image/svg+xml
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 1
| 1
A GESTÃO DO PROGRAMA ESCOLAS INTERCULTURAIS DE FRONTEIRA
(PEIF) NA FRONTEIRA DO BRASIL COM O PARAGUAI
LA GESTIÓN DEL PROGRAMA DE ESCUELAS INTERCULTURALES
FRONTERIZAS (PEIF) EN LA FRONTERA DE BRASIL Y PARAGUAY
THE MANAGEMENT OF THE BORDER INTERCULTURAL SCHOOLS PROGRAM
(PEIF) ON THE BORDER OF BRAZIL AND PARAGUAY
Mara Lucinéia Marques Correa BUENO
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
e-mail: mara.marques@ufms.br
Como referenciar este artigo
BUENO, M. L. M. C. A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na
fronteira do Brasil com o Paraguai.
Revista Educação e Fronteiras
, Dourados, v. 11, n. esp.
1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
Submetido em
: 15/06/2021
Revisões requeridas em
: 11/08/2021
Aprovado em
: 16/09/2021
Publicado em
: 30/10/2021
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 2
| 2
RESUMO
:
A presente pesquisa objetiva analisar a gestão do Programa Escolas Interculturais
de Fronteira, como uma política educacional de formação de professores, específica para região
de fronteira. Em aspectos metodológicos, buscou-se na avaliação de uma política educacional
e seus possíveis impactos (BAKER, 2000) e na pesquisa documental (CELLARD, 2008)
responder ao problema: A gestão do PEIF, como uma política de formação de professores,
atingiu seu objetivo na educação em região de fronteira? Para tanto, organizou-se o artigo em
três seções, onde a primeira identifica o lócus de pesquisa, ou seja, a fronteira seca do Brasil
com o Paraguai. Já a segunda seção evidencia como surgiu o Programa Escolas Interculturais
de Fronteira (PEIF) e seus principais desafios. A terceira seção expõe a organização da parceria
estabelecida entre Ministério da Educação (MEC), Universidades e escolas de fronteira que
aderissem ao Programa. As considerações finais evidenciam que há desafios na política voltada
para a educação de fronteira, contudo trouxe um ressignificado para as especificidades
regionais.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas educacionais. Gestão da educação. Fronteira.
RESUMEN
: Esta investigación tiene como objetivo analizar la gestión del Programa Escuelas
Interculturales de Frontera, como una política educativa para la formación docente, específica
de la región fronteriza. En aspectos metodológicos, se buscó evaluar una política educativa y
sus posibles impactos (BAKER, 2000) y en investigación documental (CELLARD, 2008) para
dar respuesta al problema: la gestión del PEIF, como política de formación docente, ha
alcanzado su objetivo en la educación en la región fronteriza? Para ello, el artículo se organizó
en tres secciones, donde la primera identifica el lugar de la investigación, es decir, la frontera
seca entre Brasil y Paraguay. La segunda sección muestra cómo surgió el Programa de
Escuelas Interculturales Fronterizas (PEIF) y sus principales desafíos. La tercera sección
presenta la organización de la alianza establecida entre el Ministerio de Educación (MEC),
Universidades y escuelas fronterizas adheridas al Programa. Las consideraciones finales
muestran que existen desafíos en la política orientada a la educación fronteriza, sin embargo
dio un nuevo significado a las especificidades regionales.
PALABRAS
CLAVE
: Políticas educativas. Administración de educación. Frontera.
ABSTRACT
: This research aims to analyze the management of the Intercultural Schools of
Frontier Program, as an educational policy for teacher training, specific to the border region.
In methodological aspects, we sought to evaluate an educational policy and its possible impacts
(BAKER, 2000) and in documentary research (CELLARD, 2008) to answer the problem: PEIF
management, as a teacher training policy, has reached its goal in education in the border
region? To this end, the article was organized into three sections, where the first identifies the
locus of research, that is, the dry border between Brazil and Paraguay. The second section
shows how the Border Intercultural Schools Program (PEIF) emerged and its main challenges.
The third section presents the organization of the partnership established between the Ministry
of Education (MEC), Universities and border schools that adhered to the Program. The final
considerations show that there are challenges in the policy aimed at border education, however
it brought a new meaning to regional specificities.
KEYWORDS
: Educational policies. Education management. Border.
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 3
| 3
Introdução
O estudo da educação em região de fronteira com foco nas políticas e gestão educacional
ainda é recente, pois legislações que atendessem as especificidades locais surgiram com a
criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e, posteriormente, do Setor Educacional do
Mercosul (SEM) no âmbito dos países da América do Sul.
A pesquisa trata-se de um recorte da tese de doutoramento concluída sobre a execução
do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) como política supranacional de
formação de professores na fronteira do Brasil com o Paraguai, tratando especificamente da
realidade do Estado de Mato Grosso do Sul (MS). A delimitação espacial da pesquisa justifica-
se pelo fato de o MS apresentar uma única escola que executou o Programa.
Este artigo tem como objetivo principal analisar a gestão do PEIF como uma política
educacional de formação de professores específica para região de fronteira. Para tanto, em
termos metodológicos buscou-se na avaliação de uma política educacional e seus possíveis
impactos (BAKER, 2000) e na pesquisa documental (CELLARD, 2008) responder ao seguinte
questionamento central: A gestão do PEIF, como uma política de formação de professores,
atingiu seu objetivo na educação em região de fronteira?
Para Draibe (2007), a organização dos países sul-americanos em blocos econômicos
simbolizou o início de um processo de integração regional que culminou no bloco econômico
entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai que resultou na constituição do Mercosul. Este
bloco objetivava estabelecer o compromisso de integrar valores do Estado de Direito, da
democracia e dos direitos humanos, de forma mais ampla, no modelo de desenvolvimento
econômico regional estabelecido, a partir daquele momento pautado pela justiça e pela equidade
(DRAIBE, 2007).
O processo de integração ultrapassou as vias econômicas e chegou à educação com a
instauração no âmbito do Mercosul do Setor Educacional do Mercosul (SEM), o qual tinha a
missão de integrar as nações por meio de ações que buscassem uma aproximação educacional
entre países vizinhos (BUENO, 2019). E, dessa forma, surgiram as primeiras iniciativas com
foco nas especificidades fronteiriça. Nesse sentido, Silva
et al.
(2018) enfatiza que “as políticas
educacionais possuem um papel estratégico na construção da identidade de um povo” (p. 80) e,
dessa forma reforça-se a relevância de políticas específicas para a região de fronteira.
Cabe mencionar que o Programa já teve outros formatos como o Programa de Escolas
Bilíngues de Fronteira (PEBF), Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF) e
por fim PEIF. Todos os programas tinham a mesma meta: promover o ensino bilíngue por meio
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 4
| 4
do intercâmbio entre professores. A pesquisa se limitou a este último por ser a mais recente
política educacional específica para a região de fronteira em execução, finalizando suas
atividades em 2015.
O PEIF iniciou suas atividades em 2012 por meio da Portaria Ministério da Educação -
MEC n.º 798/2012 objetivando o trabalho com a formação continuada de professores, no
sistema de parceria, entre Universidades, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem
como as escolas que aderissem ao Programa. O PEIF propunha um intercâmbio entre
professores dos países que aderissem ao PEIF que foi denominado de CRUCE e se apresentou
como um recurso inovador, sendo o grande diferencial ainda no PEBF frente a outras
formações. O CRUCE acontecia uma ou duas vezes por semana entre os docentes das escolas
participantes do Programa. De acordo com o contexto espacial da pesquisa, o professor
brasileiro ministrava aulas na escola parceira do país vizinho, no caso o Paraguai e vice-versa.
O objetivo dessa prática proposta pela Portaria MEC n.º 798/2012 era a integração dos países
via escola (STURZA, 2014).
A pesquisa está organizada em três seções, sendo que na primeira apresenta-se a
realidade da fronteira seca
1
entre Brasil e Paraguai. Já a segunda seção explana como surgiu o
PEIF e enumera os principais desafios organizacionais. A terceira seção evidencia o regime de
colaboração e de parceria estabelecido entre o MEC, as universidades e as escolas para
execução do Programa na fronteira do Brasil com o Paraguai.
Brasil e Paraguai: a realidade de uma fronteira seca
A realidade fronteiriça entre Brasil e Paraguai, historicamente, é marcada por disputa
territorial que levou a Guerra do Paraguai (1864-1870), o maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul no século XIX, no qual os paraguaios saíram derrotados.
Representa um espaço peculiar com pontos comuns que tornam duas ou mais realidades
próximas, como, por exemplo, a liberdade de ir e vir entre os cidadãos de cidades ou países
distintos, bem como a relação de interdependência na prestação de serviço.
Cabe aqui definir a palavra “fronteira” à luz do pensamento de Fernandes e Hellmann
(2016), que salientam que significa um limite, uma marcação de poder territorial ou ainda uma
1
Histórica e politicamente constituída, a Faixa de Fronteira, é normatizada pela Constituição Federal, a qual
delimita a extensão de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre brasileira. Correspondente a 27% do
território nacional, compreende 588 municípios, distribuídos em 11 Unidades da Federação: Acre, Amapá,
Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa
Catarina. Do ponto de vista populacional, registra-se o número de aproximadamente dez milhões de habitantes
nessa área (MATO GROSSO DO SUL, 2012, p. 08).
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 5
| 5
marcação de domínio de área. Já Albuquerque (2010, p. 589), enfatiza que “as fronteiras [...]
são fluxos, mas também obstáculos, misturas e separações, integrações e conflitos, domínios e
subordinações”. Elas representam espaços de poder, de c
onflitos variados e de distintas formas
de integração cultural. De acordo com Rodrigues (2014), fronteira é um espaço com
características geográficas peculiares e que materializa uma relação pacífica entre os dois
países. E, nessa direção, reforça-se que este estudo se limita a realidade da fronteira do Brasil
com o Paraguai, especificamente, o Estado do Mato Grosso do Sul (MS) com o Paraguai.
Contudo, torna-se relevante apresentar algumas especificações dos dois países
analisados. A começar pelo Brasil, que possui cerca de 23.086 km de fronteira, onde 15.719 km
são de limite com países do continente sul-americano, com exceção do Chile e do Equador.
Acrescido a este fato, o MS possui uma extensão territorial de 357.145,4 km², que fazem
fronteira a leste e norte/nordeste com cinco estados brasileiros: Goiás, Mato Grosso, Minas
Gerais, Paraná e São Paulo. A sul/sudoeste, tem-se a fronteira internacional com as Repúblicas
do Paraguai e Bolívia. O MS se constitui por 79 municípios e 85 distritos. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2013) apresenta uma população estimada
em 2.587.267 habitantes. Os municípios localizados na fronteira e que são considerados
cidades-gêmeas são: Aral Moreira, Bela Vista, Coronel Sapucaia, Corumbá, Ponta Porã, Porto
Murtinho, Mundo Novo e Paranhos.
A Portaria do Ministério da Integração Nacional n.º 125 (BRASIL, 2014) enfatiza que
se considera município fronteiriço aqueles cuja distância não ultrapassa 150 km da linha/faixa
internacional de fronteira. Sendo assim, as localidades de Amambai, Antonio João, Eldorado e
Iguatemi também são considerados municípios de fronteira, embora não seja objeto dessa
pesquisa.
Torchi e Silva (2014) ressaltam que a faixa de fronteira do Estado Sul-mato-grossense
conta com 13.640 escolas de educação básica, ofertando a educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio, tanto em instituições públicas quanto privadas. Esse quantitativo
expressivo de unidades educativas chama a atenção da autora, uma vez que
[...] esses dados fazem com se pense sobre as escolas localizadas nessa faixa
de fronteira e se reflita se essa mistura de línguas e de cultura pode se tornar a
primeira barreira de acesso dos alunos à escola e prejudique a permanência
deles na instituição levando-os ao fracasso escolar (TORCHI; SILVA, 2014,
p. 164).
A realidade brasileira passa por mudanças significativas, tanto no cenário político,
econômico quanto educacional. As reformas educacionais, de acordo com Bueno (2010) e
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 6
| 6
Frigotto e Ciavata (2003), foram financiadas por organismos internacionais que trouxeram
mudanças nas políticas para a educação, principalmente, após o sancionamento da Constituição
Federal de 1988.
Shiroma
et al.
(2002) lembram que, o Brasil por ser um dos países com maior taxa de
analfabetismo do mundo, viu-se obrigado a impulsionar políticas educacionais ao longo da
década de 1990, não apenas nas escolas, mas, no ambiente familiar, comunitário e nos meios
de comunicação com monitoramento de um fórum consultivo sob coordenação da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO.
À luz da realidade brasileira no setor educacional, constata-se que a influência
internacional na concepção das políticas para a educação foi significativa. No cenário
econômico, o Brasil possui uma renda média per capita de U$ 323,46, um Produto Interno Bruto
(PIB) em torno de U$ 1,6 trilhão e uma população estimada em 209.146.437 habitantes,
segundo dados divulgados pelo IBGE (BRASIL, 2017). Outro fator relevante sobre o país recai
sobre o desequilíbrio econômico, apresentado pelo PIB entre 1960 e 2017, vivenciado conforme
informações abaixo (valores em dólares):
Gráfico 1
–
Escala de evolução do PIB do Brasil (1960-2017)
–
U$
Fonte: The World Bank (2016)
A Gráfico 1 aponta que o Brasil apresentou um desenvolvimento expressivo entre os
anos de 2009 a 2011. Entretanto, nos anos seguintes teve uma queda brusca do PIB, ficando
entre U$ 8.553.381 e U$ 13.167.473, respectivamente. Já 2017, fechou com um PIB de U$
9.821.408 e houve reflexos dessa estagnação em todas as áreas, não apenas na economia. Na
educação, foram feitos cortes orçamentários nos investimentos, bem como nos programas
educacionais. O PEIF, por exemplo, foi extinto em 2015 e não houve continuidade de ações em
honrar os compromissos firmados no âmbito do Mercosul e do SEM.
Em relação às especificidades do país vizinho, de acordo com o Ministério das Relações
Exteriores do Brasil, o Paraguai possui uma extensão territorial de 406.750 km², sendo que
3.484 km² são de fronteira com a Argentina, a Bolívia e o Brasil. Conta com uma população
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 7
| 7
estimada em 6.725 milhões, distribuídos em 17 departamentos (estados), conforme dados do
Banco Mundial (2016). Cabe mencionar que o pós-guerra levou o Paraguai a um
enfraquecimento competitivo ao longo do período. A derrocada paraguaia teve seus reflexos,
principalmente, na economia e na política perante os demais países sul-americanos.
De acordo com o Banco Mundial (2016), o país apresenta uma população estimada em
cerca de 6.342 milhões de habitantes em 2009, tendo um PIB, em 2016, de U$ 27,44 bilhões e
uma renda per capita de US$ 9.400. O Gráfico 2 aponta a ascensão do Paraguai, considerado
na atualidade um dos países promissores economicamente:
Gráfico 2
- Escala de evolução do PIB do Paraguai (1960-2017)
–
U$
Fonte: The World Bank (2016)
O gráfico 2 demonstra o crescimento do PIB do Paraguai no período de 12 anos, o que
favorece o seu desenvolvimento econômico e sua promissora recuperação.
No entanto, como é possível perceber, fechou o ano de 2017 com U$ 5.823.766, PIB
menor que o apresentado pelo Brasil. Mas, apesar dos números discrepantes, quanto ao
contingente populacional e aos rendimentos, o país busca melhorias na educação, como salienta
Castro (2013):
A expansão da demanda, o crescimento da classe média, a reforma educativa
que trouxe uma melhoria aos níveis educacionais da população, o processo de
urbanização, a maior presença massiva dos meios de comunicação são fatores
que estão mexendo com o elefante branco paraguaio, nada diferente do que
apresentado inicialmente como questões comuns na América Latina
(CASTRO, 2013. p. 72).
O Paraguai passou por reformas até a década de 80 marcadas por influências no meio
político e econômico que dificultaram o desenrolar das mudanças, deixando-o, assim, dentre os
últimos a cumprir os acordos firmados em âmbito internacional, já que o país apresentava
dificuldades em seu desenvolvimento e as demandas existentes na sociedade paraguaia exigiam
cuidados (NIBUHR; ENNS, 1999).
O país também passou por um longo período de ditadura militar, o que provocou a luta
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 8
| 8
da população por melhores condições de vida (NIBUHR; ENNS, 1999). Todavia, com o fim da
ditadura militar, em meados de 1989, surgiu no país um movimento de empoderamento da
sociedade pela busca por novos horizontes na nação e foi neste período que os primeiros
encaminhamentos para uma transição democrática ocorreram. Em 1994, iniciou-se o processo
de reforma do sistema educacional paraguaio em meio a demandas globais de reorganização do
capital e a constituição da democracia, já atendendo aos acordos firmados no âmbito do
Mercosul e do SEM.
Em 1998, foi sancionada a Ley General de Educación n.º 1.264, a qual respalda as
reformas educativas dentro do sistema educacional nacional e propõe princípios para uma
educação pública e privada, bem como concede à educação um lugar de destaque para a
consolidação do regime democrático na nação. Tal tomada de decisão ocasionou a diminuição
da desigualdade social e o surgimento de novas oportunidades para toda população paraguaia.
Vale ressaltar que essa Lei regulamenta os princípios de um sistema educacional considerando
a educação de forma geral, a educação especial, o sistema escolar e suas modalidades de ensino
(PARAGUAI, 1998). No quesito educação, ambos os países realizaram investimentos para a
efetivação de políticas educacionais, as quais foram fruto de compromissos firmados no âmbito
do Mercosul e do SEM desde o ano de 2004.
Evidencia-se, assim, que ambos os países, Brasil e Paraguai, enfrentaram dificuldades e
desafios nas políticas educacionais para honrarem aos acordos fixados nas reuniões do
Mercosul e do SEM. Contudo, mesmo em meio a realidade conturbada, estabeleceram leis que
visavam trazer o direito à educação bilíngue à população de cada país.
Criação do Programa Escolas Interculturais de Fronteira - PEIF - e seus desafios
organizacionais
O PEIF tinha em sua essência os princípios presentes, inicialmente, no Protocolo de
Intenções firmado em 1991, o qual visava contribuir no setor educacional para alcançar
objetivos políticos de integração no âmbito do Mercosul e, posteriormente, na Declaração de
Brasília
2
firmada em 2003, bem como no Plano de Ação do SEM, por isso, as escolas da
2
A II Reunião de Presidentes Sul-Americanos realizada em Guayaquil, no Equador, em 26 e 27 de julho de 2002,
simbolizou a continuidade de uma iniciativa diplomática brasileira na Cúpula Sul-Americana de Brasília, a qual
ocorreu em 31 de agosto e 1° de setembro de 2000. E, assim, a reunião finalizou com a assinatura de duas
declarações conjuntas, uma, referente ao estabelecimento de uma Zona de Paz Sul-Americana e outra, relacionada
à integração, se
gurança e infraestrutura para o desenvolvimento, a chamada “Declaração Conjunta de Brasília para
o Fortalecimento da Integração Regional”. Esta declaração tem por objetivo estabelecer um fórum com a finalidade
de criar políticas coletivas de segurança e, assim, aprofundar a integração. Diante das dificuldades atuais para a
discussão de novas rodadas de liberalização comercial, vê-se a criação de uma infraestrutura interligando a rede
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 9
| 9
fronteira são intituladas escolas interculturais. Para tanto, todas as ações do Programa têm como
foco o ensino bilíngue.
O o
bjetivo principal do PEIF, de acordo com o Artigo 1º, “[...] contribuir para a
formação integral do alunado, buscando desenvolver ações com vistas à integração regional por
meio da educação intercultural nas escolas públicas de fronteira [...] (BRASIL, 2012). O
Programa propõe mudanças no ambiente educativo, ou seja, almeja adequar o processo de
ensino à realidade peculiar de fronteira com a ampliação da oferta de saberes, métodos,
processos e conteúdos educacionais.
Ao considerar o ensino em dois idiomas, no espanhol e no português, o PEIF apresenta
três princípios básicos que o distinguem das demais formações de professores em serviço, a
começar pelo trabalho intercultural a ser delineado nas escolas, conforme previsto na Portaria
MEC n.º 798, de 19 de junho de 2012:
[...] I - Interculturalidade, que reconhece fronteiras como loci de diversidade
e que valora positivamente as diversas culturas formadoras do Mercosul,
promovendo a cultura da paz, o conhecimento mútuo e a convivencialidade
dos cidadãos dos diversos países-membros. Esta convivencialidade se realiza
com a atuação conjunta de docentes dos dois países em cada uma das Escolas
Interculturais (princípio do cruze), gêmeas ou próximas (BRASIL, 2012).
Torchi e Silva (2016) evidenciam que dentro do PEIF a diversidade cultural deve ser
entendida e valorizada para que a comunidade escolar compreenda a riqueza da presença de
uma segunda língua em seu cotidiano. Assim, o trabalho com a interculturalidade se torna
relevante por respeitar as diferenças e promover os encontros culturais.
Logo, o trabalho do PEIF deve perpassar a sala de aula e alcançar aspectos interculturais
que necessitam ser desmistificados e encarados como uma realidade repleta de riquezas típicas
de regiões fronteiriças, ou seja, sem preconceitos, pois a cultura presente na fronteira é peculiar
ao restante de um país ao integrar dois povos distintos em um mesmo espaço. Para exemplificar,
Pereira (2002) salienta que as crianças paraguaias são violentadas psicologicamente quanto ao
uso da língua e de sua cultura, isso porque os professores brasileiros apresentam dificuldades
em considerar a complexa realidade vivenciada na fronteira, isto é, muitos reproduzem “o
formalismo que lhe é exigido dos órgãos superiores de ensino, desconsiderando a diversidade
cultural presente na sala de aula” (PEREIRA, 2002, p. 49
-50).
Ao relacionar a língua, apresenta-se o Artigo 2º, inciso II, da referida Portaria mais um
princípio básico:
de transportes, comunicações e energia dos países sul-americanos como metas concretas para a integração física
das economias (VIZENTINI, 2007).
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 10
| 10
II - Bilinguismo, que prevê que o ensino seja realizado em duas línguas, o
espanhol e o português, com carga horária paritária ou tendendo ao paritário,
com uma distribuição equilibrada dos conhecimentos ou disciplinas
ministradas em cada uma das línguas. Prevê, ainda, pelo respeito ao sujeito do
aprendizado, a presença na escola de outras línguas regionais, conforme a
demanda (BRASIL, 2012).
Sobre o inciso acima, conforme Colaça (2015), cabe mencionar que a República do
Paraguai já foi considerada bilíngue, tendo o guarani e o espanhol como línguas oficiais pela
Constituição daquele país desde 1992. E, o PEIF prevê em sua Portaria o ensino bilíngue entre
os países do Mercosul. Cumpre ressaltar que no caso específico desse estudo, a relação
estabelecida foi entre Brasil e Paraguai.
A realidade, presente entre países fronteiriços, leva a mais um princípio básico explícito
no inciso III, do Artigo 2º, da Portaria MEC n.º 798/2012 que trata da “III
- Construção comum
e coletiva do Plano Político-Pedagógico das Escolas-Gêmeas, respeitando as tradições escolares
dos países e
nvolvidos e incluindo as demandas culturais específicas da fronteira no currículo”
(BRASIL, 2012).
A LDB n.º 9.394/96, em consonância com o previsto na Constituição Federal de 1988,
no Artigo 210, relata que “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino f
undamental, de
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais”. E, a proposta pedagógica das escolas envolvidas com o PEIF necessita
realizar adequações para contemplar as alterações previstas durante a execução do Programa,
mas sem perder de vista o expresso na LDB (BRASIL, 1996).
Ao considerar a realidade de fronteira, a autora ainda ressalta que repensar a Proposta
Pedagógica (PP) de uma escola visando se adequar à proposta do PEIF implica promover
alterações em todos os segmentos da escola, do gestor até os demais funcionários, sempre com
a participação da comunidade escolar (FERNANDES, 2013).
Outro ponto a ser destacado sobre o PP recai nas mudanças advindas com a mudanças
nas escolas para se adequar à Portaria MEC n.º 798/2012, ou seja, as alterações da forma de ver
e de considerar o estudante no documento e na sala de aula. As PPs das instituições
educacionais, normalmente, atendem a um padrão estabelecido pelas Secretarias de Educação
ao considerar o quantitativo de alunos sem analisar a realidade local, mas a proposta do
Programa prevê o oposto dessa prática.
Portanto, relatar na PP as particularidades presentes na fronteira demonstra a
necessidade de mudança também na prática pedagógica
das “Escolas
-
Gêmeas”, como afirma o
inciso III, do Artigo 2º, da Portaria em questão. Para compreender o significado do termo
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 11
| 11
“escola
-
gêmea” ou “escola espelho”, cabe recorrer ao conceito de “cidade gêmea” estabelecida
pelo Artigo 1º, da Portaria do Ministério da Integração Nacional n.º 125/2014, para aqueles
municípios que fazem fronteira seca com outro país:
Serão considerados cidades-gêmeas os municípios cortados pela linha de
fronteira, seja essa seca ou fluvial, articulada ou não por obra de infraestrutura,
que apresentem grande potencial de integração econômica e cultural, podendo
ou não apresentar uma conurbação ou semi-conurbação com uma localidade
do país vizinho, assim como manifestações “condensadas” dos problemas
característicos da fronteira, que aí adquirem maior densidade, com efeitos
diretos sobre o desenvolvimento regional e a cidadania.
Art. 2º - Não serão consideradas cidades-gêmeas aquelas que apresentem,
individualmente, população inferior a 2.000 (dois mil) habitantes.
O termo “escola
-gê
mea” se aplica também às cidades situadas no perímetro
de 150 quilômetros, pois é considerado faixa de fronteira. Para conceituar o
termo “faixa de fronteira ou fronteiriça”, recorre
-se ao Plano de
Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira sul mato-grossense
(BRASIL, 2014).
Sobre as formas de financiamento do Programa, Lorenzoni (2013) salienta que o PEIF
era custeado com recursos da Lei Orçamentária Anual (LOA) e com bolsas de pesquisa para os
professores, como também para os gestores das escolas participantes. A partir do ano de 2014,
a proposta de expansão do Programa tinha como prioridade a adesão das escolas participantes
do Programa Mais Educação (PME)
3
e Ensino Médio Inovador
4
e, por isso, da mesma forma,
escolas municipais passaram a integrar a formação. Torchi e Silva (2014) relatam que para a
escola fronteiriça aderir ao programa se faz necessário uma inscrição on-line no sistema do
MEC e, portanto, a escola deveria fazer parte do PME.
Quanto ao custeio para a execução do PEIF nas escolas, Borges (2014) argumenta que
as escolas que aderiram ao Programa Mais Educação receberam um recurso adicional do
Programa Dinheiro Direto nas Escolas (PDDE) vinculado ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) subordinado ao MEC e a universidade, para promover
a formação do PEIF e desenvolver ações que qualificassem a formação integral dos alunos no
3
O Programa foi criado pela Portaria MEC nº 1.144/2016 e regido pela Resolução FNDE n.º 17/2007 e
regulamentado pelo Decreto n.º 7.083/10. Representa uma estratégia do MEC para expandir a educação integral
nas redes estaduais e municipais de ensino, ampliando a jornada escolar para no mínimo sete horas diárias, por
meio da realização de atividades optativas nos macrocampos; acompanhamento pedagógico; educação ambiental;
esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e
uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.
4
Foi instituído pela Portaria n.º 971, de 9 de outubro de 2009, no contexto da implementação das ações voltadas
ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O objetivo do Programa é apoiar e fortalecer os Sistemas de
Ensino Estaduais e Distrital no desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino
Médio, disponibilizando apoio técnico e financeiro, consoante à disseminação da cultura de um currículo
dinâmico, flexível, que atenda às expectativas e necessidades dos estudantes e às demandas da sociedade atual.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 12
| 12
âmbito escolar. Cabe informar que, no caso desta pesquisa, a universidade responsável pela
formação continuada era a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Para Lorenzoni (2013), em linhas gerais, o PEIF esteve vinculado à Secretaria de
Educação Básica (SEB) do MEC e 11 municípios aderiram ao Programa em todo Brasil,
totalizando a participação de 17 escolas com cerca de 7,5 mil alunos matriculados nos anos
iniciais do ensino fundamental, público-alvo do Programa. Nesse universo, 250 docentes foram
capacitados por dez universidades em todo o Brasil. Já em 2014, o Programa ambicionava
ampliar o atendimento para 108 escolas em 36 municípios envolvendo cerca de 2.100 docentes
recebendo formação continuada por 15 universidades (BORGES, 2014).
O PEIF previa, em sua estrutura organizacional, formação para os professores
universitários, que seriam os multiplicadores em cada estado participante do Programa,
capacitando-os a levar a formação continuada aos docentes da educação básica de cada
município que realizou a adesão ao PEIF. De acordo com a Portaria MEC n.º 798/2012, Artigo
8º, cabe às universidades capacitar os educadores para atuar no Programa.
MEC, universidades e escolas: o trabalho em equipe na gestão do PEIF
Há um regime de colaboração e de parceria entre o MEC, as universidades e as escolas,
pois o Governo Federal estava representado em cada cidade situada na faixa de fronteira por
meio de uma universidade federal, que realizava as formações continuadas com os professores
atuantes nas escolas participantes do PEIF.
A responsabilidade atribuída ao MEC sobre o PEIF se limitava a articulação entre as
universidades, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como as escolas
fronteiriças que aderissem ao Programa, como expresso no Artigo 4º, da Portaria MEC n.º
798/2012.
Compete ao Ministério da Educação do Brasil, por meio da Secretaria de
Educação Básica e da Assessoria Internacional promover a articulação
institucional e a cooperação técnica entre os Ministérios da Educação dos
países membros, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, as
Universidades e Conselho Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais e
Municipais de Educação, bem como garantir recursos financeiros às
instituições formadoras e às escolas, visando ao alcance dos objetivos do
Programa (BRASIL, 2012).
O Artigo 8º, da Portaria MEC n.º 798/2012, informa que compete à universidade a
realização da formação docente aos professores que atuarem no Programa. As formações
promovidas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) credenciadas ao PEIF poderiam receber
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 13
| 13
adesão de cidades gêmeas ou em faixa de fronteira. A formação continuada a ser promovida
pelas IES deveria ser delineada a partir do levantamento sociolinguístico, feito por linguistas
das universidades, para traçar o perfil sociolinguístico local e, assim, delinear as estratégias de
ação.
No Brasil, em Mato Grosso do Sul, os municípios de Amambai, Aral Moreira, Coronel
Sapucaia, Mundo Novo, Paranhos e Ponta Porã participaram das formações continuadas para
professores tendo como cidade Polo para os encontros a última cidade citada. Cabe explicitar
que houve uma divisão de responsabilidades entre as duas universidades federais do Estado, a
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), para a realização das formações continuadas para os profissionais das
escolas participantes do PEIF. Abaixo estão relacionados os municípios participantes da
formação e as respectivas instituições formadoras (Quadro 1):
Quadro 1
–
Configuração do PEIF em Mato Grosso do Sul (2014)
Município
Classificação
Países Fronteiriços
Universidade Formadora
Amambai
Linha de Fronteira
Paraguai
UFGD
Aral Moreira
Linha de Fronteira
Paraguai
UFGD
Bela Vista
Cidade-Gêmea
Paraguai
UFMS
Coronel Sapucaia
Linha de Fronteira
Paraguai
UFGD
Corumbá
Cidade-Gêmea
Bolívia
UFMS
Mundo Novo
Cidade-Gêmea
Paraguai
UFGD
Paranhos
Cidade-Gêmea
Paraguai
UFGD
Ponta Porã
Cidade-Gêmea
Paraguai
UFGD
Fonte: Assis (2016)
Em 2012, ampliou-se a abrangência do Programa para além da fronteira entre Brasil-
Paraguai, o que já vinha ocorrendo desde 2009. Houve a adesão da fronteira Brasil-Bolívia,
precisamente em Corumbá (Brasil) e Puerto Quijarro (Bolívia). Nessa última localidade a
formação continuada ficou sob a responsabilidade da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS) em parceria com o MEC e a Secretaria Municipal de Corumbá (ASSIS, 2016).
Veja o Quadro 2 com as cidades participantes do PEIF sob responsabilidade da UFGD como
unidade formadora e suas respectivas escolas participantes:
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 14
| 14
Quadro 2
–
Participantes do PEIF sob a responsabilidade da UFGD
Município
Escolas
Aral Moreira
Escola Municipal Adroaldo Da Cruz
Escola Polo Municipal Indígena Arandu Renda Guarani Kaiowa
Coronel Sapucaia
Escola Municipal Mauricio Rodrigues de Paula
Escola Municipal Fernando de Souza Romanin
Escola Municipal Ruy Espíndola
Mundo Novo
Escola Polo Municipal Carlos Chagas e Extensão Jose Honorato da Silva
Fonte: Dados fornecidos pela Coordenação do PEIF/UFGD (2014)
Borges (2014) chama a atenção para o fato que com a realização da formação continuada
e o intercâmbio de professores, buscava-se desenvolver um projeto pedagógico intercultural
que tivesse como ponto de partida a interculturalidade, tendo um currículo intercultural integral
como foco.
Contudo, o PEIF não chegou a realizar o CRUCE e com a saída do Paraguai do Mercosul
em 2013
5
, tornou-se inviável o intercâmbio entre as escolas brasileiras e paraguaias e o
consequente desligamento do país do PEIF. E com a adesão das escolas municipais em 2014
continuaram as formações para professores apenas entre as escolas brasileiras. Com efeito, o
PEIF, como uma política educacional específica para região de fronteira, tinha como foco a
promoção de um ensino pautado na realidade local.
Portanto, o PEIF representou uma oportunidade para a realização de formação
continuada para professores de fronteira, por meio de ações conjuntas, bem como de interesse
comum para ambos os países. Propôs também a quebra de ‘pré’ conceitos e conflitos socia
is
por meio da integração, onde os intercâmbios entre os professores brasileiros e paraguaios
iniciado no PEBF promoveram a compreensão, bem como o respeito a cultura e a educação
intercultural. Mas a não realização do CRUCE nessa fronteira, durante a vigência do PEIF,
simbolizou uma falha na efetivação dessa política supranacional entre Brasil e Paraguai.
5
Em 22 de junho de 2012, o então presidente paraguaio, Fernando Lugo, foi destituído de seu cargo. Desde o
processo de impeachment, o Paraguai sofreu um processo de suspensão como membro do Mercosul. Após a
suspensão do Paraguai, o Mercosul efetivou a entrada da Venezuela como membro permanente do bloco regional
(FRIZZERA, 2013, p. 156).
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 15
| 15
Considerações finais
O PEIF buscou, por meio de formação continuada, apresentar ao educador uma proposta
metodológica na qual o “aluno representa o centro do processo educativo”
6
, algo já discutido
no campo pedagógico, independente da sua nacionalidade e de suas condições de
desenvolvimento.
Cabe ainda mencionar que o PEIF em sua essência previa a integração do MEC, por
meio das universidades, com as escolas e os professores, em que a proposta da Portaria MEC
n.º 798/2012 previa uma formação continuada com a qual o professor fronteiriço tivesse a
oportunidade de rever sua prática e sua postura em sala de aula frente à realidade peculiar da
fronteira.
O Programa delineou novos rumos para a educação de fronteira com a realização de
formação continuada sob a responsabilidade das universidades, mesmo não realizando o
CRUCE na fronteira do Brasil com o Paraguai trouxe uma nova perspectiva organizacional com
chegada da universidade para fomentar a formação continuada de docentes. Como enfatizou
Assis (2016), o professor de fronteira enxerga sua realidade e, portanto, busca na formação
continuada uma possibilidade de melhorar sua prática em sala de aula.
Nessa perspectiva, cabe responder ao questionamento inicial: A gestão do PEIF, como
uma política de formação de professores, atingiu seu objetivo na educação em região de
fronteira? O PEIF, como último programa representante de uma política específica para a
fronteira, atingiu em partes seu objetivo, pois na última versão não ocorreu o CRUCE, além de
não atingir a adesão de todas as escolas situadas nas cidades-gêmeas ou na faixa de fronteira.
E, sua descontinuidade denota a falta de comprometimento dos governantes dos países
membros do Mercosul com as especificidades da educação em regiões fronteiriças.
Todavia, há muitos desafios nesse processo e o primeiro deles recai sobre o ‘pré’
conceito existente entre os pares, ou seja, entre os professores para com os alunos, na promoção
da educação em municípios de fronteira e evidenciado nas escolas participantes do PEIF. Para
Pereira (2014), o ideal em uma educação intercultural fica encoberto pelos conflitos sociais
presentes no ambiente fronteiriço.
Sendo assim, as discrepâncias entre o ensino ministrado no Brasil e no Paraguai causam
desconfortos
entre os professores da fronteira e, dessa maneira, se estabelece o ‘pré’ conceito.
Por esse motivo o PEIF representa um desafio ao buscar a superação dessa limitação presente
6
O professor neste caso representa a figura de um “facilitador” do processo educativo do alunado, ou seja, o aluno
torna-se um aprendiz sendo considerado um sujeito na medida em que se auto-determina. E, dessa forma ganha o
centro do processo de aprendizagem como proposto pela lei francesa de 1989 (BOUTIN, 2017).
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 16
| 16
no ambiente educativo.
O CRUCE foi considerado desafiador pelos educadores levando em conta os conflitos
sociais mascarados pelo ‘pré’ conceito já mencionado, mas, também, por representar uma
sociedade distinta das demais em função do entrelaçamento das culturas de dois países, o Brasil
e o Paraguai.
De acordo com Pereira (2014), a educação de fronteira em si é desafiadora, pois além
dos alunos brasileiros as escolas do município recebem crianças paraguaias, que possuem
documentos oficiais do Brasil (como registro de nascimento) e do Paraguai, tornando-se, assim,
cidadãos com dupla nacionalidade. E, portanto, adquirem o direito à educação como qualquer
indivíduo no exercício de sua cidadania.
Outro ponto desafiador da educação fronteiriça se relaciona a língua, como salienta
Alvarez (2016) quando conceitua o hibridismo linguístico, popularmente conhecido como
“portunhol”, que nada mais é a mistura na oralidade da língua portuguesa com o espanhol,
ocorrendo então um binarismo linguístico e, portanto, delimitam-
se as “muralhas culturais” na
tentativa de sobrepor uma cultura pela outra.
Cabe explicitar que o PEIF prevê o ensino em língua e não o ensino de língua
estrangeira. No caso da realidade entre Brasil e Paraguai, o ensino da Língua Portuguesa, do
Guarani e do Espanhol, ou seja, não é um trabalho bilíngue, mas, sim, multilíngue, que a escola
precisa prever durante a reformulação do PPP e a universidade deve trabalhar na formação
continuada para os professores envolvidos.
Por esse motivo é desafiador o trabalho com a língua na fronteira. Tanto que quando
Alvarez (2016) menciona a necessidade de políticas educacionais que contemplem a
especificidade fronteiriça quanto a formação continuada de professores, ratifico que tal
preocupação não deve ser apenas para licenciados em Letras, mas voltada para todos os
profissionais licenciados e que são atuantes na educação básica de fronteira.
No entanto, a descontinuidade do programa em 2015 marcou o fim de uma política
específica para a região de fronteira. Por se tratar de um projeto instituído pelo Governo Federal
deveria ter ocorrido sua finalização formal, mas não houve a revogação da sua Portaria. Assim,
torna-se desafiadora sua retomada, pois requer investimentos do Poder Público e a
reaproximação com as escolas de fronteira. Logo, o desafio maior recai sobre a superação do
cenário de crise econômica vivenciado no Brasil.
Enfim, há muitos fatores que comprometem o acesso à educação com qualidade e
responsabilidade social por parte dos governantes. E, assim, fica evidente a lacuna existente na
política educacional atual no que tange as especificidades locais, como a educação em região
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 17
| 17
de fronteira.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, J. L. Conflito e integração nas fronteiras dos “brasiguaios”.
Caderno
CRH
, Salvador, v. 23, n. 60, p. 579-590, set./dez. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ccrh/a/km4KGffFHYwrDFxtbkhBvNN/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 10 fev. 2021.
ALVAREZ, I. M. J.
O (in)cômodo hibridismo linguístico dos alunos da fronteira
Brasil/Uruguai
: O desafio docente. 2016. 198 f. Tese (Doutorado em Letras)
–
Universidade
Católica de Pelotas, Pelotas, 2016.
ASSIS, J. H. do. V. P. Veias abertas nas fronteiras internacionais do Brasil: percalços na
efetivação da educação como um direito universal.
International Studieson Law and
Education
, v. 22, p. 83-94. jan./abr. 2016.
BAKER, J.
Evaluating the impact of development projects on poverty
: A handbook for
practitioners. Washington: World Bank, 2000.
BORGES. P. Programa Escolas Interculturais de Fronteira: uma proposta pedagógica
intercultural.
In
: BRASIL. TV Escola.
Salto para o Futuro
. Escolas Interculturais de
Fronteira. 2014. ano XXIV.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Censo 2013
. Brasília, DF: IBGE,
2017.Disponívelem:
http://www.cidades.ibge.gov.br/temas.php?lang=&codmun=500660&idtema=130&search=m
ato-grosso-do-sul\ ponta-pora\estimativa-da-populacao-2015-. Acesso em: 18 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: MEC, 23 de dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm. Acesso em: 05 maio 2019.
BRASIL. Ministério da Educação.
Portaria n. 798, de 19 de junho de 2012
. Institui o
Programa Escolas Interculturais de Fronteira, que visa a promover a integração regional por
meio da educação intercultural e bilíngue. Brasília, DF: MEC, 2012. Disponível em:
http://educacaointegral.mec.gov.br/images/pdf/ port_798_19062012.pdf. Acesso em: 01 maio
2019.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional.
Portaria n. 125, de 21 de março de 2014
.
Estabelece o conceito de cidades-gêmeas nacionais, os critérios adotados para essa definição e
lista todas as cidades brasileiras por estado que se enquadram nesta condição. Brasília, DF:
MI, 2014. Disponível em:
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/servlet/INPDFViewer?jornal=1&pagina=45&da-
ta=24/03/2014&captchafield=firistAccess. Acesso em: 27 abr. 2019.
BUENO, M. L. M. C.
Ensino fundamental de nove anos
: Implementação e organização
escolar em Dourados
–
MS. 2010. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação)
–
Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2010.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 18
| 18
CASTRO, R. C. L. de.
Integração constituinte dos países do MERCOSUL por meio da
educação superior Universitária
. Análise em uma perspectiva histórico-cultural. 2013. 224
f. Tese (Doutorado em Ciências
–
Integração da América Latina)
–
Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
CELLARD, A. A análise documental.
In
: POUPART, J.; DESLAURIERS, J. P.; GROULX,
L. (org.).
A pesquisa qualitativa
: Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2008. p. 295-334.
COLAÇA, J. P.
O Guarani como língua oficial e a promoção de um bilinguismo
imaginário no Paraguai
. 2015. 397 f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem)
–
Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2015.
CURY, C. R. J. A Educação Básica no Brasil.
Educação & Sociedade
, Campinas. v. 23, n.
80, p. 168-200, set. 2002. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/Hj6wG6H4g8q4LLXBcnxRcxD/?lang=pt&format=pdf. Acesso
em: 17 fev. 2021.
DRAIBE, S. M. Coesão social e integração regional: a agenda social do Mercosul e os
grandes desafios das políticas sociais integradas.
Cadernos de Saúde Pública
, São Paulo, v.
23, p. 174-183. 2007.
FERNANDES, E. A.
Experiências Linguísticas
: Como se faz a educação bilíngue com
implementação da metodologia do Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira na
fronteira entre Brasil e Paraguai. 2013. 86 f. Dissertação (Mestrado em Letras)
–
Faculdade de
Comunicação, Artes e Letras, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS,
2013.
FERNANDES, R. M. C.; HELLMANN, A.
Dicionário crítico
: Política de assistência social
no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2016.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educação básica no Brasil na década de 1990:
Subordinação ativa e consentida à lógica do mercado.
Educação & Sociedade
, Campinas, v.
24, n. 82, p. 93-130, 2003.
LORENZONI, I. Programa intercultural terá mais países, cidades e idiomas.
In
: BRASIL.
Ministério da Educação.
Escola de Fronteira
. Brasília, DF: MEC, 05 nov. 2013. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=19218.
Acesso em: 13 dez. 2019.
NIBUHR, A. N.; ENNS, M. W.
La Reforma del Estado Paraguayo
: Descentralización
política y administrativa. 1996. Dissertação (Mestrado)
–
Universidade Nacional de Asunción,
Assunção, 1999.
PARAGUAI.
Ley General de Educación n. 1.264, de 26 de maio de 1998
. Asunción, PY:
Congreso de la Nación Paraguaya, 1998. Disponível em:
http://www.une.edu.py/web/images/pdf/Ley1264.PDF. Acesso em: 29 jul. 2017.
image/svg+xml
A gestão do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) na fronteira do Brasil com o Paraguai
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 19
| 19
PEREIRA, J. H. do V.
Educação e fronteira
: Processos identitários de migrantes de
diferentes etnias. 2002. Tese (Doutorado em Educação)
–
Faculdade de Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2002.
RODRIGUES, C. Z. A fronteira como espaço de partida: processos discursivos entrelaçados.
In
: PINTO, A. C. T.; SILVA, M. R. da.
De frente para a fronteira
: Reflexões sobre a
educação em área de fronteira. Chapecó, SC, 2014.
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O.
Política educacional
. 2. ed.
Rio de Janeiro: DP & A, 2002.
SILVA, F L. G. R. da.; FERNANDES, S. R. de S.; SILVA, S. J. R. da. Políticas educacionais
e educação intercultural: implicações sobre os currículos escolares e construção de
identidades descolonizadas.
Revista Educação e Fronteiras On-Line
, Dourados, v. 8, n. 22,
p. 72-88, jan./abr. 2018. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/9706/5081. Acesso em: 15 fev. 2021.
STURZA, E. R. Das experiências e dos aprendizados no Programa Escolas Interculturais de
Fronteiras.
In
: BRASIL. TV Escola.
Salto para o Futuro
. Escolas Interculturais de Fronteira.
2014.
ano XXIV.
THE WORLD BANK.
GDP per capita (current US$)
. 2016. Disponível em:
https://data.worldbank.org/indicator/ny.gdp.pcap.cd. Acesso em: 01 fev. 2021.
TORCHI, G. da F. C.; SILVA, C. P. da. A expansão do Programa Escolas Interculturais de
Fronteira no Estado de Mato Grosso do Sul.
Revista GeoPantanal
, Corumbá, n. 17, p. 33-46,
jul./dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/273.
Acesso em: 25 jan. 2021.
TORCHI, G. da F. C.; SILVA, C. P. da. O retrato da fronteira Sul-Mato-Grossense por meio
da expansão do Programa Escola Interculturais de Fronteira.
In
: PINTO, A. C. T.; SILVA, M.
R. da.
Programa Escola Interculturais de Fronteira (PEIF)
: 10 anos. Tubarão: Copiart,
2016.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 20
| 20
Sobre a autora
Mara Lucinéia Marques Correa BUENO
Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xml
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 1
| 1
THE MANAGEMENT OF THE BORDER INTERCULTURAL SCHOOLS
PROGRAM (PEIF) ON THE BORDER OF BRAZIL AND PARAGUAY
A GESTÃO DO PROGRAMA ESCOLAS INTERCULTURAIS DE FRONTEIRA (PEIF)
NA FRONTEIRA DO BRASIL COM O PARAGUAI
LA GESTIÓN DEL PROGRAMA DE ESCUELAS INTERCULTURALES
FRONTERIZAS (PEIF) EN LA FRONTERA DE BRASIL Y PARAGUAY
Mara Lucinéia Marques Correa BUENO
Federal University of Mato Grosso do Sul
e-mail: mara.marques@ufms.br
How to refer to this article
BUENO, M. L. M. C. The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on
the border of Brazil and Paraguay.
Revista Educação e Fronteiras
, Dourados, v. 11, n. esp. 1,
e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
Submitted
: 15/06/2021
Revisions required
: 11/08/2021
Approved
: 16/09/2021
Published
: 30/10/2021
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 2
| 2
ABSTRACT
: This research aims to analyze the management of the Intercultural Schools of
Frontier Program, as an educational policy for teacher training, specific to the border region. In
methodological aspects, we sought to evaluate an educational policy and its possible impacts
(BAKER, 2000) and in documentary research (CELLARD, 2008) to answer the problem: PEIF
management, as a teacher training policy, has reached its goal in education in the border region?
To this end, the article was organized into three sections, where the first identifies the locus of
research, that is, the dry border between Brazil and Paraguay. The second section shows how
the Border Intercultural Schools Program (PEIF) emerged and its main challenges. The third
section presents the organization of the partnership established between the Ministry of
Education (MEC), Universities and border schools that adhered to the Program. The final
considerations show that there are challenges in the policy aimed at border education, however
it brought a new meaning to regional specificities.
KEYWORDS
: Educational policies. Education management. Border.
RESUMO
:
A presente pesquisa objetiva analisar a gestão do Programa Escolas Interculturais
de Fronteira, como uma política educacional de formação de professores, específica para
região de fronteira. Em aspectos metodológicos, buscou-se na avaliação de uma política
educacional e seus possíveis impactos (BAKER, 2000) e na pesquisa documental (CELLARD,
2008) responder ao problema: A gestão do PEIF, como uma política de formação de
professores, atingiu seu objetivo na educação em região de fronteira? Para tanto, organizou-
se o artigo em três seções, onde a primeira identifica o lócus de pesquisa, ou seja, a fronteira
seca do Brasil com o Paraguai. Já a segunda seção evidencia como surgiu o Programa Escolas
Interculturais de Fronteira (PEIF) e seus principais desafios. A terceira seção expõe a
organização da parceria estabelecida entre Ministério da Educação (MEC), Universidades e
escolas de fronteira que aderissem ao Programa. As considerações finais evidenciam que há
desafios na política voltada para a educação de fronteira, contudo trouxe um ressignificado
para as especificidades regionais.
PALAVRAS-CHAVE
: Políticas educacionais. Gestão da educação. Fronteira.
RESUMEN
: Esta investigación tiene como objetivo analizar la gestión del Programa Escuelas
Interculturales de Frontera, como una política educativa para la formación docente, específica
de la región fronteriza. En aspectos metodológicos, se buscó evaluar una política educativa y
sus posibles impactos (BAKER, 2000) y en investigación documental (CELLARD, 2008) para
dar respuesta al problema: la gestión del PEIF, como política de formación docente, ha
alcanzado su objetivo en la educación en la región fronteriza? Para ello, el artículo se organizó
en tres secciones, donde la primera identifica el lugar de la investigación, es decir, la frontera
seca entre Brasil y Paraguay. La segunda sección muestra cómo surgió el Programa de
Escuelas Interculturales Fronterizas (PEIF) y sus principales desafíos. La tercera sección
presenta la organización de la alianza establecida entre el Ministerio de Educación (MEC),
Universidades y escuelas fronterizas adheridas al Programa. Las consideraciones finales
muestran que existen desafíos en la política orientada a la educación fronteriza, sin embargo
dio un nuevo significado a las especificidades regionales.
PALABRAS
CLAVE
: Políticas educativas. Administración de educación. Frontera.
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 3
| 3
Introduction
The study of education in a border region focusing on policies and educational
management is still recent, because legislation that met local specificities arose with the creation
of the Southern Common Market (Mercosur) and, later, of the Mercosur Educational Sector
(SEM) within the countries of South America.
The research is a piece of the doctoral thesis concluded on the implementation of the
Cross-Cultural Frontier Schools Program (PEIF) as a supranational policy for teacher training
on the border of Brazil and Paraguay, dealing specifically with the reality of the State of Mato
Grosso do Sul (MS). The spatial delimitation of the research is justified by the fact that the MS
presents a single school that executed the Program.
The main objective of this article is to analyze the management of the PEIF as an
educational policy for teacher training specific to the border region. To this end, in
methodological terms, we sought to evaluate an educational policy and its possible impacts
(BAKER, 2000) and in the documentary research (CELLARD, 2008) to answer the following
central question: Did the management of the PEIF, as a teacher education policy, achieve its
objective in education in the border region?
For Draibe (2007), the organization of South American countries into economic blocs
symbolized the beginning of a process of regional integration that culminated in the economic
bloc between Brazil, Argentina, Paraguay and Uruguay that resulted in the constitution of
Mercosur. This bloc aimed to establish the commitment to integrate values of the rule of law,
democracy and human rights, more broadly, in the model of regional economic development
established, from that moment based on justice and equity (DRAIBE, 2007).
The integration process went beyond the economic pathways and reached education
with the establishment within Mercosur of the Mercosur Educational Sector (SEM), which had
the mission of integrating nations through actions that sought an educational rapprochement
between neighboring countries (BUENO, 2019). And in this way, the first initiatives focused
on border specificities emerged. In this sense, Silva
et al.
(2018) emphasizes that "educational
policies have a strategic role in building the identity of a people" (p. 80) and thus reinforces the
relevance of specific policies for the border region.
It is worth mentioning that the Program has already had other formats such as the
Bilingual Border Schools Program (PEBF), the Bilingual Intercultural Frontier School Project
(PEIBF) and finally PEIF. All programs had the same goal: to promote bilingual teaching
through teacher exchange. The research was limited to the latter because it is the latest
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 4
| 4
educational policy specific to the border region in execution, ending its activities in 2015.
The PEIF began its activities in 2012 through the Ministry of Education Ordinance -
MEC No. 798/2012 aiming at the work with the continued training of teachers, in the
partnership system, between Universities, State and Municipal Departments of Education, as
well as schools that would support the Program. The PEIF proposed an exchange between
teachers from countries who would adhere to the PEIF which was called CRUCE and presented
itself as an innovative resource, being the great differential still in the PEBF in the face of other
training. CRUCE took place once or twice a week among teachers of the schools participating
in the Program. According to the spatial context of the research, the Brazilian teacher taught
classes at the partner school of the neighboring country, in this case Paraguay and vice versa.
The objective of this practice proposed by MEC Ordinance No. 798/2012 was the integration
of countries via school (STURZA, 2014).
The research is organized into three sections, and in the first one presents the reality of
the dry border
1
between Brazil and Paraguay. The second section explains how the PEIF
emerged and lists the main organizational challenges. The third section highlights the
collaboration and partnership regime established between MEC, universities and schools for
the implementation of the Program on Brazil’s border with Paraguay.
Brazil and Paraguay: the reality of a dry border
The border reality between Brazil and Paraguay, historically, is marked by territorial
dispute that led to the Paraguayan War (1864-1870), the largest international armed conflict
that occurred in South America in the 19th century, in which Paraguayans were defeated. It
represents a peculiar space with common points that make two or more realities close, such as
the freedom to come and go between citizens of different cities or countries, as well as the
relationship of interdependence in the provision of service.
It is worth defining the word "frontier" in the light of the thought of Fernandes and
Hellmann (2016), which stresses that it means a boundary, a territorial power marking or even
an area domain marking. Albuquerque (2010, p. 589, our translation), emphasizes that "borders
[...] are flows, but also obstacles, mixtures and separates, integrations and conflicts, domains
1
Historically and politically constituted, the Border Strip, is standardized by the Federal Constitution, which
delimits the length of 150 km wide, parallel to the Brazilian land dividing line. Corresponding to 27% of the
national territory, it comprises 588 municipalities, distributed in 11 Units of the Federation: Acre, Amapá,
Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima and Santa
Catarina. From the population point of view, there is a number of approximately ten million inhabitants in this
area (MATO GROSSO DO SUL, 2012, p. 08, our translation).
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 5
| 5
and subordinations". They represent spaces of power, varied conflicts and different forms of
cultural integration. According to Rodrigues (2014), border is a space with peculiar
geographical characteristics and that materializes a peaceful relationship between the two
countries. And, in this direction, it is reinforced that this study is limited to the reality of Brazil's
border with Paraguay, specifically the State of Mato Grosso do Sul (MS) with Paraguay.
However, it is relevant to present some specifications of the two countries analyzed.
Starting with Brazil, which has about 23,086 km of border, where 15,719 km are bordering
countries of the South American continent, with the exception of Chile and Ecuador. In addition
to this fact, the Ministry of Health has a territorial extension of 357,145.4 km², which borders
the east and north/northeast with five Brazilian states: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,
Paraná and São Paulo. To the south/southwest, there is the international border with the
Republics of Paraguay and Bolivia. The MS consists of 79 municipalities and 85 districts.
According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE (2013) it has an
estimated population of 2,587,267 inhabitants. The municipalities located on the border and
which are considered twin cities are: Aral Moreira, Bela Vista, Coronel Sapucaia, Corumbá,
Ponta Porã, Porto Murtinho, Mundo Novo and Paranhos.
The Ordinance of the Ministry of National Integration No. 125 (BRASIL, 2014)
emphasizes that the border municipality is considered those whose distance does not exceed
150 km from the international border line/strip. Thus, the localities of Amambai, Antonio João,
Eldorado and Iguatemi are also considered border municipalities, although it is not the object
of this research.
Torchi e Silva (2014) point out that the border strip of the South-Mato Grosso State has
13,640 primary education schools, offering early childhood education, elementary school and
high school, both in public and private institutions. This expressive number of educational units
draws the author's attention, since
[...] these data make one think about the schools located in this border strip
and it is reflected whether this mixture of languages and culture can become
the first barrier of access of students to the school and impair their permanence
in the institution leading them to school failure (TORCHI; SILVA, 2014, p.
164, our translation).
The Brazilian reality undergoes significant changes, both in the political, economic and
educational scenarios. The educational reforms, according to Bueno (2010) and Frigotto and
Ciavata (2003), were financed by international organizations that brought changes in policies
for education, mainly after the sanction of the Federal Constitution of 1988.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 6
| 6
Shiroma
et al.
(2002) recall that, because Brazil is one of the countries with the highest
illiteracy rate in the world, it was forced to promote educational policies throughout the 1990s,
not only in schools, but, in the family, community and media environment with monitoring of
an advisory forum under the coordination of the United Nations Educational Organization,
Science and Culture - UNESCO.
In light of the Brazilian reality in the educational sector, it is observed that the
international influence in the conception of policies for education was significant. In the
economic scenario, Brazil has an average per capita income of U$ 323.46, a Gross Domestic
Product (GDP) of around U$ 1.6 trillion and an estimated population of 209,146,437
inhabitants, according to data released by IBGE (BRASIL, 2017). Another relevant factor about
the country is the economic imbalance, presented by GDP between 1960 and 2017, experienced
according to the information below (dollar values):
Graph 1
- Brazil's GDP Evolution Scale (1960-2017) - U$
Source: The World Bank (2016)
Graph 1 shows that Brazil presented an expressive development between 2009 and
2011. However, in the following years there was a sharp drop in GDP, falling between Us$
8,553,381 and U$ 13,167,473, respectively. Already 2017, closed with a GDP of U$ 9,821,408
and there were reflections of this stagnation in all areas, not only in the economy. In education,
budget cuts were made in investments, as well as in educational programs. The PEIF, for
example, was extinguished in 2015 and there was no continuation of actions in honoring the
commitments made under Mercosur and SEM.
In relation to the specificities of the neighboring country, according to the Ministry of
Foreign Affairs of Brazil, Paraguay has a territorial extension of 406,750 km², of which 3,484
km² are bordering Argentina, Bolivia and Brazil. It has an estimated population of 6,725
million, distributed in 17 departments (states), according to data from the World Bank (2016).
It is worth mentioning that the post-war period led Paraguay to a competitive weakening over
the period. The Paraguayan collapse had its impact, mainly, on the economy and politics vis-
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 7
| 7
end to other South American countries.
According to the World Bank (2016), the country has an estimated population of about
6,342 million inhabitants in 2009, with a GDP in 2016 of U$ 27.44 billion and a per capita
income of US$ 9,400. Graph 2 shows the rise of Paraguay, currently considered one of the
economically promising countries:
Graph 2
- Paraguay's GDP Evolution Scale (1960-2017) - U$
Source: The World Bank (2016)
Graph 2 shows Paraguay's GDP growth over a 12-year period, which favors its
economic development and promising recovery.
However, as can be seen, it closed 2017 with $5,823,766, a lower GDP than Brazil. But
despite the discrepant numbers, regarding the population and incomes, the country seeks
improvements in education, as Castro (2013, p. 72, our translation) points out:
The expansion of demand, the growth of the middle class, the educational
reform that brought an improvement to the educational levels of the
population, the process of urbanization, the greater massive presence of the
media are factors that are messing with the Paraguayan white elephant,
nothing different from what initially presented as common issues in Latin
America.
Paraguay underwent reforms until the 1980s marked by influences in the political and
economic environment that made it difficult to develop the changes, thus leaving it among the
last to comply with the agreements signed at the international level, since the country presented
difficulties in its development and the existing demands in Paraguayan society demanded care
(NIBUHR; ENNS, 1999).
The country also went through a long period of military dictatorship, which provoked
the struggle of the population for better living conditions (NIBUHR; ENNS, 1999). However,
with the end of the military dictatorship, in mid-1989, a movement of empowerment of society
for the search for new horizons in the nation emerged in the country and it was during this
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 8
| 8
period that the first referrals to a democratic transition occurred. In 1994, the process of reform
of the Paraguayan educational system began amid global demands for capital reorganization
and the constitution of democracy, already in compliance with the agreements signed under
Mercosur and SEM.
In 1998, Ley General de Educación No. 1,264 was sanctioned, which supports
educational reforms within the national educational system and proposes principles for public
and private education, as well as granting education a prominent place for the consolidation of
the democratic regime in the nation. This decision-making led to a decrease in social inequality
and the emergence of new opportunities for the entire Paraguayan population. It is noteworthy
that this Law regulates the principles of an educational system considering education in general,
special education, the school system and its teaching modalities (PARAGUAY, 1998). In the
field of education, both countries have made investments for the implementation of educational
policies, which have been the result of commitments made under Mercosur and SEM since
2004.
Thus, it is evident that both countries, Brazil and Paraguay, faced difficulties and
challenges in educational policies to honor the agreements established at Mercosur and SEM
meetings. However, even in the midst of the troubled reality, they established laws aimed at
bringing the right to bilingual education to the population of each country.
Creation of the Cross-Cultural Frontier Schools Program - PEIF - and its organizational
challenges
The PEIF had in essence the principles present, initially, in the Protocol of Intentions
signed in 1991, which aimed to contribute in the educational sector to achieve political
objectives of integration within Mercosur and, later, in the Brasilia Declaration
2
signed in 2003,
as well as in the SEM Action Plan, so border schools are entitled intercultural schools. To this
end, the program's actions focus on bilingual teaching.
The main objective of the PEIF, in accordance with Article 1, "[...] contribute to the
2
The Second Meeting of South American Presidents held in Guayaquil, Ecuador, on July 26 and 27, 2002,
symbolized the continuity of a Brazilian diplomatic initiative at the South American Summit in Brasilia, which
took place on August 31 and September 1, 2000. Thus, the meeting ended with the signing of two joint declarations,
one, concerning the establishment of a South American Peace Zone and the other, related to integration, security
and infrastructure for development, the so-called "Joint Declaration of Brasilia for the Strengthening of Regional
Integration". The purpose of this declaration is to establish a forum for the purpose of creating collective security
policies and thus deepening integration. Faced with the current difficulties for the discussion of new rounds of
trade liberalization, we see the creation of an infrastructure connecting the transport, communications and energy
network of South American countries as concrete goals for the physical integration of economies (VIZENTINI,
2007).
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 9
| 9
integral education of students, seeking to develop actions with a view to regional integration
through intercultural education in public schools on the border [...] (BRAZIL, 2012). The
Program proposes changes in the educational environment, that is, aims to adapt the teaching
process to the peculiar reality of border with the expansion of the offer of knowledge, methods,
processes and educational contents.
When considering teaching in two languages, in Spanish and Portuguese, the PEIF
presents three basic principles that distinguish it from other training of teachers in service,
starting with the intercultural work to be outlined in schools, as provided for in ORDINANCE
MEC No. 798 of June 19, 2012:
[...] I - Interculturality, which recognizes borders as a locus of diversity and
that positively evaluates the diverse formative cultures of Mercosur,
promoting the culture of peace, mutual knowledge and the citizens of the
various member countries. This convivenciality takes place with the joint
work of teachers from the two countries in each of the Intercultural Schools
(CRUZE principle), twin or close (BRASIL, 2012, our translation).
Torchi e Silva (2016) show that within the PEIF cultural diversity must be understood
and valued so that the school community understands the richness of the presence of a second
language in its daily life. Thus, the work with interculturality becomes relevant for respecting
differences and promoting cultural encounters.
Therefore, the work of the PEIF must go through the classroom and reach intercultural
aspects that need to be demystified and seen as a reality full of riches typical of border regions,
that is, without prejudice, because the culture present at the border is peculiar to the rest of a
country by integrating two distinct peoples into the same space. To exemplify, Pereira (2002)
points out that Paraguayan children are psychologically abused regarding the use of language
and their culture, because Brazilian teachers have difficulties in considering the complex reality
experienced at the border, that is, many reproduce "the formalism that is required of higher
education bodies, disregarding the cultural diversity present in the classroom" (PEREIRA,
2002, p. 49-50, our translation).
When relating the language, Article 2, item II, of the said Ordinance is presented, plus
a basic principle:
II - Bilingualism, which provides for teaching to be carried out in two
languages, Spanish and Portuguese, with a regular workload or tending to the
peer, with a balanced distribution of the knowledge or disciplines taught in
each of the languages. It also provides for respect for the subject of learning,
the presence in the school of other regional languages, according to the
demand (BRASIL, 2012, our translation).
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 10
| 10
On the above, according to Colaça (2015), it is worth mentioning that the Republic of
Paraguay has been considered bilingual, with Guarani and Spanish as official languages by the
Constitution of that country since 1992. And, the PEIF provides in its Ordinance for bilingual
teaching among Mercosur countries. It is noteworthy that in the specific case of this study, the
relationship established was between Brazil and Paraguay.
The reality, present among border countries, leads to another explicit basic principle in
article 2(III) of Ordinance MEC No. 798/2012, which deals with "III - Common and collective
construction of the Political-Pedagogical Plan of Twin Schools, respecting the school traditions
of the countries involved and including the specific cultural demands of the frontier in the
curriculum" (BRASIL, 2012, our translation).
LDB No. 9,394/96, in line with the provisions of the Federal Constitution of 1988,
article 210, reports that "minimum content will be fixed for elementary school, in order to
ensure common basic training and respect for cultural and artistic values, national and regional".
And, the pedagogical proposal of the schools involved with the PEIF needs to make adjustments
to contemplate the changes envisaged during the implementation of the Program, but without
losing sight of the expressed in the LDB (BRASIL, 1996).
Considering the frontier reality, the author also points out that rethinking the
Pedagogical Proposal (PP) of a school in order to adapt to the proposal of the PEIF implies
promoting changes in all segments of the school, from the manager to the other employees,
always with the participation of the school community (FERNANDES, 2013).
Another point to be highlighted about the PP is the changes that came with the changes
in schools to suit the MEC Ordinance No. 798/2012, that is, the changes in the way of seeing
and considering the student in the document and in the classroom. The PPs of educational
institutions usually meet a standard established by the Departments of Education when
considering the number of students without analyzing the local reality, but the program proposal
provides for the opposite of this practice.
Therefore, reporting in the PP the particularities present in the border demonstrates the
need for change also in the pedagogical practice of the "Twin Schools", as stated in article 2 iii
of the Ordinance in question. To understand the meaning of the term "twin school" or "mirror
school", it is important to use the concept of "twin city" established by Article 1, of the
Ordinance of the Ministry of National Integration No. 125/2014, for those municipalities that
border dry with another country:
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 11
| 11
Twin cities will be considered the municipalities cut by the border line,
whether this drought or river, articulated or not by infrastructure work, which
present great potential for economic and cultural integration, and may or may
not present a conurbation or semi-conurbation with a locality of the
neighboring country, as well as "condensed" manifestations of the problems
characteristic of the border, which acquire greater density there, with direct
effects on regional development and citizenship.
Art. 2 - Twin cities will not be considered those that individually have a
population of less than 2,000 (two thousand) inhabitants.
The term "twin school" also applies to cities located within the perimeter of
150 kilometers, as it is considered a border strip. To conceptualize the term
"border or border strip", we use the Plan for Development and Integration of
the Southern Border Strip of Mato Grosso (BRASIL, 2014, our translation).
On the forms of financing of the Program, Lorenzoni (2013) points out that the PEIF
was funded with resources from the Annual Budget Law (LOA) and with research grants for
teachers, as well as for the managers of the participating schools. From 2014, the proposal to
expand the Program had as priority the number of schools participating in the More Education
Program (SME)
3
and Innovative High School
4
, and, therefore, municipal schools began to
integrate the training. Torchi e Silva (2014) report that for the border school to join the program
it is necessary to register online in the MEC system and, therefore, the school should be part of
the SME.
As for the cost for the implementation of PEIF in schools, Borges (2014) argues that
schools that have joined the More Education Program received an additional resource from the
Direct Money in Schools Program (PDDE) linked to the National Fund for the Development of
Education (FNDE) subordinated to MEC and university, to promote the formation of the PEIF
and develop actions that would qualify the integral training of students in the school
environment. It should be reported that, in the case of this research, the university responsible
for continuing education was the Federal University of Grande Dourados (UFGD).
For Lorenzoni (2013), in general terms, the PEIF was linked to the Secretariat of Basic
Education (SEB) of MEC and 11 municipalities joined the Program throughout Brazil, totaling
3
The Program was created by MEC Ordinance No. 1,144/2016 and governed by FNDE Resolution No. 17/2007
and regulated by Decree No. 7,083/10. Represents a MEC strategy to expand comprehensive education in state
and municipal education networks, expanding the school day to at least seven hours a day, through the performance
of optional activities in macrofields; pedagogical accompaniment; environmental education; sport and leisure;
human rights in education; culture and arts; digital culture; health promotion; communication and use of media;
research in the field of nature sciences and economic education.
4
It was established by Ordinance No. 971 of October 9, 2009, in the context of the implementation of actions
aimed at the Education Development Plan (PDE). The objective of the Program is to support and strengthen the
State and District Education Systems in the development of innovative curricular proposals in high schools,
providing technical and financial support, depending on the dissemination of the culture of a dynamic, flexible
curriculum that meets the expectations and needs of students and the demands of today's society.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 12
| 12
the participation of 17 schools with about 7,500 students enrolled in the initial years of
elementary school, target audience of the Program. In this universe, 250 professors were trained
by ten universities throughout Brazil. In 2014, the Program intended to expand care to 108
schools in 36 municipalities involving about 2,100 teachers receiving continuing education by
15 universities (BORGES, 2014).
The PEIF provided, in its organizational structure, training for university professors,
which would be the multipliers in each state participating in the Program, enabling them to
bring continued training to basic education teachers of each municipality that has been adhering
to the PEIF. According to MEC Ordinance No. 798/2012, Article 8, it is up to universities to
train educators to act in the Program.
MEC, universities and schools: teamwork in PEIF management
There is a regime of collaboration and partnership between MEC, universities and
schools, because the Federal Government was represented in each city located in the border
strip through a federal university, which carried out the continuous training with the teachers
working in the schools participating in the PEIF.
The responsibility attributed to the MEC on the PEIF was limited to the articulation
between universities, State and Municipal Departments of Education, as well as border schools
that adhered to the Program, as expressed in Article 4, of ORDINANCE MEC No. 798/2012.
It is up to the Brazilian Ministry of Education, through the Secretariat of Basic
Education and the International Advisory Council to promote institutional
articulation and technical cooperation between the Ministries of Education of
the member countries, State and Municipal Departments of Education,
universities and the National Council of Education and the State and
Municipal Councils of Education, as well as to guarantee financial resources
to training institutions and schools, achieving the objectives of the Program
(BRASIL, 2012, our translation).
Article 8, of Ordinance MEC No. 798/2012, informs that it is incumbent upon the
university and the realization of teacher training to teachers who work in the Program. The
training promoted by higher education institutions (HEIs) accredited to the PEIF could receive
the support of twin cities or in a border strip. The continuing training to be promoted by the
HEIs should be delineated from the sociolinguistic survey, made by linguists from universities,
to trace the local sociolinguistic profile and, thus, outline the strategies of action.
In Brazil, in Mato Grosso do Sul, the municipalities of Amambai, Aral Moreira, Coronel
Sapucaia, Mundo Novo, Paranhos and Ponta Porã participated in the continuing training for
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 13
| 13
teachers with the city polo for the meetings the last city mentioned. It should be explained that
there was a division of responsibilities between the two federal universities of the State, the
Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) and the Federal University of Grande
Dourados (UFGD), for the realization of continuing training for professionals of the schools
participating in the PEIF. Below are the municipalities participating in the training and the
respective training institutions (Chart 1):
Table 1
- PEIF configuration in Mato Grosso do Sul (2014)
Municipality
Classification
Border Countries
Training University
Amambai
Border Line
Paraguay
UFGD
Aral Moreira
Border Line
Paraguay
UFGD
Bela Vista
Twin City
Paraguay
UFMS
Coronel Sapucaia
Border Line
Paraguay
UFGD
Corumbá
Twin City
Bolivia
UFMS
Mundo Novo
Twin City
Paraguay
UFGD
Paranhos
Twin City
Paraguay
UFGD
Ponta Porã
Twin City
Paraguay
UFGD
Source: Assis (2016)
In 2012, the scope of the Program beyond the Brazil-Paraguay border was expanded,
which had been occurring since 2009. The Brazil-Bolivia border was adhered, precisely in
Corumbá (Brazil) and Puerto Quijarro (Bolivia). In this last locality, continuing education was
under the responsibility of the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) in partnership
with MEC and the Municipal Secretariat of Corumbá (ASSIS, 2016). See Table 2 with the cities
participating in the PEIF under the responsibility of UFGD as a training unit and their respective
participating schools:
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 14
| 14
Table 2
- PEIF Participants under the responsibility of UFGD
Municipality
Schools
Aral Moreira
Escola Municipal Adroaldo Da Cruz
Escola Polo Municipal Indígena Arandu Renda Guarani Kaiowa
Coronel Sapucaia
Escola Municipal Mauricio Rodrigues de Paula
Escola Municipal Fernando de Souza Romanin
Escola Municipal Ruy Espíndola
Mundo Novo
Escola Polo Municipal Carlos Chagas e Extensão Jose Honorato da Silva
Source: Data provided by the PEIF/UFGD Coordination (2014)
Borges (2014) draws attention to the fact that with the realization of continuing
education and the exchange of teachers, we sought to develop an intercultural pedagogical
project that had interculturality as its starting point, with an integral intercultural curriculum as
a focus.
However, the PEIF did not realize CRUCE and with Paraguay's departure from
Mercosur in 2013
5
, it became impossible to exchange between Brazilian and Paraguayan
schools and the consequent shutdown of the country from the PEIF. And with the addition of
municipal schools in 2014 continued training for teachers only among Brazilian schools.
Indeed, the PEIF, as a specific educational policy for the border region, focused on promoting
teaching based on the local reality.
Therefore, the PEIF represented an opportunity for continued training for border
teachers, through joint actions, as well as of common interest for both countries. It also proposed
the breaking of 'pre' concepts and social conflicts through integration, where exchanges between
Brazilian and Paraguayan teachers initiated in the PEBF promoted understanding, as well as
respect for culture and intercultural education. But the failure to carry out CRUCE on this
border during the term of the PEIF symbolized a failure in the implementation of this
supranational policy between Brazil and Paraguay.
5
On June 22, 2012, then-Paraguayan President Fernando Lugo was removed from office. Since the impeachment
process, Paraguay has undergone a suspension process as a member of Mercosur. After paraguay's suspension,
Mercosur elected Venezuela as a permanent member of the regional bloc (FRIZZERA, 2013, p. 156).
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 15
| 15
Final considerations
The PEIF sought, through continuing education, to present to the educator a
methodological proposal in which the "student represents the center of the educational process",
something already discussed in the pedagogical field, regardless of his nationality and
development conditions.
6
It is also worth mentioning that the PEIF in its essence provided for the integration of
the MEC, through universities, with schools and teachers, in which the proposal of MEC
Ordinance No. 798/2012 provided for a continuous training with which the frontier teacher had
the opportunity to review his practice and his posture in the classroom in the face of the peculiar
reality of the border.
The Program outlined new directions for border education with the realization of
continuing education under the responsibility of universities, even not performing CRUCE on
Brazil’
s border with Paraguay brought a new organizational perspective with the arrival of the
university to foster the continued training of teachers. As Assisi (2016) emphasized, the frontier
teacher sees his reality and, therefore, seeks in continuing education a possibility of improving
his practice in the classroom.
From this perspective, it is worth answering the initial question: Has the management
of the PEIF, as a teacher education policy, achieved its objective in education in a border
region? The PEIF, as the last program representing a specific policy for the border, achieved its
objective in parts, because in the last version did not occur the CRUCE, besides not achieving
the support of all schools located in the twin cities or in the border strip. And, its discontinuity
denotes the lack of commitment of the rulers of Mercosur member countries to the specificities
of education in border regions.
However, there are many challenges in this process and the first of these is the 'pre'
concept existing among peers, that is, among teachers for students, in the promotion of
education in border municipalities and evidenced in the schools participating in the PEIF. For
Pereira (2014), the ideal in an intercultural education is covered by the social conflicts present
in the border environment.
Thus, the discrepancies between the teaching taught in Brazil and Paraguay cause
discomfort among the teachers of the border and, thus, the 'pre' concept is established. For this
reason, the PEIF represents a challenge in seeking to overcome this limitation present in the
6
The teacher in this case represents the figure of a "facilitator" of the student's educational process, that is, the
student becomes an apprentice being considered a subject to the extent that he is self-determines. Thus, the center
of the learning process as proposed by the French law of 1989 (BOUTIN, 2017) is gained.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 16
| 16
educational environment.
The CRUCE was considered challenging by educators taking into account the social
conflicts masked by the 'pre' concept already mentioned, but also because it represents a society
distinct from the others due to the intertwining of the cultures of two countries, Brazil and
Paraguay.
According to Pereira (2014), border education itself is challenging, because in addition
to Brazilian students, the city's schools receive Paraguayan children, who have official
documents from Brazil (such as birth records) and Paraguay, thus becoming citizens with dual
nationality. And therefore, they acquire the right to education like any individual in the exercise
of their citizenship.
Another challenging point of border education is related to language, as Alvarez (2016)
points out when he conceptualizes linguistic hybridism, popularly known as "portunhol", which
is nothing more than the mixture in the orality of the Portuguese language with Spanish, then
occurring a linguistic binarism and, therefore, the "cultural walls" are delimited in an attempt
to overlap one culture by the other.
It should be made explicit that the PEIF provides for language teaching and not foreign
language teaching. In the case of reality between Brazil and Paraguay, the teaching of the
Portuguese language, Guarani and Spanish, that is, it is not a bilingual work, but multilingual,
which the school needs to provide during the reformulation of the PPP and the university must
work in continuing education for the teachers involved.
For this reason, it is challenging to work with the language at the border. So much so
that when Alvarez (2016) mentions the need for educational policies that address border
specificity as well as the continued training of teachers, I ratify that such concern should not
only be for graduates in Letters, but aimed at all licensed professionals who are at work in basic
frontier education.
However, the discontinuity of the program in 2015 marked the end of a specific policy
for the border region. Because it is a project instituted by the Federal Government, its formal
completion should have taken place, but there was no repeal of its Ordinance. Thus, its
resumption becomes challenging, as it requires investments by the Government and the
rapprochement with border schools. Therefore, the biggest challenge lies in overcoming the
economic crisis scenario experienced in Brazil.
Finally, there are many factors that compromise access to education with quality and
social responsibility on the part of the governments. Thus, the gap in the current educational
policy regarding local specificities, such as education in the border region, is evident.
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 17
| 17
REFERENCES
ALBUQUERQUE, J. L. Conflito e integra
ção nas fronteiras dos “brasiguaios”.
Caderno
CRH
, Salvador, v. 23, n. 60, p. 579-590, set./dez. 2010. Available:
https://www.scielo.br/j/ccrh/a/km4KGffFHYwrDFxtbkhBvNN/?format=pdf&lang=pt.
Access: 10 Feb. 2021.
ALVAREZ, I. M. J.
O (in)cômodo hibridismo linguístico dos alunos da fronteira
Brasil/Uruguai
: O desafio docente. 2016. 198 f. Tese (Doutorado em Letras)
–
Universidade
Católica de Pelotas, Pelotas, 2016.
ASSIS, J. H. do. V. P. Veias abertas nas fronteiras internacionais do Brasil: percalços na
efetivação da educação como um direito universal.
International Studieson Law and
Education
, v. 22, p. 83-94. jan./abr. 2016.
BAKER, J.
Evaluating the impact of development projects on poverty
: A handbook for
practitioners. Washington: World Bank, 2000.
BORGES. P. Programa Escolas Interculturais de Fronteira: uma proposta pedagógica
intercultural.
In
: BRASIL. TV Escola.
Salto para o Futuro
. Escolas Interculturais de
Fronteira. 2014. ano XXIV.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Censo 2013
. Brasília, DF: IBGE,
2017.Disponívelem:
http://www.cidades.ibge.gov.br/temas.php?lang=&codmun=500660&idtema=130&search=m
ato-grosso-do-sul\ ponta-pora\estimativa-da-populacao-2015. Access: 18 July 2020.
BRASIL. Ministério da Educação.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: MEC, 23 de dez. 1996. Available:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394compilado.htm. Access: 05 May 2019.
BRASIL. Ministério da Educação.
Portaria n. 798, de 19 de junho de 2012
. Institui o
Programa Escolas Interculturais de Fronteira, que visa a promover a integração regional por
meio da educação intercultural e bilíngue. Brasília, DF: MEC, 2012. Available:
http://educacaointegral.mec.gov.br/images/pdf/ port_798_19062012.pdf. Access: 01 May
2019.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional.
Portaria n. 125, de 21 de março de 2014
.
Estabelece o conceito de cidades-gêmeas nacionais, os critérios adotados para essa definição e
lista todas as cidades brasileiras por estado que se enquadram nesta condição. Brasília, DF:
MI, 2014. Available:
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/servlet/INPDFViewer?jornal=1&pagina=45&da-
ta=24/03/2014&captchafield=firistAccess. Access: 27 Apr. 2019.
BUENO, M. L. M. C.
Ensino fundamental de nove anos
: Implementação e organização
escolar em Dourados
–
MS. 2010. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação)
–
Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2010.
CASTRO, R. C. L. de.
Integração constituinte dos países do MERCOSUL por meio da
educação superior Universitária
. Análise em uma perspectiva histórico-cultural. 2013. 224
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 18
| 18
f. Tese (Doutorado em Ciências
–
Integração da América Latina)
–
Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
CELLARD, A. A análise documental.
In
: POUPART, J.; DESLAURIERS, J. P.; GROULX,
L. (org.).
A pesquisa qualitativa
: Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2008. p. 295-334.
COLAÇA, J. P.
O Guarani como língua oficial e a promoção de um bilinguismo
imaginário no Paraguai
. 2015. 397 f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem)
–
Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2015.
CURY, C. R. J. A Educação Básica no Brasil.
Educação & Sociedade
, Campinas. v. 23, n.
80, p. 168-200, set. 2002. Available:
https://www.scielo.br/j/es/a/Hj6wG6H4g8q4LLXBcnxRcxD/?lang=pt&format=pdf. Access:
17 Feb. 2021.
DRAIBE, S. M. Coesão social e integração regional: a agenda social do Mercosul e os
grandes desafios das políticas sociais integradas.
Cadernos de Saúde Pública
, São Paulo, v.
23, p. 174-183. 2007.
FERNANDES, E. A.
Experiências Linguísticas
: Como se faz a educação bilíngue com
implementação da metodologia do Projeto Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira na
fronteira entre Brasil e Paraguai. 2013. 86 f. Dissertação (Mestrado em Letras)
–
Faculdade de
Comunicação, Artes e Letras, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS,
2013.
FERNANDES, R. M. C.; HELLMANN, A.
Dicionário crítico
: Política de assistência social
no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2016.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educação básica no Brasil na década de 1990:
Subordinação ativa e consentida à lógica do mercado.
Educação & Sociedade
, Campinas, v.
24, n. 82, p. 93-130, 2003.
LORENZONI, I. Programa intercultural terá mais países, cidades e idiomas.
In
: BRASIL.
Ministério da Educação.
Escola de Fronteira
. Brasília, DF: MEC, 05 nov. 2013. Available:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=19218. Access: 13
Dec. 2019.
NIBUHR, A. N.; ENNS, M. W.
La Reforma del Estado Paraguayo
: Descentralización
política y administrativa. 1996. Dissertação (Mestrado)
–
Universidade Nacional de Asunción,
Assunção, 1999.
PARAGUAI.
Ley General de Educación n. 1.264, de 26 de maio de 1998
. Asunción, PY:
Congreso de la Nación Paraguaya, 1998. Available:
http://www.une.edu.py/web/images/pdf/Ley1264.PDF. Access: 29 July 2017.
PEREIRA, J. H. do V.
Educação e fronteira
: Processos identitários de migrantes de
diferentes etnias. 2002. Tese (Doutorado em Educação)
–
Faculdade de Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2002.
image/svg+xml
The management of the Border Intercultural Schools Program (PEIF) on the border of Brazil and Paraguay
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 19
| 19
RODRIGUES, C. Z. A fronteira como espaço de partida: processos discursivos entrelaçados.
In
: PINTO, A. C. T.; SILVA, M. R. da.
De frente para a fronteira
: Reflexões sobre a
educação em área de fronteira. Chapecó, SC, 2014.
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O.
Política educacional
. 2. ed.
Rio de Janeiro: DP & A, 2002.
SILVA, F L. G. R. da.; FERNANDES, S. R. de S.; SILVA, S. J. R. da. Políticas educacionais
e educação intercultural: implicações sobre os currículos escolares e construção de
identidades descolonizadas.
Revista Educação e Fronteiras On-Line
, Dourados, v. 8, n. 22,
p. 72-88, jan./abr. 2018. Available:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/9706/5081. Access: 15 Feb. 2021.
STURZA, E. R. Das experiências e dos aprendizados no Programa Escolas Interculturais de
Fronteiras.
In
: BRASIL. TV Escola.
Salto para o Futuro
. Escolas Interculturais de Fronteira.
2014.
ano XXIV.
THE WORLD BANK.
GDP per capita (current US$)
. 2016. Available:
https://data.worldbank.org/indicator/ny.gdp.pcap.cd. Access: 01 Feb. 2021.
TORCHI, G. da F. C.; SILVA, C. P. da. A expansão do Programa Escolas Interculturais de
Fronteira no Estado de Mato Grosso do Sul.
Revista GeoPantanal
, Corumbá, n. 17, p. 33-46,
jul./dez. 2014. Available: https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/273.
Access: 25 Jan. 2021.
TORCHI, G. da F. C.; SILVA, C. P. da. O retrato da fronteira Sul-Mato-Grossense por meio
da expansão do Programa Escola Interculturais de Fronteira.
In
: PINTO, A. C. T.; SILVA, M.
R. da.
Programa Escola Interculturais de Fronteira (PEIF)
: 10 anos. Tubarão: Copiart,
2016.
image/svg+xml
Mara Lucineia Marques Correa BUENO
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021020, 2021. e-ISSN: 2237-258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16517
| 20
| 20
About the author
Mara Lucinéia Marques Correa BUENO
Adjunct Professor, Federal University of Mato Grosso do Sul.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, normalization and translation.