da obra, mas sim de chamar a
atenção e despertar a curiosidade para a sua existência. Carregava, também, como característica
a não correspondência de vínculo com os currículos de literatura apresentados pelas escolas. A
Biblioteca do ar tinha como produtor e apresentador o radialista Genolino Amado, que buscava,
com o programa, romper com o academicismo que distanciava uma certa elite da população
não consumidora de livros. Foi transmitido de 1941 a 1944 e ia ao ar às segundas, terças,
quartas, sextas-feiras e sábados às 18h30min, com duração de 25 minutos. O produtor, dividia
o programa por gêneros (assim como ocorre nas bibliotecas), e com isso, em cada programa,
conseguia divulgar diversas obras. Desta forma, ele justificava que a grande variedade de
autores servia para fornecer ao ouvinte diferentes opções de leituras. Entre os temas explorados
pelo programa Biblioteca no ar, destacamos do ano de 1941 o episódio transmitido em 6 de
janeiro, denominado A pátria gloriosa e os seus heróis que trouxe leituras de trechos das
obras de Ruy Barbosa, Castro Alves, Olavo Bilac, Jonas Corrêa e Afonso de Carvalho (COSTA,
2012).
Ouvindo e aprendendo foi outro programa de rádio com proposta educativa elaborado
e textualizado por Genolino Amado, na Rádio Nacional (RJ), de 1945 a 1950. Sua apresentação,
entretanto, ficava por conta dos radialistas César Ladeira e Sônia Oiticica que estabeleciam um
diálogo no decorrer do programa, simulando uma conversa cotidiana entre amigos. Em um dos
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textos, a tulo demonstrativo, o interlocutor manifestava sua inquietação e o outro trazia,
sempre por via do colóquio amistoso, a explicação munida de seus respectivos exemplos.
Geralmente abordava mais de um tema, deixando clara a intenção de variar e não de aprofundar
no conteúdo. Tinha apenas 5 minutos de duração e objetivava através dos drops” informativos
esclarecer dúvidas sobre questões relacionadas à Gramática da Língua Portuguesa, Ortografia,
História do Brasil, História Universal e Geografia. Eram breves lições sobre o léxico; como
escrever determinada palavra, se com “s” ou com “z”; trechos sintéticos sobre descobrimentos,
invenções, vegetação etc. (COELHO, 2011).
Em 1936, com a inauguração da Rádio Jornal do Brasil (PRF-4), Ariosto Espinheira foi
convidado a comandar a atração infantil intitulada Viagem através do Brasil, que ia ao ar às
terças, quintas-feiras e domingos. Ariosto, escritor e speaker do programa, falava aos pequenos
sobre geografia, história e cultura nacional, de uma maneira leve, como se estivesse fazendo
um sobrevoo por certa região ou uma viagem através do tempo. Suas narrativas em forma de
crônicas para o referido entretenimento resultaram numa publicação homônima, na década de
1930, pela Editora Melhoramentos, que muito contribuiu para nos formar a ideia sobre as
abordagens que o autor fazia utilizando-se da comunicação educativa. Durante o programa, o
locutor narrava a geografia dos locais, permeando o discurso com detalhes físicos e
características próprias, dos lugares e monumentos:
O sol desponta ainda preguiçosamente no horizonte, iluminando aos poucos a
pista de decolagem onde se encontra o aeroplano prestes a decolar. O aviador,
recém chegado, se preocupa em conferir equipamentos, vestimentas, mapas e
demais instrumentos que lhe serão necessários. A viagem que agora se inicia
lhe exigirá muito, de modo que tudo necessita estar na mais perfeita ordem.
Assim se inicia o percurso de exploração e apresentação do território
catarinense encabeçado pelo intrépido piloto do aeroplano presente em toda a
narrativa do livro Viagem através do Brasil Santa Catarina. Tratava-se do
sexto volume da coleção Viagem através do Brasil 2, que tinha como
incumbência fornecer a um público infantil a apresentação geográfica e
cultural do Estado de Santa Catarina (PHILIPPI, 2013, p. 1).
Nos textos radiofônicos, o autor dividia o país em 5 regiões geográficas: norte, nordeste,
leste, meridional e central. Ao final de cada narrativa, a exemplo do que fazemos hoje em
nossos trabalhos acadêmicos, ele trazia uma lista de autores com as respectivas obras
pesquisadas, arrolando assim, por ordem alfabética, suas referências. Contava, entretanto, com
uma bibliografia permanente, de escritores, aos quais recorria corriqueiramente, na tarefa de
construir pela linha da narração radiofônica, as características culturais, geográficas e históricas
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do nosso país e de nosso povo. Assim, constituíam um rol de referências permanentes: Euclides
da Cunha, Roquette-Pinto, Olavo Bilac e Sílvio Romero.
A propósito destes destacados intelectuais, no programa em que Espinheira discorre
sobre os negros, os jagunços e os caboclos, é perfeitamente detectável, para os apreciadores de
literatura, traços da obra de Euclides da Cunha com suas descrições antropológicas. Da mesma
forma, ao falar em outro programa, das etnias na composição do folclore nacional, ele nos
remete à escrita de Sílvio Romero e assim por diante. De fato, o produtor Espinheira se
preocupava com narrativas que levassem a uma interação identitária na comunicação com as
crianças, objetivando com isso assegurar o desenvolvimento estruturado no orgulho e
autoconfiança dos pequenos. Entretanto, sob este aspecto, o radialista não encontrava estímulo
na elite cultural daquele momento, que preocupada em apartar o que era erudito daquilo que
era popular, estava voltada para a reforma social pela alfabetização e criação de infraestrutura
sanitária.
Outro fato importante é que para organizar seus textos, Espinheira utilizou como
referência sua obra literária de 1934, intitulada Rádio e Educação, que era dirigida aos
professores, recomendando-lhes a utilização do rádio nas salas de aulas. De acordo com Costa
(2012), no segundo capítulo do livro Rádio e Educação, o destacado radialista apresentava sete
formatos de programas radiofônicos, a partir de pesquisas apresentadas pela União
Internacional de Radiodifusão: a lição ordinária, a conferência, a palestra, o diálogo, a
dramatização, a narrativa e a reportagem educativa (ESPINHEIRA, 1934; 1941).
O tapete mágico de Tia Lúcia foi mais uma atração destinada ao público infantil, tendo
estreado em 1935 na Rádio Escola Municipal do Distrito Federal (PRD-4), com a apresentadora
(Speaker) Ilka Labarthe interpretando Tia Lúcia. De posse do microfone, ela empreendia uma
viagem sobre um tapete mágico e rumava para vários países do mundo, explorando durante sua
aventura aspectos culturais, históricos e geográficos destas nações. As crianças eram
participantes ativas do programa fazendo as mais variadas perguntas à Tia Lúcia que, respondia
com uma didática própria dos grandes educadores que têm o dom da comunicação. O Tapete
Mágico passou pelas emissoras Mayrink Veiga e em seguida Rádio Nacional, ambas do Rio de
Janeiro, tendo permanecido no ar por pelo menos 15 anos. Com os textos da produção elaborada
para o rádio, também foi publicado um livro para a literatura infantil:
Em 1937, o conteúdo do programa foi publicado em O Tapete mágico da Tia
Lúcia em apenas um volume, pela Companhia Editora Nacional. Alguns
textos desta atração também foram divulgados pela Revista Nacional de
Educação. Diante da escassez de fontes, estas publicações têm grande
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importância para o estudo do conteúdo que foi irradiado. Por sua vez, foram
localizadas no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, algumas
gravações realizadas ao final dos anos 1940, na Rádio Nacional (COSTA,
2012, p. 183).
Com isso, ao iniciar seu programa, viajando junto com as crianças através das ondas
sonoras, Tia Lúcia havia escolhido um país e, iniciava as falas sobre sua localização, clima
predominante do lugar, relevo em destaque, extensão territorial, população, monumentos, festas
e costumes locais etc. Depois, destacava as principais cidades, sua história, hábitos e condições
de vida dos cidadãos. Assim era que a comunicadora buscava despertar na criança a curiosidade
de conhecer e pesquisar: através de uma narrativa cheia de detalhes e informações variadas,
lançando aos pequeninos o conhecimento geral, ao mesmo tempo em que, esmerava-se na boa
comunicação. Assim, no episódio dedicado ao México, extraímos o seguinte trecho do texto
radiofônico que depois se tornou livro:
Que está você dizendo Henriete? Que seria magnífico descermos um pouco?
Sim, mas temos tempo? Tia Lúcia deseja que vocês visitem, ainda, não o
Palácio de Chapultepec, como o interior do Palácio Nacional Xochimilco, a
maravilhosa Terra das Flores, a poética cidade dos casais, a Veneza Azteca,
como é chamada. Voltaremos ainda a cidade dos Deuses, às ruínas de
Teotihuacan que dista apenas, da capital do México, 45 quilômetros.
veremos as célebres Pirâmides do Sol e da Lua. Foi nessas pirâmides na cidade
dos Deuses, que, segundo diz a lenda, nasceu a Luz. Diz ainda que os deuses
que habitavam Teotihuacan, embora numa suprema bem-aventurança, não
conheciam a Luz. Deliberaram, então, criar a luz (LABARTHE, 1937, p. 138).
Interessante é que, embora dedicado às crianças, o conteúdo explorado no rádio, não
correspondia àquele ministrado aos pequenos em idade escolar. Nas décadas de 1930 e 1940, o
nível fundamental somente tinha acesso ao conhecimento de história e costumes do Brasil e não
se aventurava por outras partes do mundo. Em uma passagem de seu livro, Ilka Labarthe
justifica que, a Tia “não visitou pessoalmente” todos os países que destaca no programa,
entretanto estudou nos livros, que propiciam viagens independentemente do deslocamento e do
dinheiro. Possibilitam o conhecimento do mundo todo (LABARTHE, 1937, p. 14).
A Universidade do ar (1941-1945), transmitido pela Rádio Nacional (RJ), objetivava a
qualificação de professores do ensino médio. A atração educativa ficava sob a supervisão da
Divisão de Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura, e era dirigida pela
professora Lúcia de Magalhães que procurava equacionar os problemas enfrentados, sob vários
aspectos, pelos bacharéis no exercício do magistério. A Rádio Nacional (PR-8), cobria com
eficiência grande parte do território nacional, o que fazia com que tal iniciativa educacional
tivesse a possibilidade de ser grandemente sintonizada.
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A Universidade do ar nasceu como um presente de aniversário ao então Presidente da
República, Getúlio Vargas (1934-1945/1951-1954), na tentativa de resolver um debate
recorrente nas elites brasileiras sobre a qualificação da formação docente para os estudantes
secundaristas. Importante ressaltar que o governo utilizava o rádio no Estado Novo, num
momento de grande repressão, oferecendo educação e, ao mesmo tempo, difundindo sua
política maquiada de populismo, com objetivo de enaltecer a imagem de Vargas como estadista.
A Reforma Francisco Campos (Decreto 19.890/31) previa que a qualificação do
professor para o ensino secundário deveria ocorrer em nível superior e a necessidade do
oferecimento das vagas pela Faculdade de Educação (BRASIL, 1931). Entretanto, por vários
fatores, os docentes secundaristas não se adequavam ao tipo previsto por tal legislação, algumas
vezes por falta de formação específica, outras por exercerem o ensino em localidades distantes
daquela onde funcionava a faculdade de ensino superior e, entrava o aparelho de rádio, no
sentido de encurtar as distâncias, facilitando o trabalho destes professores. Assim, docentes dos
diversos lugares do Brasil interessados na qualificação oferecida pela Universidade no ar,
ouviam o rádio, todos os dias, das 18h45min às 19h, após uma convocação empolgada de
grandes nomes do magistério nacional, estampada incansavelmente nas páginas de jornais e
reclames de rádios.
A inscrição dos professores para acompanhamento das aulas era feita através dos
correios e, ao que consta, teve grande adesão, especialmente no ano de 1942, com 4.929
ouvintes matriculados. Após as transmissões radiofônicas, os scripts utilizados pelos
professores da Faculdade de Filosofia e do Colégio Pedro II, comunicadores-radialistas desta
modalidade de ensino, eram enviados aos ouvintes (alunos) que, por sua vez, encaminhavam
suas dúvidas para solução nas aulas posteriores. Apesar da empolgação inicial, logo depois, em
1943, os números do programa radiofônico demonstraram forte declínio, com queda importante
nas inscrições e também na emissão de certificados em todo o país, foram apenas 286
(MONACO; LEYENDECKER, 2019).
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Considerações
Considerando nossa indagação inicial, sobre o papel do rádio na implementação de
projetos educativos no Brasil, entendemos que tal equipamento, desde sua popularização, teve
grande destaque, inclusive como precursor do ensino à distância (EAD), trazendo a este modelo
de educação celeridade e imediatismo. A história está repleta de inúmeros exemplos de
iniciativas educacionais relevantes que ocupam, ainda hoje, espaço na memória daqueles que
vivenciaram tais experiências pelo “fazer educacional”, com os ouvidos atentos ao aparelho de
rádio e o lápis em punho, prontos a disparar as consoantes e vogais anunciadas pelo “Ditado”
elaborado pela admirada professora (Speaker).
Sob o ponto de vista das fontes, infelizmente a maior parte das emissoras de rádio pouco
se preocupou com o acondicionamento adequado de seus registros sonoros. As fitas de acetato
e os vinis, carentes de cuidados especiais, somente despertaram a atenção para seu conteúdo a
partir do entendimento do método digital. Poucas são as fontes sonoras aptas à consulta do
estudo desenvolvido neste artigo. Entretanto, alguns guardados nas emissoras de rádio e em
arquivos pessoais dos produtores, foram fundamentais na preservação de textos, bem como das
narrativas que se tornaram livros, fornecendo importante auxílio aos pesquisadores em sua
tarefa de recontar a história da educação através das ondas do rádio.
Finalmente, cabe ressaltar que nem sempre as experiências de educar através do rádio
foram exitosas, o que não retira deste veículo seu protagonismo como um dos pioneiros no que
hoje chamamos educomunicação. O rádio, mesmo hoje, busca uma maneira de transmitir com
eficiência a mensagem que fuja aos ensinamentos ordinariamente ministrados no ensino
presencial. Através dele, a comunicação é, igualmente, imediata: o mensageiro fala e o receptor
ouve. Entretanto, após este último processo entendemos que que se desenvolver uma
metodologia, talvez conjunta, entre produtores de rádio e professores, através da qual possa se
mensurar, num plano interativo, a lisura da didática implementada (comunicador) com o grau
de compreensão alcançado pelo ouvinte.
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Sobre os autores
Vitor Hugo de OLIVEIRA
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brasil. Doutorando no
Programa de Pós-Graduação em História e Historiografia da Educação.
Marco Antonio de SANTANA
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brasil. Doutorado em
Educação pela Universidade Federal de Uberlândia/MG. Membro do Grupo de Pesquisa
“Estudos interdisciplinares em História da Educação (fontes, teoria e metodologia)” do PPGED
UFU.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00, e023005, 2022. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12i00.16650 1
RADIODIFFUSION AND EDUCATIONAL PROJECTS: CONTRIBUTIONS TO
SOCIAL DEVELOPMENT IN BRAZIL (1922-1951)
RADIODIFUSÃO E PROJETOS EDUCATIVOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL (1922-1951)
RADIODIFUSIÓN Y PROYECTOS EDUCATIVOS: CONTRIBUCIONES AL
DESARROLLO SOCIAL EN BRASIL (1922-1951)
Vitor Hugo de OLIVEIRA
e-mail: vitorhugo@ufu.br
Marco Antônio de SANTANA
e-mail: bh.santana@yahoo.com.br
How to reference this paper:
OLIVEIRA, V. H.; SANTANA, M. H. Radiodiffusion and
educational projects: Contributions to social development in Brazil
(1922-1951). Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00,
e023005, 2022. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v12i00.16650
| Submitted: 13/12/2022
| Revisions required: 19/01/2022
| Approved: 25/02/2022
| Published: 10/03/2022
Editor:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00, e023005, 2022. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12i00.16650 2
ABSTRACT: This article reveals our view of the historical period that followed the arrival of
radio broadcasting in Brazil and its use in several educational projects (1922-1951),
inaugurating a new model of Distance Education (EAD). Our work is anchored in a systematic
bibliographical analysis in view of the scarcity of sound files on this subject, especially in the
years studied. We will analyze some important radio programs dedicated to teaching/learning
and their social representation in a country in search of development. We are interested too in
the initial use of radio for the promotion of elite culture and the methodologies applied to make
it an opportune means of communication for various projects aimed at popular education.
KEYWORDS: Distance education. History of education. Non-school educational process.
Radiodiffusion.
RESUMO: Este artigo revela nosso olhar sobre o período histórico que se seguiu após a
chegada da radiodifusão no Brasil e sua utilização em vários projetos educacionais (1922-
1951), inaugurando um novo modelo de Educação à Distância (EAD). Nosso trabalho está
ancorado em análise bibliográfica tendo em vista a escassez de arquivos sonoros sobre esta
temática, especialmente, nos anos estudados. Analisaremos alguns importantes programas
radiofônicos dedicados ao ensino/aprendizado e sua representação social num país em busca
de desenvolvimento. Interessa-nos, ainda, a utilização inicial do rádio para o fomento da
cultura de elite e as metodologias aplicadas para torná-lo um meio de comunicação oportuno
a vários projetos voltados para a educação popular.
PALAVRAS-CHAVE: Educação à distância. História da educação. Processo educativo não
escolar. Radiodifusão.
RESUMEN: Este artículo revela nuestra visión sobre el período histórico que siguió a la
llegada de la radiodifusión a Brasil y su utilización en diversos proyectos educativos (1922-
1951), inaugurando un nuevo modelo de Educación a Distancia (EAD). Nuestro trabajo se
ancla en el análisis bibliográfico ante la escasez de archivos sonoros sobre este tema,
especialmente en los años estudiados. Analizaremos algunos importantes programas de radio
dedicados a la enseñanza/aprendizaje y su representación social en un país en busca de
desarrollo. También nos interesa el uso inicial de la radio para la promoción de la cultura de
élite y las metodologías aplicadas para convertirla en un medio oportuno para diversos
proyectos destinados a la educación popular.
PALABRAS CLAVE: Educación a distancia. Historia de la educación. Proceso educativo no
escolarizado. Radiodifusión.
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Introduction
[...] all discourse is configured in text, according to a certain semio-discursive
organization made of a combination of forms, some belonging to the verbal
system, others to different semiological systems: iconic, graphic, gestural. The
meaning depends, therefore, on the particular structuring of these forms,
whose recognition by the receiver is necessary for the effective realization of
the communicative exchange: the sense is the result of a co-intentionality
(CHARAUDEAU, 2005, p. 27, our translation).
This paper aims to discuss the educational initiatives structured through the radio that,
since its entry into the Brazilian market, from 1922, has been an instrument of policies of
approximation and sociability between the population and the administrative spheres. Radio,
from its first experiences as a communication vehicle, drew attention for the degree of curiosity
and novelty it brought. The invention, which was first attributed to Marconi and then, in a
judgment of the U.S. Supreme Court, recognized to the Croatian Nikola Tesla, had its first
transmissions, as an entertainment hub in 1920, in Argentina and the United States (ZIGIOTTO,
2012).
In Brazil, radio attracted the attention of intellectuals from the Brazilian Academy of
Sciences who saw in the medium of communication a possibility of popular education through
programs focused on culture and knowledge formation. Roquette-Pinto was a member of ABC
and was one of the most enthusiastic promoters of broadcasting in the country. The first phase
of radio, in its process of definitive installation, occurred from 1923 to 1928, a period in which
Pinto presented a plan for the development of education through radio in Brazil and the project
for the creation of two stations: Rádio Sociedade and Rádio Escola Municipal, both in Rio de
Janeiro (ZUCULOTO, 2010). With this enthusiasm, what was the role of radio in the
implementation of educational projects in Brazil?
In Faria (2010) we observed that, despite the advances and setbacks on Distance
Education (EAD), some researches give us that, in journals such as Jornal do Brasil (RJ), since
the year 1900, published announcements of vocational courses by correspondence,
characterized, however, by individual initiatives (in this case of typing teachers), and not
institutional. This fact is repeated from 1904 with the installation of International Schools,
branches of North American institutes, which taught classes to those who sought an occupation,
especially in the segments of service provision and commerce. This type of education, as well
as the didactic material, arrived via Post Office and this depended greatly on the railroads for
transportation.
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The precursor stations, elitist education and the professionalization of radio towards
commercialization and schooling
The Instituto Universal Brasileiro (IUB), founded in 1941, is considered an efficient
experience in Distance Education (EAD), basically using printed materials. With the entry of
radio in the Brazilian market, this type of teaching was becoming more common and, in the
1920s, there are news of classes transmitted, which could be accompanied with the respective
printed materials, notably those of French, Portuguese language and themes related to
radiophonic.
Political investment in education, according to Hout (2012) can be socially productive,
since the collective returns from it are often higher than those acquired individually. Although
it cannot be stated categorically that schooling is a poverty-reducing element, we must
recognize that the higher level of education or more time (years) of studies are associated with
a higher financial income. This is how radiophony, which has its own dialectic and a certain
popularity among the poorest layers of society, especially in developing countries, has
achieved, through successive public policies, at different stages of our social development, the
status of a classroom, with the potential to reach a large number of students in a shorter period
of time. of time. In the 1920s, before the first radio broadcasts in Brazil, it was perceived the
strength coming from this vehicle to overcome obstacles to the progress of the nation. The
Radio, thus, with its scope, presented itself with characteristics capable of attenuating the
illiteracy rates, extending its educational messages to those who were not contemplated by the
formal school system, by offering complementary schooling, overcoming great distances and
collaborating in communication in isolated regions (DEL BIANCO, 2009; FARIA, 2011).
The Radio Society of Rio de Janeiro, the first station in the country, began its broadcasts
in 1923, with the aim of providing popular education, as was being practiced by the modern
broadcasting system in other nations around the world. The education of young and adult
people, outside the school age, became part of social concerns and was faced with the most
advanced technology through the means of communication.
In its installation, the carioca vehicle worked next to the Superior School (military)
maintained by the federal public administration, which over time, began to hinder the
institutional performance proposed by the managers of the station (civilians), with
extraordinary and unreasonable requirements, which the radio could not meet due to the lack
of commercial revenue. Add to this the fact that the leaders of the Superior School feared the
possibility of broadcasting radio programs of subversive content or content contrary to those
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recommended by the government forces, a fact that practically forced the founders of Radio
Sociedade to donate the station to the Ministry of Education and Health of the Getúlio Vargas
government, in 1936 (ALVES, 2009; SOUZA, 2003).
The first broadcasts were marked by the curiosity and novelty of radio novelty, with the
receivers gaining the market and gradually becoming more accessible to the consumer. On the
other hand, academics saw and dealt with Radio Sociedade (RJ) as if it were a field of research,
using its space for scientific debates, problems of higher education and dissemination of its
political ideas. The station, as in the spaces intended for education, had a laboratory, library and
theater for conferences, that is, it boasted a physical structure similar to those existing in
schools. The student broadcasters, however, in relation to the broadcasts, tried to supply their
little technical experience, with the use of imported bibliographies or even, with research on
physics and electricity. Thus, they lived eternal scientific research about the new invention,
seeking solutions to the issues that presented themselves to both professionals and listeners
involving the manufacture of the device, studies on materials and their generation of
interferences, improvement and acoustic use strategic points of installation, financial
accessibility of batteries, etc. At the same time, in the main newspapers of Rio de Janeiro, there
were columns specialized in commenting and reporting the news presented by radiophony, and
magazines dedicated to the exclusive subjects of radio were not rare: they published about
assembly and ways to improve radio reception, accompanied by instructional maps, etc.
(COSTA, 2012; MENDONCA, 2007).
At this moment, at the political and social level, Brazil was experiencing a complex
adaptation to the new conceptions and ways of life, due to the reflections of the globalizing
spectrum that was also presented to developing countries, revealing, especially here, from
revolts promoted by the poor population, several foci of opposition to the government of the
so-called First Republic:
The effervescence of the political and cultural events of the 1920s heralded
the changes in the Brazilian social conjuncture that would eventually put an
end to the First Republic. It is convenient to remember that there was, in this
period, a widespread discontent in the country with the government and the
old monarchist political formulas of maintaining the power of the regional
oligarchies, characteristic of the First Republic, feeding a certain "oppositional
ferment". After the workers, it was the military that began to agitate. In 1922,
there was a revolt of young officers in Rio de Janeiro (CARVALHO, 2002, p.
119, our translation).
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With the development of the first radio stations, classical music began a dominance in
programming by the mid-1920s. With this, education, initially thought of by the introducers of
broadcasting in the country, gained airs of elitism, making the audience tiring, even more so
when prolonged for several hours. Despite the enthusiasm for invention, the most popular layers
did not approve of the music performed and the executive communication of the Speaker,
possibly due to the lack of identification and distance between the realities presented. What
really attracted them was the possibility of tuning in to stations in other locations, encouraging
the owners of the device to seek an improvement in the performance of their equipment. The
press even published tables with the schedules and the appropriate tuning for the best reception
of international broadcasters such as: New Zealand, Buenos Aires, London and Eiffel Tower
(COSTA, 2012).
A striking fact is that the radios, from the beginning, established their communication
with the public through a section of letters. In the early years, listeners sent their missives to the
very address where the station's building was located. Usually a secretariat selected the
messages, separating them according to whether their recipients were a communicator or a
specific program. Subsequently, the letters began to be sent to the mailboxes, identified by
numbers, which from the post office were forwarded to the destination station. Thus, through
these correspondences, the listeners asked for music, declaimed poems, requested loving
advice, prescribed teas for the most diverse diseases, called for powerful prayers and, in various
other ways, solidified their participation in the respective programs, emphasizing the
communication/listener interaction, where the radio stood out as a sounding board of social
events. Out of curiosity, a situation exposed repeatedly in "Letters to the Radio" in the 1920s
drew attention, in the form of a complaint to the Speaker: as the radio apparatus came "from
abroad" and did not carry an orientation manual for the efficient use of buyers (or did so in a
foreign language), on some occasions, radios were bought, without first knowing the
appropriate modulation to their region, which on certain occasions made it impossible for the
receiving apparatus to capture the radio wave. With this, it was not uncommon to see a
magnificent imported radio, dusty in a stable corner or, on a dark garage shelf with no foresight
despite its high financial cost.
Regarding the teaching/learning dynamics, the first reason for the movement of some
pioneers, to convince the government to implement an adequate structure for the introduction
of radio in Brazil, Costa (2012) states that, analyzing the first programs, he can identify a
fraction of the ideology that envisioned the promotion of culture without the necessary
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elaboration for this purpose and, another that did not fit with the oral manifestation, practiced,
daily. According to the author, in Radio Sociedade (PRA-2), in addition to the execution of
discs and spaces intended for information, what stood out was the enthusiasm for the technical
potential of the vehicle, absent, however,
1
any methodological strategy of information that led
to teaching.
We must remember that, parallel to the entry of radio in our country (1922), we lived
the Week of Modern Art that, stimulated by a worldwide movement, demanded cultural and
intellectual reforms seeking the reach of new communicational and educational processes, as
developmentalist presuppositions. Thus, of great importance were the proposals of the
American philosopher, founder of pragmatism, John Dewey who inspired the adherents of the
New School in Brazil, among which, Lourenço Filho, Anísio Teixeira and Fernando Azevedo.
These Brazilian educators, in their desire for reform, resulting from such a movement, fought
for elementary education as a right of all and as an important axis of an industrial and balanced
society. Under these aspects and following the global trend of adherence to all that represented
modernity, radio could stand out as the appropriate vehicle to reach an indeterminate number
of people simultaneously and assist in the extinction of illiteracy that presented significant rates
in our country.
For Castro (2013), Radio Sociedade seemed like an extension of the Brazilian Academy
of Sciences, where academics were responsible for the production and presentation of
programs. There, Roquette-Pinto was routinely seen, first thing in the morning, with his two-
colored pencil, pacing back and forth, circling the parts he thought important from the morning
papers. Later, he stood in front of the microphones of the Rio de Janeiro station to present the
Jornal da Manhã, where he highlighted, mainly, the international news, reading and
commenting on the news for the public. Castro says that, within a regime of collaborative
interaction, some enthusiastic listeners took their records from classical collections, performing
them and commenting on their composers, musicians and singers.
1
This acronym and the others that appear throughout the text mean the identification of radio stations. The
"PR" originates from English Pioneer Radio (pioneer radio). The letters A, B, C, D and E represented the class of
the station under the aspect of the amplitude of the electromagnetic wave linked to the area of coverage of its
modulation and the numbers distinguished the pioneering of the station, according to rules of the Federal
Government. Thus, the first broadcast broadcast, with the speech of the president of the republic Epitácio Pessoa,
on 07.09.1922, in Morro do Corcovado, was named PRA-1 Radio Independence of Brazil; the Radio Society of
Rio de Janeiro was inaugurated almost 1 year later, and became PRA-2; Soon after came the foundation of Rádio
Clube do Brasil, created on 12.08.1923, PRA-3; the Radio Society of Bahia appeared on 18.12.1923 – PRA-4, and
so on.
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In the line of educational productions for radio, in 1924, PRA-2 presented a children's
program that was fifteen minutes long, which already demonstrated the understanding of
producers about the greater capacity of assimilation with less performance time, also expressing
concern about the exhaustion of the small listeners, in the case of a longer duration of
entertainment. According to Costa (2012), the analysis of the content of the aforementioned
children's program makes it clear that, in the production, led by João Kopke, also known as
Grandpa Kopke, although the whole plot is through storytelling, the objectives of forming
admirers of operas and classical songs were clear, given the recurrent exploration of these
musical genres. The author also points out that in the face of the plots of such attraction,
systematically evaluated, the concern of producers with the insertion of a deeper knowledge
about the things of the country and the world stood out.
Not all productions, however, were careful to think about the exhaustion of the listening
audience. Under this aspect, we highlight the time occupied by the lectures in radio
programming, regardless of the duration of the narrative, addressing the most diverse subjects,
from politics to science, escaping the dynamism and clarity required by broadcasting.
Historically, from a practical point of view, radio programs avoid extensive speeches under
penalty of focusing on the weary monotony of the audience that ends up bothering the listener,
to the point of turning off the receiving device or seeking another tune. Horta (1972) states that
the Radio Society presented, at this time, a large number of attractions focused on education
that, not always, had the sympathy of the listening public. Thus, among the courses presented
by the aforementioned broadcaster stood out: French and English literatures, Esperanto,
Portuguese, French, Italian, Natural History, Physic and Chemistry, all under the supervision
of Roquette-Pinto, one of the precursors of radio in Brazil and a member of the Academy of
Sciences.
An interesting fact, however, is that already at the end of the 1920s, academics who
were dedicated to the new communication vehicle began to share their spaces with devoted
broadcasting professionals, which gradually made daily programming more cloaked in
entertainment, although not yet separated from educational and cultural ideals. The fact is that,
from the Radio Society and over the years, radio has developed a lot, from the technical and
professional point of view, with a significant increase in broadcasters, in the large cities and
interior of the country, with frank incentive to the commercialization of programming in later
decades and productions equipped with more entertainment added to renewed models of
education.
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In the 1930s, some stations with exclusively commercial objectives invested in the
hiring of entertainment professionals, betting on the potential of broadcasting as a marketing
activity, which in a way was opposed to the educational model previously adopted by some
pioneering companies of radio in Brazil. Thus, the following radios were inaugurated: Cajuti,
Nacional, Guanabara, Tupi, Phillips, Jornal do Brasil, Ipanema, Mayrink Veiga, among others.
The artistic directors of these radios had a fundamental role in the choice of programs, selection
of speakers, hiring of singers and cast of soap operas (COSTA, 2012, p. 120). In fact, it is also
for this time that some producers, at certain times, imbued with the obligation to insert
exclusively educational content, at specific times, rehearsed a deception with the inspection,
when suggesting for a certain program (of mere entertainment) some name related to
teaching/learning, which concealed the true objectives of radio attraction under the mantle of
performance as prescribed by law:
One of the tricks was to adopt suggestive titles. The Toddy dictionary is an
example of this kind of hoax. Broadcast in the 1940s by Radio Nacional,
although the title was related to the study of vocabulary, the content was
limited to the dissemination of popular music, through the execution of
records. In this way the speaker announced a keyword, read its synonym and
all the rest of the time lyrics were performed that contained the vocabulary
initially presented (COSTA, 2012, p. 135, our translation).
In 1932, the National Program was established through Decree 21.111/32, which
determined a milestone in the political exploitation of radio in our country (BRASIL,
1932). The aforementioned decree-law regulated the transmission of an attraction on a national
network that addressed political, educational, sports, religious, scientific, artistic, agrarian
themes, etc. Network transmission, according to Souza (2003), has always been a goal pursued
by the pioneering broadcasting stations in the country. However, the orientation of the National
Program was based on the political dissemination of the federal government through news and
not on the dissemination of education and culture as in other attractions. In 1935, this radio
program was renamed A Hora do Brasil and, even today, it is broadcast on a daily network from
7 p.m. to 8 p.m., under the name of A Voz do Brasil.
And speaking of Modern Art Week in [and not of] São Paulo, it is worth remembering
that education was one of the great themes of modernism and many intellectuals also functioned
as carriers of the idea that education would be decisive to promote the autonomy of individuals,
as well as collective progress. This is because, as Michel Foucault ([1979]/2006, p. 71)
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summarized in his work Microphysics of Power
2
, intellectuals were part of a subtle system of
power and came to be considered as "agents of consciousness" and also of the discourse put
into circulation. This seems to have greater relevance in the scenario of a strongly illiterate
population during the Old Republic.
Here, it is worth highlighting the thought of Mário de Andrade who, in 1927, published
the novel Amar, verbo intransitivo
3
, and planned the short story "Atrás da Catedral de Ruão"
4
.
These works thematized respective non-school educational processes, in which the writer was
purposely criticizing the choices of many families of the São Paulo elite that highlighted the
conception of politeness and ornamental education or an anodyne pedagogy, if disdain for
education directed to the general population was not enough.
Mário de Andrade, as a multifaceted intellectual, focused on the subject of education,
since, in addition to being a teacher, he had a peculiar project of “Brasilidade” that went through
the valorization of national elements, despite the difficulty of pragmatic or political
intervention. However, at the invitation of the then governor of São Paulo, Fábio da Silva Prado,
the modernist took over with great enthusiasm the direction of the Department of Culture in
1935, even saying that he had forgotten himself and became the very public agency he had
managed. In this effort, in educational matters, Mário de Andrade implemented the project of
physical and itinerant libraries in the capital of São Paulo.
In addition, the intellectual made efforts to implement the Radio School, which
according to the organizational structure illustrated below, shows that various cultural elements
would pass through the radio and it would be possible to reach a great reach in the dissemination
of concerts and educational conferences.
2
For considering that there have been practices or manifestations of modernism in other localities of Brazil
(SILVA, 2022).
3
New edition, with changes, was published in 1944.
4
Short story from the collection Contos Novos, published posthumously in 1947.
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Figure 1 Organization of the Radio School
Source: Calil and Penteado (2015, p. 55)
It turns out that Radio Escola was never aired. There was no lack of project, nor technical
structure or educational content, but the unfavorable budget contingency supervenient removed
the conditions of its implementation. Thus, in 1938, Mário succumbed to the dense bureaucratic
gum of the Public Administration and the change of Government and, with much regret, is
disconnected from that office. This dynamic combined with the context reveal the importance
attributed to radio as a tool for educational purposes.
Returning to the other programs related to education, we must remember that such
productions were usually carried out by broadcasters or dedicated teachers who proposed to
perform an unprecedented task of teaching, now through sound waves. It was another form of
Distance Education (EAD), if compared with the method previously used, through letters that,
as we have seen, already at the turn of the twentieth century gave its first signs. The radio
brought elements of speed and immediacy, dispensing with this educational make the
interference of the Postal and Telegraph Service. Such an initiative, however, quite possibly,
due to the incipience of educational experiences involving communication and the radio
audience, lacked a specific methodology, which usually led to intuitive artistic and cultural
production processes, often anchored in strategies of repetition of the readings performed and
lessons applied in face-to-face classes, which, in turn, presented dynamics different from those
applied today. Knowledge, we well know, is a mutual construction between educational
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subjects, marked by interactivity and respect, stimulating the development of self-esteem,
autonomy and confidence for the mastery of skills. This understanding faced an unprecedented
bias with a modern communication vehicle intermediating a new form of teaching/learning,
without the necessary mastery on the part of the mentors of the educational content. Thus, we
understand that radio represented from the beginning an important practice of educational
knowledge, challenging students and teachers who ventured through its productions. Distance
education (EAD) and this includes part of the radio initiatives, is defined by Nunes, in the
Brazilian Journal of Education:
This presupposes a systematic and organized educational process that requires
not only the two-way of communication, but also the establishment of a
continuous process, where the media or multimedia must be present in the
communication strategy. The choice of a certain medium or multimedia is due
to the type of public, operational costs and, mainly, effectiveness for the
transmission, reception, transformation and creation of the educational
process (NUNES, 1994, p. 4, our translation).
Thus, broadcasting was consecrated, especially among some elites, as a way to
overcome underdevelopment, which occurred not only in Brazil, but in countries that also
resented precarious economies, as were the cases, from the 1950s onwards, of Colombia,
Mexico, Bolivia and Venezuela. The understanding was that the path to the extinction of
poverty was through modernization, which translated, from a practical point of view, into the
adoption of the same strategies and production methods adopted by developed countries.
Knowing that illiteracy was an obstacle to development and, needing speed in their expectations
of progress, radio began to integrate the daily life of these societies as a means that would enable
the increase of the educational level and the consequent introduction of new technologies
(CHARAUDEAU, 2005; DEL BIANCO, 2009).
Some educational productions of prominence in the history of Brazilian broadcasting
In Brazil, some productions from the beginning of the experience with radio were
important, such as the program A Enciclopédia Popular, presented by Alziro Zarur in the 1940s,
daily, by Radio Mayrink Veiga, in Rio de Janeiro. The attraction was divided into two parts,
one being called Curiosities and Utilities and the other Kittens and Snookers. It was an
educational communication intertwined with entertainment where the speaker asked questions
and the listeners forwarded their answers in writing, through the Post Office and Telegraphs or
even, taking their letter to the station's concierge, addressed to the said program. Some questions
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are remembered: what is the name of the Horse of Alexander the Great?; how many meters
does the intestine of an ox have? For Costa (2012), the argument of the program was limited to
the listener's answer and, subsequently, to the announcement of the correct option by the
speaker, but at a future date (since, between the question and the answer, there was the time of
shipment and receipt of the correspondence). The author also states that this model
characterized the transmission of knowledge in isolation without defining an educational
aspect, itself, because it lacked a greater organization of the didactic content. And he adds by
asserting that there was a lot of information provided in a limited space of time without due
concern for a teaching/learning methodology.
The Biblioteca no ar was a program that aimed to present the best of national and
international literature through the reading of small excerpts of the adopted works, with the
sound resources common to the radio, consisting of applause, shouts, thunder and other ways
to activate the listener's imagination for their involvement with the narrative. It was not
intended to reveal the denouement of the stories or plots of the work, but rather to draw attention
and arouse curiosity for its existence. It also carried as a characteristic the non-correspondence
of link with the literature curricula presented by the schools. The Biblioteca no ar had as
producer and presenter the radio broadcaster Genolino Amado, who sought, with the program,
to break with the academicism that distanced a certain elite from the non-book-consuming
population. It was broadcast from 1941 to 1944 and aired on Mondays, Tuesdays, Wednesdays,
Fridays and Saturdays at 6:30 p.m., lasting 25 minutes. The producer divided the program by
genres (as occurs in libraries), and with this, in each program, he was able to disseminate several
works. In this way, he justified that the great variety of authors served to provide the listener
with different reading options. Among the themes explored by the program Biblioteca no ar,
we highlight from the year 1941 the episode broadcast on January 6, called The glorious
homeland and its heroes which brought readings of excerpts from the works of Ruy Barbosa,
Castro Alves, Olavo Bilac, Jonas Corrêa and Afonso de Carvalho (COSTA, 2012).
Listening and learning was another radio program with an educational proposal
elaborated and textualized by Genolino Amado, on Radio Nacional (RJ), from 1945 to 1950.
Its presentation, however, was due to the radio broadcasters César Ladeira and Sônia Oiticica
who established a dialogue during the program, simulating a daily conversation between
friends. In one of the texts, by way of demonstration, the interlocutor expressed his concern and
the other brought, always through the friendly colloquium, the explanation equipped with their
respective examples. It usually addressed more than one topic, making clear the intention to
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vary and not to delve into the content. It was only 5 minutes long and aimed through the
informative drops to clarify doubts about issues related to the Grammar of the Portuguese
Language, Orthography, History of Brazil, Universal History and Geography. They were brief
lessons about the lexicon; how to write a certain word, whether with "s" or with "z"; synthetic
excerpts about discoveries, inventions, vegetation, etc. (COELHO, 2011).
In 1936, with the inauguration of Radio Jornal do Brasil (PRF-4), Ariosto Espinheira
was invited to command the children's attraction entitled Viagem através do Brasil, which aired
on Tuesdays, Thursdays and Sundays. Ariosto, writer and speaker of the program, spoke to the
little ones about geography, history and national culture, in a light way, as if he were making a
flyover through a certain region or a trip through time. His narratives in the form of chronicles
for this entertainment resulted in a homonymous publication, in the 1930s, by Editora
Melhoramentos, which greatly contributed to form us the idea about the approaches that the
author made using educational communication. During the program, the announcer narrated the
geography of the places, permeating the discourse with physical details and own characteristics,
of the places and monuments:
The sun still rises lazily on the horizon, slowly illuminating the runway where
the airplane is about to take off. The aviator, a newcomer, is concerned with
checking equipment, clothing, maps and other instruments that will be needed.
The journey that is now beginning will require a great deal, so that everything
needs to be in the most perfect order. Thus begins the course of exploration
and presentation of the territory of Santa Catarina headed by the intrepid pilot
of the airplane present throughout the narrative of the book Viagem através
do Brasil Santa Catarina. It was the sixth volume of the collection Viagem
através do Brasil 2, which had the task of providing a children's audience with
the geographical and cultural presentation of the State of Santa Catarina
(PHILIPPI, 2013, p. 1, our translation).
In the radio texts, the author divided the country into 5 geographical regions: north,
northeast, east, south and central. At the end of each narrative, as we do today in our academic
works, he brought a list of authors with the respective researched works, thus listing, in
alphabetical order, their references. He had, however, a permanent bibliography, of writers, to
whom he resorted routinely, in the task of constructing by the line of radio narration, the
cultural, geographical and historical characteristics of our country and our people. Thus, they
constituted a list of permanent references: Euclides da Cunha, Roquette-Pinto, Olavo Bilac and
Sílvio Romero.
With regard to these outstanding intellectuals, in the program in which Espinheira
discusses the blacks, the gunmen and the caboclos, it is perfectly detectable, for lovers of
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literature, traces of the work of Euclides da Cunha with his anthropological descriptions. In the
same way, when speaking in another program, of the ethnicities in the composition of national
folklore, he refers us to the writing of Sílvio Romero and so on. In fact, the producer Espinheira
was concerned with narratives that led to an identity interaction in communication with
children, aiming to ensure the development structured in the pride and self-confidence of the
little ones. However, under this aspect, the broadcaster did not find encouragement in the
cultural elite of that moment, which concerned with separating what was erudite from what was
popular, was focused on social reform through literacy and creation of sanitary infrastructure.
Another important act is that to organize his texts, Espinheira used as a reference his
literary work of 1934, entitled Radio and Education, which was addressed to teachers,
recommending to them the use of the radio in classrooms. According to Costa (2012), in the
second chapter of the book Radio and Education, the prominent broadcaster presented seven
formats of radio programs, based on research presented by the International Broadcasting
Union: the ordinary lesson, the conference, the lecture, the dialogue, the dramatization, the
narrative and the educational reportage (ESPINHEIRA, 1934; 1941).
The magic carpet of Tia Lúcia was another attraction intended for children, having
debuted in 1935 on the Radio Municipal School of the Federal District (PRD-4), with the
presenter (Speaker) Ilka Labarthe playing Tia Lúcia. In possession of the microphone, she
undertook a journey on a magic carpet and headed to various countries of the world, exploring
during her adventure cultural, historical and geographical aspects of these nations. The children
were active participants in the program asking the most varied questions to Aunt Lucia, who
answered with a didactic proper to the great educators who have the gift of communication.
The Magic Carpet went through the stations Mayrink Veiga and then Radio Nacional, both
from Rio de Janeiro, having remained on the air for at least 15 years. With the texts of the
production elaborated for the radio, a book for children's literature was also published:
In 1937, the content of the program was published in The Magic Carpet of Tia
Lucia in only one volume, by Companhia Editora Nacional. Some texts of this
attraction were also published by the National Journal of Education. Given the
scarcity of sources, these publications have great importance for the study of
the content that has been irradiated. In turn, some recordings made at the end
of the 1940s on Radio Nacional were located in the Museum of Image and
Sound of Rio de Janeiro. (COSTA, 2012, p. 183, our translation).
With this, when starting her program, traveling together with the children through the
sound waves, Tia Lúcia had already chosen a country and began the speeches about its location,
predominant climate of the place, highlighted relief, territorial extension, population,
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monuments, festivals and local customs, etc. Then, she highlighted the main cities, their history,
habits and living conditions of the citizens. This was how the communicator sought to awaken
in the child the curiosity to know and research: through a narrative full of details and varied
information, throwing to the little ones the general knowledge, at the same time, she worked on
good communication. Thus, in the episode dedicated to Mexico, we extract the following
excerpt from the radio text that later became a book:
What are you saying Henriette? That it would be magnificent to go down a
little? Yes, but do we have time? Aunt Lucia also wants you to visit not only
the Palace of Chapultepec, but also the interior of the National Palace
Xochimilco, the wonderful Land of Flowers, the poetic city of couples, the
Aztec Venice, as it is called. We will also return to the city of the Gods, to the
ruins of Teotihuacan that is only 45 kilometers from the capital of Mexico.
There we will see the famous Pyramids of the Sun and the Moon. It was in
these pyramids in the city of the Gods that, according to legend, the Light was
born. It also says that the gods who inhabited Teotihuacan, though in supreme
bliss, did not know the Light. They decided, then, to create light
(LABARTHE, 1937, p. 138, our translation).
Interestingly, although dedicated to children, the content explored on the radio did not
correspond to that taught to school-age children. In the 1930s and 1940s, the elementary level
only had access to knowledge of history and customs of Brazil and did not venture to other
parts of the world. In a passage from her book, Ilka Labarthe justifies that, Tia "did not
personally visit" all the countries that she highlights in the program, however she studied in the
books, which provide travel regardless of travel and money. They enable the knowledge of the
whole world (LABARTHE, 1937, p. 14).
The University on air (1941-1945), broadcast by Radio Nacional (RJ), aimed at the
qualification of high school teachers. The educational attraction was under the supervision of
the Division of Secondary Education of the Ministry of Education and Culture, and was directed
by the teacher Lúcia de Magalhães who sought to equate the problems faced, in various aspects,
by the bachelors in the exercise of teaching. The National Radio (PR-8), efficiently covered
much of the national territory, which made such an educational initiative have the possibility
of being greatly tuned.
The University on air was born as a birthday present to the then President of the
Republic, Getúlio Vargas (1934-1945/1951-1954), in an attempt to resolve a recurring debate
in the Brazilian elites about the qualification of teacher training for high school students. It is
important to note that the government used radio in the Estado Novo, at a time of great
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repression, offering education and, at the same time, spreading its policy of populism, with the
aim of extolling Vargas' image as a statesman.
The Francisco Campos Reform (Decree No. 19,890/31) already provided that the
qualification of the teacher for secondary education should occur at the higher level and the
need to offer vacancies by the Faculty of Education (BRASIL, 1931). However, due to several
factors, high school teachers did not adapt to the type provided for by such legislation,
sometimes due to lack of specific training, others because they exercised teaching in locations
far from where the college of higher education worked, and then the radio set entered, in order
to shorten the distances, facilitating the work of these teachers. Thus, professors from the
various places in Brazil interested in the qualification offered by the University on air, listened
to the radio, every day, from 6:45 p.m. to 7 p.m., after an excited call of great names of the
national magisterium, tirelessly stamped on the pages of newspapers and radio complaints.
The registration of teachers to monitor classes was done through the post office and,
reportedly, had great adherence, especially in 1942, with 4,929 listeners enrolled. After the
radio broadcasts, the scripts used by the professors of the Faculty of Philosophy and the Pedro
II College, communicators-broadcasters of this teaching modality, were sent to the listeners
(students) who, in turn, forwarded their doubts for solution in later classes. Despite the initial
excitement, soon after, in 1943, the numbers of the radio program showed a strong decline, with
a significant drop in registrations and also in the issuance of certificates in the whole country,
there were only 286 (MONACO; LEYENDECKER, 2019).
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Final remarks
Considering our initial inquiry about the role of radio in the implementation of
educational projects in Brazil, we understand that such equipment, since its popularization, has
had great prominence, including as a precursor of distance learning (EAD), bringing to this
model of education speed and immediacy. History is full of countless examples of relevant
educational initiatives that still occupy space in the memory of those who lived such
experiences by "doing educational", with their ears attentive to the radio set and the pencil in
hand, ready to fire the consonants and vowels announced by the "Dictation" elaborated by the
admired teacher (Speaker).
From the point of view of the sources, unfortunately most radio stations did not care
about the proper packaging of their sound records. The acetate tapes and vinyl, lacking special
care, only aroused attention to their content from the understanding of the digital method. There
are few sound sources suitable for consulting the study developed in this article. However, some
kept in the radio stations and in the personal archives of the producers, were fundamental in the
preservation of texts, as well as the narratives that became books, providing important
assistance to researchers in their task of retelling the history of education through the airwaves.
Finally, it should be noted that the experiences of educating through radio were not
always successful, which does not remove from this vehicle its protagonism as one of the
pioneers in what we now call educommunication. Radio, even today, seeks a way to efficiently
convey the message that escapes the teachings ordinarily taught in face-to-face teaching.
Through it, communication is also immediate: the messenger speaks and the receiver listens.
However, after this last process we understand that it is necessary to develop a methodology,
perhaps joint, between radio producers and teachers, through which it is possible to measure,
in an interactive plan, the smoothness of the implemented didactics (communicator) with the
degree of understanding reached by the listener.
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About the authors
Victor Hugo de OLIVEIRA
Federal University of Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brazil. PhD student in the
Graduate Program in History and Historiography of Education.
Marco Antonio de SANTANA
Federal University of Uberlândia (UFU), Uberlândia MG Brazil. PhD in Education from
the Federal University of Uberlândia/MG. Member of the Research Group "Interdisciplinary
Studies in the History of Education (sources, theory and methodology)" of PPGED UFU.
Processing and publishing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.