Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023016, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.15993 16
Assim, o projeto foi implementado no contexto das rotinas diárias dos oito bebês, cada
um agindo de acordo com sua própria maneira e ritmo. Eles dormem, acordam, almoçam,
mamam, têm suas fraldas trocadas, tomam banho, brincam com brinquedos, engatinham, dão
seus primeiros passos, expressam suas emoções através de lágrimas, sorrisos e vocalizações,
observam e interagem. Essa diversidade de expressões é reconhecida e incentivada pelos
professores, conforme evidenciado por Edwards, Gandini e Forman (2016), que destacam a
importância das múltiplas linguagens na comunicação infantil. Desta forma, os professores
promovem a expressão das crianças por meio da organização do ambiente, da interação entre
elas, entre crianças e adultos, e entre os próprios adultos, em todas as etapas do processo
pedagógico, desde o planejamento até a avaliação. Essas práticas refletem o contínuo
desenvolvimento profissional dos docentes, como apontado por Tardif (2002).
No âmbito do estágio curricular supervisionado, é possível observar o esforço dedicado
à organização do espaço e à promoção do diálogo, como ilustrado na seguinte cena descrita:
Caio, que estava bastante choroso e chamando pela mãe, costumava vocalizar
alto "mama-mama-mama". Foi então que a professora Roberta sugeriu uma
massagem para ele. [...] Peguei o bebê e o levei até a mesa de troca. Lá,
comecei a despir Caio, que estava visivelmente curioso e intrigado, emitindo
vocalizações [...]. Continuei explicando: "Vamos tirar suas roupas, Caio, para
fazer uma massagem. Me dê seu braço para tirar a camiseta, agora vamos tirar
a calça" [...]. Iniciei a massagem, dizendo: “Vou fazer uma massagem para
você relaxar, pode ficar tranquilo, será muito agradável”. Utilizei um óleo para
bebês com um perfume suave, começando pelo rosto e depois massageei o
pescoço e o peito, sempre comentando “esse cheirinho é bom, como é
agradável o toque suave no pescoço... no peito... na barriga [...]". Caio
começou a ficar cada vez mais calmo, mantendo contato visual comigo o
tempo todo [...]. O bebê permanecia quietinho, observando-me falar e sorrir
para ele. Ele olhava, fechava os olhos e os abria, demonstrando um
relaxamento significativo. Assim, a massagem prosseguiu por todo o corpo.
Após a massagem, foi dado um banho morno para remover o óleo. A
professora Roberta pegou Caio gentilmente em seus braços e introduziu-o na
água, começando pelos seus pés e, lentamente, subindo até a cintura, dando-
lhe o banho (Nogueira, 2019, p. 14-15).
Falk (2004), nas experiências de Lókzy, também retrata uma cena na qual os olhares da
professora e do bebê evidenciam uma relação comunicativa considerada valiosa no trabalho
com crianças pequenas. O ato de falar também se mostra necessário para o desenvolvimento da
linguagem oral e para estabelecer diálogo, especialmente em momentos de assistência
individual. Tardif (2002) demonstra que os professores adquirem conhecimento por meio de
sua prática, um aspecto que também podemos observar no trabalho com bebês.