Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 12, n. 00, e023005, 2022. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v12i00.16650 16
importância para o estudo do conteúdo que foi irradiado. Por sua vez, foram
localizadas no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, algumas
gravações realizadas ao final dos anos 1940, na Rádio Nacional (COSTA,
2012, p. 183).
Com isso, ao iniciar seu programa, viajando junto com as crianças através das ondas
sonoras, Tia Lúcia já havia escolhido um país e, iniciava as falas sobre sua localização, clima
predominante do lugar, relevo em destaque, extensão territorial, população, monumentos, festas
e costumes locais etc. Depois, destacava as principais cidades, sua história, hábitos e condições
de vida dos cidadãos. Assim era que a comunicadora buscava despertar na criança a curiosidade
de conhecer e pesquisar: através de uma narrativa cheia de detalhes e informações variadas,
lançando aos pequeninos o conhecimento geral, ao mesmo tempo em que, esmerava-se na boa
comunicação. Assim, no episódio dedicado ao México, extraímos o seguinte trecho do texto
radiofônico que depois se tornou livro:
Que está você dizendo Henriete? Que seria magnífico descermos um pouco?
Sim, mas temos tempo? Tia Lúcia deseja que vocês visitem, ainda, não só o
Palácio de Chapultepec, como o interior do Palácio Nacional – Xochimilco, a
maravilhosa Terra das Flores, a poética cidade dos casais, a Veneza Azteca,
como é chamada. Voltaremos ainda a cidade dos Deuses, às ruínas de
Teotihuacan que dista apenas, da capital do México, 45 quilômetros. Aí
veremos as célebres Pirâmides do Sol e da Lua. Foi nessas pirâmides na cidade
dos Deuses, que, segundo diz a lenda, nasceu a Luz. Diz ainda que os deuses
que habitavam Teotihuacan, embora numa suprema bem-aventurança, não
conheciam a Luz. Deliberaram, então, criar a luz (LABARTHE, 1937, p. 138).
Interessante é que, embora dedicado às crianças, o conteúdo explorado no rádio, não
correspondia àquele ministrado aos pequenos em idade escolar. Nas décadas de 1930 e 1940, o
nível fundamental somente tinha acesso ao conhecimento de história e costumes do Brasil e não
se aventurava por outras partes do mundo. Em uma passagem de seu livro, Ilka Labarthe
justifica que, a Tia “não visitou pessoalmente” todos os países que destaca no programa,
entretanto estudou nos livros, que propiciam viagens independentemente do deslocamento e do
dinheiro. Possibilitam o conhecimento do mundo todo (LABARTHE, 1937, p. 14).
A Universidade do ar (1941-1945), transmitido pela Rádio Nacional (RJ), objetivava a
qualificação de professores do ensino médio. A atração educativa ficava sob a supervisão da
Divisão de Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura, e era dirigida pela
professora Lúcia de Magalhães que procurava equacionar os problemas enfrentados, sob vários
aspectos, pelos bacharéis no exercício do magistério. A Rádio Nacional (PR-8), cobria com
eficiência grande parte do território nacional, o que fazia com que tal iniciativa educacional
tivesse a possibilidade de ser grandemente sintonizada.