A geografia importa: análise da dimensão espacial de duas políticas educacionais no estado de São Paulo

Autores

  • Eduardo Donizeti Girotto Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0002-9870-6188
  • João Victor Pavesi de Oliveira Professor da rede particular de Ensino
  • Felipe Garcia Passos Instituto Federal do Pará
  • Larissa de Campos Departamento de Geografia, USP
  • Jaqueline Marinho de Oliveira Souza Departamento de Geografia, USP

DOI:

https://doi.org/10.5418/RA2018.1423.0006

Palavras-chave:

desigualdade espacial, reorganização escolar, programa de ensino integral, estado de São Paulo.

Resumo

Este artigo apresenta resultados do projeto Atlas da Rede Estadual de Educação de São Paulo, discutindo a importância da análise espacial nas/das políticas educacionais. Para tanto, analisamos duas políticas educacionais implementadas pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE-SP), baseadas no princípio da Nova Gestão Pública. Trata-se do Programa de Ensino Integral (PEI), iniciado em 2012, e do Projeto de Reorganização Escolar, de 2015. Nesta análise, elaboramos uma série de mapas, espacializando as duas políticas no município de São Paulo, recorte investigativo desta pesquisa, que demonstram como estas têm ampliado as desigualdades espaciais e educacionais, na contramão da efetivação do direito à educação. Utilizando dados públicos, concluímos que, no caso da Reorganização Escolar, o argumento defendido pelo governo de decréscimo demográfico para o fechamento de escolas não se sustenta, uma vez que tal fenômeno não se converte automaticamente em diminuição de matrículas. Já sobre o Programa de Ensino Integral, reconhecemos que se baseia numa lógica insularizante, produzindo unidades escolares privilegiadas destinadas a alunos que moram nas regiões com as melhores condições estruturais da cidade. De forma geral, as análises apresentadas revelam a lógica de racionalização gerencial dos recursos da rede estadual de educação, que pouco dialoga com a desigualdade espacial da escola pública e do território paulistano. Nesse sentido, nota-se a permanência do abstracionismo pedagógico como norteadora das políticas educacionais no estado de São Paulo, sob a lógica da Nova Gestão Pública, em que as condições de desigualdade socioespacial encontradas na referida rede são pouco problematizadas pelas políticas educacionais propostas.

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Biografia do Autor

Eduardo Donizeti Girotto, Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo

Professor Doutor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo

João Victor Pavesi de Oliveira, Professor da rede particular de Ensino

Mestrando em Geografia Humana, USP.

Felipe Garcia Passos, Instituto Federal do Pará

Mestre em Educação, USP.

Larissa de Campos, Departamento de Geografia, USP

Graduanda em Geografia, USP

Jaqueline Marinho de Oliveira Souza, Departamento de Geografia, USP

Graduanda em Geografia, USP

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Publicado

2018-12-20

Como Citar

Girotto, E. D., Pavesi de Oliveira, J. V., Passos, F. G., Campos, L. de, & de Oliveira Souza, J. M. (2018). A geografia importa: análise da dimensão espacial de duas políticas educacionais no estado de São Paulo. Revista Da ANPEGE, 14(23), 158–190. https://doi.org/10.5418/RA2018.1423.0006

Edição

Seção

Artigos