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Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021014, 2021. e-ISSN: 2237-258X
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A LÓGICA DO CAPITAL E SEUS REFLEXOS SOBRE AS POLÍTICAS DE
FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
LA LÓGICA DEL CAPITAL Y SUS REFLEXIONES SOBRE POLÍTICAS PARA LA
FORMACIÓN CONTINUA DE PROFESORES DE EDUCACIÓN BÁSICA
THE LOGIC OF CAPITAL AND ITS ECHOES ON THE NATIONAL CONTINUING
EDUCATION POLICY FOR BASIC EDUCATION TEACHERS
Áurea Augusta Rodrigues da MATA
Universidade Federal da Paraíba
e-mail: aurea.augusta@academico.ufpb.br
Como referenciar este artigo
MATA, A. A. R. de. A lógica do capital e seus reflexos sobre as políticas de formação
continuada dos professores da educação básica.
Revista Educação e Fronteiras
, Dourados, v.
11, n. esp. 1, e021014, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16501
Submetido em
: 13/06/2021
Revisões requeridas em
: 09/08/2021
Aprovado em
: 15/09/2021
Publicado em
: 30/10/2021
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Áurea Augusta Rodrigues da MATA
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RESUMO
:
O artigo trata das políticas educacionais, precisamente, a política de formação
continuada dos professores da educação básica nacional e no Estado de Pernambuco. No Estado
estão inseridas no Programa Pacto Pela Educação, tido pelo governo como política pública de
impacto social e colocado no âmbito dos temas estratégicos para desenvolvimento do Estado.
Realizamos análise do ordenamento legal nacional e estadual e do ordenamento curricular
estadual que tratam da temática e percebemos que as políticas estão pautadas pela lógica do
capital, tendo por base a política de responsabilização que agrega meritocracia e gerencialismo,
com foco nas avaliações externas, nos índices educacionais e distribuição de bônus - o que
acaba por operacionalizar uma desqualificação do trabalho docente e da escola, representando
a manutenção e reprodução das relações sociais dominantes, ligadas à teoria do capital humano,
travestido de defesa do direito de aprender. Por fim, reafirmamos a defesa de uma demanda
histórica da categoria por política de formação e de valorização dos profissionais, capaz de
articular formação inicial e continuada, com condições básicas de trabalho, articulada com a
luta mais geral da política educacional no país, a partir de referências que coloquem a educação
para além da lógica do capital.
PALAVRAS-CHAVE
:
Políticas educacionais. Formação continuada. Lógica do capital.
RESUMEN
:
El artículo trata sobre las políticas educativas, precisamente, la política de
formación continua para docentes de la educación básica brasileña y de la Província de
Pernambuco. En la Província, son parte del Programa Pacto pela Educação, considerado por
el gobierno como una po lítica pública de impacto social y colocado en el ámbito de los temas
estratégicos para el desarrollo del Estado. Lo hicimos un análisis del orden jurídico nacional y
de la província y del orden curricular de la provincia que abordan la temática y nos dimos
cuenta que las políticas se rigen por la lógica del capital, con base en la política de rendición
de cuentas que suma meritocracia y gerencialismo, enfocándose en evaluaciones externas, en
los índices educativos y distribución de bonificaciones, que acaba operacionalizando una
descalificación del trabajo docente y de la escuela, representando mantenimiento y
reproducción de las relaciones sociales dominantes, ligadas a la teoría del capi tal humano,
disfrazada de defensa del derecho a aprender. Finalmente, reafirmamos la defensa de una
reivindicación histórica en la categoría de una política de formación continua y valorización
de profesionales, capaz de articular la formación inicial y continua, con condiciones básicas de
trabajo, articulada con la lucha más generalizada de la política educativa en el país, a partir
de referencias que sitúan la educación más allá de la lógica del capital.
PALABRAS CLAVE
:
Políticas educativas. Educación continua. Lógica del capital.
ABSTRACT
:
This paper deals with the educational policies, precisely, with the national
continuing education policy for basic education teachers in the state of Pernambuco. This State
is inserted in the national program “Pacto Pela Educação” (Pact for Education). National
Government have seen this program as an essential public policy and a strategic theme for the
State development. Here, we analyze the national legal ordering and state curricular ordering
that treat this topic and we realize that these policies are generally based on the logic of capital,
grounded on accountability policy that adds meritocracy and managerialism, focused on
external exams, educational index and bonus payments that disqualify the teachers and school
officials work. Maintaining and reproducing dominant social relations, linked to the Human
Capital Theory, however in the guise of the right to learn speech. Finally, we reaffirm and
defend historical demands of this working class, mainly initial and continued qualification,
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A lógica do capital e seus reflexos sobre as políticas de formação continuada dos professores da educação básica
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appreciation of their work and basic working conditions for them. All of this together with the
overall quest for Brazilian high-quality education, apart from education based on logic of
capital.
KEYWORDS
: Educational policies. Continuing education. Logic of capital.
Introdução
O estudo aqui apresentado é parte de uma pesquisa desenvolvida em nível de
doutoramento que versa sobre as políticas educacionais, mais precisamente, sobre a política de
formação continuada dos professores da educação básica nacional e do Estado de Pernambuco.
Partimos do estudo das principais leis educacionais, procurando analisar as políticas que
orientam a formação continuada dos professores da educação básica, discutindo-as em termos
gerais e específicos, em nível federal e estadual. O interesse nessa temática justifica-se por esta
se inserir em um dos campos de estudos da educação que nos últimos períodos ampliou a sua
importância para a categoria de profissionais da educação, bem como, para o desenvolvimento
de políticas públicas para e da Educação em âmbito nacional e estadual. Junta a essas questões,
o fato de termos atuado como professora da educação básica durante doze anos e vivido essa
necessidade/realidade no “chão” da escola.
É relevante ressaltarmos que tratamos a formação continuada neste estudo a partir do
que vem sendo defendido pelos movimentos dos educadores, especificamente pela ANFOPE,
bem como pelos debates travados durante a Conferência Nacional de Educação (CONAE 2010
e 2014), que apontam a necessidade de termos a formação continuada dos profissionais da
educação compreendida ao nível das políticas públicas, pautada na condição de direito dos
profissionais e dever do Estado e, enquanto políticas públicas, sejam pensadas de forma
coletiva, a partir da demanda coletiva, para além das iniciativas individuais. A formação e a
valorização dos profissionais da educação são indissociáveis.
Alguns pesquisadores como Taffarel e Rodrigues (2010) reconhecem esse debate como
uma demanda histórica e imediata e vão mais adiante, quando reconhece também, a necessidade
de uma política global de formação e de valorização dos profissionais da educação, capaz de
articular formação inicial e continuada, com as condições de trabalho, com o piso salarial e a
carreira, como condições básicas de trabalho para os profissionais da educação, bem como,
articulada com a luta mais geral dos rumos da política educacional no Brasil.
As discussões pertinentes à política de formação continuada dos professores, efetivadas
historicamente pelos movimentos de educadores
–
Associação Nacional pela Formação dos
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Profissionais de Educação (ANFOPE), Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em
Educação (ANPED), Associação Nacional de Políticas e Administração da Educação
(ANPAE), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), e Fórum Nacional
em Defesa da Educação Pública, vêm pautando e apontando os (des) caminhos das políticas
educacionais, de forma geral, e das políticas de formação inicial e continuada dos professores,
bem como, os elementos possíveis para a superação das condições atuais em que se encontra a
educação e, em particular, a formação de professores.
As discussões e análises destes movimentos apontam a necessidade de um processo de
formação ampla que seja orientado pela construção permanente do conhecimento, bem como
defendem a construção e consolidação de uma política global de formação e de valorização dos
profissionais da educação. No entanto, o que vem acontecendo, nacionalmente, no âmbito das
políticas de formação continuada de professores - conforme aponta alguns estudos da área, tais
como: Leal, Borges e Ribeiro (2019), Silva, Conrado e Luz (2011) e De Albuquerque (2014),
dentre outros - é a priorização de uma política pautada pela valorização do capital humano com
interesses focados nas transformações socioeconômicas oriundas das exigências do capital,
sendo essa uma das questões apontadas também na nossa pesquisa.
No âmbito das políticas educacionais no Brasil, ocorrem disputas de projetos com
concepções distintas do papel do Estado, de educação, de sociedade e de homem: de um lado,
os órgãos multilaterais ditam suas normas e modelos e pautam a educação como mercadoria,
focada nas competências e habilidades que dão respostas aos interesses do capital (FREITAS,
2014); de outro, um projeto fundamentado na concepção histórico-social, que faz parte da luta
histórica dos movimentos de educadores, marcado pela crítica e pela reflexão-ação, pauta as
demandas necessárias à classe trabalhadora, defende uma educação de qualidade referenciada
socialmente, a fim de que os filhos da classe trabalhadora possam apoderar-se e empoderar-se
do conhecimento produzido pela humanidade (FREITAS, 2014).
Ainda de acordo com Freitas (1999, p. 18), no quadro das políticas educacionais
neoliberais e das reformas educ
ativas, cujas palavras de ordem são “qualidade total”,
“modernização da escola”, “adequação do ensino à competitividade do mercado internacional”,
é possível perceber que “a educação constitui
-se em elemento facilitador importante dos
processos de acumulação capitalista e, em decorrência, a formação de professores ganha
importância estratégica para a realização dessas reformas no âmbito da escola e da educação
básica”. Os processos educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodução estão
interligados, conforme Mészáros (2006).
Diante essas questões, nosso objetivo foi analisar a política de formação continuada dos
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professores da educação básica nacional e no estado de Pernambuco, estabelecendo relações
com as transformações socioeconômicas oriundas das exigências do capital. A pergunta que
norteia de modo mais específico o nosso estudo: Quais relações e nexos são estabelecidos entre
a política de formação continuada dos professores da educação básica do estado de
Pernambuco, com as políticas públicas educacionais na esfera federal, especificamente, com a
Política Nacional de Formações dos Profissionais do Magistério da Educação Básica?
Para o desenvolvimento metodológico da pesquisa, optamos por trabalhar com o método
de análise de conjuntura, por avaliarmos que as políticas públicas educacionais são pautadas
também pelas relações econômicas e sociais, pelas correlações de força estabelecidas na
sociedade, o que causa uma dinâmica constante. Análise de conjuntura se faz buscando
identificar na realidade surgida o que a constitui, os atores e os interesses em jogo, relação de
forças e articulação (relação) entre “estrutura” e “conjuntura”.
Segundo Souza (1995, p. 08):
A análise da conjuntura é uma mistura de conhecimento e descoberta, é uma
leitura especial da realidade e que se faz sempre em função de alguma
necessidade ou interesse. Nesse sentido não há análise de conjuntura neutra,
desinteressada: ela pode ser objetiva, mas estará sempre relacionada a uma
determinada visão do sentido e do rumo dos acontecimentos.
Trabalhar com esse método de análise é assumir o desafio de qualquer análise de
conjuntura, que é “[...] compreender as interrelações das partes que forma o todo, pois a
totalidade é um conjunto de múltiplas determinações” (ALVES,
2008, p. 01). No nosso estudo
trabalhamos nessa perspectiva, ou seja, abordamos de forma geral as políticas públicas
educacionais federais e estaduais, até chegarmos especificamente, às políticas de formação
continuada de professores da educação básica federal e do estado de Pernambuco. Realizamos
resgate histórico e levantamento das leis, portarias, decretos e documentos oficiais atuais
nacionais e do estado de Pernambuco que tratam da temática e desenvolvemos análise de tais
ordenamentos legais, bem como, buscamos identificar as relações estabelecidas entre a política
de formação continuada dos professores da educação básica nacional e no estado de
Pernambuco e as transformações socioeconômicas oriundas das exigências do capital.
Delimitamos como marco de tempo o período de 2010 a 2014, por ser nesse período que
nacionalmente foi instituída, mediante o Decreto n. 6.755, de 29 de janeiro de 2009, a Política
Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica (BRASIL, 2009a).
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Para Azevedo (2004, p. 05), as políticas públicas são aquelas que “[...] representam a
materialidade da intervenção do Estado, ou o Estado em Ação”; e, em um plano mais concreto,
“o conceito de
políticas públicas implica considerar os recursos de poder que operam na sua
definição e que tem nas instituições do Estado, sobretudo na máquina governamental, o seu
principal referente” (AZEVEDO, 2004, p.
05).
De acordo com Souza (2006), várias foram as causas que levaram a visibilidade das
políticas sociais: a adoção de políticas restritivas de gastos, as novas visões sobre o Estado,
passando das políticas keynesianas do pós-guerra para as políticas restritivas de gastos, assim
como as dificuldades de alguns países, especialmente os da América Latina, de conseguir
formar coalizões políticas capazes de equacionar minimamente formulações de políticas
públicas que dessem respostas aos problemas econômicos e, portanto, à inclusão social. Nos
anos 80, essa discussão começou a ganhar centralidade no Brasil, também oriunda das crises
econômicas, fazendo com que a política pública tivesse um espaço mais amplo de discussão
tanto no âmbito social como no acadêmico. Esse espaço foi proveniente das reflexões sobre as
políticas neoliberais adotadas em diversos países.
Com a aplicação de políticas neoliberais e o aprofundamento no processo de inserção
no mercado globalizado dos países da América Latina nos anos 90, houve uma profunda
reforma do Estado redefinindo-se os limites entre o público e o privado. Além da reforma do
Estado, nessa década houve também um processo de privatização e de endividamento nunca
antes vistos no Brasil. A experiência da Inglaterra no Governo de Margareth Thatcher serviu
de modelo, no que se refere ao processo de privatização desenvolvido e também ao corte do
orçamento público, que trouxeram efeitos negativos para a população que depende dos serviços
públicos.
A hegemonia neoliberal vem causando importantes reconfigurações nas políticas
sociais: desemprego de longa duração, precarização das relações de trabalho, ampliação dos
empregos temporários sem nenhuma garantia de direitos, desenvolvimento de programas
sociais focados na transferência de renda, ou renda mínima. O capital em crise utiliza-se de
estratégias decorrentes de sua primordial contradição
–
o irreconciliável antagonismo entre
capital e trabalho
–
que despontam nas reconfigurações citadas aumentando as taxas de
exploração, intensificadas a níveis cada vez mais desumanos, e a lei tendencial da taxa crescente
do valor-de-uso das mercadorias
1
. Concebemos o conceito de Estado assim como Peroni (2003,
1
Mészáros (2002) chamou de “lei tendencial da taxa crescente do valor
-de-
uso das mercadorias”, a tendência de
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p. 22), “Estado histórico, concreto, de classe e, nesse sentido, Estado máximo para o capital, já
que, no processo de correlação de forças
em curso, é o capital que detém a hegemonia”. E o
que vem acontecendo no Brasil e em outros países da América Latina, é a sobreposição de uma
política de beneficiar uns poucos à custa de muitos, os ricos à custa dos pobres. O Estado, no
Brasil, país caracterizado como capitalista, periférico e dependente, e em tantos outros países,
é a renúncia do papel de executor ou prestador direto de serviços, pelo papel de regulador e
provedor destes serviços, principalmente dos serviços sociais essenciais como educação e
saúde. Tomando como referência mais uma vez Peroni (2003), “o caráter classista do Estado é
acentuado na medida em que ele se retira passando as políticas sociais para o controle do
mercado”.
Na situação que estamos vivenciando é praticamente impossível negar que os processos
educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodução estão interligados;
operacionalizar uma mudança educacional requer operacionalizar mudanças na estrutura social
vigente que afete diretamente a contradição básica da sociedade capitalista, que é entre capital
e trabalho. Uma questão que podemos ressaltar em relação às políticas públicas educacionais
no Brasil é o fato de termos historicamente, mais políticas governamentais, em detrimento de
políticas de Estado. Para
Dourado (2011, p. 55), “Compreender a educação como política
pública e percebê-la na articulação com as demais políticas é fundamental para contribuir para
o processo de sua efetivação como política de Estado”. A crise da educação se manifesta tanto
no plano econômico como no político. A educação formal está profundamente integrada na
totalidade dos processos sociais.
O sistema educacional formal da sociedade não pode funcionar
tranquilamente se não estiver de acordo com a estrutura educacional geral
–
ist
o é, com o sistema específico de “interiorização” efetiva –
da sociedade em
questão. A crise das instituições educacionais é então indicativa do conjunto
de processos dos quais a educação formal é uma parte constitutiva
(MÉSZÁROS, 2006, p. 275, grifos do autor).
Diante as circunstâncias, é perceptível que a lógica do capital afeta diretamente as
políticas educacionais, as políticas postas em desenvolvimento são na sua maioria, quiçá todas,
dirigidas para dar conta das demandas do mercado em detrimento de atender as demandas da
classe trabalhadora; não podemos negar que a política educacional sofre imposições das
estruturas políticas, econômicas e sociais, nos diversos contextos sócio-históricos, e, portanto,
é preciso repensá-las.
uma mercadoria ter seu tempo de “vida útil” reduzido ao máximo, a fim de que seja muito
rapidamente trocada
por uma nova.
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Limitar uma mudança educacional radical às margens corretivas interesseiras
do capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o
objetivo de uma transformação social qualitativa. Do mesmo modo, contudo,
procurar margens de reforma sistêmica na própria estrutura do sistema do
capital é uma contradição em termos. É por isso que é necessário romper com
a lógica do capital se quisermos contemplar a criação de uma alternativa
educacional significativamente diferente (MÉSZÁROS, 2005, p. 27, grifos do
autor).
Somos favoráveis à discussão de que as políticas sociais não podem ser percebidas
apenas na sua expressão fenomênica, isolada, é preciso percebê-las na sua essência, situá-las na
realidade social sob o ponto de vista da totalidade concreta (KOSIK, 2002).
Nessa perspectiva, o estudo das políticas sociais deve considerar sua múltipla
causalidade, as conexões internas, as relações entre suas diversas
manifestações e dimensões. Do ponto de vista histórico, é preciso relacionar
o surgimento da política social às expressões da questão social que possuem
papel determinante em sua origem (e que, dialeticamente, também sofrem
efeitos da política social). Do ponto de vista econômico, faz-se necessário
estabelecer relações da política social com as questões estruturais da economia
e seus efeitos para as condições de produção e reprodução da vida da classe
trabalhadora. Dito de outra forma, relaciona as políticas sociais às
determinações econômicas que, em cada momento histórico, atribuem um
caráter específico ou uma dada configuração ao capitalismo e às políticas
sociais, assumindo, assim, um caráter histórico-estrutural. Do ponto de vista
político, preocupa-se em reconhecer e identificar as posições tomadas pelas
forças políticas em confronto, desde o papel do Estado até a atuação de grupos
que constituem as classes sociais e cuja ação é determinada pelos interesses
da classe em que se situam (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 43).
A crise do capital exige respostas dos diversos setores e a educação não ficou fora dessa
lógica. A cada modificação relevante na produção e distribuição de riqueza, exigem-se
trabalhadores ainda mais interligados aos interesses do capital e, consequentemente, práticas
educativas subordinadas a esses interesses que, historicamente, assumem formas e conteúdos
diversos. E todas essas mudanças são pautadas a partir dos interesses e exigências do capital e
isso é oriundo também de diversos processos de crises que o sistema capitalista passa desde seu
surgimento. De acordo com Harvey (2011, p. 100), “As
crises são em suma, tão necessárias
para a evolução do capitalismo como o dinheiro, o poder do trabalho e o próprio capital”. Para
compreender o contexto sócio-histórico-político, precisamos, necessariamente, compreender a
acumulação do capital e suas crises. Esta crise estrutural nos ensina uma importante lição:
dentro dos marcos do sistema do capital ela é insolúvel e, por isso, é preciso construir um
caminho para além do capital, para garantir a continuidade da humanidade; e, pensar a
sociedade tendo como parâmetro o ser humano, exige a superação da lógica desumanizadora
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do capital - que tem no individualismo, no lucro e na competição seus fundamentos - exige
também, uma transformação social, ampla e emancipadora. E a transformação social
emancipadora necessária é inconcebível sem uma concreta e ativa contribuição da educação no
seu sentido amplo (MÉSZÁROS, 2005, p. 76), e essa é a nossa tarefa educacional.
A política nacional e local de formação continuada diante desse contexto
De forma mais
intensa, a política de formação continuada se “estabelece” no Brasil na
década de 1990, no contexto das reformas educacionais, atrelada às concepções de educação
defendidas pelo capital tendo como foco a valorização do capital humano, tais como “aprender
a
aprender” e, passou a ser exigência da legislação educacional se constituindo cada vez mais
como uma necessidade, tanto para viabilizar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem
como para atender as novas necessidades postas pela globalização neoliberal. A teoria do capital
humano guarda uma ligação estreita com as relações sociais de produção e reprodução
capitalista (FRIGOTTO, 2010).
No âmbito específico da Política de Formação de Professores da Educação Básica, no
ano de 2004 foi instituído a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, composta
por universidades atuando junto às redes públicas de ensino para desenvolver a Formação
Continuada de professores da Educação Básica em áreas específicas, são elas: a) Alfabetização
e Linguagem; b) Educação Matemática e Científica; c) Ensino de Ciências Humanas e Sociais;
d) Artes e Educação Física; e) Gestão e Avaliação da Educação. E também, foi instituída a
Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, a partir do
decreto n. 6.755/2009, que tem como finalidade organizar, juntamente com os Estados, Distrito
Federal e Municípios, a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério das redes
públicas de educação básica (BRASIL, 2009a).
De acordo com o referido decreto, a política cumprirá com seus objetivos por meio de
Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente, eles são órgãos colegiados, e
dentre suas principais funções estão: elaborar e acompanhar a execução de um plano
estratégico, definir prioridades e metas do programa em cada estado, coordenar as ações de
formação de professores e propor ações específicas para garantia de permanência e rendimento
satisfatório dos professores de educação básica. A Portaria nº 883, de 16 de setembro de 2009,
estabelece as diretrizes nacionais para o funcionamento dos Fóruns Estaduais (BRASIL,
2009b).
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instituída em 2009 apresenta diversos princípios dos quais destacamos:
✓
A formação docente para todas as etapas da educação básica como compromisso
público de Estado, buscando assegurar o direito das crianças, jovens e adultos à educação de
qualidade, construída em bases científicas e técnicas sólidas;
✓
A formação dos profissionais do magistério como compromisso com um projeto
social, político e ético que contribua para a consolidação de uma nação soberana, democrática,
justa, inclusiva e que promova a emancipação dos indivíduos e grupos sociais;
✓
A articulação entre a teoria e a prática no processo de formação docente, fundada
no domínio de conhecimentos científicos e didáticos, contemplando a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão;
✓
A importância do docente no processo educativo da escola e de sua valorização
profissional, traduzida em políticas permanentes de estímulo à profissionalização, à jornada
única, à progressão na carreira, à formação continuada, à dedicação exclusiva ao magistério, à
melhoria das condições de remuneração e à garantia de condições dignas de trabalho;
✓
A articulação entre formação inicial e formação continuada, bem como entre os
diferentes níveis e modalidades de ensino;
✓
A formação continuada entendida como componente essencial da
profissionalização docente, devendo integrar-se ao cotidiano da escola e considerar os
diferentes saberes e a experiência docente.
Não podemos negar que esses princípios são importantes para o desenvolvimento de
uma política educacional focada na perspectiva social, política e de competência técnica,
articulados ao debate da carreira, jornada de trabalho e remuneração, a formação continuada é
indispensável à valorização profissional. Contudo, é necessário questionar a respeito das
relações estabelecidas entre a referida política e as transformações socioeconômicas oriundas
das exigências do capital.
De acordo com a ANFOPE (2012):
A política de formação dos profissionais da educação no nosso país tem sido
uma temática que vem sendo posta nas agendas dos governos nessas duas
últimas décadas com uma preocupação de atender ao processo de globalização
e especialmente às políticas orientadas pelos organismos multilaterais, a
exemplo do Banco Mundial. Essa orientação vem sendo constantemente
questionada pelos movimentos sociais organizados de educadores que
pleiteiam uma política de qualidade na formação desses profissionais.
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Os dilemas na implementação das políticas educacionais após a LDBEN n. 9394/96 são
múltiplos, a autora Brzezinski (2009), destaca alguns que considera como os mais expressivos
dilemas deste momento histórico no campo das políticas de formação de profissionais da
educação e, dentre eles, destacamos o que está intimamente ligado ao nosso objeto de estudo.
A autora aponta o descarte pelo poder instituído no MEC da constituição de um Sistema
Nacional de Formação e de Valorização dos Profissionais da Educação, que por um lapso de
tempo revigorou a expectativa de o Movimento de Educadores conseguir concretizar a histórica
reivindicação de instalação de uma política global de formação e de valorização dos
profissionais da educação, capaz de contemplar formação inicial e continuada articuladas às
condições de trabalho, piso salarial e carreira como uma das condições de melhoria da qualidade
da educação básica.
A decepcionante desistência se verificou com a homologação do Decreto n. 6.755, de
29/0/2009, que instituiu a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da
Educação Básica. Neste sentido, diz a autora, o desafio que se apresenta para o Movimento
Nacional de Educadores é o de tentar acompanhar e avaliar a implementação dessas políticas,
assim como fazer investidas para assegurar a participação das entidades acadêmicas
representativas do movimento como membros integrados aos Fóruns Estaduais Permanentes de
Apoio à Formação Docente, previstos no Art. 4º do Decreto n. 6.755/2009 (BRASIL, 2009a).
No cenário das políticas educacionais neoliberais, a educação é tida como um elemento
facilitador dos processos de acumulação capitalista e cada vez mais é tratada como mercadoria,
como setor de investimento de grandes empresários, que se colocam como “defensores” da
educação de qualidade. Mas que qualidade? Para os empresários, é saber ler, escrever, contar e
algumas competências mais que estão sendo esperadas na porta da fábrica, medidas em um teste
padronizado. Para os educadores uma educação de qualidade social, está voltada para os
valores, para a formação humana ampla. De acordo com Freitas (2014), os
empresários/reformuladores educacionais têm consciência da importância do professor, por
isso, o foco de controle dos reformadores empresariais é o professor.
Nacionalmente, para além do que já foi exposto, podemos destacar enquanto política
educacional que de alguma forma trata da formação continuada dos professores da educação
básica: a constituição da Diretoria de Educação Básica Presencial (DEB) através da Lei 11.502,
de 11 de julho de 2007, a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional
de Educação, a Resolução nº 2, de 1º de Julho de 2015 que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais
–
DCN´s - para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos
de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação
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continuada, o Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016, que dispõe sobre a Política Nacional de
Formação dos Profissionais da Educação Básica. Importante enfatizar que as políticas mais
recentes, são marcos históricos significativos que tem possibilitado importantes mudanças na
compreensão da necessidade de termos política de formação continuada. Contudo, não é mais
suportável que tais políticas continuem sendo constituídas “apenas” para dar respostas às
demandas do mercado, é urgente que elas atendam de fato as demandas históricas dos
movimentos de educadores.
Os embates históricos e a luta de ideias no campo da formação de professores
fazem parte não apenas dos estudos e investigações acadêmicas, mas,
principalmente, da luta político-ideológica, que perpassa as concepções
–
de
sociedade, educação e escola quando tratamos da formação dos profissionais
da educação
–
magistério e funcionários de apoio escolar
–
e do futuro que
queremos para o nosso país (FREITAS, 2012, p. 211).
Um passo relevante no âmbito das referidas disputas é conseguir fazer com que as
propostas postas no papel sejam de fato efetivadas, ou seja, que as políticas educacionais
aprovadas enquanto leis, decretos, portarias, dentre outros ordenamentos legais, sejam postas
em prática, e, cabe aos setores organizados da sociedade acompanhar e avaliar as ações do
governo, intervindo na definição e implementação das políticas educacionais. A forma como a
formação continuada deve acontecer, também é pautada nas DCN´s, onde se defende que a
mesma se dê através de atividades formativas (que podem ser organizadas pelos sistemas, rede
e instituições de educação básica, inclusive com desenvolvimento de projetos, inovações
pedagógicas) e cursos de atualização, extensão, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e
doutorado que agreguem novos saberes e práticas, articulados às políticas e gestão da educação,
à área de atuação do profissional e às instituições de educação básica, em suas diferentes etapas
e modalidades. Questão importante a ser ressaltada, é o reconhecimento da importância da
formação continuada ofertada pelos centros de formação dos estados e municípios, e pelas
escolas, como parte constitutiva da nova política que se quer consolidar no país.
No Estado de Pernambuco, as políticas educacionais voltadas para Educação Pública
estão pautadas na pasta do Programa Pacto Pela Educação. O referido programa é tido pelo
governo como política pública de impacto social e é colocado também no âmbito dos temas
estratégicos para o desenvolvimento do Estado, foi constituído, considerando a Constituição
Federal/1988, a LDB/1996, o Plano de Desenvolvimento da Educação
–
PDE, as Diretrizes do
MEC e o Plano Nacional de Educação, com o propósito de reafirmar o compromisso com uma
educação inclusiva para a formação da cidadania e para o mundo do trabalho. E tem como
linhas de atuação: O fortalecimento das parcerias com os municípios; A transparência das
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informações; A valorização e capacitação, inicial e continuada, dos profissionais da educação;
O reconhecimento do mérito, desempenho, monitoramento e avaliação dos processos e
resultados; A construção de práticas pedagógicas inovadoras; A utilização de tecnologias como
ferramentas didáticas e pedagógicas (PERNAMBUCO, 2012). Contempla também a política
educacional de Pernambuco, a constituição do Fórum Permanente de Apoio à Formação
Docente do Estado de Pernambuco - FORPROF-PE, instituído de acordo com o Decreto n.
6.755, de 29/0/2009, os documentos oficiais que regulamentam a formação docente
(Parâmetros de Formação Docente
–
2014), documento constituído pela SEE em parceria com
a UNDIME (Parâmetros para a Educação Básica do Estado de Pernambuco
–
2012), bem como,
a Lei nº 15.533, de 23 de junho de 2015 que aprova o Plano Estadual de Educação (BRASIL,
2009a).
A partir das análises que realizamos, apontamos, de forma ampla, que os documentos
que compõem os Parâmetros Curriculares da Educação Básica de Pernambuco acompanham a
lógica da política gerencialista focada nos resultados, como propagado nas diretrizes e
princípios do Programa Pacto pela Educação; as linhas definidas nos documentos reforçam a
proposição das políticas educacionais estarem sendo norteadas pela valorização do capital
humano, se preocupando em desenvolver as competências e habilidades necessárias para dar
conta das demandas do mercado, com foco nos índices e consequentemente, nas avaliações
externas/teste padronizado, que causando o estreitamento do currículo e das práticas
pedagógicas; na nossa avaliação os Parâmetros Curriculares (o que ensinar) e os Parâmetros na
Sala de Aula (como ensinar) se aproximam muito da lógica de apostilamento dos materiais
didáticos, tão condenados pelos educadores.
Tomando como referência Silva (2013), o Estado de Pernambuco, desde o governo de
Jarbas Vasconcelos em 1999, vem desenvolvendo um Modelo Integrado de Gestão do Poder
Executivo que toma como base o modelo gerencial, no entanto, foi a partir de 2007 com o
governo de Eduardo Campos que este modelo se consolidou.
Do ponto de vista social, nos documentos estudados, observa-se o papel
suplementar das políticas sociais, para atenuar os efeitos negativos do
capitalismo na sociedade, bem como dar sustentabilidade e legitimidade ao
modelo de desenvolvimento proposto, especialmente através das políticas de
educação, saúde, segurança e geração de emprego. Nesse projeto, as políticas
de educação estão pautadas na noção de adequação às necessidades do
mercado e à formação de capital humano com as competências necessárias à
inserção na economia do conhecimento (SILVA, 2013, p. 87).
De fato, é esta perspectiva encontrada no documento Parâmetro Curricular, que, como
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analisado no nosso estudo, perpassa todos os outros documentos curriculares da SEE/PE,
inclusive o Parâmetro de Formação Docente, e expressa a concepção de educação e de formação
continuada da política educacional do Estado de Pernambuco, orientada pela perspectiva
gerencialista da política e gestão da educação (CABRAL NETO, 2009). Essa perspectiva
prioriza os exames de qualificação em larga escala, desempenho docente com incentivo às
premiações para os que atingirem as metas estabelecidas, com foco na gestão por resultados e
avaliação por desempenho.
É lamentável, mas é constatado, que Pernambuco é reconhecido como um dos estados
que serve como exemplo de concretização e efetivação das políticas pautadas no gerencialismo,
com as políticas implementadas pelo PMGP-ME e pelo Pacto pela Educação, o governo de
Eduardo Campos (2007-2010/2011-2014) consolidou a política de responsabilização
educacional em Pernambuco, que está contemplada no Termo de Compromisso, no Bônus de
Desempenho Educacional - BDE, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica em
Pernambuco - IDEPE e no Sistema de Avaliação da Educação Básica de Pernambuco - SAEPE.
Contudo, países que têm experiência mais avançada na implantação destas políticas (USA,
Chile) já sinalizaram que o resultado das mesmas tem intensificado desigualdades escolares e
sociais e estreitado currículos enfatizando apenas alguns conhecimentos cognitivos (leitura e
matemática) em detrimento de outros (CABRAL NETO, 2009).
Considerações finais
Preocupados com o avanço do capital no âmbito das políticas educacionais no Brasil,
nos propusemos a analisá-las e, de forma mais direta, debruçamo-nos sobre a temática da
política de formação continuada de professores da educação básica do estado de Pernambuco.
O percurso que trilhamos, considerando o nosso material empírico (ordenamento legal nacional
e ordenamentos legal e curricular do estado de Pernambuco que tratam, de forma direta e
indireta, da política de formação continuada de professores da educação básica e documentos e
atas do FORPROF/PE), bem como a sistematização, análise de conteúdo e análise de conjuntura
dos fatos e dados, permitiu-nos confirmar nossa hipótese de que: a política de formação
continuada dos professores da educação básica, no Brasil e no estado de Pernambuco, evidencia
fragmentação e descontinuidade, pautada pela valorização do capital humano, com
repercussões na organização do trabalho pedagógico. Regulada, possivelmente, pelas relações
estabelecidas entre a política educacional e as transformações socioeconômicas oriundas das
exigências do capital, não constitui uma efetiva política de formação e de valorização dos
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profissionais da educação capaz de articular formação inicial e continuada com as condições
básicas de trabalho.
Em nível nacional, dentre outros apontamentos feitos na pesquisa, podemos afirmar que
há a incorporação de algumas demandas históricas dos educadores e da sociedade civil,
oriundas dos conflitos e embates dos diferentes projetos de educação e sociedade que, ainda
assim, permanecem sendo numerosas. O que levou a um alinhamento em termos de concepção
de formação continuada, na perspectiva e na compreensão de uma formação continuada
articulada à formação inicial e à valorização dos profissionais do magistério, conforme está
posto no Decreto nº 6.755/2009 (BRASIL, 2009a), Rede Nacional de Formação Continuada de
Professores, Resolução 2/2015 e no Decreto nº 8.752/2016. Contraditoriamente, apontamos
também que há, no âmbito desse ordenamento legal nacional, a incorporação de demandas
pautadas pela valorização do capital humano que se identifica com a concepção neoliberal de
educação e que, por sua vez, coaduna-se com o que Melo (2004) definiu como mundialização
da educação.
Em termos locais, a forma como o estado de Pernambuco gere a política educacional de
formação continuada, como podemos perceber na análise dos documentos curriculares e do
ordenamento legal, ao contrário do que preconizam, mesmo que contraditoriamente, está
pautado pela política de responsabilização que agrega a meritocracia e o gerencialismo, com
foco nas avaliações externas, nos índices educacionais e na distribuição de bônus e acaba por
operacionalizar uma desqualificação do trabalho docente e da escola, representando, assim, uma
manutenção e reprodução das relações sociais dominantes, ligadas à teoria do capital humano
pautadas no indivíduo e não no coletivo, travestido de defesa do direito de aprender.
De acordo com Freitas (2014, p. 1090, grifos do autor):
A defesa do “direito de aprender” d
o qual somente hoje, após séculos, os
empresários se lembraram cumpre várias funções, desde as operacionais até
as ideológicas. É uma forma de interferir na formação do novo trabalhador e
na quantidade de trabalhadores disponíveis, aumentando o controle sobre a
escola e ocultando as raízes sociais das desigualdades acadêmicas.
O direito à formação ampla e contextualizada que todo ser humano deve ter é
reduzido ao direito de aprender o “básico” expresso nas matrizes de referência
dos exames nacionais, assumido ali como o domínio que é considerado
“adequado” para uma dada série escolar nas disciplinas avaliadas –
não por
acaso as que estão mais diretamente ligadas às necessidades dos processos
produtivos: leitura, matemática e ciências. Convém enfatizar que são as
matrizes de referência dos exames e não o currículo prescrito, a base nacional
comum, que definem o que será considerado como “básico”.
Dessa forma, a política de formação continuada de professores passa a se desvincular
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de um contexto mais amplo de formação humana e valorização profissional, causando,
inclusive, uma desvalorização dos professores. Vale ressaltar que esse arcabouço das políticas
educacionais reflete na luta de classe constituída por projetos de educação, de formação, de
homem e de sociedade diferentes, como podemos perceber na posição de Frigotto (2010, p.
186): “[...] a questão da desqualificação da escola é, antes de tudo, uma desqualificação para a
escola frequentada pela classe trabalhadora [...]”. Defendemos a educação co
mo direito social
e não como mercadoria. Nessa perspectiva, a educação “[...] comporta limites normativos,
ético-políticos e morais, que são incompatíveis com fenômenos de amestramento,
endoutrinamento ou condicionamento dos seres humanos” (LIMA, 2012, p.
29), fenômenos
esses que perpassam, mesmo que de forma implícita, as propostas de políticas educacionais
regidas pelo gerencialismo, meritocracia, apostilamento e pelos princípios da política de
responsabilização.
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Sobre a autora
Áurea Augusta Rodrigues da MATA
Professora Adjunta no Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
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THE LOGIC OF CAPITAL AND ITS ECHOES ON THE NATIONAL CONTINUING
EDUCATION POLICY FOR BASIC EDUCATION TEACHERS
A LÓGICA DO CAPITAL E SEUS REFLEXOS SOBRE AS POLÍTICAS DE
FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
LA LÓGICA DEL CAPITAL Y SUS REFLEXIONES SOBRE POLÍTICAS PARA LA
FORMACIÓN CONTINUA DE PROFESORES DE EDUCACIÓN BÁSICA
Áurea Augusta Rodrigues da MATA
Federal University of Paraíba
e-mail: aurea.augusta@academico.ufpb.br
How to refer to this article
MATA, A. A. R. de. The logic of capital and its echoes on the national continuing education
policy for basic education teachers.
Revista Educação e Fronteiras
, Dourados, v. 11, n. esp.
1, e021014, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.1.16501
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: 15/09/2021
Published
: 30/10/2021
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ABSTRACT
:
This paper deals with the educational policies, precisely, with the national
continuing education policy for basic education teachers in the state of Pernambuco. This State
is inserted in the national program “Pacto Pela Educação” (Pact for Education). National
Government have seen this program as an essential public policy and a strategic theme for the
State development. Here, we analyze the national legal ordering and state curricular ordering
that treat this topic and we realize that these policies are generally based on the logic of capital,
grounded on accountability policy that adds meritocracy and managerialism, focused on
external exams, educational index and bonus payments that disqualify the teachers and school
officials work. Maintaining and reproducing dominant social relations, linked to the Human
Capital Theory, however in the guise of the right to learn speech. Finally, we reaffirm and
defend historical demands of this working class, mainly initial and continued qualification,
appreciation of their work and basic working conditions for them. All of this together with the
overall quest for Brazilian high-quality education, apart from education based on logic of
capital.
KEYWORDS
: Educational policies. Continuing education. Logic of capital.
RESUMO
:
O artigo trata das políticas educacionais, precisamente, a política de formação
continuada dos professores da educação básica nacional e no Estado de Pernambuco. No
Estado estão inseridas no Programa Pacto Pela Educação, tido pelo governo como política
pública de impacto social e colocado no âmbito dos temas estratégicos para desenvolvimento
do Estado. Realizamos análise do ordenamento legal nacional e estadual e do ordenamento
curricular estadual que tratam da temática e percebemos que as políticas estão pautadas pela
lógica do capital, tendo por base a política de responsabilização que agrega meritocracia e
gerencialismo, com foco nas avaliações externas, nos índices educacionais e distribuição de
bônus - o que acaba por operacionalizar uma desqualificação do trabalho docente e da escola,
representando a manutenção e reprodução das relações sociais dominantes, ligadas à teoria
do capital humano, travestido de defesa do direito de aprender. Por fim, reafirmamos a defesa
de uma demanda histórica da categoria por política de formação e de valorização dos
profissionais, capaz de articular formação inicial e continuada, com condições básicas de
trabalho, articulada com a luta mais geral da política educacional no país, a partir de
referências que coloquem a educação para além da lógica do capital.
PALAVRAS-CHAVE
:
Políticas educacionais. Formação continuada. Lógica do capital.
RESUMEN
:
El artículo trata sobre las políticas educativas, precisamente, la política de
formación continua para docentes de la educación básica brasileña y de la Província de
Pernambuco. En la Província, son parte del Programa Pacto pela Educação, considerado por
el gobierno como una po lítica pública de impacto social y colocado en el ámbito de los temas
estratégicos para el desarrollo del Estado. Lo hicimos un análisis del orden jurídico nacional y
de la província y del orden curricular de la provincia que abordan la temática y nos dimos
cuenta que las políticas se rigen por la lógica del capital, con base en la política de rendición
de cuentas que suma meritocracia y gerencialismo, enfocándose en evaluaciones externas, en
los índices educativos y distribución de bonificaciones, que acaba operacionalizando una
descalificación del trabajo docente y de la escuela, representando mantenimiento y
reproducción de las relaciones sociales dominantes, ligadas a la teoría del capi tal humano,
disfrazada de defensa del derecho a aprender. Finalmente, reafirmamos la defensa de una
reivindicación histórica en la categoría de una política de formación continua y valorización
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de profesionales, capaz de articular la formación inicial y continua, con condiciones básicas de
trabajo, articulada con la lucha más generalizada de la política educativa en el país, a partir
de referencias que sitúan la educación más allá de la lógica del capital.
PALABRAS CLAVE
:
Políticas educativas. Educación continua. Lógica del capital.
Introduction
The study presented here is part of a research developed at doctoral level that deals with
educational policies, more precisely, on the policy of continuing education of teachers of
national basic education and the State of Pernambuco. We start from the study of the main
educational laws, trying to analyze the policies that guide the continued training of basic
education teachers, discussing them in general and specific terms, at the federal and state levels.
The interest in this theme is justified by this being inserted in one of the fields of education
studies that in recent periods has expanded its importance for the category of education
professionals, as well as for the development of public policies for and education at the national
and state levels. It adds to these issues, the fact that we have acted as a teacher of basic education
for twelve years and lived this need/reality in the "floor" of the school.
It is important to highlight that we deal with the continuing education in this study based
on what has been advocated by the movements of educators, specifically by ANFOPE, as well
as the debates held during the National Education Conference (CONAE 2010 and 2014), which
point to the need to have the continued training of education professionals understood at the
level of public policies, based on the condition of professional law and duty of the State and,
as public policies, are considered collectively, based on collective demand, in addition to
individual initiatives. The training and valorization of education professionals is inseparable.
Some researchers such as Taffarel and Rodrigues (2010) recognize this debate as a
historical and immediate demand and go further, when it also recognizes the need for a global
policy of training and valorization of education professionals, capable of articulating initial and
continued training, with working conditions, with the salary floor and career, as basic working
conditions for education professionals, as well as, articulated with the more general struggle of
the directions of educational policy in Brazil.
The discussions pertaining to the policy of continuing education of teachers, historically
effected by the movements of educators
–
National Association for the Training of Education
Professionals (ANFOPE), National Association of Research and Graduate Studies in Education
(ANPED), National Association of Policies and Administration of Education (ANPAE),
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Áurea Augusta Rodrigues da MATA
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National Confederation of Education Workers (CNTE), and National Forum in Defense of
Public Education, they have been guiding and pointing out the paths of educational policies, in
general, and of the initial and continuing education policies of teachers, as well as the possible
elements for overcoming the current conditions in which education is located and, in particular,
teacher education.
The discussions and analyses of these movements point to the need for a broad training
process that is guided by the permanent construction of knowledge, as well as advocate the
construction and consolidation of a global policy of training and valorization of education
professionals. However, what has been happening, nationally, within the scope of continuing
teacher education policies - as pointed out by some studies in the area, such as: Leal, Borges
and Ribeiro (2019), Silva, Conrado and Luz (2011) and De Albuquerque (2014), among others
- is the prioritization of a policy based on the valorization of human capital with interests
focused on socioeconomic transformations arising from the demands of capital, this is one of
the questions also pointed out in our research.
In the context of educational policies in Brazil, there are disputes of projects with
different conceptions of the role of the State, education, society and man: on the one hand,
multilateral agencies dictate their norms and models and guide education as a commodity,
focused on the competencies and skills that give answers to the interests of capital (FREITAS,
2014); on the other hand, a project based on the historical-social conception, which is part of
the historical struggle of educators' movements, marked by criticism and reflection-action,
guides the demands necessary to the working class, defends an education of socially referenced
quality, so that the children of the working class can take over and empower the knowledge
produced by humanity (FREITAS, 2014).
Also according to Freitas (1999, p. 18, our translation), in the context of neoliberal
educational policies and educational reforms, whose words of order are "total quality",
"modernization of the school", "adequacy of teaching to the competitiveness of the international
market", it is possible to perceive that "education is an important facilitating element of the
processes of capitalist accumulation and, consequently, teacher education gains strategic
importance for the realization of these reforms in the context of these reforms in the school and
basic education." The educational processes and the broader social processes of reproduction
are interconnected, according to Mészáros (2006).
Faced with these issues, our objective was to analyze the policy of continuing education
of teachers of national basic education and in the state of Pernambuco, establishing relationships
with socioeconomic transformations arising from the demands of capital. The question that
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most specifically guides our study: What relationships and relationships are established
between the policy of continuing education of basic education teachers in the state of
Pernambuco, with public educational policies in the federal sphere, specifically, with the
National Policy of Training of Professionals of the Magisterium of Basic Education?
For the methodological development of the research, we chose to work with the
conjuncture analysis method, because we evaluate that educational public policies are also
guided by economic and social relations, by the correlations of strength established in society,
which causes a constant dynamic. Conjuncture analysis is made seeking to identify in reality
arising what constitutes it, the actors and interests at stake, relationship of forces and articulation
(relationship) between "structure" and "conjuncture".
According to Souza (1995, p. 08, our translation):
The analysis of the conjuncture is a mixture of knowledge and discovery, it is
a special reading of reality and that is always done according to some need or
interest. In this sense there is no analysis of neutral, disinterested conjuncture:
it can be objective, but it will always be related to a certain view of the
meaning and direction of events.
To work with this method of analysis is to take on the challenge of any conjuncture
analysis, which is "[...] understand the interrelations of the parties that form the whole, because
totality is a set of multiple determinations" (ALVES, 2008, p. 01, our translation). In our study
we work in this perspective, that is, we generally address federal and state educational public
policies, until we specifically reach the policies of continuing education of teachers of federal
basic education and the state of Pernambuco. We carry out historical rescue and survey of
current national laws, decrees and official documents dealing with the theme and develop
analysis of such legal systems, as well as, we seek to identify the relations established between
the policy of continuing education of teachers of national basic education and in the state of
Pernambuco and the socioeconomic transformations arising from the requirements of capital.
We delimited as a time frame the period from 2010 to 2014, because it is in this period that
nationally was instituted, through Decree No. 6,755, of January 29, 2009, the National Policy
for the Training of Professionals of the Magisterium of Basic Education (BRASIL, 2009a).
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The logic of capital and its reflections on educational policies
According to Azevedo (2004, p. 05, our translation), public policies are those that "[...]
represent the materiality of state intervention, or the State in Action"; and, in a more concrete
plan, "the concept of public policies implies considering the resources of power that operate in
their definition and that has in the state institutions, especially in the governmental machine, its
main referent" (AZEVEDO, 2004, p. 05, our translation).
According to Souza (2006), several were the causes that led to the visibility of social
policies: the adoption of restrictive spending policies, the new views on the State, the transition
from post-war Keynesian policies to restrictive spending policies, as well as the difficulties of
some countries, especially those in Latin America, to be able to form political coalitions capable
of minimally equating public policy formulations that would respond to problems economic
developments and, therefore, social inclusion. In the 1980s, this discussion began to gain
centrality in Brazil, also arising from economic crises, making public policy have a broader
space of discussion both in the social and academic spheres. This space came from reflections
on neoliberal policies adopted in several countries.
With the application of neoliberal policies and the deepening of the process of insertion
in the globalized market of Latin American countries in the 1990s, there was a profound reform
of the State redefining the boundaries between the public and the private. In addition to the
reform of the state, in this decade there was also a process of privatization and indebtedness
never before seen in Brazil. England's experience in Margaret Thatcher's Government served
as a model for the privatization process developed and also for cutting the public budget, which
have had negative effects on the public service-dependent population.
Neoliberal hegemony has been causing important reconfigurations in social policies:
long-term unemployment, precarious labor relations, expansion of temporary jobs without any
guarantee of rights, development of social programs focused on income transfer, or minimum
income. Capital in crisis uses strategies resulting from its primary contradiction
–
the
irreconcilable antagonism between capital and labor
–
which emerge in the reconfigurations
cited by increasing exploitation rates, intensified to increasingly inhuman levels, and the trend
law of the increasing rate of value-of-use of goods. We conceive the concept of State as well as
Peroni (2003, p. 22, our translation), "Historical state, concrete, class and, in this sense,
maximum State for capital, since, in the process of correlation of forces in progress, it is the
capital that holds hegemony". And what has been happening in Brazil and other Latin American
countries is the overlay of a policy of benefiting a few at the expense of many, the rich at the
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expense of the poor. The State, in Brazil, a country characterized as capitalist, peripheral and
dependent, and in many other countries, is the renunciation of the role of executor or direct
provider of services, for the role of regulator and provider of these services, especially essential
social services such as education and health. Taking as reference once again Peroni (2003), "the
classist character of the State is accentuated to the extent that it withdraws by passing on social
policies to control the market".
1
In the situation we are experiencing, it is virtually impossible to deny that the broader
educational processes and social processes of reproduction are interconnected; operationalizing
an educational change requires operationalizing changes in the current social structure that
directly affects the basic contradiction of capitalist society, which is between capital and work.
One issue that we can highlight in relation to public educational policies in Brazil is the fact
that we have historically, more governmental policies, to the detriment of state policies. For
Dourado (2011, p. 55, our translation), "Understanding education as a public policy and
perceiving it in the articulation with other policies is fundamental to contribute to the process
of its implementation as a state policy". The education crisis manifests itself both economically
and in the political world. Formal education is deeply integrated into all social processes.
The formal educational system of society cannot function smoothly if it is not
in accordance with the general educational structure
–
that is, with the specific
system of "effective internalization" of the society in question. The crisis of
educational institutions is then indicative of the set of processes of which
formal education is a constitutive part (MÉSZÁROS, 2006, p. 275, griffins of
the author, our translation).
Given the circumstances, it is noticeable that the logic of capital directly affects
educational policies, the policies put into development are mostly, perhaps all, directed to meet
the demands of the market to the detriment of meeting the demands of the working class; we
cannot deny that educational policy suffers impositions of political, economic and social
structures in the various socio-historical contexts, and, therefore, it is necessary to rethink them.
Limiting a radical educational change to the corrective margins of interest to
capital means abandoning at once, consciously or not, the goal of a qualitative
social transformation. Likewise, however, seeking margins of systemic reform
in the very structure of the capital system is a contradiction in terms. That is
why it is necessary to break with the logic of capital if we want to contemplate
the creation of a significantly different educational alternative (MÉSZÁROS,
2005, p. 27, griffins of the author, our translation).
1
Mészáros (2002) called the "trend law of the increasing rate of the value-of-use of goods", the tendency of a
commodity to have its "shelf life" reduced to the maximum, so that it is very quickly exchanged for a new one.
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We are in favor of the discussion that social policies cannot be perceived only in their
phenomenal expression, isolated, it is necessary to perceive them in their essence, to place them
in social reality from the point of view of concrete totality (KOSIK, 2002).
In this perspective, the study of social policies should consider their multiple
causality, internal connections, the relationships between their various
manifestations and dimensions. From the historical point of view, it is
necessary to relate the emergence of social policy to expressions of the social
issue that have a determining role in its origin (and that, dialectically, also
suffer effects of social policy). From the economic point of view, it is
necessary to establish relations between social policy and the structural issues
of the economy and its effects on the conditions of production and
reproduction of working-class life. In other way, it relates social policies to
economic determinations that, in each historical moment, attribute a specific
character or a given configuration to capitalism and social policies, thus
assuming a historical-structural character. From a political point of view, it is
concerned with recognizing and identifying the positions taken by the political
forces in confrontation, from the role of the State to the actions of groups that
constitute the social classes and whose action is determined by the interests of
the class in which they are situated (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 43,
our translation).
The capital crisis requires answers from the various sectors and education has not been
outside this logic. With each relevant change in the production and distribution of wealth,
workers are even more interconnected to the interests of capital and, consequently, educational
practices subordinated to these interests that historically take on different forms and contents.
And all these changes are guided by the interests and demands of capital and this is also derived
from various processes of crises that the capitalist system has been going through since its
inception. According to Harvey (2011, p. 100, our translation), "Crises are in a state, as
necessary for the evolution of capitalism as money, the power of labor and capital itself." To
understand the socio-historical-political context, we necessarily need to understand the
accumulation of capital and its crises. This structural crisis teaches us an important lesson:
within the frameworks of the capital system, it is insoluble and, therefore, it is necessary to
build a path beyond capital, in order to ensure the continuity of humanity; and, thinking about
society with the human being as a parameter, requires overcoming the dehumanizing logic of
capital - which has in individualism, profit and competition its foundations - also requires a
social, broad and emancipatory transformation. And the necessary emancipatory social
transformation is inconceivable without a concrete and active contribution of education in its
broad sense (MÉSZÁROS, 2005, p. 76), and this is our educational task.
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The national and local policy of continuing training in this context
More intensely, the policy of continuing education is "established" in Brazil in the
1990s, in the context of educational reforms, tied to the conceptions of education advocated by
capital, focusing on the valorization of human capital, such as "learning to learn" and, it became
a requirement of educational legislation, increasingly constituting a necessity, both to enable
the improvement of the teaching and learning process and to meet the new needs posed by
neoliberal globalization. The theory of human capital has a close connection with the social
relations of capitalist production and reproduction (FRIGOTTO, 2010).
In the specific scope of the Basic Education Teacher Training Policy, in 2004 the
National Network for Continuing Teacher Training was established, composed of universities
working with public education networks to develop the Continuing Education of Basic
Education teachers in specific areas, they are: a) Literacy and Language; b) Mathematics and
Scientific Education; c) Teaching of Human and Social Sciences; d) Arts and Physical
Education; e) Education Management and Evaluation. Also, the National Policy for the
Training of Professionals of the Teaching of Basic Education was instituted, based on decree
no. 6,755/2009, which aims to organize, together with the States, the Federal District and
Municipalities, the initial and continued training of the professionals of the teaching of public
basic education networks (BRASIL, 2009a).
According to this decree, the policy will fulfill its objectives through Permanent State
Forums to Support Teacher Training, they are collegiate bodies, and among its main functions
are: to elaborate and monitor the implementation of a strategic plan, to define priorities and
goals of the program in each state, coordinate teacher training actions and propose specific
actions to ensure permanence and satisfactory performance of basic education teachers.
Ordinance No. 883, of September 16, 2009, establishes the national guidelines for the
functioning of the State Forums (BRASIL, 2009b).
The National Policy for the Training of Professionals of the Magisterium of Basic
Education, established in 2009 presents several principles of which we highlight:
✓
Teacher training for all stages of basic education as a public commitment of the
State, seeking to ensure the right of children, young people and adults to quality education, built
on solid scientific and technical bases;
✓
The formation of teaching professionals as a commitment to a social, political
and ethical project that contributes to the consolidation of a sovereign, democratic, just,
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inclusive nation that promotes the emancipation of individuals and social groups;
✓
The articulation between theory and practice in the process of teacher education,
based on the domain of scientific and didactic knowledge, contemplating the indissociability
between teaching, research and extension;
✓
The importance of teachers in the educational process of the school and its
professional valorization, translated into permanent policies to stimulate professionalization,
the unique journey, career progression, continuing education, exclusive dedication to teaching,
improvement of remuneration conditions and guarantee of decent working conditions;
✓
The articulation between initial training and continuing education, as well as
between the different levels and modalities of teaching;
✓
Continuing education understood as an essential component of teacher
professionalization, and should be integrated into the daily life of the school and consider the
different knowledge and teaching experience.
We cannot deny that these principles are important for the development of an
educational policy focused on the social, political and technical competence perspective,
articulated to the career debate, work day and remuneration, continuing education is
indispensable to professional valorization. However, it is necessary to question the relations
established between this policy and the socioeconomic transformations arising from the
demands of capital.
According to ANFOPE (2012, our translation):
The policy of training education professionals in our country has been a theme
that has been put on the agendas of governments in the last two decades with
a view to meeting the process of globalization and especially policies guided
by multilateral organizations, such as the World Bank. This orientation has
been constantly questioned by the organized social movements of educators
who call for a quality policy in the training of these professionals.
The dilemmas in the implementation of educational policies after LDBEN n. 9394/96
are multiple, author Brzezinski (2009), highlights some who considers as the most expressive
dilemmas of this historical moment in the field of education policies of education professionals
and, among them, we highlight what is closely linked to our object of study. The author points
out the disposal by the power established in the MEC of the constitution of a National System
of Training and Valorization of Education Professionals, which for a period of time
reinvigorated the expectation that the Movement of Educators will be able to realize the
historical demand for the installation of a global policy of training and valorization of education
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professionals, able to contemplate initial and continued training articulated to working
conditions, salary floor and career as one of the conditions for improving the quality of basic
education.
The disappointing withdrawal occurred with the approval of Decree No. 6,755, of
0/29/2009, which instituted the National Policy for the Training of Professionals of the
Teaching Of Basic Education. In this sense, says the author, the challenge presented to the
National Movement of Educators is to try to monitor and evaluate the implementation of these
policies, as well as make investments to ensure the participation of academic entities
representing the movement as members integrated with the Permanent State Forums for
Support to Teacher Training, provided for in Art. 4 of Decree No. 6,755/2009 (BRASIL,
2009a).
In the scenario of neoliberal educational policies, education is seen as a facilitating
element of capitalist accumulation processes and is increasingly treated as a commodity, as an
investment sector of large entrepreneurs, who place themselves as "defenders" of quality
education. But what quality? For entrepreneurs, it is knowing how to read, write, count and
some more skills that are being expected at the factory door, measured in a standardized test.
For educators, an education of social quality is focused on values, for broad human formation.
According to Freitas (2014), entrepreneurs/educational reformers are aware of the importance
of the teacher, so the focus of control of business reformers is the teacher.
Nationally, in addition to what has already been exposed, we can highlight as an
educational policy that in some way deals with the continuing education of basic education
teachers: the constitution of the Board of Basic Face-to-Face Education (DEB) through Law
11,502 of July 11, 2007, Law No. 13,005 of June 25, 2014, which approves the National
Education Plan, Resolution No. 2 of July 1, 2015 that defines the National Curriculum
Guidelines - DCN's - for initial training at a higher level (undergraduate courses, pedagogical
training courses for graduates and second degree courses) and for continuing education, Decree
No. 8,752 of May 9, 2016, which provides for the National Policy for the Training of Basic
Education Professionals. It is important to emphasize that the most recent policies are
significant historical milestones that have enabled important changes in the understanding of
the need for policy terms of continuing education. However, it is no longer bearable that such
policies continue to be constituted "only" to respond to market demands, it is urgent that they
actually meet the historical demands of educator movements.
The historical clashes and the struggle of ideas in the field of teacher training
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are part not only of academic studies and investigations, but mainly of the
political-ideological struggle, which permeates the conceptions
–
of society,
education and school when we deal with the training of education
professionals
–
teaching and school support staff
–
and of the future we want
for our country (FREITAS, 2012, p. 211, our translation).
A relevant step in the context of these disputes is to be able to make the proposals put
on paper are in fact implemented, that is, that the educational policies approved as laws, decrees,
ordinances, among other legal systems, are put into practice, and it is up to the organized sectors
of society to monitor and evaluate the actions of the government, intervening in the definition
and implementation of educational policies. The way in which continuing education should take
place is also based on the DCN's, where it is advocated that it take place through training
activities (which can be organized by basic education systems, network and institutions,
including project development, pedagogical innovations) and refresher courses, extension,
improvement, specialization, master's and doctorate that add new knowledge and practices,
articulated to the policies and management of education, the area of activity of the professional
and the institutions of basic education, in its different stages and modalities. An important issue
to be emphasized is the recognition of the importance of continuing education offered by the
training centers of the states and municipalities, and by the schools, as a constitutive part of the
new policy that wants to be consolidated in the country.
In the State of Pernambuco, educational policies aimed at Public Education are based
on the portfolio of the Pact for Education Program. This program is considered by the
government as a public policy of social impact and is also placed within the scope of the
strategic themes for the development of the State, it was constituted, considering the Federal
Constitution/1988, the LDB/1996, the Education Development Plan - PDE, the MEC
Guidelines and the National Education Plan, with the purpose of reaffirming the commitment
to an inclusive education for the formation of citizenship and for the world of work. And its
lines of action: The strengthening of partnerships with municipalities; transparency of
information; The initial and continued valorization and training of education professionals; The
recognition of merit, performance, monitoring and evaluation of processes and results; The
construction of innovative pedagogical practices; The use of technologies as didactic and
pedagogical tools (PERNAMBUCO, 2012). It also includes the educational policy of
Pernambuco, the constitution of the Permanent Forum to Support Teacher Training of the State
of Pernambuco - FORPROF-PE, established in accordance with Decree No. 6,755, of
0/29/2009, the official documents regulating teacher training (Teacher Training Parameters -
2014), a document constituted by SEE in partnership with UNDIME (Parameters for Basic
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Education of the State of Pernambuco
–
2012), as well as Law No. 15,533 of June 23, 2015,
which approves the State Education Plan (BRASIL, 2009a).
From the analyses we carried out, we point out, broadly, that the documents that make
up the Curricular Parameters of Basic Education of Pernambuco follow the logic of
management policy focused on results, as propagated in the guidelines and principles of the
Pact for Education Program; the lines defined in the documents reinforce the proposition of
educational policies being based on the valorization of human capital, worrying about
developing the skills and skills necessary to meet the demands of the market, focusing on the
indexes and consequently, on external evaluations/standardized test, which causes the
narrowing of the curriculum and pedagogical practices; in our evaluation, the Curricular
Parameters (what to teach) and the Parameters in the Classroom (how to teach) are very close
to the logic of standardization of teaching materials, so condemned by educators.
Taking as reference Silva (2013), the State of Pernambuco, since the government of
Jarbas Vasconcelos in 1999, has been developing an Integrated Model of Management of the
Executive Power that is based on the management model, however, it was from 2007 with the
government of Eduardo Campos that this model was consolidated.
From the social point of view, in the documents studied, the supplementary
role of social policies is observed, to mitigate the negative effects of capitalism
on society, as well as to give sustainability and legitimacy to the proposed
development model, especially through education, health, safety and job
creation policies. In this project, education policies are based on the notion of
adapting to market needs and the formation of human capital with the skills
necessary for insertion in the knowledge economy (SILVA, 2013, p. 87, our
translation).
In fact, it is this perspective found in the document Curricular Parameter, which, as
analyzed in our study, permeates all other curricular documents of see/PE, including the
Teacher Training Parameter, and expresses the conception of education and continuing
education of the educational policy of the State of Pernambuco, guided by the managerial
perspective of education policy and management (CABRAL NETO, 2009). This perspective
prioritizes large-scale qualification exams, teacher performance with incentive to awards for
those who achieve the established goals, focusing on results management and performance
evaluation.
It is regrettable, but it is noted that Pernambuco is recognized as one of the states that
serves as an example of implementation and implementation of policies based on management,
with the policies implemented by the PMGP-ME and the Pact for Education, the government
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Áurea Augusta Rodrigues da MATA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 1, e021014, 2021. e-ISSN: 2237-258X
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of Eduardo Campos (2007-2010/2011-2014) consolidated the policy of educational
accountability in Pernambuco, which is contemplated in the Term of Commitment, in the
Educational Performance Bonus - BDE, in the Basic Education Development Index in
Pernambuco - IDEPE and in the Basic Education Evaluation System of Pernambuco - SAEPE.
However, countries that have more advanced experience in implementing these policies (USA,
Chile) have already indicated that their results have intensified school and social inequalities
and narrowed curricula emphasizing only some cognitive knowledge (reading and
mathematics) to the detriment of others (CABRAL NETO, 2009).
Final considerations
Concerned about the advance of capital in the context of educational policies in Brazil,
we set out to analyze them and, more directly, we focused on the theme of the policy of
continuing education of teachers of basic education in the state of Pernambuco. The path we
walk, considering our empirical material (national legal order and legal and curricular systems
of the state of Pernambuco that deal, directly and indirectly, with the policy of continuing
education of basic education teachers and documents and minutes of FORPROF/PE), as well
as systematization, content analysis and analysis of the conjuncture of facts and data, it allowed
us to confirm our hypothesis that: the policy of continuing education of teachers of basic
education, in Brazil and in the state of Pernambuco, evidences fragmentation and discontinuity,
based on the valorization of human capital, with repercussions on the organization of
pedagogical work. Regulated, possibly, by the relations established between educational policy
and socioeconomic transformations arising from the demands of capital, it does not constitute
an effective policy of training and valorization of education professionals capable of articulating
initial and continuing education with basic working conditions.
At the national level, among other notes made in the research, we can affirm that there
is the incorporation of some historical demands of educators and civil society, arising from the
conflicts and clashes of the different projects of education and society that, still, remain
numerous. This led to an alignment in terms of the conception of continuing education, in the
perspective and in the understanding of a continuous formation articulated to the initial training
and the valorization of teaching professionals, as stated in Decree No. 6,755/2009 (BRASIL,
2009a), National Network for Continuing Teacher Training, Resolution 2/2015 and Decree No.
8,752/2016. Contradictorily, we also point out that there is, within the scope of this national
legal order, the incorporation of demands based on the valorization of human capital that
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identifies with the neoliberal conception of education and, in turn, is consistent with what Melo
(2004) defined as the globalization of education.
In local terms, the way the state of Pernambuco manages the educational policy of
continuing education, as we can perceive in the analysis of curriculum documents and legal
order, contrary to what they advocate, even contradictorily, is guided by the policy of
accountability that aggregates meritocracy and managerialism, focusing on external
evaluations, educational indexes and distribution of bonuses and ends up operating a
disqualification of the teaching work and the school, thus representing a maintenance and
reproduction of the dominant social relations, linked to the theory of human capital based on
the individual and not on the collective, dressed up for the defense of the right to learn.
According to Freitas (2014, p. 1090, authors' griffins, our translation):
The defense of the "right to learn" that only today, after centuries,
entrepreneurs have remembered fulfills various functions, from operational to
ideological. It is a way of interfering in the formation of the new worker and
the number of workers available, increasing control over the school and hiding
the social roots of academic inequalities.
The right to broad and contextualized training that every human being should
have is reduced to the right to learn the "basic" expressed in the reference
matrices of national exams, assumed there as the domain that is considered
"appropriate" for a given school grade in the disciplines evaluated
–
not by
chance those that are more directly linked to the needs of the productive
processes: mathematics and science. It should be emphasized that it is the
reference matrices of the exams and not the prescribed curriculum, the
common national basis, that define what will be considered as "basic".
Thus, the policy of continuing teacher education begins to detach itself from a broader
context of human education and professional valorization, even causing a devaluation of
teachers. It is noteworthy that this framework of educational policies reflects in the class
struggle constituted by different education, training, man and society projects, as we can
perceive in Frigotto's position (2010, p. 186, our translation): "[...] the issue of disqualification
from the school is, first of all, a disqualification for the school attended by the working class
[...]". We defend education as a social right and not as a commodity. From this perspective,
education "[...] it includes normative, ethical-political and moral limits, which are incompatible
with phenomena of mastering, indoctrination or conditioning of human beings" (LIMA, 2012,
p. 29, our translation), phenomena that permeate, even implicitly, the proposals of educational
policies governed by managerialism, meritocracy, apostilling and the principles of the policy
of accountability.
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About the author
Áurea Augusta Rodrigues da MATA
Adjunct Professor at the Education Center of the Federal University of Paraíba (UFPB)
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Correction, formatting, normalization and translation
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