Espaço social e simbólico do negro na produção acadêmica brasileira das Relações Internacionais no século XXI

Autores

  • Blenda Santos de Jesus Universidade Federal da Bahia (UFBA)

DOI:

https://doi.org/10.30612/rmufgd.v8i15.11545

Palavras-chave:

Negro. Colonialismo epistemológico. Relações Internacionais.

Resumo

O Brasil foi o último país das Américas a abolir o comércio transatlântico de pessoas, e, ainda hoje o afrodescendente sofre com a marginalização de sua figura, em razão do embranquecimento da sua identidade e conhecimento. Essa prática, conhecida como colonialismo epistemológico, atinge principalmente, mas não exclusivamente, a produção acadêmica das Relações Internacionais (RI). Nesse contexto, o presente artigo objetiva analisar a representação das relações raciais na produção acadêmica brasileira das Relações Internacionais no século XXI. Para isso, investigamos quais vozes são predominantes nas RI e por quê, seguida de uma contextualização do negro na construção do discurso social e simbólico brasileiro, e a identificação de sua figura na produção acadêmica brasileira das RI. Utilizou-se abordagem metodológica de natureza qualitativa e quantitativa, com método de investigação dialético. Quanto aos procedimentos metodológicos, foi realizada revisão de literatura nacional e internacional e levantamento da produção acadêmica nacional stricto sensu.


Recebido em: setembro/2019.

Aprovado em: março/2020.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Blenda Santos de Jesus, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Referências

ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi e SHILLIAM, Robbie (eds.). Race and Racism in International Relations: Confronting the Colour Global Line. Londres e Nova York: Routledge, 2015.

ARBOLEYA, Arilda; CIELLO, Fernando e MEUCCI, Simone. “Educação para uma vida melhor”: trajetórias sociais de docentes negros. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 45, n. 158, p. 882-914, dez. 2015. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742015000400882&lng=en&tlng=en>. Acessado em 08 de fevereiro de 2020.

BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e Branquitude no Brasil. In: Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Iray Carone, Maria Aparecida Silva Bento (orgs.). Petrópolis: Vozes, 2002, p. 25-58.

BLANEY, David L.; TICKNER, Arlene B. International Relations in the Prison of Colonial Modernity. International Relations, vol.31, n.1, p. 71-75, 2017.

BRAGA, Pablo de Rezende Saturnino; MILANI, Carlos R. S. Direitos humanos e política externa no Brasil e na África do Sul: o mito da democracia racial, o apartheid e as narrativas da redemocratização. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n.29, p. 7-44, agosto 2019. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-33522019000200007>. Acessado em 19 de dezembro de 2019.

BURKE, Anthony et al. Planet Politics: A manifesto from the end of IR. Millenium: Journal of International Studies, p. 1-25, 2016.

CARDOSO, Lourenço. Lourenço Cardoso: “Temos potencial para abolir o racismo e todas as outras formas de opressão”. [Entrevista concedida a] Joana Oliveira. EL PAÍS, São Paulo, 30 de novembro de 2019. Disponível em: < https://brasil.elpais.com/brasil/2019-11-30/lourenco-cardosotemos-potencial-para-abolir-o-racismo-e-todas-as-outras-formas-de-opressao.html>. Acessado em 08 de fevereiro de 2020.

DOSSIN, Francielly Rocha. Sobre o regime de visualidade racializado e a violência da imageria racista: notas para os estudos da imagem. Anos 90, Porto Alegre, v. 25, n. 48, p. 351-377, dez. 2018. Disponível em: < https://seer.ufrgs.br/anos90/article/view/77582/51372>. Acessado em 08 de fevereiro de 2020.

EDDO-LODGE, Reni. Why I’m No Longer Talking To White People About Race. London: Bloomsbury Publishing Plc, 2018.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

FUNAG. Cursos de Relações Internacionais. Disponível em: <http://www.funag.gov.br/ipri/index.php/cursos-de-relacoes-internacionais>. Acessado em 19 de julho de 2019.

GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, Brasília, vol.31, n.1, jan-abril 2016, p. 25-49.

HALL, Stuart. Representation: Cultural Representations and Signifying Practices. London: SAGE Publications, 1997.

HENDERSON, Errol A. Hidden in Plain Sight: Racism in International Relations Theory. In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi e SHILLIAM, Robbie (eds.). Race and Racism in International Relations: Confronting the Colour Global Line. Londres e Nova York: Routledge, p. 19-43, 2015.

HERNÁNDEZ, Tanya Katerí. Subordinação racial no Brasil e na América latina: o papel do Estado, o Direito Costumeiro e a Nova Resposta dos Direitos Civis. Tradução de Arivaldo Santos de Souza e Luciana Carvalho Fonseca. Salvador: EDUFBA, 2017.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Educação 2018. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101657_informativo.pdf>. Acessado em 19 de julho de 2019.

INAYATULLAH, Naeem; BLANEY, David. International Relations and the Problem of Difference. Nova York: Routledge, 2004.

INEP. Dados do Censo da Educação Superior: As universidades brasileiras representam 8% da rede, mas concentram 53% das matrículas. Censo da Educação Superior, 03 de outubro de 2018. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/dados-do-censo-da-educacao-superior-as-universidades-brasileiras-representam-8-da-rede-mas-concentram-53-das-matriculas/21206>. Acessado em 19 de julho de 2019.

KILOMBA, Grada. Plantation Memories: Episodes of Everyday Memories. Munster: UNRAST-Verlag, 2010.

LAPID, Yosef. Culture’s Ship: Returns and Departures in International Relations Theory. In: LAPID, Yosef e KRATOCHWIL, Friedrich (eds.). The Return of Culture and Identity in IR Theory. Boulder: Lynne Rienner Publishers, p. 3-20, 1996.

MEDEIROS, Marcelo de Almeida et al. What does the field of International Relations look like in South America? Revista Brasileira de Política Internacional, 59(1): e004, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v59n1/0034-7329-rbpi-59-01-00004.pdf> Acessado em 19 de julho de 2019.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. 2012. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva. vol.17, n.3, p. 621-626. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000300007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acessado em 10 de setembro de 2019.

NASCIMENTO, Abdias do. Jornada Negro-Libertária. Rio de Janeiro: IPEAFRO, 1984.

ONU. Década Internacional de Afrodescendentes. Tradução de Júlia Lins Franciotti. 2016. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/05/WEB_BookletDecadaAfro_portugues.pdf>. Acessado em 19 de julho de 2019.

ONU. Resolution adopted by the General Assembly on 23 December 2013. New York: United Nations, 2014. Disponível em: <https://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/68/237>. Acessado em 19 de julho de 2019.

PERSAUD, Randolph B. The Racial Dynamics in International Relations: Some Thoughts on the Pan-African Antecedents of Bandung. In: PHAM, Quyn N. and SHILLIAM, Robbie (eds.). Meanings of Bandung: Postcolonial Orders and Decolonial Visions. London: Rowman & Littlefield International Ltd., p. 133-142, 2016.

PERSAUD, Randolph B.; SAJED, Alina. Race, Gender and Culture in International Relations. In: PERSAUD, Randolph B. e SAJED, Alina (eds.). Race, Gender, and Culture in International Relations: Postcolonial Perspectives. Londres e Nova York: Routledge, p. 1-18, 2018.

PETRUCCELLI, José Luis. Autoidentificação, identidade étnico-racial e heteroclassificação. In: PETRUCCELLI, José Luis. e SABOIA, Ana Lucia (eds.). Características Étnico-Raciais da População: Classificação e Identidades. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), p. 31-50, 2013. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63405.pdf>. Acessado em 20 de julho de 2019.

RODRIGUES, Matheus. Estudantes da UnB criam página para denunciar preconceito de professores. G1, Distrito Federal, 04 de junho de 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/06/estudantes-da-unb-criam-pagina-para-denunciar-preconceito-de-professores.html>. Acessado em 08 de fevereiro de 2020.

ROSENBERG, Justin. International Relations in the Prison of Political Science. International Relations, vol.31, n.2, p. 1-27, 2016.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 9 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.

SHILLIAM, Robbie. Non-Western Thought and International Relations. In: SHILLIAM, Robbie (ed.). International Relations and Non-Western Thought. Imperialism, Colonialism and Investigations of Global Modernity. Londres e Nova York: Routledge, p. 1-11, 2011.

Significado de Negro. Dicionário do Aurélio Online, 2019. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/negro>. Acessado em 20 de julho de 2019.

SILVEIRA, Daniel. Em sete anos, aumenta em 32% a população que se declara preta no Brasil. G1, Rio de Janeiro, 22 de maio de 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/05/22/em-sete-anos-aumenta-em-32percent-a-populacao-que-se-declara-preta-no-brasil.ghtml>. Acessado em 19 de julho de 2019.

SILVA, Ana Célia da. A representação social do negro no livro didático: o que mudou? Por que mudou? Salvador: EDUFBA, 2011.

THOMAS, Hugh. The Slave Trade: The History of the Atlantic Slave Trade 1440-1870. London: Phoenix, 2006.

VITALIS, Robert. White world order, black power politics: the birth of American international relations. New York: Cornell University Press, 2015.

Downloads

Publicado

2019-06-30

Como Citar

Jesus, B. S. de. (2019). Espaço social e simbólico do negro na produção acadêmica brasileira das Relações Internacionais no século XXI. Monções: Revista De Relações Internacionais Da UFGD, 8(15), 397–423. https://doi.org/10.30612/rmufgd.v8i15.11545

Edição

Seção

Artigos Dossiê - Teoria das Relações Internacionais no Brasil