“Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani

Autores

  • Gustavo Soldati Reis Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

DOI:

https://doi.org/10.30612/frh.v19i34.7602

Palavras-chave:

Religião (Pentecostalismo). Indígenas (Guarani). Missões. Mediação (Cultural).

Resumo

O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcionalistas” que focam a presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim, as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas análises, a perspectiva aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções, com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e “reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são, também, profundamente ressignificados.

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Biografia do Autor

Gustavo Soldati Reis, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo - UMESP. Professor Adjunto I da Universidade do Estado do Pará – UEPA, em Belém, no Departamento de Filosofia e Ciências Sociais – DFCS. Realiza Estágio de Pós-doutorado em Sociologia na UBI – Universidade da Beira Interior, em Covilhã – Portugal.

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Publicado

2017-12-30

Como Citar

Reis, G. S. (2017). “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani. Fronteiras, 19(34), 302–318. https://doi.org/10.30612/frh.v19i34.7602

Edição

Seção

DOSSIÊ 12: PROTESTANTISMOS E HISTÓRIA: A PROPÓSITO DOS 500 ANOS