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Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados
, v. 1
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,
n. esp. 2,
e0210
2
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,
2021.
e
-
ISSN:
2237
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258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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O CORPO DE CRISTO: UM ESTUDO DO CRUCIFIXO DE PADOVA DE GIOTTO
DI BANDONE
EL CUERPO DE CRISTO: ESTUDIO DEL CRUCIFIJO DE PADOVA POR GIOTTO DI
BANDONE
THE BODY OF CHRIST: A STUDY OF THE PADOVA CRUCIFIX BY GIOTTO DI
BANDONE
Meire Aparecida Lóde NUNES
Universidade Estadual do Paraná
e
-
mail:
meire.lode@unespar.edu.br
Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER
Universidade Estadual do Paraná
e
-
mail:
taliseschneider@hotmail.com
Thais Regina Ravazi de SOUZA
Universidade Estadual do Paraná
e
-
mail:
tatletismo@hotmail.c
om
Vanessa Silvestre LIMA
Universidade Estadual do Paraná
e
-
mail:
nesilvestre@hotmail.com
Como referenciar este artigo
NUNES, M. A. L.
;
SCHNEIDER
, T. A. T.; SOUZA, T. R. R.; LIMA, V. S.
O corpo de
C
risto:
Um
estudo do
c
rucifixo
de Padova de Giotto
d
i
B
andone
.
Revista
Educação e Fronteiras
,
Dourados
, v.
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esp. 2
,
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1
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8
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1
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e
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ISSN: 2237
-
258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
Submetido em
: 13/0
5
/2021
Revisões requeridas em
:
10
/0
7
/2021
Aprovado em
: 1
7
/09/2021
Publicado em
: 30/11/2021
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA e Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2,
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, 2021.
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RESUMO
:
O objetivo deste texto é analisar o painel do Crucifixo de Padova pintado por Giotto
di Bondone (1266
-
1337) com direcionamento da premissa de que a imagem expressa a
dualidade da natureza de Cristo por meio do corpo humano de Jesus. O corpo humanizado de
Cristo é compreendido, no estudo, como indício da mudança de mentalidade acerca dos
conceitos de homem e
de
mundo que se consolidariam no Renascimento Italiano. A orientação
metodológica se estabelece por meio dos preceitos apresentados por Matine Joly no
que se
refere as mensagens provenientes dos signos plásticos, icônicos e linguísticos. A análise dos
três grupos de signos nos mostrou que Giotto expõe a natureza humana de Cristo evidenciando
o corpo sofredor que possibilita, pela semelhança, a identifica
ção do apreciador com o Mestre.
Dessa forma, a pedagogia imagética se efetiva no Crucifixo de Giotto e nos possibilita verificar
que as imagens, por meio de diferentes conotações, participam dos processos de formação
humana em todos os tempos atendendo as
demandas sociais ou instigando reflexões, propondo
e anunciando mudanças.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Crucifixo. Corpo. Humano e divino.
Giotto di Bondone.
RESUMEN
:
El objetivo de este texto es analizar el panel del Crucifijo
de Padova pintado por
Giotto di Bondone (1266
-
1337) con la premisa de que la imagen expresa la dualidad de la
naturaleza de Cristo a través del cuerpo humano de Jesús. El cuerpo humanizado de Cristo se
entiende, en el estudio, como un indicio del cambio d
e mentalidad sobre los conceptos de
hombre y mundo que se consolidaría en el Renacimiento. La orientación metodológica se
establece por medio de los preceptos presentados por Matine Joly sobre los mensajes
provenientes de los signos plásticos, icónicos y l
ingüísticos. El análisis de los tres grupos de
signos nos mostró que Giotto expone la naturaleza humana de Cristo, evidenciando el cuerpo
sufriente que posibilita, por su semejanza, la identificación del apreciador con el Maestro. Así,
la pedagogía de la i
maginería entra en vigencia en el Crucifijo de Giotto y nos permite
comprobar que las imágenes, a través de distintas connotaciones, participan en todo momento
en los procesos de formación humana, atendiendo demandas sociales o instigando reflexiones,
prop
oniendo y anunciando cambios.
PALABRAS CLAVE
:
Crucifijo. Cuerpo. Humano y divino.
Giotto di Bondone.
ABSTRACT
:
The objective of this text is to analyze the panel of the Crucifix of Padova painted
by Giotto di Bondone (1266
-
1337) with the premise that the image expresses the duality of the
nature of Christ through the human body of Jesus. The humanized body of Chris
t is understood,
in the study, as an indication of the change of mentality about the concepts of man and world
that would consolidate in the Renaissance. The methodological orientation is established
through the precepts presented by Matine Joly regarding
the messages coming from the plastic,
iconic and linguistic signs. The analysis of the three groups of signs showed us that Giotto
exposes the human nature of Christ, evidencing the suffering body that makes possible, by its
similarity, the identification
of the appreciator with the Master. Thus, the imagery pedagogy
takes effect in Giotto's Crucifix and allows us to verify that images, through different
connotations, participate in human formation processes at all times, meeting social demands
or instigati
ng reflections, proposing and announcing changes.
KEYWORDS
:
Crucifix. Body. Human and divine.
Giotto di Bondone
.
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O corpo de Cristo:
um
estudo do
crucifixo
de Padova de Giotto di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
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3
Introdução
O termo imagem pode ser empregado para definir diferentes objetos como uma
fotografia, um quadro, um exame clínico (radiografia, ultrassonografia etc.) como, também,
para definir e descrever comportamentos e perfis de pessoas ou grupo de pessoas. Os dois c
asos
referem
-
se a duas formas de representações, materiais e imateriais, como podemos verificar no
excerto de Schmitt.
Pelo termo ‘imagem’, designamos em todos os casos a representação
visual
de alguma coisa ou de um ser real ou
imaginário
: uma cidade, u
m homem, um
anjo, Deus, etc. Os suportes dessas imagens são os mais variados: fotografia,
pintura, escultura, tela de televisor. Mas o termo ‘imagem’
concerne também
ao
domínio
do imaterial, e mais precisamente da imaginação. Não é
necessário
ver a represe
ntação material de uma cidade para imagina
-
la. Logo ao ser
nomeada meu pensamento lhe dará uma forma e guardarei uma certa imagem
em minha memória. Posso assim sonhar com certa cidade, conhecendo
-
a
realmente ou
n
ão, existindo ou sendo ela apenas fruto da m
inha imaginação.
Em todos os casos, não hesitarei de falar de ‘imagens’ de uma cidade,
especificando que não se trata de uma metáfora de linguagem, de uma imagem
de
memória
ou onírica (SCHMITT, 2007, p. 12).
A diversidade que permeia o conceito de imagem
se estende ao seu uso que, na
sociedade contemporânea, amplia
-
se diante da relação imagem e mídia. Essa relação origina o
surgimento da imagem midiática, a qual tem ganhado proporções avassaladoras. Joly (2007)
destaca o uso do termo imagem no campo public
itário e destaca o fato de as imagens serem
compreendidas pelo senso comum contemporâneo como, praticamente, sinônimo de imagem
midiática. Para a autora
,
essa visão simplificada prejudica a compreensão da diversidade e
o
uso das imagens ao longo dos tempos
e, para nós, compromete a consciência acerca do impacto
das imagens nos processos formativos, pois
,
entre suas funções
,
destaca
-
se a pedagógica: “[...]
uma das funções primordiais da imagem é a
função pedagógica” (
JOLY, 2007, p. 53, grifo da
autora
)
.
A
função pedagógica das imagens é expressa há tempos. Desde o papa Gregório Magno,
no século VI, o qual defendia as imagens como bíblia dos iletrados, existia a compreensão da
participação efetiva das imagens nos processos de formação humana. Todavia, a natu
ralização
das imagens na sociedade do espetáculo
1
pode comprometer sua apropriação como elementos
1
Guy Debord é considerado o criador do conceito de sociedade do espetáculo. Sua teoria consiste na compreensão
de que “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se an
uncia como uma
imensa acumulação de
espetáculos
. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação”.
(
DEBORD, 1997,
p.
13). Nessa sociedade as imagens
–
em seu conceito amplo
–
ocupa um papel protagonista “
A
especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio.
O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não
-
vivo (DEBORD, 1997,
p. 14).
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LIMA
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educativos, bem como, contribuir com a construção de um conhecimento superficial da
potencialidade das imagens na formação humana que ocorre por meio de tod
os os segmentos
sociais, impactando nos processos educativos que ocorrem dentro e fora dos ambientes formais
de ensino.
Diante desse contexto, propõe
-
se olhar para além dos muros da sociedade
contemporânea com o intuito de verificar como as imagens regist
ram as mudanças sociais, tanto
no campo mental como material. Entende
-
se que esse olhar contribui para a ampliação da
consciência acerca da riqueza das imagens e de que desnaturalizá
-
las significa caminhar rumo
a um processo de formação humana mais conscie
nte.
A proposta desse estudo expressa, de forma geral, os caminhos seguidos pelas pesquisas
desenvolvidas pelo Laboratório de Estudos Corporal (LEC), que tem como objetivo
desenvolver pesquisas na área da Educação Física com objetos de estudo provenientes
das
inquietações acerca da Educação, a qual é entendida pelo grupo como um processo amplo de
formação humana que ocorre por meio das relações interpessoais associadas
à
s estruturas
sociais dos diferentes períodos históricos. Em específico, o presente text
o, sintetiza alg
uma
s
das questões tratadas no módulo ‘Corpo e formação humana: caminhos e descaminhos’
,
ministrado durante a realização do curso de extensão ‘Corpo, Formação Humana e Sociedade’
,
proposto pelos grupos de pesquisa Laboratório de Estudos Cor
porais
–
LEC/Unespar e Grupo
de Estudo e Pesquisa em Linguagem Corporal e Diversidade
–
GEPL/UFGD com o objetivo
promover diálogos e reflexões interinstitucionais acerca das diferentes concepções de corpo e
seus desdobramentos nas práticas corporais conte
mporâneas.
O módulo ‘Corpo e formação humana: caminhos e descaminhos’ foi realizado com o
objetivo de expor os principais conceitos e encaminhamentos metodológicos que norteiam as
pesquisas desenvolvidas pelo LEC. Entre os conceitos, destacaram
-
se os de c
orpo e formação
humana considerando o movimento histórico que lhes atribui significado dentro de um contexto
sociocultural. Os pressupostos teóricos para o desenvolvimento reflexivo e encaminhamentos
metodológicos se sustentam em preceitos provenientes da
história social
2
e das mentalidades
3
,
2
Desde seu surgimento é possível o
bservar várias acepções de História Social. Assim indicamos que nosso
posicionamento está próximo da indicação de Castro: “Antes de ser um campo definido por uma postura
historiográfica, que resulta num alargamento do interesse histórico, construído em opo
sição às limitações da
historiografia tradicional, a história social passa a ser encarada como perspectiva de síntese, como reafirmação do
princípio de que, em história, todos os níveis de abordagem estão inscritos no social e se interligam. Frente à
cresc
ente tendência à fragmentação das abordagens historiográficas, esta acepção da expressão é mantida por
muitos historiadores como horizonte da disciplina (CASTRO, 1997,
[s.p.]
).
3
A História das Mentalidade é um campo da historiografia que “[...] interessa
-
se particularmente pelo cotidiano,
e pode
-
se dizer que o cotidiano está contido nela. Interessa
-
se por aquilo que escapa inconscientemente dos
indivíduos, tenta entender o que está subentendido, escondido, ‘por trás dos bastidores’, é que muitas vezes o
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O corpo de Cristo:
um
estudo do
crucifixo
de Padova de Giotto di Bandone
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as quais possibilitam estudos interdisciplinares e o amplo uso de fontes, entre elas, as imagens
como registro histórico.
As reflexões acerca do conceito de formação humana
–
pensada a partir dos conceitos
de
paideia
,
humanita
s e
bildung
-
desenvolvidas no LEC estabelecem o elo com a proposta do
curso de extensão “Corpo, formação humana e sociedade” e consiste no objeto de investigação
neste texto. A dificuldade de compreensão desse conceito na contemporaneidade nos
direciona
ao seu estudo em outros momentos históricos para que, assim, possamos alargar nossa
compreensão do movimento que conduz o termo aos nossos dias. Nesse sentido, Panofsky
(2007) nos auxilia retomando e explicando que o termo
humanitas
possui dois
significados
distintos: o primeiro insere
-
se no contexto da Antiguidade e o segundo
, por sua vez,
na Idade
Média.
O primeiro “Significava a qualidade que distingue o homem, não apenas dos animais,
mas também, e tanto mais, daquele que pertence à espécie H
omo sem merecer o nome de Homo
humanus [...]” (PANOFSKY, 2007, p. 20). Essa distinção entre os homens se estabelecia pelos
valores morais, ou seja “[...] aquela graciosa mistura de erudição e urbanidade que só podemos
circunscrever com a palavra, já muito
desacreditada, "cultura".” (PANOFSKY, 2007, p. 20).
Com a transição para a Idade Média
,
o conceito de humanidade vincula
-
se à divindade.
O homem, portador da divindade e humanidade, possui um corpo, o qual expressa sua
humanidade associada a fragilidade e
a transitoriedade humana. Esse conceito é preservado no
Renascimento
,
que conserva o duplo sentido:
humanitas
e
barbaritas
;
humanitas
e
divinitas
.
Panofsky explica que “É dessa concepção ambivalente de
humanitas
que o humanismo nasceu”
(PANOFSKY, 2007, p.
21), e se sustentou na “[...] na insistência sobre os valores humanos
(racionalidade e liberdade) e na aceitação das limitações humanas (falibilidade e fragilidade)
[...]” (PANOFSKY, 2007, p. 21).
Portanto, é essa acepção de humanidade que investigamos n
este artigo que se
desenvolve pela análise iconográfica do Crucifixo de Padova pintado por Giotto di Bondone
(1266
-
1337) com a delimitação na premissa de que a imagem expressa a dualidade da natureza
de Cristo por meio do corpo humano de Jesus. O corpo hu
manizado de Cristo é compreendido,
no estudo, como indício da mudança de mentalidade
4
acerca dos conceitos de homem e mundo
p
róprio protagonista
–
o homem
–
desconhece. [...]”. Para o historiador das mentalidades, tudo se torna fonte:
objetos de adorno até a leitura de documentos literários e artísticos (MAROTTA, 1991, p. 19).
4
Mentalidade coletiva é tratada neste texto como “[
...]plano mais profundo da psicologia coletiva, no qual estão
os anseios, esperanças, medos, angústias e desejos assimilados e transmitidos inconscientemente, e exteriorizados
de forma automática e espontânea pela linguagem cultural de cada momento históri
co em que se dá essa
manifestação (FRANCO J
Ú
NIOR, 2001,
[n.p.]
).
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que se consolidariam no Renascimento Italiano. Na Idade Média
,
humanitas
,
vinculada a
divinitas
,
se expressava na imagem do Cristo divino
. O
Cristo humanizado surge no final da
Idade Média, o que
,
para nós
,
se constitui hipoteticamente como a manifestação do movimento
das mentalidades que se consolidaria alguns séculos a frente.
Dessa forma, a imag
em é compreendida como forma de conhecimento
,
por oferecer a
possibilidade de o mundo ser interpretado por meio dela. Para Gombrich (1971)
,
uma imagem
nunca é a reprodução da realidade, mesmo que uma fotografia ou mapa geográfico, pois
constitui o resultad
o de um processo que requisitou análises, interpretações, representações
esquemáticas e correções. Nesse sentido, toda imagem é fabricada, produzida conforme as
especificidades de seu tempo, fato que a coloca em um contexto cultural, o qual deve ser
consid
erado sempre que o objetivo é o estudo iconográfico.
Como fonte de estudo
,
estabelecemos a imagem, todavia
,
as “Imagens são
irremediavelmente mudas” (BURKE, 2004 p.
43), o que requer uma metodologia que
possibilite que elas falem. O campo que se dedica a
interpretação das mensagens contidas nas
imagens é denominado de iconografia ou iconologia. A iconografia é um “[...] ramo da história
da arte que trata do tema ou mensagem das obras de arte em contra posição à sua forma”
(PANOFSKY, 2007, p. 47).
No que s
e refere aos procedimentos metodológicos para a análise, Joly (2007) ressalta
que “Não há método
absoluto para a análise, mas sim opções a fazer, ou a inventar,
em função
dos objetivos” (JOLY, 2007, p. 54). Para a autora
,
os objetivos do estudo são determi
nantes
para o estabelecimento dos procedimentos e apresenta
,
como direcionamento para o
desenvolvimento da análise
,
a observação dos signos plásticos, icônicos ou figurativos e
linguísticos. Com relação aos signos plásticos e icônicos, a autora explica que
:
A distinção teórica entre signos plásticos e signos icónicos remonta aos anos
80, quando o Grupo Mu, muito em especial, conseguiu demonstrar que os
elementos plásticos das imagens (cores, formas, composição, textura) eram
signos plenos e
integrais e não a simples matéria de expressão dos signos
icónicos (figurativos) (JOLY, 2007, p. 150).
Os signos linguísticos referem
-
se as palavras e textos que acompanham as imagens. O
seu conceito segue os pressupostos estabelecidos por Sauss
u
re, o qua
l entende que o signo
linguístico é mais do que a união de uma coisa e uma palavra, mas envolve um conceito e
u
ma
imagem acústica. Ele explica que:
O signo
linguístico
une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma
imagem acústica. Essa não é o som material, coisa puramente física, mas a
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impressão (
empreite
)
psíquica
desse som, a representação que dele nos dá o
testemunho
de nossos sentidos; tal imagem é sensori
al e, se chegamos a
chama
-
la ‘material, é somente neste sentido, e por oposição ao outro termos
da associação, o conceito,
geralmente
mais abstrato (SAUSSURE, 1995, p.
80).
O desenvolvimento do estudo está organizado em quatro momentos: inicia
-
se com a
ex
posição de informações sobre o objeto de estudo e seu autor, Giotto; na sequência, passa
-
se
para os signos plásticos; segue
-
se para os icônicos; e finalizamos com as observações com
relação aos signos linguísticos.
Desenvolvimento
A cruz, símbolo antig
o adorado mesmo antes da era cristã, foi adotada e venerada pelo
C
ristianismo desde os primórdios como seu principal símbolo. Todavia, a representação
5
de
Cristo morto, vencido pela/na cruz, não foi permitida pela Igreja durante muito tempo, pois
“Não con
vinha expor à zombaria dos infiéis a figura de Cristo Crucificado, e do instrumento
do seu suplicio” (TREVISAN, 2003, p. 34)
.
Trevisan explica que a primeira representação de Jesus Crucificado é datada no século
V d.C e trata
-
se de um relevo em uma porta de madeira da Igreja de Santa Sabina, em Roma
“[...] onde se vê uma tosca figura de Cristo entre dois ladrões, com um trapo a t
apar
-
lhe o sexo”.
(TREVISAN, 2003, p. 36). Contudo, a representação apenas da Cruz, sem a vítima, como
objeto do triunfo de Deus
,
é predominante em todo o Ocidente até o século IX.
A revolução das imagens do Crucificado ocorreu a partir do século XII com i
nfluência
de São Francisco de Assis. Conforme Trevisan, não foi o santo que modificou diretamente sua
figuração
–
pois, inclusive sua visão do Crucificado foi do Cristo de São Damião, o qual segue
os moldes bizantinos
–
mas a piedade, a veneração pelo corp
o de Cristo na Cruz e o apego a
natureza contribuíram com a figuração da natureza humana do Filho de Deus e o aparecimento
do culto ao Crucificado. Dessa forma, já na “[...] primeira metade do século XIII, tornou
-
se
usual pintar em painéis de madeira ou so
bre couro, grandes crucifixos. Eram suspensos sobre o
altar
-
mor das igrejas. As imagens de Cristo figuravam geralmente enquadradas por episódios
5
Para Abbagnano o termo representação tem origem medieval e significa imagem ou ideia. O autor explica que:
Ockham distinguia três significados fundamentais: "Representar tem vários senti
dos. Em primeiro lugar, designa
-
se com este termo aquilo por meio do qual se conhece algo; nesse sentido, o conhecimento é representativo, e
representar significa ser aquilo com que se conhece alguma coisa. Em segundo lugar, por representar entende
-
se
conh
ecer alguma coisa, após cujo conhecimento conhece
-
se outra coisa; nesse sentido, a imagem representa aquilo
de que é imagem, no ato de lembrar. Em terceiro lugar, por representar entende
-
se causar o conhecimento do
mesmo modo como o objeto causa o conhecim
ento" (ABBAGNANO, 2007, p. 853)
.
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extraídos dos Evangelhos” (WOLF, 2007, p.
158).
Wolf (2007) elucida que a pintura de crucifixos em painéis no
Ocidente foi influenciada
pela tomada de Constantinopla pelas Cruzados e a vinda de muitos painéis bizantinos para a
Itália
em 1204, os quais inspiraram a pintura icônica ocidental. Sobre as características dessa
pintura, Wolf ressalta que:
Os seus elemen
tos mais marcantes incluíam o uso do fundo em ouro, rostos e
corpos estilizados, luxuosa ornamentação de detalhes e acessórios, capas
listadas de ouro irreais e finalmente, a grande ou completa renuncia à
profundidade espacial em detrimento de coordenada
s
abstratas
de planos
pictóricos. O estilo ‘Grego’ ou ‘Bizantino’ dominou este campo até cerca de
1300
–
até Giotto aparecer em cena! (WOLF, 2007, p. 45).
Portanto, na época de Giotto, ao lado das representações da Madona, um dos temas mais
importantes na pintura italiana, a crucificação era pintada em grandes
painéis
em forma de cruz:
“O sobrevivente mais antigo desta
croce dipinta
é um trabalho oriundo da
Toscana: a cruz
datada de 1138 por um Mestre Guillielmus na catedral de Sarzana” (WOLF, 2007, p. 45).
O crucifixo de 1327, que estava originalmente na abside da
Capella degli Scrovegni
,
atualmente encontra
-
se no Museo Cívico dos Eremitani (frades agostinia
nos) em Padova
–
IT.
A pequena capela, com 21.50 m
etros
de comprimento por 8.50
m
etros
de largura e 12.80
m
etros
de altura, foi construída em curto espaço de tempo
–
iniciada em 1302 e finalizada em 1304
-
e
dedicada a Santa Maria da Caridade. A capela, anexa ao palácio dos
Scrovegni
, inicialmente
era privada, mas Enrico Scrovegni conseguiu autorização do
Papa
Benedi
to XI para torná
-
la
publica exibindo, assim, à sociedade padovana a rica decoração que havia sido confiada a dois
grandes mestres: Giovanni Pisano e Giotto di Bondone. A maioria dos pesquisadores indica o
ano 1306 como o fim dos trabalhos de Giotto na
Cap
ella degli Scrovegni
.
Giotto di Bondone ficou responsável pela decoração das paredes da capela, sendo dele
a autoria do painel conhecido como o Crucifico de Padova. Giotto é considerado como o “[...]
último dos grandes artistas da Idade Média. Outros pref
erem considerá
-
lo o primeiro artista
moderno [...]” (TREVISAN, 2003, p. 185). Ele nasceu, provavelmente, em 1266
-
7 em uma
família humilde que vivia em uma aldeia a uns 20 quilômetros de Florença.
Com, em torno,
dez (10) anos de idade
,
o garoto Giotto torn
a
-
se aprendiz de Cimabue
(1240?
-
1308?), um grande pintor da época. Assim, Giotto vai morar em Florença, cidade que
foi cenário do Renascimento italiano que, no campo artístico, é considerado como precursor. A
revolução artística provocada por Giotto se car
acteriza em três aspectos: temático, formal e
emocional.
No que se refere ao aspecto temático, Giotto mant
é
m os temas de inspiração religiosa,
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um
estudo do
crucifixo
de Padova de Giotto di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
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ISSN:
2237
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DOI:
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mas abandonou o modelo dos ícones bizantinos e os personagens sagrados transformaram
-
se
em pessoas de carne e oss
o em ações do cotidiano sem riquezas.
A revolução formal refere
-
se
à
criação de um estilo pessoal ou, como é conhecido
atualmente, poéticas individuais. Giotto registra as cenas como se uma ação fosse congelada,
os gestos
da
s personagens mostram o olhar d
o artista de forma particularizada e verossímil.
Essa característica possibilita o surgimento da terceira revolução: a sentimental.
A emoção presente nas pinturas anteriores a Giotto eram expressas de forma comum a
todos os personagens como Trevisan
(
2003,
p. 190)
explica:
Se observarmos bem as pinturas que o precedem, vemos que elas são
dominadas por uma atmosfera coral, do ponto de vista emotivo, ou seja, todos
os personagens representam, juntos, como que um só sentimento. Giotto
prefere seguir o modelo
sinfônico: cada instrumento produz seu som
específico, encaixando
-
se numa única trama harmoniosa.
Todavia, para a efetivação de todas essas mudanças, foi preciso o desenvolvimento de
habilidades técnicas, com destaque para a tridimensionalidade que substituiu o bidimensional.
Esse efeito é resultante da modulação dos tons, dos contrastes de claro e esc
uro que tornam
possível, por exemplo, atribuir volume e movimento aos corpos.
Em razão dessas características, Giotto recebeu a denominação de realista por tornar
possível a visibilidade humana, inclusive, do corpo divino e humano do Filho de Deus.
Sig
nos plásticos
Para a realização deste estudo
,
delimitou
-
se como signos plásticos: suporte, dimensão,
técnica artística, moldura, composição, formas, luz e cor. Entende
-
se a necessidade da
fragmentação da obra nesses signos para entender suas particularida
des e reconstruir de forma
consciente a totalidade de seu significado. Todavia, ressalta
-
se a dificuldade de um olhar
particularizado, os signos se completam e exigem o diálogo entre si. Assim, em alguns
momentos as abordagens dos signos requerem reflexão
conjunta.
Giotto, para construir o crucifixo da
Capella degli Scrovegni
, usa a técnica de têmpera
que consiste na mistura de pigmentos com gema de ovo para cobrir uma superfície de madeira
de 223 x 164 cm com a imagem do Cristo morto na cruz. A
têmpera
s
obre madeira possibilita
a criação de cores vivas e brilhantes, característica que
-
considerando o local em que o crucifixo
estava originalmente na capela (abside), sua dimensão e o próprio material a madeira (que
remonta ao próprio material da cruz de Cr
isto)
–
nos possibilita verificar a imponência do objeto
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e seu impacto aos olhos dos fiéis.
O impacto do advento do sofrimento e morte de Cristo ganha proporções mais
significantes quando consideramos a
moldura
escolhida por Giotto para sua obra, a qual s
e
constrói por sua ausência, sendo mantido o formato da própria cruz através de um delicado e
preciso corte da madeira.
Figura 1
–
Crucifixo de Padova
–
visão anterior e posterior
Fonte: Bondone
(
1317
)
Com relação a
composição,
pode
-
se verificar que Giotto não traz novidades, seguiu a
estrutura presente nos trabalhos de outros artistas e em seus próprios crucifixos. Cecchi (2011)
ressalta que a composição geral é similar ao crucifixo malatestiano de Rímini, mas se diferencia
–
d
esse e de outros
–
pelo fato de a parte posterior também ser pintada. No centro da parte
posterior
,
Giotto pintou o Cordeiro Místico e
,
nas extremidades
,
os quatro evangelistas:
Matheus representado por um homem; o boi para Lucas, um leão para Marcos e uma
águia para
João. Todavia, a visualização dessas imagens é muito comprometida pelo desgaste do tempo.
Nesse estudo
,
vamos nos limitar a pintura anterior do crucifixo.
Em primeiro plano
,
encontra
-
se a figuração do Cristo Crucificado. A cruz que suporta
o co
rpo morto de Jesus recebe um adornamento com três lóbulos, sendo dois laterais e um
superior. O lóbulo superior comporta a imagem do Redentor em posição de benção,
à
esquerda
de Cristo está João que, com a Virgem Maria a direita do Filho, assiste a morte d
o Mestre.
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Abaixo da Cruz, Giotto faz referência ao Gólgota, ou calvário, por meio da representação de
uma caveira que
,
na iconografia cristã
,
representa Adão.
As formas compõem um signo plástico que
,
conforme Joly
,
oferece obstáculos
à
s
análises iconográficas, por se tratar de um signo “[...] essencialmente antropológica e cultural”
(JOLY, 2007, p. 115). A autora explica que as formas podem ser consideradas como naturais e
exemplifica: “[...] nenhum comentário a fazer acerca da silhueta
de um homem ou de uma
árvore: elas são assim”. Todavia, é preciso não esquecer que as formas são construídas por meio
da escolha de “[...] linhas curvas, formas redondas feminilidade e suavidade; formas
pontiagudas, linhas retas virilidade e dinamismo;
et
c.
” (JOLY, 2007, p. 116).
Os elementos utilizados para dar forma
à
s personagens e objetos, cuja identificação são
incontestáveis dentro de determinados contextos culturais, possibilitam a construção de
sentidos e significados distintos em representações s
imilares. Esse é o caso das representações
de Cristo que
,
conforme Pelikan (2000)
,
em cada contexto histórico/cultural recebeu figurações
diferentes seguindo valores morais, nível de conhecimento intelectual e domínio da técnica
artística.
Pode
-
se percebe
r que Giotto
,
usando as técnicas conhecidas em sua época, das quais é
considerado precursor, construiu uma figura humana para o Deus encarnado. A visualização da
composição anatômica do corpo humano é favorecida pelo traçado do artista que faz surgir aos
o
lhos do espectador um corpo longilíneo, magro e fragilizado pelo sofrimento do martírio. A
estrutura óssea da caixa toráxica é nítida através da suavidade da pele esbranquiçada do corpo
sem vida, característica que se irradia pelas demais partes do corpo c
omo a região abdominal
que, pela falta de ação muscular, está relaxada acumulando
-
se na região umbilical dando
-
a uma
forma arredondada. A confirmação do corpo morto é atestada pelo corpo articulado de Cristo
que
,
sem sustentação
,
se esvaece, joelhos e coto
velos estão entregues em uma posição
semiflexionada indicando a falta de domínio do movimento humano que se vai com o fim da
vida.
As características da figuração do Cristo de Giotto observadas pelas formas podem ser
confirmadas e ampliadas ao considerar
mos as cores e a iluminação utilizadas pelo artista, fato
decorrente desses signos exercerem “[...] sobre o espectador um efeito psicofisiológico, uma
vez que opticamente apercebidas e psiquicamente vividas colocam o espectador num estado
que se assemelha
ao da sua experiência primeira e fundadora em matéria de cores e de luz.”
(JOLY, 2007, p. 117). Joly ressalta que a luz e as cores despertam sensações e sentimentos no
espectador relacionados a vivências/experiências anteriores ou internalizadas culturalme
nte
,
se
tonando
referências
sensíveis: “Tantas referências que, com um pouco de memória, as opções
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feitas para a imagem podem reativar, com os seus ajustamentos socioculturais, bem entendido:
o preto não é a cor do luto para todos, tal como o branco não é
para todos a cor da pureza.”
(JOLY, 2007, p. 117).
A luminosidade é resultante da combinação de tons claros em contraste com tons mais
escuros. Giotto utiliza
-
se desse artificio para iluminar o corpo crucificado de Cristo
,
fazendo
com que o observador lanc
e o olhar diretamente para o Redentor. O brilho que reluz de Jesus
ressalta sua natureza divina
,
que se contrasta com o tom escuro usado pelo artista para construir
a cruz, instrumento usado pelos humanos para imolar o cordeiro de Deus. Assim, pode
-
se obte
r
a sensação da vitória de Cristo sobre a morte e o sucesso dos planos de Deus pela luz divina
que emana do corpo de Jesus
,
que se distancia da escuridão
na qual
repousa
frente à
maldade
humana simbolizada pela cruz. Todavia, o preto tradicionalmente assoc
iado ao mal é
contornado pelo dourado cor do metal mais precioso, associado a perfeição e usado nos ícones
bizantinos como reflexo da luz celestial (CHEVALIER, 1986).
Os signos icônicos ou figurativos
Os signos icônicos ou figurativos são entendidos como aqueles se relacionam por
analogia ou semelhança com o que representam, dessa forma “Um desenho figurativo, uma
fotografia, uma imagem de síntese representando uma árvore ou uma casa são ícones na medid
a
em que eles se
assemelham
a uma árvore ou a uma casa” (JOLY, 2007, p. 38). A análise desses
signos ocorrerá em dois momentos: primeiramente
,
busca
-
se o reconhecimento dos motivos
que são compreendidos com as ‘coisas’ e objetos que compõem a imagem; na se
quência
,
a
atenção é direcionada
à
posição
em
que os motivos estão, como o gestual das personagens. Essa
observação constitui
-
se como fundamental
,
como explica Joly:
Com efeito, as representações figurativas colocam em cena personagens e uma
parte da
interpretação da mensagem é então determinada pela cenografia, que
retoma posturas também elas culturalmente codificadas. A disposição das
personagens umas em relação às outras pode ser interpretada tendo como
referência os usos sociais (relações íntimas,
sociais, públicas...). Mas ela pode
também ser interpretada relativamente ao espectador (JOLY, 2007, p. 123).
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Figura 2
–
Crucifixo de Padova
–
visão anterior
Fonte: Bondone
(
1317
)
A cruz é o motivo principal de toda a narrativa. O
instrumento de dupla interpretação,
humilhação e vitória de Cristo, é construída por Giotto seguindo a tradição dos painéis do
Crucificado. A estrutura grandiosa não se limita a representação pura da cruz, a qual em si, está
envolvida em uma composição lux
uosa adornada por dourado. Em suas laterais repousa
,
quase
por completo
,
o corpo de Cristo, expandem
-
se e recebem uma estampa semelhante aos tecidos
orientais.
Dessa forma, o instrumento de suplício de Jesus pode ser assimilado a um trono onde
descansa.
A
quele que morreu, mas vive e reinará eternamente
,
estabelecendo o elo entre o
mundo terreno e divino. Assim, como Cristo, a cruz de Giotto pode ser interpretada como
portadora da dupla natureza, terrena e divina.
Como suporte para a cruz, Giotto
colocou um pequeno relevo. Essa representação é
reconhecida na iconografia cristã como Gólgota, ou Calvário, a colina em que Jesus foi
crucificado, sendo identificado pela caveira que é relacionada a Adão. O sangue que escorre
dos pés de Cristo desliza até
a caveira
,
fazendo alusão ao sangue do Cordeiro que tira o pecado
do mundo. Jesus
,
ao derramar seu sangue inocente
,
redime a humanidade do pecado original:
“O sangue de Cristo a gotejar para a caveira simboliza a salvação da humanidade, representada
por A
dão
”
(WOLF, 2007, p. 49).
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Figura 3
–
Crucifixo de Padova. Detalhe: Gógolta.
Fonte: Bondone
(
1317
)
Ocupando a posição central do painel, o Crucificado protagoniza a cena. Assim como
as demais representações de Cristo, a imagem do
crucificado também sofreu alterações. No
início da Idade Média, exaltava
-
se a vitória de Cristo sobre a morte, cuja representação trazia
Cristo vivo na cruz sem menção aos suplícios do calvário. A partir do século XI
,
a ênfase
reflexiva cristã ressalta a v
iolenta morte de Cristo, as torturas, o sangue e toda dor possibilitam
a efetivação do plano salvífico de Deus. Essas duas formas de representação do crucificado são
denominadas de
Christus Victor
e
Christus Patiens
.
[...] durante a Idade Média, o retrato
do crucificado mudou do modelo de
Christus Victor (Cristo vencedor sobre o pecado e a morte) para o Christus
Patiens (o Cristo sofredor) e que essa mudança representou uma nova ênfase
sobre a humanidade de Cristo. [...] A espiritualidade da paixão foi cad
a vez
mais centrada na compaixão por Cristo e por Maria (VILADESAU, 2014, p.
68).
Seguindo as características do
Christus patiens
, o salvador que suporta as punições com
calma, Giotto convida o espectador a sentir a dor de Cristo e se colocar em seu lugar
. O aceite
ao convite é possível pela ‘verdade’ construída pelo artista que, utilizando suas habilidades
técnicas e o conhecimento anatômico e fisiológico do corpo humano, expõe a humanidade de
Jesus em um corpo que poderia ser o de qualquer pessoa que con
templasse a pintura, a qual
proporciona a ilusão do real pela tridimensionalidade.
As dores, as chagas, o corpo dilacerado, a morte brutal proporcionada pelos
instrumentos de execução romana se revelam em um corpo frágil com músculos flácidos
delicadamen
te pintados em harmonia com estruturas ósseas que saltam a pele esbranquiçada.
O sangue que corria nas veias está visível, jorra das feridas dos pregos nos pés e nas mãos e da
lança que perfurou o tórax de Cristo. O vermelho vivo do sangue se esvai do corp
o morto do
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Salvador que se liberta do sofrimento da carne, o qual, agora, é sentido no corpo do fiel que ao
contemplar o Cristo Doloroso de Giotto vive com Ele todo seu martírio pela posse da mesma
carne que o Filho de Deus aceitou na encarnação!
O sofrim
ento de Cristo é visível nas expressões da Virgem Maria e São João. Com os
olhares baixos, em direção ao Crucificado, seus corpos se contraem como fossem se
desmanchar na dor da morte do Mestre. João com a mão no rosto, parece não acreditar no que
seus olh
os veem; o coração de Maria, que se desmancha com o lastimável
destino
do Filho, é
amparado com as mãos em seu peito.
Figura 4
–
Crucifixo de Padova. Detalhe: Virgem Maria e São João.
Fonte: Bondone
(
1317
)
Ocupando o lóbulo superior,
assistindo e abençoando a cena
,
Giotto traz a figura do
Pantocrátor. Pantocrátor é “[...] traduzido geralmente por ‘Onipotente’, mas que é melhor
traduzir pela expressão ‘Oniregente’, ou ‘Aquele que tudo rege’, é um termo que se encontra já
na literatura
pagã” (GHARIB 1997, p. 91
-
92). Essa representação é associada ao Salvador e/ou
ao Todo Poderoso, o Cristo como Juiz dos Homens.
Uma das primeiras figurações do Cristo Pantocrátor é a do Mosteiro de Santa Catarina,
no Monte Sinai, datada como uma imagem do
século VI e foi inspiração para a criação de várias
versões do Pantocrátor e, a partir do século IX se multiplicaram. Trevisan explica que os artistas
que criaram as primeiras imagens “[...] pareciam, então, preocupados em sugerir algo não
-
visível, a tran
scendência divina” (TREVISAN, 2003, p. 48). A interpretação dessas imagens se
sustenta na dupla natureza de Cristo
-
humana e divina
–
como fica explicito nos escritos de
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São Gregório de Nissa apresentado por Trevisan: “Quando ouvimos o termo Pantocrátor,
Aquele que tudo rege, compreendemos com a mente que Deus mantém no ser todas as coisas:
tanto as de natureza inteligível como as de natureza material” (TREVISAN, 2003, p. 49).
Figura 5
–
Crucifixo de Padova. Detalhe: Pantocrátor
Fonte: Bondone
(
1317
)
A dupla natureza de Cristo se expressa de forma explicita pela posição de benção de sua
mão direita, quem abençoa é aquele que tem autoridade, portanto
,
é a natureza divina de Cristo
que cumpre essa função. A posição dos dedos que abençoam, também,
remete
-
se a sua dupla
natureza que é simbolizada pelos dedos indicador e médio voltados ao alto. A Trindade é
simbolizada pela posição dos dedos anular, mínimo e polegar. Completando a simbologia cristã,
o punho indica Deus, raiz de onde todos os dedos nas
cem e estão unidos. Em
oposiçã
o
,
a mão
direita está
à
esquerda
,
representando a natureza humana. Os homens devem orientar e guiar
suas ações pela Sagrada Escritura, que se constitui fonte de todo o conhecimento necessário
para a salvação.
Dessa forma, pode
-
se verificar que o corpo humanizado de Cristo construído por
Giotto
ilustra a afirmação de Gombrich ao mencionar que “[...] os italianos estavam convencidos de
que uma época inteiramente nova tinha começado com o aparecimento desse grande pintor.
Veremos que eles estavam certos.” Tal convencimento italiano se justif
ica porque o artista
modificou toda a concepção de pintura, a “A velha maneira bizantina pareceu subitamente
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rígida e superada”. Giotto estava preocupado com a realidade, como o momento vivido pelas
pessoas quando o evento aconteceu “O que importava a Giot
to era o significado íntimo da
história
—
como homens e mulheres se movimentariam e comportariam numa dada situação”.
Essas mudanças não se limitam a arte, mas expressam uma nova concepção de mundo
no
qual a
natureza torna
-
se central e, nesse sentido, o ho
mem e sua humanidade são ressaltados.
Fato que fica explicito na passagem de Didi
-
Huberman: “Quando Boccaccio compara Giotto
ao pintor Apeles, louvando sua aptidão em imitar a natureza, a própria pintura recupera sua
memória, sai da sombra e começa a rena
scer
”
(DIDI
-
HUBERMAN
,
2013, p. 81). O autor
entende que a Giotto desencadeia “[...] todo o processo do ‘renascimento’ a seguir” (DIDI
-
HUBERMAN, 2013, p. 285). Frente aos apontamentos apresentado, podemos entender as arte
s
giottesca
s
e
,
especificamente
,
o C
rucifixo de Padova como indício da mudança de mentalidade
acerca dos conceitos de homem e mundo que se consolidariam no Renascimento Italiano.
A mensagem linguística
Imagem e palavras se complementam. Joly entende que palavras e imagens possuem
suas es
pecificidades, mas que
,
para a eficácia do processo comunicativo
,
as duas são
necessárias. A autora ilustra seu posicionamento com o exemplo de Golard
: “Palavra e imagem,
é como cadeira e mesa: para estar à mesa necessitamos das duas (JOLY, 2007, p. 135). Mesmo
diante do vasto campo de informações obtido puramente pelas imagens, existem algumas
informações que só são possíveis por meio da indicação verb
al como “[...] indicações precisas
de lugar ou de tempo, as indicações de duração, os pensamentos ou as falas das personagens”
(JOLY, 2007,
p.
128).
As imagens podem, explicitamente, receber o acompanhamento da linguagem verbal ou
provocar o surgimento de
discursos
–
verbais e/ou mentais
–
, o que estabelece a
complementariedade das linguagens. No primeiro caso, podemos verificar que muitas imagens
são acompanhadas de comentários, títulos, legendas e demais formas de linguagem verbal. Joly,
retomando a teori
a de Barthes
6
, menciona que nessas situações as mensagens verbais podem
assumir a função de âncora ou de substituição. A função de âncora tem o intuito de “[...] deter
essa
corrente flutuante do sentido
, consequência da inevitável polissemia da imagem, i
ndicando
o bom nível de leitura
e o que deve ser privilegiado por entre as diferentes interpretações que
6
Roland
Barthes propôs uma
Retórica da Imagem,
cujas proposições “[...] inscrevem
-
se na evolução do conceito
do alargamento da retórica da linguagem verbal na direção de uma retórica geral, aplicável a todos os tipos de
li
nguagem: A
retórica clássica
deverá ser repensada em termos estruturais e [que] será então talvez possível
estabelecer uma retórica geral... válida para o som articulado, a imagem, o gesto, etc” (JOLY, 2007, p. 101).
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uma única imagem pode proporcionar
”
(JOLY, 2007, p. 127). A função de substituição é
definida quando “[...] a mensagem linguística vem complementar as
carências expressivas da
imagem, tornando
-
se sua substituta” (JOLY, 2007, p. 128).
No Crucifixo de Padova
,
a mensagem linguística pode ser evidenciada no painel acima
do Crucificado. Na época de Cristo, era comum o crime que condenou o réu a crucificação s
er
inscrito em placas, semelhantes a figurada por Giotto, para servir de exemplo à população.
Dessa forma, Pilatos mandou identificar o crime de Cristo com os inscritos Rei dos Judeus, o
que não agradou os sacerdotes que sugeriram inscrever que Jesus havia
dito ser o Rei dos
Judeus. Os evangelista
s
confirmam que a afirmação de Cristo como o Rei dos Judeus foi
mantida: “E havia uma inscrição acima dele: Ele é o Rei dos judeus.” (Lucas 23:38); “E
colocaram por cima da sua cabeça, por escrito, o motivo de sua
condenação: Este é Jesus, o
Rei dos judeus” (Mateus 27:37); “E por cima dele estava a inscrição de sua culpa: Rei dos
judeus” (Marcos 15: 26); Pilatos redigiu também um letreiro e o fez colocar sobre a cruz, nele
estava escrito: “Jesus
de
Nazaré
, o Rei do
s judeus” (João 19:19) (BÍBLIA, 2013).
A iconografia cristã que representa o crucificado, tradicionalmente, é composta pela
legenda descrita pelos evangelistas
,
o que é mantido por Giotto em um painel vermelho com a
inscrição em letras douradas
,
confirman
do
,
pela cor
,
a reverência divina de Cristo como Rei
dos Judeus.
Considerações finais
O Crucifixo de Giotto insere
-
se em um movimento que expressa a transformação da
representação de Cristo que passa do
Christus Victor
para o
Christus Patiens
. Essa
transformação coloca em ênfase o martírio do Filho de Deus
–
um homem que sofre e morre
como
todos os outros
-
para cumprir os propósitos de salvação da humanidade do Pai. O
movimento engloba uma cadeia de mudanças que na pintura giottesca pode ser verificada pela
permanência de elementos da tradição e da inserção de outros, como nos mostrou os s
ignos
plásticos, icônicos e linguísticos.
Temas e motivos são os mesmos usados para representar o Crucificado, mas a dualidade
presente, em especial, na figuração da cruz e de Jesus anuncia novos tempos. A cruz que traz
em si o significado de derrota e vit
ória se transforma em um trono no qual Giotto convida para
dialogar
,
com escuridão interna
,
a luz divina do dourado. O terreno e o divino em harmonia se
completam para acomodar o
corpo daquele
que
se tornou
o Rei dos Reis por ser mortal, sofrer
e morrer co
mo todos os homens sem deixar de exercer o divino presente em seu Ser.
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O corpo de Cristo:
um
estudo do
crucifixo
de Padova de Giotto di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
-
ISSN:
2237
-
258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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19
Giotto coloca a natureza humana de Cristo em evidência no corpo sofredor
,
que
possibilita, pela semelhança, a identificação do apreciador com o Mestre. Dessa forma, a
pedagogia imagéti
ca se efetiva no Crucifixo de Giotto e nos possibilita verificar que as imagens,
por meio de diferentes conotações, participam dos processos de formação humana em todos os
tempos atendendo as demandas sociais ou instigando reflexões, propondo e anunciando
mudanças.
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA e Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2,
e02102
8
, 2021.
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ISSN:
2237
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258X
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O corpo de Cristo:
um
estudo do
crucifixo
de Padova de Giotto di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
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ISSN:
2237
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DOI:
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Sobre os autores
Meire Aparecida Lóde NUNES
Docente do curso de Educação Física da Universidade
Estadual do Paraná (Unespar).
Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Thais Regina Ravazi de SOUZA
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente
Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Vanessa Silvestre LIMA
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Processamento e edição: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correção, formatação, normalização e tradução.
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Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados
, v. 1
1
,
n. esp. 2,
e0210
2
8
,
2021.
e
-
ISSN:
2237
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258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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1
THE BODY OF CHRIST: A STUDY OF THE PADOVA CRUCIFIX BY GIOTTO DI
BANDONE
O CORPO DE CRISTO: UM ESTUDO DO CRUCIFIXO DE PADOVA DE GIOTTO DI
BANDONE
EL CUERPO DE CRISTO: ESTUDIO DEL CRUCIFIJO DE PADOVA POR GIOTTO DI
BANDONE
Meire Aparecida Lóde NUNES
State University o
Paraná
e
-
mail:
meire.lode@unespar.edu.br
Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER
State University of
Paraná
e
-
mail:
taliseschneider@hotmail.com
Thais Regina Ravazi de SOUZA
State University of
Paraná
e
-
mail:
tatletismo@hotmail.com
Vanessa Silvestre LIMA
State University of
Paraná
e
-
mail:
nesilvestre@hotmail.com
How to refer to this article
NUNES, M.
A. L.
; SCHNEIDER, T. A. T.; SOUZA, T. R. R.; LIMA, V. S.
The
body of
Christ:
A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
.
Revista
Educação e Fronteiras
,
Dourados
, v.
1
1
, n.
esp. 2
,
e02
1
0
2
8
, 202
1
.
e
-
ISSN: 2237
-
258X.
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
Submitted
: 13/0
5
/2021
Revis
ions required
:
10
/0
7
/2021
Ap
proved
: 1
7
/09/2021
Publi
shed
: 30/11/2021
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA
and
Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
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ISSN:
2237
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DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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ABSTRACT
:
The objective of this text is to analyze the panel of the Crucifix of Padova painted
by Giotto di Bondone (1266
-
1337) with the premise that the image expresses the duality of the
nature of Christ through the human body of Jesus. The humanized body of Chris
t is understood,
in the study, as an indication of the change of mentality about the concepts of man and world
that would consolidate in the Renaissance. The methodological orientation is established
through the precepts presented by Matine Joly regarding
the messages coming from the plastic,
iconic and linguistic signs. The analysis of the three groups of signs showed us that Giotto
exposes the human nature of Christ, evidencing the suffering body that makes possible, by its
similarity, the identification
of the appreciator with the Master. Thus, the imagery pedagogy
takes effect in Giotto's Crucifix and allows us to verify that images, through different
connotations, participate in human
education
processes at all times, meeting social demands or
instigating reflections, proposing and announcing changes.
KEYWORDS
:
Crucifix. Body. Human and divine.
Giotto di Bondone.
RESUMO
:
O objetivo deste texto é analisar o painel do Crucifixo de Padova pintado por
Giotto di Bondone (1266
-
1337) com direcioname
nto da premissa de que a imagem expressa a
dualidade da natureza de Cristo por meio do corpo humano de Jesus. O corpo humanizado de
Cristo é compreendido, no estudo, como indício da mudança de mentalidade acerca dos
conceitos de homem e
de
mundo que se co
nsolidariam no Renascimento Italiano. A orientação
metodológica se estabelece por meio dos preceitos apresentados por Matine Joly no que se
refere as mensagens provenientes dos signos plásticos, icônicos e linguísticos. A análise dos
três grupos de signos
nos mostrou que Giotto expõe a natureza humana de Cristo evidenciando
o corpo sofredor que possibilita, pela semelhança, a identificação do apreciador com o Mestre.
Dessa forma, a pedagogia imagética se efetiva no Crucifixo de Giotto e nos possibilita veri
ficar
que as imagens, por meio de diferentes conotações, participam dos processos de formação
humana em todos os tempos atendendo as demandas sociais ou instigando reflexões, propondo
e anunciando mudanças.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Crucifixo. Corpo. Humano e divino. Giotto di Bondone.
RESUMEN
:
El objetivo de este texto es analizar el panel del Crucifijo de Padova pintado por
Giotto di Bondone (1266
-
1337) con la premisa de que la imagen expresa la dualidad de la
naturaleza
de Cristo a través del cuerpo humano de Jesús. El cuerpo humanizado de Cristo se
entiende, en el estudio, como un indicio del cambio de mentalidad sobre los conceptos de
hombre y mundo que se consolidaría en el Renacimiento. La orientación metodológica se
establece por medio de los preceptos presentados por Matine Joly sobre los mensajes
provenientes de los signos plásticos, icónicos y lingüísticos. El análisis de los tres grupos de
signos nos mostró que Giotto expone la naturaleza humana de Cristo, eviden
ciando el cuerpo
sufriente que posibilita, por su semejanza, la identificación del apreciador con el Maestro. Así,
la pedagogía de la imaginería entra en vigencia en el Crucifijo de Giotto y nos permite
comprobar que las imágenes, a través de distintas con
notaciones, participan en todo momento
en los procesos de formación humana, atendiendo demandas sociales o instigando reflexiones,
proponiendo y anunciando cambios.
PALABRAS CLAVE
:
Crucifijo. Cuerpo. Humano y divino.
Giotto di Bondone.
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The
body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
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Introduction
The term image can be used to define different objects such as a photograph, a picture,
a clinical examination (radiography, ultrasound, etc.) as well as to define and describe behaviors
and profiles of people or groups of people. The two cas
es refer to two forms of representations,
material and immaterial, as we can see in Schmitt's excerpt.
By the term 'image', we designate in all cases the visual representation of
something or a real or imaginary being: a city, a man, an angel, God, etc.
The
supports of these images are the most varied: photography, painting, sculpture,
TV screen. But the term 'image' also concerns the domain of the immaterial,
and more precisely the imagination. It is not necessary to see the material
representation of a
city to imagine it. Soon upon being named my thought will
give you a shape and I will keep a certain image in my memory. I can thus
dream of a certain city, knowing it really or
not, existing or being just the fruit
of my imagination. In all cases, I will
not hesitate to talk about 'images' of a
city, specifying that it is not a metaphor of language, of a memory or dream
image (SCHMITT, 2007, p. 12
, our translation
).
The diversity that permeates the concept of image extends to its use, which, in
contempora
ry society, expands in view of the relationship between image and media. This
relationship originates the emergence of the media image, which has gained overwhelming
proportions. Joly (2007) highlights the use of the term image in the advertising field and
highlights the fact that images are understood by contemporary common sense as practically
synonymous with media image. For the author, this simplified view impairs the understanding
of
diversity
and the use of images over time and, for us,
compromises awareness about the
impact of images on formative processes,
because
, among its
functions
, the pedagogical stands
out: "[...] one of the primary functions of the image is the
pedagogical function"
(
JOLY, 2007,
p. 53, griffin of the author
, our
translation
).
The pedagogical function of images has been expressed for a long time. Since Pope
Gregory the Great in the 6th century, who defended images as a bible of the illiterate, there was
an understanding of the effective participation of images in
the processes of
human education
.
However, the naturalization of images in the society of the spectacle
1
can compromise their
appropriation as educational elements, as well as contribute to the construction of a superficial
1
Guy Debord
is considered the creator of the concept of society
of the spetacle
. His theory consists in the
understanding that "All the life of societies in which modern conditions of production are proclaimed as an
immense accumulation of
spectacles
.
Everything that was directly lived is in the smoke of representation."
(
DEBORD, 1997, p. 13). In this society the images
–
in its broad concept
–
occupy a leading role "
The
specialization of the images of the world ends in an autonomous image, where the li
ar remembers himself. The
spectacle in general, as a concrete inversion of life, is the autonomous movement of the non
-
living (DEBORD,
1997, p. 14).
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA
and
Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
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knowledge of the potentiality o
f images in
human education
that occurs through all social
segments, impacting on the educational processes that occur inside and outside formal teaching
environments.
In this context, it is proposed to look beyond the walls of contemporary society in orde
r
to verify how images record social changes, both in the mental and material field. It is
understood that this view contributes to the expansion of awareness about the richness of images
and that denaturalizing them means moving towards a process of more
conscious
human
education
.
The proposal of this study expresses, in general, the paths followed by the research
developed by the Laboratory of Body Studies (LEC), which aims to develop research in the
area of Physical Education with objects of study deriv
ed from the concerns about Education,
which is understood by the group as a broad process of
human education
that occurs through
interpersonal relationships associated with social structures of the different historical periods.
In particular, this text
s
um
marizes
some
of the issues addressed in the module 'Body and
human
education
: paths and
deviations’
,
taught
during the extension course 'Body,
Human education
and Society', proposed by the research groups Laboratory of Body Studies
-
LEC/Unespar and
Study and Research Group on Body Language and Diversity
-
GEPL/UFGD with the objective
of promoting dialogues and reflections interinstitutional about the differen
t conceptions of the
body and its consequences in contemporary body practices.
The module 'Body and
human education
: paths and paths' was carried out with the
objective of exposing the main concepts and methodological referrals that guide the research
dev
eloped by the LEC. Among the concepts, the body and
human education
stood out
considering the historical movement that attributes meaning to them within a sociocultural
context. The theoretical assumptions for reflexive development and methodological refer
ences
are based on precepts derived from social history
2
and mentalities
3
, which enable
interdisciplinary studies and the wide use of sources, among them, images as historical records.
2
Since its emergence it is possible to observe various meanings of Social History. Thus, we indicate that
our
position is close to Castro's indication: "Before being a field defined by a historiographical posture, which results
in an extension of historical interest, built in opposition to the limitations of traditional historiography, social
history is seen
as a perspective of synthesis, as a reaffirmation of the principle that, in history, all levels of approach
are inscribed in the social and interconnect. Given the growing tendency to fragmentation of historiographical
approaches, this meaning of expressio
n is maintained by many historians as a horizon of discipline (CASTRO,
1997, [s.p.]).
3
The History of Mentality is a field of historiography that "[...] it is particularly interested in everyday life, and it
can be said that daily life is contained in it
. He is interested in what unconsciously escapes individuals, tries to
understand what is implied, hidden, 'behind the scenes', is that often the protagonist himself
–
man
–
is unaware.
[...]". For the historian of mentalities, everything becomes a source:
objects of adornment until the reading of
literary and artistic documents (MAROTTA, 1991, p. 19
, our translation
).
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The
body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
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The reflections on the concept of
human education
-
thought from the
concepts of
paideia
,
humanita
s and
bildung
-
developed in the LEC establish the link with the proposal of
the extension course "Body,
human education
and society" and consists of the object of
investigation in this text. The difficult
y of understanding this concept in contemporaneity
directs us to it study in other historical moments so that, thus, we can broaden our understanding
of the movement that leads the term to our day. In this sense, Panofsky (2007) helps us by
resuming
and ex
plaining that
the term humanites
has two distinct meanings: the first is part of
the context of antiquity and the second, in turn,
in
the Middle Ages.
The first "Meant the quality that distinguishes man, not only from animals, but also, and
so much more, from the one belonging to the species Homo without deserving the name of
Homo humanus [...]" (PANOFSKY, 2007, p. 20
, our translation
). This distinction
between men
was based on moral values, that is, "[...] that graceful mixture of erudition and urbanity that we
can only circumscribe with the word, already very discredited, "culture"" (PANOFSKY, 2007,
p. 20
, our translation
).
With the transition to the M
iddle Ages, the concept of humanity is linked to divinity.
Man, bearer of divinity and humanity, has a body, which expresses his humanity associated
with fragility and human transience. This concept is preserved in the
Renaissance, which
preserves the doub
le meaning:
humanitas
and
barbaritas
;
humanites
and
divinites
. Panofsky
explains that "It is from this
ambivalent conception of humanites
that humanism was born"
(PANOFSKY, 2007, p. 21
, our translation
), and sustained himself in "[...] the insistence on
hu
man values (rationality and freedom) and the acceptance of human limitations (fallibility and
fragility) [...]" (PANOFSKY, 2007, p. 21
, our translation
).
Therefore, it is this meaning of humanity that we investigate in this article that develops
through t
he iconographic analysis of the Padova Crucifix painted by Giotto di Bondone (1266
-
1337) with the delimitation on the premise that the image expresses the duality of the nature of
Christ through the human body of Jesus. The humanized body of Christ is und
erstood, in the
study, as an indication of the change of mentality
4
, about the concepts of man and world that
would be consolidated in the Italian Renaissance. In the Middle
Ages,
humanites,
linked to
divinites, expressed
themselves in the image of the di
vine Christ. The humanized Christ appears
at the end of the Middle Ages, which,
for
us, is hypothetically the manifestation of the
4
Collective mentality is treated in this text as
“
[...] deeper plane of collective psychology, in which are the longings,
hopes, fears, anx
ieties and desires assimilated and transmitted unconsciously, and automatically and spontaneously
externalized by the cultural language of each historical moment in which this manifestation takes place
”
(FRANCO
JÚNIOR, 2001,
[n.p.]
, our
translation
).
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA
and
Vanessa Silvestre
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Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
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movement of mentalities that would be consolidated a few centuries ahead.
Thus, the image is understood as a form of knowle
dge, because it offers the possibility
of the world being interpreted through it. For Gombrich (1971), an image is never the
reproduction of reality, even a photograph or geographical map, as it constitutes the result of a
process that required analyses, i
nterpretations,
schematic
representations
and corrections. In
this sense, every image is manufactured, produced according to the specificities of its time, a
fact that places it in a cultural context, which should be considered whenever the objective is
the iconographic study.
As a source of stu
dy, we established the image,
however
, the "Images are hopelessly
mute" (BURKE, 2004 p. 43
, our translation
), which requires a methodology that allows them
to speak. The field dedicated to the interpretation of the messages contained in the images is
calle
d iconography or iconology. Iconography is a "[...] branch of art history that deals with the
theme or message of works of art in opposition to their form" (PANOFSKY, 2007, p. 47
, our
translation
).
Regarding the methodological procedures for the analysis,
Joly (2007) points out that
"There is no absolute method for analysis, but options to make, or to be invented, depending on
the objectives" (JOLY, 2007, p. 54
, our translation
). For the author, the objectives of the study
are determinant for the establish
ment of procedures and
presents, as a direction for the
development of
the analysis, the observation of plastic, iconic or figurative and linguistic signs.
Regarding the plastic and iconic signs, the author explains that:
The theoretical distinction betw
een plastic signs and iconic signs dates back
to the 1980s, when the Mu Group, in particular, was able to demonstrate that
the plastic elements of the images (colors, shapes, composition, texture) were
full and integral signs and not the mere matter of exp
ression of the iconic
(figurative) signs (JOLY, 2007, p. 150
, our translation
)
.
The linguistic signs refer to the words and texts that accompany the images. Its concept
follows the assumptions established by Saussure, which understands that the linguistic
sign is
more than the union of a thing and a word, but involves a concept and an acoustic image. He
explains that:
The linguistic sign unites not a thing and a word, but a concept and an acoustic
image. This is not the material sound, a purely physical
thing, but the psychic
impression of this sound, the representation that gives us the testimony of our
senses; such an image is sensory and, if we come to call it 'material, it is only
in this sense, and as opposed to the other terms of the association, th
e concept,
usually more abstract (SAUSSURE, 1995, p. 80
, our translation
)
.
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The
body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
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The development of the study is organized in four moments: it begins with the display
of information about the object of study and its author, Giotto; then it is moved to the plastic
signs; next to the iconic ones; and we conclude with the observations reg
arding the linguistic
signs.
Development
The cross, an ancient symbol worshipped even before the Christian era, was adopted
and venerated by
Chr
istianism from the beginning as its main symbol. However, the
representation
5
of the dead Christ, vanquished by/on the cross, was not permitted by the Church
for a long time, for "It was not appropriate to expose to the mockery of the infidels the figure
of Christ crucified, and of the instrument of his supplication" (TREVISAN, 200
3, p. 34
, our
translation
).
Trevisan explains that the first depiction of Jesus Crucified is dated in the 5th century
AD and is a relief on a wooden door of the Church of St. Sabina in Rome "[...] where you see
a foolish figure of Christ between two thieve
s, with a rag covering his sex" (TREVISAN, 2003,
p. 36
, our translation
). However, the representation only of the Cross, without the victim, as the
object of God's triumph, is prevalent throughout the West until the 9th century.
The revolution of the image
s of the Crucified One took place from the 12th century with
the influence of St. Francis of Assisi. According to Trevisan, it was not the saint who directly
changed his figuration
–
for even his vision of the Crucified One was of the Christ of St.
Damian,
who follows byzantine molds
–
but piety, veneration for the body of Christ on the
Cross and attachment to nature contributed to the figuration of the human nature of the Son of
God and the appearance of worship of the Crucified One. Thus, already in the "
[...] first half of
the thirteenth century, it became usual to paint on wood panels or on leather, large crucifixes.
They were suspended on the high altar of the churches. The images of Christ were generally
framed by episodes extracted from the Gospels" (
WOLF 2007, p. 158
, our translation
).
Wolf (2007) elucidates that painting crucifixes on panels in the West was influenced by
the takeover of Constantinople by the Crusaders and the coming of many Byzantine panels to
5
Towards Abbagnano the term representation has medieval origin and means image or idea. The author explains
that: Ockham distinguished three fundamental meanings: "Representing has several meanings. First, this term is
hereby designated by
which something is known; in this sense, knowledge is representative, and representing
means being what you know something about. Secondly, by representing it is meant to know something, after
whose knowledge something else is known; in this sense, the ima
ge represents what is image, in the act of
remembering. Thirdly, by representing it is understood to cause knowledge in the same way as the object causes
knowledge" (ABBAGNANO, 2007, p. 853
, our translation
).
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA
and
Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
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, 2021.
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ISSN:
2237
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Italy in 1204, which inspired the iconi
c Western painting. On the characteristics of this painting,
Wolf points out that:
Its most striking elements included the use of the gold background, stylized
faces and bodies, luxurious ornamentation of details and accessories, unreal
gold
-
listed covers
, and finally, the large or complete renounces spatial depth
at the expense of abstract coordinates of pictorial planes. The 'Greek' or
'Byzantine' style dominated this field until about 1300
–
until Giotto appears
on the scene! (WOLF, 2007, p. 45
, our
translation
)
.
Therefore, in
Gi
otto's time, alongside the depictions of the Madonna, one of the most
important themes in Italian painting, crucifixion was painted on large panels in the form of a
cross: "The
oldest survivor of this dipinta croce
is
a work
from Tuscany: the cross dated 1138
by a Master Guillielmus in the cathedral of Sarzana" (WOLF, 2007, p. 45
, our translation
).
The crucifix of 1327, which was originally on the apse
of the Capella degli Scrovegni
,
is currently in the Civic Museum of the Ere
mitani (Augustinian friars) in Padova
–
IT. The
small chapel, 21.50 m
eters
long
by
8.50 met
ers
and 12.80
meters
, was built in a short period of
time
–
begun in 1302 and finished in 1304
–
and dedicated to Santa Maria da Caridade. The
chapel, attached to th
e
Palace of the Scrovegni
, was initially private, but Enrico Scrovegni
obtained permission from Pope Benedict XI to make it public thus displaying to the Padovan
society the rich decoration that had been entrusted to two great masters: Giovanni Pisano and
Giotto di Bondone. Most researchers indicate the year 1306 as the end of Giotto's work on
the
Capella degli Scrovegni
.
Giotto di Bondone was responsible for the decoration of the walls of the chapel, being
his authorship of the panel known as the
Crucifix
of
Padova. Giotto is regarded as "[...] last of
the great artists of the Middle Ages. Others prefer to consider him the first modern artist [...]"
(TREVISAN, 2003, p. 185
, our translation
). He was born probably in 1266
-
7 into a humble
family living in a vill
age about 20 kilometers from Florence.
With, around ten (10) years old, the boy Giotto becomes apprentice to Cimabue (1240?
-
1308?), a great painter of the time. Thus, Giotto will live in Florence, a city that was the setting
of the Italian Renaissance tha
t, in the artistic field, is considered as a precursor. The artistic
revolution provoked by Giotto is characterized in three aspects: thematic, formal and emotional.
With regard to the thematic aspect, Giotto
used
themes of religious inspiration, but
aband
oned the model of Byzantine icons and the sacred characters turned into people of flesh
and blood in everyday actions without riches.
The formal revolution refers to the creation of a personal style or, as it is now known,
individual poetics. Giotto recor
ds the scenes as if an action were frozen, the gestures of the
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The
body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
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characters show the artist's look in a particularized way. This characteristic enables the
emergence of the third revolution: the sentimental one.
The emotion present in the paintings prior to
Giotto were expressed in a common way
to all characters as Trevisan (2003, p. 190
, our translation
)
explains:
If we look closely at the paintings that precede it, we see that they are
dominated by a choral atmosphere, from the emotional point of view, th
at is,
all the characters represent, together, as if a single feeling. Giotto prefers to
follow the symphony model: each instrument produces its specific sound,
fitting into a single harmonious plot.
However, for the effectiveness of all these changes, it was necessary to develop
technical skills, with emphasis on the three
-
dimensionality that replaced the two
-
dimensional.
This effect is the result of the modulation of the tones, the contrasts of light
and dark that make
it possible, for example, to assign volume and movement to the bodies.
Because of these characteristics, Giotto was called a realist for making possible the
human visibility of the divine and human body of the Son of God.
Plastic si
gns
For the accomplishment of this study, it was delimited as plastic signs: support,
dimension, artistic technique, frame, composition, shapes, light and color. It is understood the
need for the fragmentation of the work in these signs to understand its
particularities and
consciously reconstruct the totality of its meaning. However, the difficulty of a particularized
look is emphasized, the signs are completed and require dialogue with each other. Thus, at times
the approaches of the signs require joint
reflection.
Giotto, to build the Crucifix of
Capella degli Scrovegni
, uses the technique of quenching
consisting of the mixture of pigments with egg yolk to cover a wooden surface of 223 x 164 cm
with the image of the dead Christ on the cross. The queer on wood allows the creation of bright
and bright colors, a characteris
tic that
-
considering the place where the crucifix was originally
in the chapel (apse), its dimension and the wood material itself (dating back to the very material
of the cross of Christ)
-
allows us to verify the grandeur of the object and its impact in
the eyes
of the faithful.
The impact of the advent of Christ's suffering and death gains more significant
proportions when we consider the
frame
chosen by Giotto for his work, which is constructed
by his absence, being maintained the shape of the cross i
tself through a delicate and precise cut
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of wood.
Figure 1
–
Padova Crucifix
-
anterior and posterior view
Source: Bondone (1317)
With regard to
composition, it
can be verified that Giotto does not bring news, followed
the structure present in the wo
rks of other artists and in their own crucifixes. Cecchi (2011)
points out that the general composition is similar to the Malatestian crucifix of Rímini, but
differs
–
from this and others
–
by the fact that the back is also painted. In the center of the
b
ack, Giotto painted the Mystic Lamb
and, at the
ends
, the four evangelists: Matheus
represented by a man; the ox for Luke; a lion for Mark; and an eagle for John. However, the
visualization of these images is greatly compromised by the wear and tear of
time. In this study,
we will limit ourselves to the previous painting of the crucifix.
In the foreground is the figuration of the Crucified Christ. The cross that supports the
dead body of Jesus receives a
n
adornment with three lobes, two lateral and one u
pper. The
upper lobe holds the image of the Redeemer in a position of blessing, to the left of Christ is
John who, with the Virgin Mary at the right hand of the Son, watches the death of the Master.
Below the Cross, Giotto refers to Golgota, or Calvary, th
rough the representation of a skull
that,
in Christian iconography, represents Adam.
The forms make up a plastic sign that, according to Joly, offers obstacles to iconographic
analyses, because it is a sign "[...] anthropological and cultural" (JOLY, 2007
, p. 115
, our
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body of
Christ: A
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Padova Crucifix
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translation
). The author explains that the forms can be considered as natural and exemplifies:
"[...] no comment to make about the silhouette of a man or a tree: they are like that." However,
it is necessary not to forget that the forms are c
onstructed through the choice of "[...] curved
lines, round shapes femininity and smoothness; pointed shapes, straight lines virility and
dynamism; etc." (JOLY, 2007, p. 116
, our translation
).
The elements used to shape the characters and objects, whose i
dentification are
undeniable within certain cultural contexts, allow the construction of distinct meanings and
meanings in similar representations. This is the case of the representations of Christ
who,
according to Pelikan (2000), in each historical/cultu
ral context received different figurations
following moral values, level of intellectual knowledge and mastery of artistic technique.
It can be seen that Giotto, using the techniques known in his time, of which he is
considered a precursor, built a human
figure for the incarnate God. The visualization of the
anatomical composition of the human body is favored by the artist's tracing that gives rise to
the eyes of the spectator a long body, thin and weakened by the suffering of martyrdom. The
bone structure
of the chest is clear through the smoothness of the whitish skin of the lifeless
body, a characteristic that radiates through the other parts of the body as the abdominal region
that, due to the lack of muscle action, is relaxed accumulating in the umbili
cal region giving it
a rounded shape. The confirmation of the dead body is attested by the articulated body of Christ,
which, without support, is left, knees and elbows are delivered in a semi
-
flexed position
indicating the lack of mastery of human movemen
t that goes with the end of life.
The characteristics of the figuration of The Christ of Giotto observed by the forms can
be confirmed and expanded when considering the colors and lighting used by the artist, a fact
resulting from these signs to
exercise "[...] on the viewer a psychophysiological effect, since
optically perceived and psychically lived put the viewer in a state that resembles that of his first
and founding experience in terms of colors and light" (JOLY, 2007, p. 117
, our translatio
n
).
Joly points out that light and colors awaken sensations and feelings in the viewer related to
previous experiences/experiences or culturally internalized, if sensitive references are made:
"So many references that, with a little memory, the options mad
e for the image can reactivate,
with its sociocultural adjustments, well understood: black is not the color of mourning for all,
just as white is not for everyone the color of purity" (JOLY, 2007, p. 117
, our translation
).
Luminosity is the result of the c
ombination of light tones in contrast to darker tones.
Giotto uses this artifice to illuminate the crucified body of Christ, causing the observer to cast
his gaze directly at the Redeemer. The gleaming glow of Jesus underscores his divine nature,
which con
trasts with the dark tone used by the artist to build the cross, an instrument used by
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humans to immolate the lamb of God. Thus, one can obtain the feeling of Christ's victory over
the death and success of God's plans by the divine light emanating from the
body of Jesus,
which distances itself from the darkness in which it rests in the face of human wickedness
symbolized by the cross. However, black traditionally associated with evil is bypassed by the
golden color of the most precious metal, associated wit
h perfection and used in Byzantine icons
as a reflection of celestial light (CHEVALIER, 1986).
Iconic or figurative signs
The iconic or figurative signs are understood as those relate by analogy or similarity to
what they represent, thus "A figurative d
rawing, a photograph, a synthesis image representing
a tree or a house are icons in that they
resemble
a tree or a house" (JOLY, 2007, p. 38). The
analysis of these signs will take place in two moments: first,
we
seek the recognition of the
motives that are understood with the 'things' and objects that make up the image; in the
sequence, attention is directed to the position in which the motives are, such as the gesture of
the characters. This observation is fundam
ental, as Joly explains:
In fact, figurative representations put characters on the scene and a part of the
interpretation of the message is then determined by the scenography, which
also takes up culturally codified postures. The disposition of the chara
cters in
relation to the other can be interpreted based on social uses (intimate, social,
public relations...). But it can also be interpreted in relation to the viewer
(JOLY, 2007, p. 123
, our translation
).
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body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
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Figure 2
–
Padova Crucifix
-
previous view
Source: Bondone (1317)
The cross is the main motif of the whole narrative. The instrument of double
interpretation, humiliation and victory of Christ, is built by Giotto following the tradition of the
panels of the Cruc
ified One. The grand structure is not limited to the pure representation of the
cross, which itself is wrapped in a luxurious composition adorned by gold. On its side’s rests,
almost
completely,
the
body of Christ, expand and receive a pattern similar to e
astern fabrics.
In this way, Jesus' instrument of torment can be assimilated to a throne where he rests.
He who died but lives and reigns eternally, establishing the link between the earthly and divine
world. Thus, like Christ, the cross of Giotto can be interpreted as be
arer of dual nature,
earthly
and divine.
As a support for the cross, Giotto placed a small relief. This representation is recognized
in Christian iconography as Golgota, or Calvary, the hill on which Jesus was crucified, being
identified by the skull that
is related to Adam. The blood that flows from the feet of Christ slides
to the skull, alluding to the blood of the Lamb who takes away the sin of the world. Jesus, as he
shed his innocent
blood, redeems humanity from original sin: "The blood of
Christ dripping
into the skull symbolizes the salvation of mankind, represented by Adam" (WOLF, 2007, p. 49
,
our translation
).
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Figure 3
-
Padova's Crucifix. Detail: Gogolta
Source: Bondone (1317)
Occupying the central position of the panel, the Crucified One stars in the scene. Like
the other representations of Christ, the image of the crucified one has also changed. At the
beginning of the Middle Ages, Christ's victory over death was exalted, whos
e representation
brought Christ alive on the cross without mention of the torments of calvary. From the 11th
century on, the Christian reflexive emphasis emphasizes the violent death of Christ, torture,
blood and all pain enable the realization of God's sa
ving plan. These two forms of representation
of the crucified are called
Christus Victor
and
Christus Patiens
.
[...] during the Middle Ages, the portrait of the crucified changed from the
model of Christus Victor (Christ the winner on sin and death) to th
e Christus
Patiens (the suffering Christ) and that this change represented a new emphasis
on the humanity of Christ. [...] The spirituality of passion has been
increasingly centered on compassion for Christ and Mary (VILADESAU,
2014, p. 68
, our translation
)
.
Following the characteristics of
Christus patiens
, the savior who endures the
punishments calmly, Giotto invites the viewer to feel the pain of Christ and put himself in his
place. Acceptance of the invitation is possible by the 'truth' constructed by
the artist who, using
his technical skills and the anatomical and physiological knowledge of the human body, exposes
the humanity of Jesus in a body that could be that of anyone who contemplated painting, which
provides the illusion of the real by three
-
di
mensionality.
The pains, the sores, the torn body, the brutal death provided by the Roman execution
instruments are revealed in a fragile body with flaccid muscles delicately painted in harmony
with bone structures that bounce off the whitish skin. The blo
od that flowed through the veins
is visible, spurts from the wounds of the nails on the feet and hands and from the spear that
pierced Christ’s thorax. The living red of blood shatters from the dead body of the Savior who
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Christ: A
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is freed from the suffering of the
flesh, which is now felt in the body of the faithful who, in
contemplating the Painful Christ of Giotto, lives with him all his martyrdom for the possession
of the same flesh that the Son of God accepted in the incarnation!
Christ's suffering is visible
in the expressions of the Virgin Mary and St John. With their
eyes low, towards the Crucified One, their bodies contract as if they were to fall apart in the
pain of the Master's death. John with his hand on his face, does not seem to believe what his
eyes
see; the heart of Mary, who is broken with the son's pitiful destiny, is left to her hands on
her breast.
Figure 4
–
Padova's Crucifix. Detail: Virgin Mary and St. John
Source: Bondone (1317)
Occupying the upper lobe, watching
and blessing the scene, Giotto brings the figure of
the Pantocrátor. Pantocrátor is "[...] usually translated by 'Omnipotent', but which is better to
translate by the expression 'Omniregente', or 'He who rules everything', is a term that is already
found
in pagan literature" (GHARIB 1997, p. 91
-
92
, our translation
). This representation is
associated with the Savior and/or the Almighty, Christ as judge of men.
One of the first figurations of the Christ Pantocrátor is that of the Monastery of Santa
Catarin
a, on Mount Sinai, dated as an image of the 6th century and was inspiration for the
creation of several versions of the Pantocrátor and from the 9th century have multiplied.
Trevisan explains that the artists who created the first images "[...] they then s
eemed concerned
with suggesting something non
-
visible, divine transcendence" (TREVISAN, 2003, p. 48
, our
translation
). The interpretation of these images is based on the dual nature of Christ
-
human
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and divine
-
as is explained in the writings of St Grego
ry of Nyssa presented by Trevisan:
"When we hear the term Pantocrátor, the One who rules everything, we understand with the
mind that God keeps in being all things: both those of intelligible nature and those of a material
nature" (TREVISAN, 2003, p. 49
, o
ur translation
).
Figure 5
–
Padova's Crucifix. Detail: Pantocrátor
Source: Bondone (1317)
The dual nature of Christ is expressed explicitly by the position of blessing of his right
hand, who blesses is the one who has authority; therefore, it is
the divine nature of Christ who
fulfills this function. The position of the fingers that bless, too, refers to its dual nature that is
symbolized by the index and middle fingers facing the top. The Trinity is symbolized by the
position of the annular, mini
mum and thumb fingers. Completing Christian symbology, the fist
indicates God, the root from which all fingers are born and united. In opposition, the right
hand
is on the left,
representing human nature. Men must guide
their actions through Sacred
Script
ure, which is the source of all the knowledge necessary for salvation.
Thus, it can be seen that the humanized body of Christ built by Giotto illustrates
Gombrich's statement by mentioning that "[...] the Italians were convinced that an entirely new
era h
ad begun with the appearance of this great painter. We'll see they were right." Such Italian
conviction is justified because the artist modified the entire conception of painting, the "The
old Byzantine way seemed suddenly rigid and overcome". Giotto was c
oncerned about reality,
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such as the moment people experienced when the event happened "What mattered to Giotto
was the intimate meaning of history
—
how men and women would move and behave in a given
situation."
These changes are not limited to art, but expr
ess a new conception of the world in which
nature becomes central and, in this sense, man and his humanity are emphasized. A fact that is
made explicit in Didi
-
Huberman's passage: "When Boccaccio likes Giotto to the painter Apeles,
praising his aptitude i
n imitating nature, the painting itself recovers its memory, comes out of
the shade and begins to be reborn" (DIDI
-
HUBERMAN, 2013, p. 81
, our translation
). The
author understands that Giotto triggers "[...] the whole process of 'rebirth' to follow" (DIDI
-
H
UBERMAN, 2013, p. 285
, our translation
). In view of the notes presented, we can understand
the
giottescas
art
and
, specifically, the Crucifix of Padova as an indication of the change of
mentality about the concepts of man and world that would be consolidat
ed in the Italian
Renaissance.
The language messages
Image and words complement each other. Joly understands that words and images have
their specificities, but that, for the effectiveness of the communicative
process, both are
necessary. The author illustrates her position with
G
olard's example: "Word and image, it is
like chair and table: to be at the table we need both (JOLY, 2007, p. 135
, our translation
). Even
in view of the vast field of information obtain
ed purely by the images, there is some information
that is only possible through verbal indication as "[...] precise indications of place or time,
indications of duration, thoughts or speeches of the characters" (JOLY, 2007,
p.
128
, our
translation
).
Image
s can explicitly receive the accompaniment of verbal language or provoke the
emergence of discourses
–
verbal and/or mental
–
which establishes the complementarity of
languages. In the first case, we can verify that many images are accompanied by comments,
titles, subtitles and other forms of verbal language. Joly, resuming Barthes' theory
6
, mentions
that in these situations verbal messages can assume the role of anchor or replacement. The
anchor function is intended to "[...] to stop this
floating current of meaning
, a consequence of
the inevitable polysemy of the image,
indicating the good level of reading
and what should be
6
Roland Barthes proposed a
Image Rhetoric,
who
se propositions "[...] are inscribed in the evolution of the concept
of the extension of the rhetoric of verbal language towards a general rhetoric, applicable to all types of language:
A
classical rhetoric
should be rethought in structural terms and [that
] it will then be possible to establish general
rhetoric... valid for articulated sound, image, gesture, and so on" (JOLY, 2007, p. 101
, our translation
).
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privileged among the different interpretations that a single image can provide" (JOLY, 2007, p.
127
, our translation
). The substitution function is defined when "[...] the linguistic message
complemen
ts the expressive needs of the image, becoming its substitute" (JOLY, 2007, p. 128
,
our translation
).
On the Crucifix of Padova, the linguistic message can be evidenced in the panel above
the Crucified One. In Christ's day, it was common for the crime that
condemned the defendant
to crucifixion to be inscribed on plaques, similar to the figure of Giotto, to serve as an example
to the population. In this way Pilate had Christ’s crime identified with the inscribed King of the
Jews, which did not please the pr
iests who suggested that Jesus had said he was the King of the
Jews. The evangelists confirm that Christ's claim as the King of the Jews was maintained: "And
there was an inscription above him: He is the King of the Jews." (Luke 23:38); "And they put
upon
his head, in writing, the reason for his condemnation: This is Jesus, the King of the Jews"
(Matthew 27:37); "And above him was the inscription of his guilt: King of the Jews" (Mark
15:26); Pilate also wrote a sign and made him put it on the cross, it read
: "Jesus of Nazareth,
the King of the Jews" (John 19:19) (BIBLE, 2013).
The Christian iconography representing the crucified traditionally consists of the legend
described by the evangelists, which is maintained by Giotto on a red panel with the inscripti
on
in golden letters, confirming,
by
color, the divine reverence of Christ as King of the Jews.
Final considerations
Giotto's Crucifix is part of a movement that expresses the transformation of the
representation of
Christ from Christus Victor
to
Chris
tus Patiens
. This transformation
emphasizes the martyrdom of the Son of God
—
a man who suffers and dies like all others
—
to fulfill the life
-
saving purposes of the Father's humanity. The movement encompasses a chain
of changes that in
G
iottesca painting
can be verified by the permanence of elements of tradition
and the insertion of others, as shown by the plastic, iconic and linguistic signs.
Themes and motifs are the same used to represent the Crucified One, but the present
duality, in particular, in th
e figuration of the cross and of Jesus heralds’ new times. The cross
that carries within it the meaning of defeat and victory becomes a throne on which Giotto invites
to dialogue, with inner darkness, the divine light of the golden. The earthly and the div
ine in
harmony are completed to accommodate the body of the one who became king of kings by
being mortal, suffering and dying like all men while exercising the divine present in his Being.
Giotto places the human nature of Christ in evidence in the suffer
ing body, which makes
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The
body of
Christ: A
study of the
Padova Crucifix
by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
-
ISSN:
2237
-
258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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it possible, by similar
ity
, to identify the connoisseur with the Master. Thus, imagery pedagogy
is effective in Giotto's Crucifix and allows us to verify that images, through different
connotations, participate in the processes of
human education
at all times meeting social
demands or instigating reflections, proposing and announcing changes.
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Meire Aparecida Lóde NUNES; Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER; Thais Regina Ravazi de SOUZA
and
Vanessa Silvestre
LIMA
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
e
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ISSN:
2237
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by
Giotto Di Bandone
Rev. Educação e Fronteiras,
Dourados, v. 11, n. esp. 2, e02102
8
, 2021.
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ISSN:
2237
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258X
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16485
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About the authors
Meire Aparecida Lóde NUNES
Docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Talise Adriele Teodoro SCHNEIDER
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Thais
Regina Ravazi de SOUZA
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Vanessa Silvestre LIMA
Mestre pelo Programa de Pós
-
graduação em Formação Docente Interdisciplinar
–
PPIFOR/UNESPAR.
Processing and editing
: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correction, formatting, normalization, and translation
.