image/svg+xmlRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2,e021026, 2021.e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 1| 1AS VIVÊNCIAS NAS RODAS COMO FUNDAMENTOS DE CIÊNCIAS E ENCANTAMENTOSLAS VIVENCIAS EN CÍRCULO COMO FUNDAMENTOS DE LAS CIENCIAS Y LOS ENCANTAMIENTOSTHE EXPERIENCES IN A CIRCLE AS FOUNDATIONS OF SCIENCES AND ENCHANTMENTSCristina Aparecida LEITEUniversidade de Brasíliae-mail:cristinaleite224@gmail.comVivian Parreira da SILVAUniversidade Federal de São Carlose-mail: vivianparreira6@gmail.comComo referenciar este artigoLEITE,C. A.; SILVA, V. P. da.As vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentos.Revista Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n.esp. 2,e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481Submetido em: 20/04/2021Revisões requeridas em: 19/06/2021Aprovado em: 17/09/2021Publicado em: 30/11/2021
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 2| 2RESUMO:Este artigo tem como objetivo partilhar experiências desde as rodas, danças e brincadeiras das culturas brasileiras, reconhecendo estes lugares enquanto espaços potentes para exercitarmos um projeto de educação que valorize e reconheça diferentes saberes. Então, fundamentadas nas nossas trajetórias, experiências e emdiálogo com autores, autoras construiremos os caminhos para o diálogo neste trabalho. Sabendo que aprendemos e ensinamos a todo o tempo, em diferentes espaços, e que a vida é oportunidade de compartilhar saberes e experiências, apresentamos aqui algumas reflexões,desde as nossas experiências em educação envolvendo temas como a ludicidade, coletividade, relações étnico-raciais e brincadeiras. Como resultados desta trama tecida a tantas cores, desenhos e possibilidades, desejamos ampliar caminhos para que cada vez mais possamos exercer com responsabilidade nosso fazer pedagógico e que este seja pluriversal, reconhecendo e respeitando a diversidade de saberes.PALAVRAS-CHAVE:Educação. Rodas. Brincadeiras.RESUMEN:Este artículo tiene como objetivo compartir experiencias de los círculos, danzas y juegos de las culturas brasileñas, reconociendo estos lugares como espacios de gran potencia para que ejerzamos un proyecto de educación que valora y reconoce distintos saberes. Entonces, basado en nuestras trayectorias, experiencias y en diálogo con autores y autoras, construiremos en este trabajo los caminhos para el diálogo. Sabiendo que aprendemos y enseñamos todo el tiempo, en distintos espacios, y que la vida es una oportunidad de compartir saberes y experiencias, presentamos aqui algunas reflexiones de nuestras vivencias en educación involucrando temas como lo lúdico, la colectividad, las relaciones étnico-raciales y los juegos. Como resultado de esta trama tejida con tantos colores, diseños y posibilidades, deseamos ampliar los caminos para que podamos ejercer cada vez más con responsabilidad nuestro hacer pedagógico y que este sea pluriversal, reconociendo y respetando la diversidad de saberes.PALABRAS CLAVE:Educación. Círculos. Juegos.ABSTRACT:This article aims to share experiences from the circles, dances and games of Brazilian cultures, recognizing these places as powerful spaces for us to exercise an education project that values and recognizes different types of knowledge. So, based on our trajectories, experiences and dialogue with authors, we will build the paths for dialogue in this work. Knowing that we learn and teach all the time, in different spaces, and that life is an opportunity to share knowledge and experiences, we present here some reflections from our experiences in education involving themes such as playfulness, collectivity, ethnic-racial relations and games. As a result of this weave woven with so many colors, designs and possibilities, we want to expand paths so that we can increasingly exercise our pedagogical work with responsibility and that it is plural, recognizing and respecting the diversity of knowledge.KEYWORDS:Education. Circles. Games.
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 3| 3IntroduçãoEste artigo é fruto da partilha de experiências de quatro educadoras, a partir da vivênciaDanças e Brincadeiras: corpos que aprendem e ensinamrealizada no curso de extensão Corpo, Formação Humana e Sociedadeno 2º semestre de 2020 por meio remoto,1cujas reflexões emergem a partir da aula ministrada no referido curso.Convidamos as leitoras e os leitores para adentrarem as águas desta experiência que busca confluir caminhos e aprofundar reflexões acerca das danças, cantigas, rodas, brincadeiras e poesia como meios potentes dos processos de aprender e de ensinarem diferentes contextos, impulsionados pela empatia e pela imaginação. Acima de tudo, enfatizando o fazer sem que nos esqueçamos de nós, enquanto corpo (vivido, percebido e sensível) ao nos relacionarmos com o Outro, proporcionando uma alteridade corporale, assim, um encontro mais acessível entre o ensinar e o aprender.Tratou-se de uma vivência tecida a quatro mãos, em que os fios se entrelaçam, se imbricam, complementam-se. Apenas para a sistematização da presente escritaé que serão subdivididos em duas mãos. A primeira, de Cristina Aparecida Leite, apresenta os bordados de uma pesquisa desenvolvida no Distrito Federal (DF), cujo nome é Rodas de Brincar. A autora atua como professora-formadora nos Centros de Vivências Lúdicas Oficinas Pedagógicas do DF, os quais são espaços descentralizados de formação continuada de professores da rede pública de ensino, cujos princípios basilares das propostas são atividades potencialmente lúdicas. A segunda, de Vivian Parreira da Silva, traz tessituras da pesquisa: educação jongueira como processo de afirmação da vida, desenvolvida pela educadora em seu doutorado. Cabe dizer que a partir das vivências no Grupo Girafulô2, Vívian Parreira da Silva atua como pesquisadora e proponente de vivências fundamentadas nos processos educativos presentes nas rodas de jongo, nos cortejos de congada, nas brincadeiras do cacuriá, samba de coco,dentre outros. Rodas de Brincar é o nome de um curso de formação continuada de professoras e professores que já foi oferecido para todas as Coordenações Regionais de Ensino da Secretaria de Estado de Educação do DF, desde 2015. Apresenta em seu bojo a busca por despertar no 1Esta atividade foi uma iniciativa dos grupos de pesquisa Laboratório de Estudos Corporais LEC/Unespar e Grupo de Estudo e Pesquisa em Linguagem Corporal e Diversidade GEPL/UFGD. A vivência Danças e brincadeiras: corpos que aprendem e ensinam foi proposta e desenvolvida pelas pesquisadoras: Cristina Aparecida Leite -SEDF, Evanize Kelli Siviero Romarco -UFV, Ivana Bittencourt -UFBA e Vivian Parreira da Silva UFSCAR.2O grupo Girafulô, coordenado pela educadora Vívian Parreira da Silva, desenvolve ações de formação e fruição na cidade de São Carlos e região. O grupo tem como objetivo a experimentação, estudo das diversas brincadeiras fundadas na diáspora a saber: Cacuriá, samba de coco, congadas, jongo.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 4| 4professor e na professora o ser brincante que os habitam, tudo por meio de muitas reflexões e propostas vivenciais. Atravessados pelas experiências às quais são expostos, os professores e as professoras sentem-se motivados a adequar e aplicar as sugestões em suas salas de aula. Assim, conforme vários relatos orais e escritos, os professores e as professoras têm a sua práticatransformada. São propostas que envolvem o corpo vívido, pulsante, que se levanta, canta, dança, gira, movendo-se ao brincar. Nos saberes dançados, os processos educativos ocorrem a partir das interações entre pessoas por meio das danças, cantos, jogos, poesias, brincadeiras especificamente as das danças brasileiras.3Tem sido por meio da dança e da convivência com comunidades jongueiras, congadeiras, comunidades de terreiro, com as crianças, dançando, brincando, que significamos o mundo e buscamos desenvolver trabalhos voltados à educação, tendo como fundamento as rodas e brincadeiras. Em todas as oportunidades de encontro com mestres e mestras4das culturas populares, aprendemos que podemos ensinar e aprender por meio da dança.As nossas pesquisas e ações, construídas e vivenciadas cotidianamente,buscam colocar em diálogo aprendizados e saberes acadêmicos relativos à escrita,às análises e aos conhecimentos científicos e os saberes presentes em práticas culturais que trazem a experiência de vida das pessoas participantes, vivenciadas em diferentes danças e brincadeiras. Em ambas as pesquisas, a forma circular se faz presente, seja nas brincadeiras propostas, seja nas danças, de forma significativa. O círculo transforma as relações. Nele, não há hierarquias, não existe começo nem fim. Essa noção de plenitude se reverbera pelos corpos que brincam e dançam, fazendo-se presentes, inteiros e plenos durante as vivências. Esse momento de entrega prazerosa ao momento vivido é o que o professor e filósofo Cipriano Luckési (2000) entende como experiência lúdica. Segundo ele: O que a ludicidadetraz de novo é o fato de que o ser humano, quando age ludicamente, vivencia uma experiência plena. Na vivência de uma atividade lúdica, cada um de nós estamos plenos, inteiros nesse momento [...]Enquanto estamos participando verdadeiramentede uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis(LUCKESI, 2000, p. 41).As vivências em roda promovem uma sinergia no grupo, em que a ludicidade permeia 3Cada uma delas tem suas características e especificidades de acordo com as influências africanas, indígenas e europeias. Podemos caracterizá-las por região do país, instrumentos utilizados, épocas em que são dançadas.4Dentro de um grupo ou comunidade tradicional, como na congada, os trabalhos, a transmissão do conhecimento, os afazeres das festas, os cuidados com as crianças, geralmente, são feitos de maneira coletiva, mas todas as ações são conduzidas, organizadas pelos mais experientes. Dentro destes grupos e comunidades, estes mais velhos são chamados mestres, pois possuem grande experiência e construíram este papel de liderança junto ao grupo.
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 5| 5o momento e se propicia que seja vivenciada coletivamente, de modo a se tornar ainda mais significativa. Presentes nas culturas desde tempos remotos, tais vivências propiciam o olhar, o toque, as interações, fundamentais na busca de uma sociedade mais empática e sensível. Este tear de escritas, fiadas desde as nossas experiências, são parte de nossas caminhadas, cantorias, versos cantados em tantas rodas em diálogo com diferentes pessoas. Queremos enfatizar que, é também nas rodas, tocando, cantando, com pés descalços, lançando versos, no fazer junto com mulheres, homens, crianças, mestras e mestres que nos encantamos, nos reconhecemos, nos fortalecemos e praticamos uma educação encantada, comprometida com os saberes dançados, cantados e brincados. Portanto, é também nas rodas que aprendemos e, neste processo de partilhas, praticamos acolhimentos em diálogo com os saberes da ancestralidade. Convidamos as leitoras e os leitores a trilharem conosco as possibilidades de uma educação como encante, fundamentada nos saberes e experiências partilhadas nas rodas. Serão compartilhadas e entrelaçadas à escrita deste texto algumas experiências vivenciadas por nós através de nossas experiências de construir processos de formação a partir das convivências nas rodas, elaborando o relato de experiência de uma aula que ministramos no curso de extensão Corpo, Formação Humana e Sociedade.Abrindo a nossa rodaessa ciranda não é minha só, ela é de todos nós... 5Fundamentadas em nossas trajetórias, experiências e em diálogo com autoreseautoras, seguiremos os caminhos para a construção deste trabalho. Sabendo que aprendemos e ensinamos a todo o tempo, em diferentes espaços e que a vida é oportunidade de compartilhar saberes e experiências, seguiremos com a nossa roda aberta, com o nosso canto lançado ao mundo para que de diferentes jeitos possamos construir conhecimentos. Este artigo foi construído a partir de um relato de experiência sobre a prática compartilhada em uma aula, realizada de modo remoto. O relato de experiência tem o objetivo de descrever e partilhar uma experiência vivida, a qual pode contribuir com a construção de conhecimento na área estudada. Deste modo, o presente relato se apresenta como uma práxis metodológica relevante e com capacidade de colaborar, no caso deste artigo, com a discussão acerca de processos de ensino e aprendizagem no contexto de crise sanitária no qual nos 5Trecho da ciranda Minha Ciranda de Lia de Itamaracá.Disponível em:https://www.letras.mus.br/lia-de-itamaraca/399583/. Acesso em: 10 abr. 2021.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 6| 6encontramos. O relato de experiência apresenta os saberes resultantes de processos coletivos ou individuais, e exibe experiências situadas em um determinado momento, fenômeno, situação e espaço. Deste modo: O conjunto dessas análises afiança o Relato de Experiência como uma importante narrativa científica afinada à condição pós-moderna. Trata-se de uma narrativa que, através da linguagem, performatiza a experiência de singularização, atestada em um dinamismo descentrado da razão, e apta a suportar paradoxos. O RE está compreendido como um trabalho de linguagem, uma construção que não objetiva propor a última palavra, mas que tem caráter de síntese provisória, aberta à análise e à permanente produção de saberes novos e transversais. Configura-se como narrativa que, simultaneamente, circunscreve experiência, lugar de fala e seu tempo histórico, tudo isso articulado a um robusto arcabouço teórico, legitimador da experiência enquanto fenômeno científico (DALTRO; FARIA, 2019, p. 235). O presente artigo alinhavado por palavras/experiências, leituras e memórias, se alicerça também em nossas pesquisas. Cruzando caminhos, nos propusemos a construir conhecimentosdesde uma perspectiva descolonizadora, que tem nas rodas sua força motriz para propor diálogo de saberes e processos de criação,tendo como foco principal a educação. Consideramos que fazer ciência e construir conhecimento é também uma forma de valorizar e de praticar outras epistemologias, lutar contra assimilações, epistemicídios, interdições e contra os impedimentos sofridos por homens e mulheres por quererem existir com suas diversidades culturais. Dessa forma, este trabalho carrega, para além dos alinhavos teóricos e metodológicos, nossa luta em favor das diversas brincadeiras das culturas populares que constituem o Brasil.Considerando a luta histórica de grupos e comunidades para manterem sua existência, “cada vez mais, faz-se necessário que pesquisadoras e pesquisadores com coragem de reconhecer epistemologicamente as diferenças e os conhecimentos produzidos pelos coletivos diversos, transformados em desiguais, ganhem visibilidade no campo da produção teórica” (GARCIA; SILVA, 2018, p. 10). Com coragem e firmadas nas rodas, seguimos dispostas para a construção deste trabalho, o qual se assenta em diferentes epistemologias que, em diáspora, nasceram e seguem vivas nas lutas e histórias.A partir da perspectiva da pesquisa da autora Vívian Parreira da Silva, dialogaremos acerca da educação das relações étnico-raciais, a qual também se faz presente na pesquisa de Cristina Aparecida Leite. Para exercitarmos uma educação antirracista, que promova diálogo de saberes, e que positive as culturas de matriz africana,é preciso nos fundamentarmos em múltiplos conhecimentos alicerçados na diáspora africana. É necessária uma reorganização
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 7| 7ética e estética, olharmos e vermos pelas brechas6e nos vãos para enxergarmos outras belezas, outras ciências, outras maneiras de ser e estar em diálogo com o mundo. No contexto educacional brasileiro, temos políticas públicas resultantes de lutas de movimentos e comunidades. A Lei 10.639/03, que prevê a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras em todas as escolas públicas e privadas foi alterada pela Lei 11.645/08, incluindo as culturas indígenas dentro do campo de trabalhos e educação para as relações étnico-raciais (BRASIL, 2003, 2008). Legalmente, temos amparo e diretrizes para criarmos projetos de educação que reconheçam as culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas. Entretanto, é importante colocarmos algumas questões, dentre elas uma nos aproxima às reflexões apresentadas em Senghor (1965) conseguimos transcender a política pública e construir conhecimento nos referenciando nas culturas e histórias desde dentro, fundamentadas em outras experiências, perspectivas e saberes diferentes das que o modelo colonizador viabiliza? (SILVA, 2020, p. 35).Reconhecemos avanços conquistados nos processos em construção e desconstrução. Avançamos na medida em que nos colocamos a repensar nossas práticas educativas, as nossas pesquisas e a construção dos nossos caminhos na elaboração, reconhecimento e valorização de outras epistemologias. Neste caminho, nos fundamentamos nos saberes da diáspora, reconhecendo a luta mantida há séculos por homens e mulheres em favor da vida. Compreendemos a diáspora africana como movimento e espaço no qual as experiências são vividas e as identidades constantemente re-inventadas. A palavra diáspora foi tomada por empréstimo da experiência da comunidade judaica, na qual funciona para explicar a dispersão ocorrida com estes povos durante os séculos desde Abraão. Com a palavra diáspora, os intelectuais e religiosos judeus não só classificaram a dispersão, mas também procuraram identificar um tipo de comunidade que embora não estivesse vinculada ao território de Israel, ainda assim preservava um conjunto de características particulares e recriava, em muitos aspectos, as próprias tradições de comunidade judaica. Quer dizer que além de preservarem marcas ancestrais, as comunidades da diáspora judaica re-criaram e inventaram tradições como resultado do diálogo com as diversas culturas envolventes. Do mesmo modo, o conceito diáspora passou aser utilizado por religiosos, ativistas e intelectuais ligados às tradições africanas e à luta antirracista (TAVARES, 2008/2010, p. 80). As congadas, capoeiras, candomblés, os cacuriás, batuques, jongos, são territórios de 6Este termo é fundante na prática da Pedagogia das Encruzilhadas, nas Flechas no Tempo e nas Ciências Encantadas das Macumbas por Luiz Rufino e Antônio Simas (2019).
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 8| 8inventividade, de louvação da vida, onde nos reconfiguramos sistematicamente, e nos deslocamos para outros lugares e temporalidades. As culturas da diáspora africana são experiências, maneiras complexas de diálogo com o mundo, são potências de inventividades, de histórias e horizontes de beleza. A diáspora africana se dá a partir e por meio da experiência da escravidão, esta que estampou a nódoa de desumanização que transcende os tempos. A escravidão roubou histórias, aniquilou mundos, corpos, sociabilidades, foi um projeto de morte assentado na violência e na coisificação de milhares de homens e mulheres do continente africano. A escravidão foi e é projeto de poder colonizador com suas bases cravadas no ocidente. O projeto de humanidade que advém destas mesmas bases só pode prever a morte, em diferentes dimensões, de homens e mulheres não brancos. É deste projeto colonial aniquilador que surgimos enquanto seres paridos. Em diversas práticas culturais da diáspora africana, a construção dos saberes ocorre de maneira coletiva, em que todose todas aprendem e ensinam em um processo colaborativo entre os participantes. Para os povos africanos, a comunidade está fundida no grupo, é possível observar esta fusão no provérbio: eu sou porque nós somos, e uma vez que são por isso eu sou (TEDLA, 1995). Considerando as perspectivas africanas fundadas na coletividade e na totalidade, mas sem desconsiderar as individualidades, a dança pode ser compreendida não apenas como técnica, mas a partir de sua totalidade com o mundo, ou seja, no diálogo estabelecido por meio do corpo. Este diálogo denota o pertencimento à comunidade, a luta, a resistência, a existência e a permanência dessas culturas no mundo (FOGANHOLI, 2015). Podemos perceber que práticas culturais como as congadas, por exemplo, se configuramcomo práticas sociais que resistem, transformam e educam. As maneiras de aprender e ensinar acontecem a partir de uma totalidade, por meio da troca de experiências entre os mais e os menos experientes (SILVA, 2011). Esta totalidade também está presente nojongo e em outras práticas da diáspora que nos ensinam a partir de fundamentos assentados em valores civilizatórios afro-brasileiros.Trazer esses conhecimentos para serem compartilhados, divulgados, aprofundados na formação continuada de professores e professoras é uma maneira de aproximarmo-nos de saberes e vivências que nos constituem enquanto povo brasileiro, o qual tem em suas raízes também as influências indígenas e africanas, tantas vezes silenciadas e anuladas pelo processo colonizador. Assim, convidamos os professores e professoras a pesquisarem sobre várias manifestações e, mais que isso, a dançarem conosco, a sentirem no corpo o pulsar das músicas, dos tambores, da percussão. Como proponentes, muitas vezes somos surpreendidas por relatos
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 9| 9de descobertas dos participantes que passam a se sentir mais presentes, mais vívidos após as experiências. Além disso, o Distrito Federal é um verdadeiro caldeirão cultural e, por vezes, temos professores e professoras naturais de várias partes do Brasil e, por isso mesmo, pertencentes a manifestações diversas. Os participantes contribuem com a partilha de suas experiências, as quais se fazem presentes de forma visceral em sua constituição como sujeitos históricos. Dessa maneira, percebemos as rodas se ampliarem, enriquecerem-se e é exatamente esse um dos nossos objetivos: que as vivências em rodas se ampliem, multipliquem-se e tornem-se mais presentes e pulsantes na vida das pessoas, também no espaço escolar formal. Para além disso, abrir oportunidade para conhecermos brincadeiras de origem africana e indígena é uma maneira de nos debruçarmos sobre nossa própria história, de conhecermos um pouco melhor as infâncias brasileiras, em sua multiplicidade e diversidade. Brincamos, então existimos: é nas rodas e nas brincadeiras que nos fazemos educadorasAs rodas promovem confluência7de saberes, experiências de vida, ciências que se assentam em corpos, festas, gingas, tambores, sonhos, diversas visões de mundo. Deste modo, com estas escritas tecidas em diversos caminhos e cores, buscamos compartilhar nossa experiência em exercitar uma ecologia de saberes, a qual, conforme Boaventura de Sousa Santos (2010), com quem concordamos, é uma “contra-epistemologia”. Ainda segundo Santos, não se trata de uma tarefa simples e fácil a construção epistemológica de uma Ecologia de Saberes: A vigilância epistemológica requerida, pela ecologia de saberes transforma o pensamento pós abissal num profundo exercício de autorreflexividade.Requer que os pensadores e atores pós abissais se vejam num contexto semelhante àquele em que Santo Agostinho se encontrava ao escrever as suas confissões e que expressou eloquentemente desta forma: quaestio mihi factus sum, converti-me numa questão para mim. A diferença é que o tópico deixou de ser a confissão dos erros passados, para ser a participação solidária na construção de um futuro pessoal e coletivo, sem nunca se ter a certeza de não repetir os erros cometidos no passado (SANTOS, 2010, p. 66). A construção de uma epistemologia para práxis de uma ecologia de saberes requer a 7Este conceito é de Santos (2015), ou Nego Bispo, como também gosta de ser chamado. De acordo com Nego Bispo, é importante exercitarmos a confluência das nossas experiências. Para isso, precisamos transformar nossas divergências em diversidades, e na diversidade atingirmos a confluência de todas as nossas experiências. Isso possibilita confluirmos, ou seja, dialogar saberes sem nos anularmos para assimilar ou sermosassimilados. É uma cosmosensação alicerçada nos saberes dos povos originários, dos povos quilombolas e afro-pindorâmicos. “Confluência é a lei que rege a relação de convivência entres os elementos da natureza e nos ensina que nem tudo que se ajunta se mistura, ou seja, nada é igual” (SANTOS, 2015, p. 89). Para saber mais ver o livro “Colonização, Quilombos modos e significados”.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 10| 10solidariedade em reconhecer os erros e nos colocarmos como parte deles, mirando o horizonte da humanização para a transformação. Se, historicamente, as culturas do outro ladoda linha são assimiladas e desqualificadas pelo projeto do norte global, nos cabe, a partir de nossas pesquisas junto a grupos e comunidades, nos esforçarmos para a reinvenção de nossa prática educativa. Para isso, não precisamos negar o conhecimento europeu, mas buscarmos os conhecimentos do Sul8para o foco de reconhecimento. Nossas pesquisas devem assumir o lugar de luta para uma reinvenção das maneiras e caminhos de construir conhecimentos a partir de nossas existências, com aprendizados ancorados nasnossas realidades. Vivemos em constante aprendizado, estamos em ação reflexão ação, em busca de exercitar e praticar o inédito viável para cumprirmos nossa vocação de sermos mais, como nos orienta Freire (1996). Consideramos a oportunidade da escrita,da pesquisa e da docência partilhada como tempo e espaço para sentirmos e percebermos o mundo de outros jeitos. Os conhecimentos fundados nas culturas da diáspora africana configuram-se como saberes de comunidade enraizados e projetados na ancestralidade, na memória, na corporeidade, e na tradição, ou seja, saberes que contribuem para a manutenção da tradição e garantem sua transmissão de geração a geração. Dessa forma, convidamos para a roda todos aqueles e aquelas que, historicamente, vivem de maneirase por experiências distintas, abrindo caminhos para que a roda, a ginga, a brincadeira, o jogo, a dança, o tambor, a música, a poesia, o verso, os afetos, o convívio e a comensalidade sejam valorizados enquanto saberes que estruturam conhecimentos e, portanto, devem ser reconhecidos, respeitados e praticados. Estes saberes podem, sem dúvida, nos ajudar na prática de uma educaçãopara e coma diversidade. 8Boaventura de Souza Santos e Maria Paula Meneses (2021) organizaram o livro com o título: Epistemologias do Sul, esta obra nos apresenta uma série de textos de diversos autores e autoras que problematizam e trazem à luz discussões e reflexões acerca de outras epistemologias e conhecimentos. O livro é uma referência na qual nos baseamos para dialogar acerca dos saberes fundamentos desde o nosso lugar, o sul em contraponto ao norte, que historicamente se reivindica global, hegemônico e única fonte de conhecimentos. Portanto, dialogamos com Santos e Meneses (2010) a partir desta ideia de reconhecermos outros saberes, sobretudo os conhecimentos assentados no hemisfério sul.
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 11| 11As rodas se ampliam e reverberam: nossas experiências no curso de extensão “Corpo, Formação Humana e Sociedade” Foi o desenvolvimento das referidas pesquisas e os pontos que as conectam que forneceram condições para que fôssemos convidadas a ministrar uma aula durante o curso de Extensão: Corpo, formação humana e sociedade, organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Linguagens Corporal e Diversidade/GEPL/UFGD e Laboratório de Estudos Corporais/LEC/Unespar, em que ficamos responsáveis pelo módulo: Danças e brincadeiras corpos que aprendem e ensinam. Interessante destacar que foi o convite para essa participação o responsável pelo encontro entre as quatro pesquisadoras que, até então, não se conheciam (e ainda não se conhecem presencialmente). Cabe ainda dizer que vivemos hoje no Brasil uma crise sanitária que tem nos desafiado enquanto educadoras no que diz respeito às nossas práticas educativas. Este encontro distanciado nos possibilitou cruzar caminhos, tecer ideias e construir coletivamente uma proposta para atuarmos no referido curso. Recebemos, pois, o desafio de nos conhecermos, como pessoas, cada uma com seu percurso profissional e acadêmico, cada uma de um lugar diferente do país. Mas o desafio não era só esse. Era trazer para a vivência, de forma remota, aquilo que nos move a fazer ao vivo, napresença e com presença. Como transpor para a tela fria aquilo que é tão vivencial? Seria possível? Essas são perguntas que nos movem e nos motivam a dialogar experiências. Outro desafio foi equilibrar as forças de quatro mulheres pesquisadoras para que a aula fosse planejada a partir de quatro pesquisas diferentes, de maneira que o encontro ficasse balanceado e que cada uma pudesse trazer um pouco de sua experiência. Foi pela proximidade entre as pesquisas que percebemos que, no quarteto, poderíamos ter duas duplas, dois momentos na aula, dois textos finais. Foram feitas reuniões, sempre regadas a muito riso e descontração. Um feliz encontro que este momento pandêmico nos permitiu vivenciar. Dessa maneira, pautamos nosso planejamento com os princípios dadocência compartilhada, a qual é uma postura de vanguarda frente ao conhecimento, pois permite a partilha de saberes de forma colaborativa, em que os encontros ficam enriquecidos pelas experiências de mais de uma professora-formadora. Apresenta-se como uma concepção recente no Brasil, com poucas publicações sobre o tema, mas que percebemos acontecer em alguns momentos na trajetória docente, especialmente na educação Especial e na Educação Infantil. Nas outras etapas de ensino, na mais das vezes, o trabalhodo professor e da professora é solitário, com participação em alguns projetos coletivos, vez ou outra. Contudo,na hora de estar em sala, é o docente e seus alunos, apenas. Uma prática
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 12| 12pautada pelos princípios da interdisciplinaridade poderia ser promovida se houvesse dois ou mais formadores em uma mesma sala de aula, mas dificilmente, tem-se dois professores. Quatro então... é quase impensável. Omomento de pandemia, porém,também pode mostrar a força e a necessidade que temos ao trabalhar colaborativamente. Ter alguém com quem partilhar uma aula, desde o planejamento até a execução e avaliação pode ser um presente, a depender da postura dos envolvidos. No nosso caso, foi assim. A junção de várias mãos, várias portas de saberes, muita partilha. O protagonismo de quatro professoras pesquisadoras ao mesmo tempo, que, enquanto ensinávamos, aprendíamos com nossas parceiras, constituindo um espaço de formação mútua entre nós mesmas, a princípio, mas que iria reverberar em nosso planejamento e, consequentemente, na aula a ser ministrada. Para Lopes e Costa (apudCAUSSI, 2013, p. 23): Falar da docência compartilhada [...]é falar do encontro humano nas práticas colaborativas que são fundamentais para o desenvolvimento do trabalho em equipe, cujo desejo perpassa pelo autêntico encontro do “eu-tu”, nas relações humanas e na construção do conhecimento. Trata-se, pois, de uma forma inovadora de se pensar e oferecer uma aula: de maneira colaborativa, com compartilhamento de saberes entre as professoras envolvidas, o que muito pode somar à experiência, tornando-a exitosa. Foi assim que percebemos que a nossa aula foi recebida, por manifestações orais expressas no momento da aula e por alguns registros no chat, cuja autoria será preservada: Vocês alegraram minha tarde. (Participante 1)Foi excelente, meninas (Participante 2)Estão todas de parabéns. Um dos encontros mais ‘vivos’ queparticipei durante as livesda quarentena eterna. (Participante 3)Trouxe alegria pro meu coração (Participante 4) Como alcançamos esses resultados expressados pelos participantes? Vamos para o próximo giro…As rodas nas telas...Como mencionado anteriormente, esta experiência se refere à uma aula partilhada por quatro educadoras. Por questões metodológicas e temáticas, esta aula foi dividida em dois momentos. Em cada momento uma dupla ficou responsável por conduzir os trabalhos. Cabe ressaltar que as/os cursistas que participaram da aula foram os/as mesmas em todos os momentos de atividades, e as quatro professoras-formadoras estiveram presentes durante todo o período e participaram de todas as propostas. Para iniciarmos a atividade, apresentamos partes
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 13| 13de imagens para suscitar interações por meio das interpretações e, somente após as falas, sentimentos e observações feitas pelas pessoas que participaram, revelávamos a imagem completa. Cristina Aparecida Leite trouxe duas: Figura 1Professores em roda para percussão com coposFonte: Acervo pessoal (2016)Figura 2Professores em roda para gravação de atividade de cirandasFonte: Acervo pessoal (2016)Vivian Parreira da Silva trouxe outras duas:
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 14| 14Figura 3 Saia GirafulôFonte: Acervo pessoal (2016)Figura 4 Caixas do DivinoFonte: Acervo pessoal (2016)Este processo de apresentar as imagens foi um ponto em comum entre as propostas apresentadas pelas duas duplas de educadoras, olhar, perceber, rever, colocar sentido, ir ao encontro do que as imagens podem nos remeter foram questões consideradas relevantese importantes neste processo de partilha de saberes. Interessava-noscompreender e ouvir o que as imagens, de contextos distintos, porém todas entrelaçadas pelo universo dos processos criativos, suscitavam nas pessoas presentes. A partir de um ponto de vista pudemos tecer compreensões, sensações, percepções que se complementam quando apresentadas em coletividade na roda. As imagens apresentadas levaram um pouco do universo de atuação das pesquisadoras que tecem estas escritas. Cores, chita, alegria, aglomeração, pertencimento. Como transpor estes universos para a tela? Foram necessárias muitas reuniões, reflexões e experimentações. Esta experiência educacional que estamos vivendo no Brasil devido ao contexto de pandemia ainda é muito novae apresenta inúmeros desafios e necessidades de adaptações. Como educadoras pesquisadoras que somos, caminhamos entre dúvidas, expectativas e muitas incertezas com relação a como poderíamos partilhar nossas experiências, que são forjadas nos
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 15| 15encontros, abraços, partilhas, cantos, danças e brincadeiras, neste formato à distância pela tela do computador. Considerando as limitações de realizar atividades presenciais, encaramos este desafio como oportunidade para seguirmos os caminhos de criar a partir de nossas experiências. As rodas nas telas foi um desafio que nos ensinou sobre o nosso fazer pedagógico. Apesar de não termos as condições ideais, não nos furtamos da tarefa de partilhar e construir conhecimentos. Não queremos buscar justificativas para substituir uma experiência por outra, ou seja, seguimos acreditando na presença como condição importante para a troca desde as rodas, entretanto,não deixaremos de construir e vivenciar processos educativos. Interessa a nósampliar as possibilidades e fortalecer os debates acerca da educação como radical de vida. Para este exercício, partilhamos alguns pontos deste caminho que seguirá em permanente construção e reconstrução. Para envolver os participantes, selecionamos a história: As Cantigas de Lia, da escritora e ilustradora Rosinha, que foi contada coletivamente pelas quatro formadoras e que trazia diversas canções da tradição brasileira. Este processo de contar a história a quatro vozes nos possibilitou fortalecer os vínculos, aprofundar a confiança na docência compartilhada. Propor um trabalho coletivo nos coloca diante de desafios, assim como nas rodas, todas as pessoas são fundamentais para que a brincadeira aconteça, para que exista a música, a dança, o verso, o movimento. E assim continuamos nos desaguando nesta experiênciade partilha e reconhecimento do trabalho coletivo como caminho fértil para a educação. Como diz a cantiga: essa ciranda não é minha só ela é de todos nós, ela é de todos nós. Sabendo que a aula era nossa roda, sempre a girar, sem parar, ela nos colocou no centro, nos voltou para exercitamos os saberes que as rodas nos oferecem, os saberes de nos reconhecermos como parte que compõe o todo. Enquanto isso, pedíamos aos participantes, que também são parte da roda, que escrevessem no chatas músicas que lembravam a sua infância. Que repertório rico foi sendo constituído! Terezinha de Jesus, Ciranda Cirandinha, A canoa virou, Dona Aranha, dentre tantas outras. A história seguia seu curso, ao som de muita cantoria e o ruflar do tambor. Convidamos a dançar conosco, pois não basta teorizar sobre a importância do movimento. É necessário experienciar e, assim,foram selecionadas atividades com esse objetivo. Uma delas, acompanhada por uma música cuja letra é composta de uma só palavra, é
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 16| 16“Merequetê”9O encontro seguia cantante e encantante, trazendo quadrinhas ou versinhos como também são conhecidas essas estruturas poéticas que tanto se fazem presentes na cultura oral brasileira. Para finalizar a troca de experiências, uma roda de coco ao som de quadrinhas que eramjogadas ao vivo e também pelo chat.Algumas considerações…Eu vou me embora o que me dão para levar? Levo saudades suas no caminho eu vou chorar….10Chegar aqui nos permite tecer mais alguns fios deste emaranhado de sensações e experiências. Foi importante notar o quanto crescemos e nos desafiamos com este trabalho, sentir o quanto possuímos de habilidade para nos adaptar às mais adversas situações. É o que este momento de pandemia nos coloca e nos desafia a fazer e, de certa maneira, conseguimos perceber que muitas propostas podem se fazer possíveis também intermediado pelas telas. Entretanto, é importante ressaltar que a presença, o encontro, com as pessoas dando mão com mão, olhando olho no olho, sentindo os cheiros, a energia trocada não pode ser substituída. O que queremos destacar aqui é que podemos praticar outros tantos jeitos de aprender e ensinar, mas as presenças e as partilhas são fundamento de nossas culturas afro-diaspóricas, das rodas, das brincadeiras e é o que nos move para alinhavar este processo. Os encontros virtuais, por ora, permitem que, mesmo distantes,continuemos girando a roda. Tais encontros tem nos ensinado a ampliar os sentidos para exercitarmos processos educativos, mas nos desafiam a buscar caminhos para mensurarmos o quanto realmente as pessoas estão se envolvendo com as vivências remotas. Na verdade, nos leva a reconhecer a importância dos nossos encontros presenciais, cheios de vida, de pessoas inteiras, entregues ao momento vivido. Não estamos buscando contrapor ou escolher um em detrimento de outro, buscamos pontuar apenas que as tecnologias nos permitem os encontros à distância, colaboram para que possamos seguir os caminhos, mas destacamos e defendemos o quão importante é podermos ocupar os espaços de corpo presente. Não podemos desconsiderar o contexto de crise sanitária que estamos vivendo; no entanto, precisamos nos lembrar da importância dos encontros presenciais,das rodas e partilhas que promovem saberes e fazem circular 9Atividade corporal cuja origem parece ser de algum país latino, que busca propor atividades a partir do movimento das articulações, dentre outros a serem criados pelos participantes da proposta. 10Trecho de ponto de jongo cantado pelo grupo Filhos da Semente da cidade de Indaiatuba-SP.
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 17| 17experiências de vidas distintas que se potencializam nestes e com estes encontros. Salientamos que esta roda não se finda, ela segue girando, vai ganhando outros espaços, novas experimentações, novas cores, alinhavos, versos e sabores. Enfatizamos nossa crença em uma educação para a vida. Uma educação que possa ser partilhada e vivida nas brincadeiras, nos versos, histórias, poesias, afetos. Ao acreditar em uma educação que promove vida, nos comprometemos com um fazer pedagógico que seja pluriversal e que reconheça e respeite a diversidade de saberes. Assim, seguimos partilhando saberes desde as rodas. Desejamos que a experiência apresentada neste artigo possa ser inspiração, potência e possibilidade para outras inventividades pedagógicas. Brincamos, cantamos, dançamos, contamos histórias, demos risadas e assim construímos conhecimento forjado nas ciências do encante, da partilha e do afeto. Acreditamos que estes conhecimentos são chave para ampliarmos caminhos e enxergarmos além do que hoje as telas nos mostram.REFERÊNCIASBRASIL. Leis e Decretos. Lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 22 maio 2021.BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 2 maio 2021. CAUSSI, J.R. Docência compartilhada nos Anos Iniciais do Ensino fundamental de 09 anos. 2013. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia)Universidade Federal do Rio Grande do Sul,Porto Alegre, 2013. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/88077. Acesso em 6 maio 2021. DALTRO,M. R.;FARIA,A.A.Relato experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade. Estudos e Pesquisas em Psicologia,v. 19, n. 1, p. 223-237, 2019. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=451859860013. Acesso em: 19 jul. 2021. FOGANHOLI, C. Educar e educar-se na diversidade:Uma relação com as danças das culturas populares no Brasil e em Moçambique. 2015. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2015.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEeVivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 18| 18FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.GARCIA, M. F.; SILVA, J. A. N. (org.). Africanidades, afrobrasilidades e processo (des)colonizador: contribuições à implementação da Lei 10.639/03. João Pessoa: Editora UFPB, 2018. 407 p. ISBN: 978-85-237-1340-9.LEITE, C.A. Rodas de Brincar: Uma proposta com atividades lúdico-corporais junto aos professores-formadores das Oficinas Pedagógicas do DF. Curitiba: Editora CRV, 2019.LUCKESI, C. Educação, Ludicidade e prevenção das neuroses futuras: Uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. Salvador: UFBA,2000. ROSINHA. As cantigas de Lia. São Paulo: Editora do Brasil, 2012.SANTOS, A.B. Colonização, Quilombos. Modos e Significados.Brasília: Instituto de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, 2015.SANTOS, B.S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes.In: SANTOS, B.S.; MENESES, M.P.(org.). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, 2010.p. 31-83.SANTOS, B.S.; MENESES, M.P.(org.).Epistemologias do sul.São Paulo: Cortez, 2010.SILVA, V.P.Do chocalho ao Bastão:Processos Educativos do Terno de Congado Marinheiro de São Benedito Uberlândia-MG. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação)Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2011.SILVA, V. P. Jongo na escola: contribuições para e na educação das relações étnico-raciais. 2020. 247 f. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2020.SIMAS, L.A.; RUFINO, L. Flecha no Tempo. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.TAVARES, J.C. Diáspora africana: a experiência negra de interleculturalidade. Cadernos Penesb, Rio de Janeiro, n. 10, p. 77-86, jan./jun. 2008/2010.TEDLA, E. Sankofa, african thought and education. New York: Peter Lang, 1995.
image/svg+xmlAs vivências nas rodas como fundamentos de ciências e encantamentosRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 19| 19Sobre os autoresCristina Aparecida LEITEProfessora-formadora no Centro de Vivências Lúdicas Oficinas Pedagógicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.Vivian Parreira da SILVADoutora em educação pela Universidade Federal de São Carlos.Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.Correção, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2,e021026, 2021.e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 1| 1THE EXPERIENCES IN A CIRCLE AS FOUNDATIONS OF SCIENCES AND ENCHANTMENTSAS VIVÊNCIAS NAS RODAS COMO FUNDAMENTOS DE CIÊNCIAS E ENCANTAMENTOSLAS VIVENCIAS EN CÍRCULO COMO FUNDAMENTOS DE LAS CIENCIAS Y LOS ENCANTAMIENTOSCristina Aparecida LEITEUniversity ofBrasíliae-mail:cristinaleite224@gmail.comVivian Parreira da SILVAFederal University ofSão Carlose-mail: vivianparreira6@gmail.comHow to refer to this articleLEITE, C. A.; SILVA, V. P. da.The experiences in a circle as foundations of sciences and enchantments.Revista Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n.esp. 2,e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481Submitted: 20/04/2021Revisions required: 19/06/2021Approved: 17/09/2021Published: 30/11/2021
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 2| 2ABSTRACT:This article aims to share experiences from the circles, dances and games of Brazilian cultures, recognizing these places as powerful spaces for us to exercise an education project that values and recognizes different types of knowledge. So, based on our trajectories, experiences and dialogue with authors, we will build the paths for dialogue in this work. Knowing that we learn and teach all the time, in different spaces, and that life is an opportunity to share knowledge and experiences, we present here some reflections from our experiences in education involving themes such as playfulness, collectivity, ethnic-racial relations and games. As a result of this weave woven with so many colors, designs and possibilities, we want to expand paths so that we can increasingly exercise our pedagogical work with responsibility and that it is plural, recognizing and respecting the diversity of knowledge.KEYWORDS:Education. Circles. Games.RESUMO:Este artigo tem como objetivo partilharexperiências desde as rodas, danças e brincadeiras das culturas brasileiras, reconhecendo estes lugares enquanto espaços potentes para exercitarmos um projeto de educação que valorize e reconheça diferentes saberes. Então, fundamentadas nas nossas trajetórias, experiências e em diálogo com autores, autoras construiremos os caminhos para o diálogo neste trabalho. Sabendo que aprendemos e ensinamos a todo o tempo, em diferentes espaços, e que a vida é oportunidade de compartilhar saberes e experiências, apresentamos aqui algumas reflexões,desde as nossas experiências em educação envolvendo temas como a ludicidade, coletividade, relações étnico-raciais e brincadeiras. Como resultados desta trama tecida a tantas cores, desenhos e possibilidades, desejamos ampliar caminhos para que cada vez mais possamos exercer com responsabilidade nosso fazer pedagógico e que este seja pluriversal, reconhecendo e respeitando a diversidade de saberes.PALAVRAS-CHAVE:Educação. Rodas. Brincadeiras.RESUMEN:Este artículo tiene como objetivo compartir experiencias de los círculos, danzas y juegos de las culturas brasileñas, reconociendo estos lugares como espacios de gran potencia para que ejerzamos un proyecto de educación que valora y reconoce distintos saberes. Entonces, basado en nuestras trayectorias, experiencias y en diálogo con autores y autoras, construiremos en este trabajo los caminhos para el diálogo. Sabiendo que aprendemos y enseñamos todo el tiempo, en distintos espacios, y que la vida es una oportunidad de compartir saberes y experiencias, presentamos aqui algunas reflexiones de nuestras vivencias en educación involucrando temas como lo lúdico, la colectividad, las relaciones étnico-raciales y los juegos. Como resultado de esta trama tejida con tantos colores, diseños y posibilidades, deseamos ampliar los caminos para que podamos ejercer cada vez más con responsabilidad nuestro hacer pedagógico y que este sea pluriversal, reconociendo y respetando la diversidad de saberes.PALABRAS CLAVE:Educación. Círculos. Juegos.
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 3| 3IntroductionThis article is the result of the sharing of experiences of four educators, from theexperienceDances and Games: bodies that learn and teachheld in the extension course Body, Human Educationand Societyin the 2nd semester of 2020 through remotemode1, whose reflections emerge from the class taught in this course.We invite readers and readers to enter the waters of this experience that seeks to converge paths and deepen reflections about dances, songs, wheels, games and poetry as powerful means of learning and teaching processes in different contexts, driven by empathy and imagination. Above all, emphasizing doing without forgetting ourselves, as a body (lived, perceived and sensitive) when relating to the Other, providing a bodily alterity and, thus, a more accessible encounter between teaching and learning.It was a four-handed woven experience, in which the threads intertwine, intertwine, complement each other. Only forthe systematization of this writing will they be subdivided into two hands. The first, by Cristina Aparecida Leite, presents the embroidery of a research developed in the Federal District (DF), whose name is Rodas de Brincar. The author acts as a teacher-trainer in the Centers of Playful Experiences -Pedagogical Workshops of the Federal District, which are decentralized spaces of continuous training of teachers of the public school system, whose basic principles of the proposals are potentially playful activities. The second, by Vivian Parreira da Silva, brings research tissues: jongueira education as a process of affirmation of life, developed by the educator in her doctorate. It is worth saying that from the experiences in the Girafulô Group2, Vívian Parreira da Silva acts as a researcher and proponent of experiences based on the educational processes present in jongo wheels, congada processions, cacuriá games, coconut samba, among others. Rodas de Brincar is the name of a continuing training course forteachers and teachers that has been offered to all regional teaching coordination of the State Department of Educationof DF, since 2015. It presents in its bulge the search for awakening in the teacher and teacher the playful being that inhabits them, all through many reflections and experiential proposals. Through the experiences to which they are exposed, teachers and teachers feel motivated to 1This activity was an initiative of the research groups Laboratory of Body Studies -LEC/Unesparand Study and Research Group on Body Language and Diversity -GEPL/UFGD. The experience Dances and games: bodies that learn and teach was proposed and developed by the researchers: Cristina Aparecida Leite -SEDF, Evanize Kelli Siviero Romarco -UFV, Ivana Bittencourt -UFBA and Vivian Parreira da Silva -UFSCAR.2The Girafulô group, coordinated by educator Vívian Parreira da Silva, develops training and fruition actions in the city of São Carlos and region. The group aims at experimentation, study of thevarious games founded on the diaspora namely: Cacuriá, coconut samba, congadas, jongo.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 4| 4adapt and apply the suggestions in their classrooms. Thus, according to various oral and written accounts, teachers and teachers have their practice transformed. They are proposals that involve the vivid, pulsating body, which rises, sings, dances, rotates, moving while playing. In danced knowledge, educational processes occur from interactions between people through dances, songs, games, poetry, games specifically those of Brazilian dances3. It has been through dance and living with jongueiras communities, congadeiras, communities of terreiro, with children, dancing, playing, that we mean the world and seek to develop work focused on education, based on wheels and games. In every opportunity to meet with masters and masters of popular cultures, we learn that we can teach and learn through dance.4Our research and actions, constructed and experienced on a daily basis, seek to put into dialogue learning and academic knowledge related to writing, analysis and scientific knowledge and the knowledge present in cultural practices that bring the life experience of the participating people, experienced in different dances and games. In both studies, the circular form is present, either in the proposed games or in dances, in a significant way. The circle transforms the relationships. In it, there are no hierarchies, there is no beginning or end. This notion of fullness is reverberated through the bodies that play and dance, making themselves present, whole and full during the experiences. This moment of pleasurable delivery to the moment lived is what the teacher and philosopher Cipriano Luckési (2000) understands as a playful experience. According to him: What ludicity bringsagain is the fact that the human being, when he acts luddites, experiences a full experience. In the experience of a playful activity, each of us is full, whole at this moment [...]While we are trulyparticipating in a playful activity, there is no place, in our experience, for anything other than that activity. There's no room. We are whole, full, flexible, cheerful, healthy (LUCKESI, 2000, p. 41, our translation).The experiences in wheel promote a synergy in the group, in which the ludicity permeates the moment and is propitiated that it is experienced collectively, in order to become even more significant. Present in cultures since ancient times, such experiences provide the look, touch, interactions, fundamental in the search for a more empathic and sensitive society. This loom of writings, soured since our experiences, are part of our walks, singing, verses sung 3Each of them has its characteristics and specificities according to African, indigenous and European influences. We can characterize them by region of the country, instruments used, times in which they are danced.4Within a traditional group or community, as in the congada, the works, the transmission of knowledge, the activities of the parties, the care of children, usually, are done collectively, but all actions are conducted, organized by the most experienced. Within these groups and communities, these older ones are called teachers, because they have great experience and have built this leadership role with the group.
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 5| 5on so many wheels in dialogue with different people. We want to emphasize that, it is also on wheels, playing, singing, barefoot, casting verses, in doing so together with women, men, children, masters and teachers that we enchant, recognize ourselves, strengthen and practice an enchanted education, committed to the knowledge danced, sung and played. Therefore, it is also on the wheels that welearn and, in this process of sharing, we practice welcoming in dialogue with the knowledge of ancestry. We invite readers and readers to walk with us the possibilities of an education as enchanter, based on the knowledge and experiences shared on the wheels. Some experiences experienced by us through our experiences of building training processes from the coexistence on the wheels will be shared and intertwined to the writing of this text, elaborating the experience report of a class that we teach in the extension course Body, Human Educationand Society.Opening our wheelessa ciranda não é minha só, ela é de todos nós... 5Based on our trajectories, experiences and in dialogue with authors and authors, we will follow the paths for the construction of this work. Knowing that we learn and teach all the time, in different spaces and that life is an opportunity to share knowledge and experiences, we will continue with our open wheel, with our singing launched to the world so that in different ways we can build knowledge. This article was constructed from an experience report on shared practice in a class, conducted remotely. Theexperience report aims to describe and share a lived experience, which can contribute to the construction of knowledge in the studied area. Thus, the present report presents itself as a relevant methodological praxis with the ability to collaborate, in the case of this article, with the discussion about teaching and learning processes in the context of the health crisis in which we find ourselves. The experience report presents the knowledge resulting from collective or individual processes, and displays experiences located at a given moment, phenomenon, situation and space. In this way: The set of these analyses guarantees the Experience Report as an important scientific narrative in tune to the postmodern condition. It is a narrative that, through language, performs the experience of singularization, attested in a 5Excerpt from ciranda Minha Cirandade Lia de Itamaracá. Available:https://www.letras.mus.br/lia-de-itamaraca/399583/. Access: 10 Apr 2021.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 6| 6decentered dynamism of reason, and able to withstand paradoxes. The RE is understood as a work of language, a construction that does not aim to propose the last word, but which has a character of provisional synthesis, open to the analysis and the permanent production of new andtransversal knowledge. It is configured as a narrative that simultaneously circumscribes experience, place of speech and its historical time, all articulated to a robust theoretical framework, legitimizing experience as a scientific phenomenon (DALTRO; FARIA, 2019, p. 235, our translation). This article was in line with words/experiences, readings and memories, and is also based on our research. Crossing paths, we set out to build knowledge froma decolonizing perspective, which has its driving force in its wheels to propose dialogue of knowledge and processes of creation, with education as its main focus. We consider that doing science and building knowledge is also a way of valuing and practicing other epistemologies, fighting against assimilations, epistemicides, interdictions and against the impediments suffered by men and women because they want to exist with their cultural diversities. Thus, this work carries, in addition to the theoretical and methodological aligners, our struggle in favor of the various games of popular cultures that constitute Brazil.Considering the historical struggle of groups and communities to maintain their existence, "increasingly, it is necessary that researchers and researchers with the courage to recognize epistemologically the differences and knowledge produced by diverse collectives, transformed into unequal, gain visibility in the field of theoretical production" (GARCIA; SILVA, 2018, p. 10, our translation). With courage and firmed on wheels, we are willing to build this work, which is based on different epistemologies that, in diaspora, were born and continue alive in struggles and stories.From the perspective of the research of the author Vívian Parreira da Silva, we will dialogue about the education of ethnic-racial relations, which is also present in the research of Cristina Aparecida Leite. In order to exercise an anti-racist education that promotes dialogue of knowledge, and that positive the cultures of African matrix, we must be based on multiple knowledge based on the African diaspora. It is necessary an ethical and aesthetic reorganization, to look and see through the gaps and in the gaps6to see other beauties, other sciences, other ways of being and being in dialogue with the world.In the Brazilian educational context, we have public policies resulting from struggles of movements and communities. Law 10.639/03, which provides for the mandatory teaching of African and Afro-Brazilian histories and cultures in all public and private schools was amended 6This term is founded on the practice of Pedagogia das Encruzilhadas, nas Flechas no Tempo e nas Ciências Encantadas das Macumbasby Luiz Rufino and Antônio Simas (2019).
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 7| 7by Law 11.645/08, including indigenous cultures within the field of work and education for ethnic-racial relations (BRASIL, 2003, 2008). Legally, we have support and guidelines to create education projects that recognize African, Afro-Brazilian and indigenous cultures. However, it is important to ask some questions, among them one approaches us to the reflections presented in Senghor (1965) we managed to transcend public policy and build knowledge referencing cultures and histories from within, based on other experiences, perspectives and knowledge different from those that the colonizing model enables? (SILVA, 2020, p. 35, our translation).We recognize advances in the processes in construction and deconstruction. We move forward to the extent that we are rethinking our educational practices, our research and the construction of our paths in the elaboration, recognition and valorization of other epistemologies. On this path, we are founded on the knowledge of the diaspora, recognizing the struggle maintained for centuries by men and women for life. We understand the African diaspora as a movement and space in which experiences are lived and identities constantly reinvented. The word diaspora was taken on loan from the experience of the Jewish community, in which it works to explain the dispersion that has occurred with these peoples during the centuries since Abraham. With the word diaspora, Jewish intellectuals and religious not only classified the dispersion, but also sought to identify a type of community that although not linked to the territory of Israel, still preserved a set of particular characteristics and recreated, in many ways, the traditions of the Jewish community itself. It means that in addition to preserving ancestral marks, the communities of the Jewish diaspora re-created and invented traditions as a result of dialogue with the various surrounding cultures. Likewise, the diaspora concept began to be used by religious, activists and intellectuals linked to African traditions and the anti-racist struggle (TAVARES, 2008/2010, p. 80, our translation). Congadas, capoeiras, candomblés, cacuriás, batuques, jongos, are territories of inventiveness, of praise of life, where we systematically reconfigure, and move to other placesand temporalities. The cultures of the African diaspora are experiences, complex ways of dialogue with the world, are powers of inventiveness, of stories and horizons of beauty. The African diaspora takes place from and through the experience of slavery, which has stamped the stain of dehumanization that transcends the times. Slavery stole stories, annihilated worlds, bodies, sociability, was a death project based on violence and the objectificationof thousands of men and women on the African continent. Slavery was and is a project of colonizing power with its bases embedded in the West. The project of humanity that comes from these same bases can only predict the death, in different dimensions, of non-white men and women. It is from
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 8| 8this annihilating colonial project that we emerged as birth beings. In various cultural practices of the African diaspora, the construction of knowledge occurs collectively, in which everyone and everyone learns and teaches in a collaborative process among the participants. For the African people, the community is merged into the group, it is possible to observe this fusion in the saying: I am because we are, and once they are for that I am (TEDLA, 1995). Considering the African perspectives founded on the collectivity and in totality, but without disregarding individualities, dance can be understood not only as a technique, but from its totality with the world, that is, in the dialogue established through the body. This dialogue denotes the belonging to the community, the struggle, the resistance, the existence and the permanence of these cultures in the world (FOGANHOLI, 2015). We can perceive those cultural practices such as congadas, for example, are configured as social practices that resist, transform and educate. The ways of learning and teaching take place from a totality, through the exchange of experiences between the most and the less experienced (SILVA, 2011). This totality is also present in jongo and other diaspora practices that teach us from foundations based on Afro-Brazilian civilizing values.Bringing this knowledge to be shared, disseminated, deepened in the continuing education of teachers is a way to approach the knowledge and experiences that constitute us as a Brazilian people, which also has in its roots the indigenous and African influences, so often silenced and annulled by the colonizing process. Thus, we invite teachers to research various manifestations and, more than that, to dance with us, to feel in their bodies the pulse of songs, drums, percussion. As proponents, we are often surprised by reports of discoveries from participants who start to feel more present, more vivid after the experiments. In addition, the Federal District is a true cultural melting pot and sometimes we have teachers and teachers from various parts of Brazil and, therefore, belonging to various manifestations. The participants contribute to the sharing of their experiences, which are present in a visceral way in their constitution as historical subjects. In this way, we perceive the wheels to expand, to enrich themselves and this is exactly one of our objectives: that the experiences on wheels expand, multiply and become more present and pulsated in people's lives, also in the formal school space. In addition, opening an opportunity to learn about games of African and indigenous origin is a way to look at our own history, to get to know Brazilian childhoods a little better, in their multiplicity and diversity.
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 9| 9We play, so we exist: it is on wheels and in games that we make ourselves educatorsThe wheels promote confluence7of knowledge, life experiences, sciences that are based on bodies, parties, gingas, drums, dreams, various worldviews. Thus, with these writings woven in various paths and colors, we seek to share our experience in exercising an ecology of knowledge, which, according to Boaventura de Sousa Santos (2010), with whom we agree, is a "counter-epistemology". According to Santos, it is not a simple and easy task to construct an Epistemological Ecology of Knowledge: The epistemological vigilance required by the ecology of knowledge transforms post-abyssal thinking into a profound exercise of self-reflexivity. It requires that post-abyssal thinkers and actors see themselves in a context similar to that in which St Augustine was in writing his confessions and who expressed eloquently in this way: quaestio mihi factus sum, I became a question for me. The difference is that the topic is no longer the confession of past mistakes, to solidarity participation in the construction of a personal and collective future, without ever being sure not to repeat the mistakes made in the past (SANTOS, 2010, p. 66, our translation). The construction of an epistemology for praxis of an ecology of knowledge requires solidarity in recognizing errors and placing ourselves as part of them, aiming at the horizon of humanization for transformation. If, historically, cultures on the other side of the line are assimilated and disqualified by the project of the global north, it is up to us, from our research with groups and communities, to strive for the reinvention of our educational practice. For this, we do not need to deny European knowledge, but seek the knowledge of the South8for the focus of recognition. Our research must take the place of struggle for a reinvention of the ways and ways to build knowledge from our existences, with learning anchored in our realities. We live in constant learning, we are in action reflection action, in search of exercising and 7This concept is from Santos (2015), or Nego Bispo, as it also likes to be called. According to Nego Bispo, it is important to exercise the confluence of our experiences. To do this, we need to transform our differences into diversity, and in diversity we achieve the confluence of all our experiences. This makes it possible to converge, that is, to dialogue knowledge without cancelling ourselves to assimilate or be assimilated. It is a cosmosensation based on the knowledge of the original peoples, the Quilombola and Afro-Pindoramic peoples. "Confluence is the law that governs the relationship of coexistence between the elements of nature and teaches us that not everything that gathers is mixed, that is, nothing is equal" (SANTOS, 2015, p. 89, our translation). To learn more, see the book "Colonization, Quilombos modes and meanings".8Boaventura de Souza Santos and Maria Paula Meneses (2021) organized the book with the title: Epistemologies of the South, this work presents us with a series of texts by several authors and authors that problematize and bring to light discussions and reflections about other epistemologies and knowledge. The book is a reference on which we base ourselves to dialogue about the basic knowledge from our place, the south in counterpoint to the north, which historically claims itself global, hegemonic and the only source of knowledge. Therefore, we dialogue with Santos and Meneses (2010) from this idea of recognizing other knowledge, especially the knowledge settled in the southern hemisphere.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 10| 10practicing the unheard of feasible to fulfill our vocation to be more, as Freire (1996) guides us. We consider the opportunity of writing, research and shared teaching as time and space to feel and perceive the world in other ways. The knowledge founded on the cultures of the African diaspora is configured as community knowledge rooted and projected in ancestry, memory, corporeity, and tradition, that is, knowledge that contributes to the maintenance of tradition and guarantees its transmission from generation to generation. In this way, we invite to the wheel all those and those who, historically, live in different ways and experiences, paving the way for the wheel, the ginga, the play, the game, the dance, the drum, the music, poetry, the verse, affections, conviviality and dinner to be valued as long as knowledge that structure knowledge and, therefore, they must be recognized, respected and practiced. This knowledge can undoubtedly help us in the practice of aneducation for andwithdiversity. The wheels expand and reverberate: our experiences in the extension course "Body, Human Educationand Society" It was the development of these studies and the points that connect them that provided conditions for us to beinvited to teach a class during the Extension course: Body, Human Educationand Society, organized by the Study and Research Group on Body Languages and Diversity/GEPL/UFGD and Laboratory of Body Studies/LEC/Unespar, in which we were responsible for the module: Dances and games -bodies that learn and teach. It is interesting to highlight that it was the invitation to this participation that was responsible for the meeting between the four researchers who, until then, did not know each other (and do not yet know each other in person). It is also worth saying that today we live in Brazil a health crisis that has challenged us as educators with regard to our educational practices. This distanced meeting allowed us to cross paths, weave ideas and collectively build a proposal to act in this course. We therefore receive the challenge of knowing each other, as people, each with their own professional and academic career, each from a different place in the country. But that wasn't all the challenge. It was to bring to the experience, remotely, what moves us to do live, in the presence and with presence. How to transpose to the cold screen what is so experiential? Would that be possible? These are questions that move us and motivate us to dialogue experiences.
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 11| 11Another challenge was to balance the strengths of four female researchers so that the class could be planned from four different researches, so that the meeting was balanced and that each one could bring some of their experience. It was due to the proximity between the researches that we realized that, in the quartet, we could have two pairs, two moments in class, two final texts. Meetings were held, always showered with a lot of laughter and relaxed. A happy encounter that this pandemic moment has allowed us to experience. Thus, we guide our planning with the principles of shared teaching, which is anavant-garde posture in the face of knowledge, because it allows the sharing of knowledge collaboratively, in which the meetings are enriched by the experiences of more than one teacher-trainer. It presents itself as a recent conception in Brazil, with few publications on the subject, but which we noticed happening at some moments in the teaching trajectory, especially in Special Education and Early Childhood Education. In the other stages of teaching, more often than not, the work of the teacher and teacher is solitary, with participation in some collective projects, time and time again. However, when it is time to be in the classroom, it is the teacher and his students, only. A practice based on the principles of interdisciplinarity could be promoted if there were two or more trainers in the same classroom, but hardly, there are two teachers. Four then... it's almost unthinkable. The pandemic moment, however, can also show the strength and need we have when working collaboratively. Having someone to share a class with, from planning to execution and evaluation can be a gift, depending on the posture of those involved. In our case, that's how it was. The joining of several hands, several doors of knowledge, a lot of sharing. The protagonism of four research professors at the same time, who, while teaching, we were learning from our partners, constituting a space for mutual formation between ourselves, at first, but that would reverberate in our planning and, consequently, in the class to be taught. For Lopes and Costa (apudCAUSSI, 2013, p. 23, our translation): Talk about shared teaching[...] is to speak of the human encounter in collaborative practices that are fundamental for the development of teamwork, whose desire permeates the authentic encounter of the "i-you", in human relations and in the construction of knowledge. It is, therefore, an innovative way of thinking and offering a class: collaboratively, with sharing of knowledge among the teachers involved, which can add a lot to the experience, making it successful. This is how we realized that our class was received, by oral manifestations expressed at the time of the lesson and by some records in the chat, whoseauthorship will be preserved:
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 12| 12You've cheered my afternoon. (Participant 1)It was excellent, girls (Participant 2)You're all to be congratulated. One of the most 'living' encounters I participated in during the livesof eternal quarantine. (Participant 3)Brought joy to my heart(Participant 4) How do we achieve these results expressed by the participants? Let's go to the next wheels...The wheels on the screens...As mentioned earlier, this experience refers to a class shared by four educators. For methodological and thematic reasons, this class was divided into two moments. At each moment a duo was responsible for conducting the work. It is noteworthy that the students who participated in the class were the same in all moments of activities, and the four teacher-trainers were present throughout the period and participated in all proposals. To start the activity, we presented images to raise interactions through interpretations and, only after the speeches, feelings and observations made by the people who participated, revealed the complete image. Cristina Aparecida Leite brought two: Figure 1Teachers in wheel for percussion with cupsSource: Personal collection (2016)
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 13| 13Figure 2Teachers on wheels for recording cirandas activitySource: Personal collection (2016)Vivian Parreira da Silva brought two others:Figure 3Girafulô SkirtSource: Personal collection (2016)Figure 4Boxes of the DivineSource: Personal collection (2016)This process of presenting the images was a common point between the proposals presented by the two pairs of educators, to look, perceive, review, to make sense, to meet what the images can send us were issues considered relevant and important in this process of sharing
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 14| 14knowledge. Ihad to understandand hear what the images, from different contexts, but all intertwined by the universe of creative processes, aroused in the people present. From a point of view, we could weave understandings, sensations, perceptions that complement each other when presented in collectivity on the wheel. The images presented took a little of the universe of action of the researchers who weave these writings. Colors, cheetah, joy, crowding, belonging. How to transpose these universes to the screen? Many meetings, reflections and experiments were required. This educational experience that we are living in Brazil due to the context of pandemic is still very nova and presents numerous challenges and needs of adaptations. As research educators we are, we walk between doubts, expectations and many uncertainties regarding how we could share our experiences, which are forged in meetings, hugs, sharing, singing, dances and games, in this format at a distance by the computer screen. Considering the limitations of performing face-to-face activities, we see this challenge as an opportunity to follow the paths of creating from our experiences. The wheels on the screens were a challenge that taught us about our pedagogical doing. Although we do not have the ideal conditions, we do not scoff from the task of sharing and building knowledge. We do not want to seek justifications to replace one experience with another, that is, we continue to believe in presence as an important condition for the exchange from the wheels, however,we will not fail to build and experience educational processes. It is in our interest to expand the possibilities and strengthen the debates about education as a radical of life. For this exercise, we share some points of this path that will continue in permanent construction and reconstruction. To involve the participants, we selected the story: The Songs of Lia, by the writer and illustrator Rosinha, which was told collectively by the four trainers and which brought several songs of the Brazilian tradition. This process of telling the story to four voices allowed us to strengthen bonds, deepen confidence in shared teaching. Proposing a collective work puts us in the face of challenges, as well as on wheels, all people are fundamental for the game to happen, so that there is music, dance, verse, movement. And so, we continue to come out of this experience of sharing and recognizing collective work as a fertile path for education. As the song says: this ciranda is not mine only she is all of us, she is all of us.Knowing that the class was our wheel, always spinning, without stopping, she put us in the center, she turned us to exercise the knowledge that the wheels offer us, the knowledge of recognizing ourselves as part that composes the whole. Meanwhile, we asked theparticipants, who are also part of the wheel, to write in the
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 15| 15chatthe songs that reminded their childhood. What a rich repertoire was constituted! Terezinha de Jesus, Ciranda Cirandinha, A canoa virou, Dona Aranha, among many others. The story followed its course, to the sound of much singing and the roar of the drum. We invite you to dance with us, because it is not enough to theorize about the importance of the movement. It is necessary to experience and, thus, activities were selected for this purpose. One of them, accompanied by a song whose lyrics are composed of a single word, is "Merequetê"9The meeting followed singing and enchanting, bringing quadrinhas or little things as well as are known these poetic structures that are so present in Brazilian oral culture. To finish the exchange of experiences, a coconut wheel to the sound of quads that were played live and also by chat.Some considerations...Eu vou me embora o que me dão para levar? Levo saudades suas no caminho eu vou chorar....10Getting here allows us to weave a few more threads of this tangle of sensations and experiences. It was important to note how much we have grown and challenged ourselves with this work, to feel how much we have the ability to adapt to the most adverse situations. This is what this moment of pandemic puts us and challenges us to do and, in a way, we can realize that many proposals can be made possible also mediated by the screens. However, it is important to emphasize that the presence, the encounter, with people giving hand with hand, looking eye to eye, smelling, the energy exchanged cannot be replaced. What we want to highlight here is that we can practice so many other ways of learning and teaching, but the presences and sharing are the foundation of our Afro-diasporic cultures, wheels, games and is what moves us to align this process. Virtual encounters, for now, allow us, even far away, to continue spinning the wheel. Such meetings have taught us to broaden our senses to exercise educational processes,but challenge us to seek ways to measure how much people are really getting involved with remote experiences. In fact, it leads us to recognize the importance of our face-to-face meetings, full of life, of whole people, delivered to the moment lived. We are not seeking to counter or choose 9Body activity whose origin seems to be from some Latin country, which seeks to propose activities from the movement of joints, among others to be created by the participants of the proposal. 10Excerpt of jongo songsung by the group Filhos da Semente of the city of Indaiatuba-SP.
image/svg+xmlCristina Aparecida LEITEand Vivian Parreira da SILVARev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 16| 16one over another, we seek to point out only that technologies allow us to encounter at a distance, collaborate so that we can follow the paths, but we highlight and defend how important it is to occupy the spaces of the present body. We cannot disregard the context of the health crisis we are experiencing; however, we need to remember the importance of face-to-face meetings, wheels and sharing that promote knowledge and circulate experiences of different lives that are enhanced in these and with these encounters. We emphasize that this wheel is not finished, it keeps spinning, it is gaining other spaces, new experiments, new colors, aligners, verses and flavors. We emphasize our belief in an education for life. An education that can be shared and lived in games, verses, stories, poetry, affections. By believing in an education that promotes life, we commit ourselves to a pedagogical practice that is plural and that recognizes and respects the diversity of knowledge. So, we keep sharing knowledge from the wheels. We hope that the experience presented in this article can be inspiration, power and possibility for other pedagogical inventiveness. We play, sing, dance, tell stories, laugh and thus build forged knowledge inthe sciences of enchantment, sharing and affection. We believe that this knowledge is key to expand paths and see beyond what screens show us today.REFERENCESBRASIL. Leis e Decretos. Lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Available: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Access: 22 May2021.BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Available: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Access: 2 May 2021. CAUSSI, J.R. Docência compartilhada nos Anos Iniciais do Ensino fundamental de 09 anos. 2013. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia)Universidade Federal do Rio Grande do Sul,Porto Alegre, 2013. Available: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/88077. Access6 May 2021. DALTRO,M. R.;FARIA,A.A.Relato experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade. Estudos e Pesquisas em Psicologia,v. 19, n. 1, p. 223-237, 2019. Available: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=451859860013. Access: 19 July2021.
image/svg+xmlThe experiences in a circle as foundations of sciences and enchantmentsRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 11, n. esp. 2, e021026, 2021. e-ISSN: 2237-258XDOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11iesp.2.16481| 17| 17FOGANHOLI, C. Educar e educar-se na diversidade:Uma relação com as danças das culturas populares no Brasil e em Moçambique. 2015. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2015.FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.GARCIA, M. F.; SILVA, J. A. N. (org.). Africanidades, afrobrasilidades e processo (des)colonizador: contribuições à implementação da Lei 10.639/03. João Pessoa: Editora UFPB, 2018. 407 p. ISBN: 978-85-237-1340-9.LEITE, C.A. Rodas de Brincar: Uma proposta com atividades lúdico-corporais junto aos professores-formadores das Oficinas Pedagógicas do DF. Curitiba: Editora CRV, 2019.LUCKESI, C. Educação, Ludicidade e prevenção das neuroses futuras: Uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. Salvador: UFBA,2000. ROSINHA. As cantigas de Lia. São Paulo: Editora do Brasil, 2012.SANTOS, A.B. Colonização, Quilombos. Modos e Significados.Brasília: Instituto de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, 2015.SANTOS, B.S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes.In: SANTOS, B.S.; MENESES, M.P.(org.). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, 2010.p. 31-83.SANTOS, B.S.; MENESES, M.P.(org.).Epistemologias do sul.São Paulo: Cortez, 2010.SILVA, V.P.Do chocalho ao Bastão:Processos Educativos do Terno de Congado Marinheiro de São Benedito Uberlândia-MG. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação)Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2011.SILVA, V. P. Jongo na escola: contribuições para e na educação das relações étnico-raciais. 2020. 247 f. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2020.SIMAS, L.A.; RUFINO, L. Flecha no Tempo. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.TAVARES, J.C. Diáspora africana: a experiência negra de interculturalidade. Cadernos Penesb, Rio de Janeiro, n. 10, p. 77-86, jan./jun. 2008/2010.TEDLA, E. Sankofa, african thought and education. New York: Peter Lang, 1995.
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