“Sempre abrindo terra, desmatando, entrando no Cerrado e plantando mais e mais arroz”
rizicultura em Goiás entre as décadas de 1960 a 1980
DOI:
https://doi.org/10.5418/ra2023.v19i40.17871Palavras-chave:
História Ambiental. Cerrado. Agricultor. Arroz de Sequeiro. Goiás.Resumo
A história ambiental do arroz de sequeiro na região norte de Goiás, nas décadas de 1960 a 1980, apresenta importantes processos de ocupação rural no Cerrado. Com a ocupação agrícola, os agricultores enfrentaram desafios como acidez e baixa fertilidade dos solos, sazonalidade climática, com períodos extremos de chuva e estiagem, além da adaptação de cultivares. A migração na região foi estimulada pela expansão da malha rodoviária. No estudo em questão utilizou-se da análise de diferentes documentações, além de entrevistas com agricultores, agrônomos e técnicos agrícolas. A partir de 1960, alguns fatores impulsionaram a agricultura no Cerrado, a exemplo do baixo preço das terras e do incentivo governamental para a mecanização agrícola. A cultura de arroz de sequeiro intensificou-se por ações da Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás. O apoio financeiro vinha dos programas Proterra e Proagro, que encerraram em 1986, gerando declínio deste cultivo e destruição do modelo de agricultura familiar na região. A falência dos agricultores, sobretudo pelo endividamento, levou ao abandono das terras, deixando um passivo ambiental, em razão de degradação do solo, desmatamento e introdução de gramíneas exóticas, como a braquiária.
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